sexta-feira, 9 de maio de 2025

Nipo Rangers "Utopia do Mal" - Cap. 06 - O mundo de Aurithar!


Havia talvez no máximo uma hora, que Lanthys havia deixado Dummok e sua cidade para trás e em sua mente ainda reverberavam os acontecimentos últimos e seus mistérios… Uma cidade desolada e cinzenta em seu geral, que parecia agonizar em massa junto a seus moradores, no entanto, ainda ostentava almas como Dummok, dispostos a acreditar em dias melhores… Se podia descrever como um ambiente controlado, até onde se podia observar, por maquinários e soldados robóticos, mas que incrivelmente apesar dos abusos de autoridade, o povo se conformava com a situação atual, e em situações ainda piores, apoiavam tais ações… Um local que mesclava a destruição em absoluta maioria, com o contraste de torres altas e luxuosas que, de alguma forma controlavam tudo…

Também lhe viera à mente, a imagem do pequeno bólido que o ajudara durante o combate contra os dois construtos, o que seria afinal? Não haviam sinais biológicos nos seus traços, tampouco no vulto que ao final do combate, surgiu por sobre o topo do prédio… A insistência em tentar entender como todas essas situações se encaixavam e o que elas queriam dizer ao final de tudo, eram desde seu primeiro dia naquele mundo, uma de suas maiores inquietações… Como um povo aceitou carregar a tristeza como emanação permanente ao invés de crer em uma felicidade que poderiam talvez tentar conquistar? O que  seria forte o suficiente para que as pessoas chegassem a esse ponto, era incompreensível, através da lógica usada por Lanthys, de compreender tal situação…

É neste momento, que o androide percebe uma mudança física ao seu redor, ele sente o deslocamento de ar descendente assim como as ondas sonoras sendo cortadas por tal movimento, logo acima dele como um poderoso projétil que visava atinge-lo de forma certeira, indicavam seus sistemas! Com movimento rápido e preciso, o guerreiro se arremete para frente, em uma acrobacia perfeita, rolando pelo chão e evitando um provável impacto, assumindo tão logo completou o movimento, posição de combate! 

Eis que então, onde deveria estar o oponente em ação ofensiva, surgia em seu lugar uma luz resplandecente, muito mais ofuscante do que o sol que queimava naquela região o fazia, se colocando a pairar diante do homem-máquina, não permitindo diante da luminosidade, que o androide conseguisse perceber do que ou de quem se tratava…

Os sistemas de Lanthys não indicavam uma ação hostil apesar de tudo, assim o guerreiro relaxa levemente sua prontidão de combate apesar do ato inusitado, e como que em resposta, o brilho começa a diminuir e algo totalmente inesperado por ele, se manifesta... Com asas douradas como o mais polido ouro, assim como um corpo busto e forte para uma ave, que ostentava quase um metro de envergadura de ponta a ponta de suas asas… A criatura fica a pairar à frente de Lanthys, o observando com atenção e firmeza, e o guerreiro máquina apenas foi capaz de sussurrar, demonstrando assim sua surpresa: “- Uma… Águia robótica?

O ser alado então brilha novamente, guincha de forma imponente, bate suas asas e se arremete aos céus novamente, fazendo uma manobra incrivelmente precisa e acrobática, vindo a logo em seguida pousar sobre um galho de uma árvore próxima, que ostentava um estado intermediário entre galhos secos e folhas vivas, resguardando, tão logo pousou, suas asas, como se esperasse pela atitude do androide guerreiro… Lanthys por sua vez baixa os braços que cobriam seus olhos e se aproxima lentamente da criatura, e em segundos seu sistema informa um dado importante, o fazendo ter uma pista significativa de quem estava diante dele…

- A vigilância no alto… Ela sumiu… Não estou mais sendo monitorado de lá como o fui desde que aqui cheguei… Era você?” A criatura apenas se mantém em silêncio, seus olhos eram como espadas a quase cortar a pele com seu olhar aguçado e atento, e assim ela mantém-se a observar Lanthys, sem definir uma única resposta à pergunta… Acreditando que aquele encontro não era por acaso, o androide se aproxima há menos de dois metros da criatura, sem no entanto ainda compreender o motivo da presença da mesma ali, e antes que ele pudesse tentar qualquer nova comunicação, fora surpreendido novamente pela ave incrivelmente inimaginável: “- Eu busco entender suas atitudes, mas confesso que ainda creio ser apenas outro inconsequente sem qualquer pudor pelos que sofreram e ainda sofrem…

Os sistemas do androide se ativam em intensidade, a comunicação chegava fácil aos intensos e numerosos receptores quânticos de Lanthys, ele sequer saberia dizer se a frase proferida chegava em seu idioma nativo ou apenas já compreendia o idioma da ave magnífica, mas muito além disso, Lanthys tentava compreender o ponto de vista da criatura, o porquê daquela frase, e porquê o tom agressivo... No entanto, embora sem uma resposta direta, a não negativa da “acusação” de Lanthys sobre ser a ave quem o monitorava do alto, o fez crer que sim, era este ser que o estava acompanhando em silêncio desde que chegou… Mas existia mais ainda no ar, era possível perceber mais que palavras duras e ríspidas, que foram dirigidas à ele, havia mais sentimentos envolvidos, Lanthys tinha quase certeza disso… O androide então tenta elucidar: “- Estou aqui para tentar trazer a esperança de volta a este mundo… O que você não entende?

A criatura bate as asas, troca de posição fazendo um giro em sentido horário pelo galho até voltar de novo a ficar de frente com o recém-chegado, demonstrando sua insatisfação com as palavras e então, esbraveja: “- A esperança está morta, ela não mais existe por aqui, e ninguém irá conseguir trazê-la de volta, porque os seres desse planeta assim o decidiram, é simples! Seu tempo é perdido aqui, está apenas fazendo seres já conformados com a vida que lhes restou, lembrarem-se de momentos tristes e dolorosos que não podem ser corrigidos! Isso se chama inconsequência e beira a crueldade eu diria… Porque faz isso com eles?

O semblante da criatura se tornava puro ódio quando pronunciava aquelas palavras e Lanthys podia perceber isso no tom de voz da mesma, mas ele tinha diante dele uma chance única, era possível que a ave fosse alguém que soubesse mais que os Beavers ou Dummok, e apostando nisso, com uma expressão que transmitia sinceridade e respeito, ele tenta uma vez mais: “- Eu me chamo Lanthys, venho de um lugar chamado Terra, a pedido de seres que se denominam, Observadores… Seria possível me dizer seu nome?

A águia majestosa apenas acomoda suas asas novamente, as mesmas pareciam duas lâminas, o brilho de qualquer luminosidade refletia nelas de forma intensa, as tornando temidas mesmo sem perceber que eram tão afiadas quanto as espadas que pareciam... A criatura mexe suas garras, firmando-se talvez, mas confortavelmente ao galho e, simplesmente continua a observar Lanthys sem dizer qualquer outra palavra, como a esperar coisas mais motivadoras a fazer-lhe ter de responder alguma coisa... De certa forma decepcionado, o androide ainda assim persiste, ele queria demonstrar suas intenções justas e sinceras, para tentar obter informações importantes para sua missão, e assim se esforça:

- Você parece entender muito bem o que aconteceu neste mundo, seria importante ter acesso à toda informação possível para tentar atingir meu intento… Poderia me contar o que sabe?” A ave fica a observar o guerreiro máquina, pondera por alguns segundos sem retirar os olhos do semblante do guerreiro, e então, como se sorrisse sarcasticamente, rebate: “- Acredite, eu já tentei trazer a esperança de volta, todos nós tentamos, mas… O egoísmo e a individualidade de cada um falaram mais alto e agora, todos pagam o preço! É tolice rememorar as tragédias e perdas, a esperança abandonou este lugar, eu sei o que digo, tenho observado a todo canto e lugar há muito, não há um simples traço desse sentimento mais neste planeta!

Lanthys então cruza os braços, muda o semblante e rebate com veemência: “- Então você não observou o suficiente durante todo esse tempo!

A criatura então muda de expressão e observa Lanthys ao mais profundo de seus olhos, ela incluisve aproximou levemente seu pescoço como se tentando buscar algo oculto na expressão do guerreiro, deixando claro despontar uma vez mais um sentimento de revolta com as palavras proferidas, no entanto, o androide não recuou, e continuou: “- Pill Ath, Yoot, Azham, o velho Vorian, Dummok… Até mesmo SahrRebdush e o pequeno Caolho, todos eles, cada um a seu modo, mantém a esperança em seus íntimos! Tenho certeza, incentivado por esses, muitos outros irão trazer esse sentimento de volta, por isso, reforço uma vez mais, a esperança ainda existe e eu vou provar o que digo, restabelecendo essa preciosa emanação, aqui, em seu mundo! Por isso… Eu preciso de informação… Por favor…

A águia majestosa então pondera por segundos, a expressão de Lanthys era serena, mas irredutível, era possível para a criatura alada perceber que ele acreditava realmente no que dizia… A mesma então bate suas asas, e alça voo novamente sem dizer qualquer coisa, no entanto, antes de subir alto demais para que se pudesse ver ou ouvi-la, ela observa novamente o androide e sugestiona: “- Não me fará reviver aqueles momentos como fez com os demais… No entanto, talvez possa encontrar quem te acompanhe nessa intenção desmedida! Se ainda acredita que pode reverter o pensamento das pessoas deste mundo… Cinco quilômetros à frente, uma árvore seca e gigante… Nela vive o velho Orr'vhael, aquele que viu além dos mundos… Sua biblioteca tem muitos registros, talvez encontre o que procura por lá!

A águia então alça voo rumo ao mais profundo azul do céu e desaparece, ao passo que os sistemas de Lanthys novamente informam a vigilância do mais alto que as nuvens, sobre ele uma vez mais!

O androide fica a olhar para o firmamento, apesar de ter descoberto quem o vigiava ininterruptamente, ele continuava sem compreender as motivações da ave robótica, sua motivação para fazer tal vigilância e porque o ressentimento tão grande com o ocorrido… Ainda assim, apesar do comportamento defensivo, uma informação bastante animadora lhe foi oferecida, ele tinha um rumo adicional a seguir… O caminho era o mesmo, não precisaria deixar sua trajetória original, o que por si só já era uma grande vantagem, mas além disso, entender como tudo aconteceu em detalhes, poderia ser a chave para tentar resolver a situação de forma mais eficaz e duradoura.

Retomando sua marcha, Lanthys continua em direção ao caminho contrário do sol ao céu, ponderando sobre as palavras e a postura rancorosa da águia robotizada diante dos fatos expostos, e novamente voltava a persistir em sua mente, a curiosidade sobre a sombra, sobre a entidade que levou o planeta e tantos seres a tal estado, como a população pode assim concordar com tantos erros, seguindo à passos largos para sua derrocada…

Os sensores de Lanthys atualizam informações que vinham sendo monitoradas, tempestades inusitadas de areia estavam se tornando mais corriqueiras enquanto ele caminhava, desde sua saída do território dos Beavers, elas haviam aumentado em pelo menos 80%, e também, um vulto o perseguia, de longe, como se acompanhasse seus passos sem querer ser notado… Lanthys cogitava, em suas confabulações, que as tempestades poderiam indicar que SahrRebdush continuava em frenética ação, assim como  a águia misteriosa o fazia dos céus, mas e o perseguidor à distância, quem seria?

Com tantas divagações ocupando sua mente, o trajeto fora vencido rapidamente embora, os detalhes da região em que agora se localizava, não tivessem passado despercebidos ao androide… Bastava erguer o olhar para a vastidão adiante e se via um mundo que parecia preso entre o nascer e o fenecer; a vegetação que se estendia até onde os olhos alcançavam, lembrava muito as planícies ancestrais de antigas savanas, mas ali havia algo que desafiava o natural. As árvores não eram nem viçosas, nem mortas; algumas ostentavam ramos verdes e folhas pulsantes, enquanto outros galhos do mesmo tronco se arqueavam secos, estalando ao vento. Os arbustos pareciam indecisos quanto à própria vitalidade, com brotos jovens e frescos brotando ao lado de folhas quebradiças, pálidas, que já não retinham a memória da clorofila.

O chão era irregular, em alguns trechos, coberto de grama amarelada e resistente; em outros, manchas de um verde tímido e persistente ainda lutavam por espaço. Era como se o próprio bioma estivesse tentando resistir a um colapso silencioso, agarrando-se à vida com uma mão, enquanto a outra já pendera estendida para a entropia. O ar era morno e calmo, mas carregava a sensação de que tudo ali estava suspenso em um instante que não sabia se avançava para a cura... ou para o esquecimento.

Ainda assim, em poucos instantes Lanthys estava diante do que poderia ser a árvore indicada pela águia - embora ele não tivesse essa certeza - deixando o androide na dúvida se deveria e como faria, para tentar chamar a atenção de seu possível morador… Sem outra opção viável e não sendo possível desperdiçar a oportunidade, o homem-máquina se preparou para chamar através da voz, pelo eremita citado, mas antes que iniciasse a tentativa, uma outra voz se antecipa, vindo de suas costas: “- Seja bem-vindo viajante de outros mundos… Eu estava à sua espera!"

Lanthys vira-se após ouvir a saudação, o ser diante dele tinha um aspecto físico diferente de todos que ele já tinha visto… Se o comparasse a algo da Terra, seria correto dizer se tratar de um híbrido entre peixe-boi e um humano, mas ele detinha um aspecto que transmitia calma, paciência, uma aura contagiante de bem-estar, e não apenas por conta da idade que sua barba insistia em demonstrar, mas ele não parecia ser apenas sábio como a criatura alada indicou, diversos apetrechos e utensílios estavam devidamente acondicionados em cinturões ao redor de seu corpo, prontos para o uso se assim precisasse, indicando que ele ia muito além de apenas ser um oráculo do conhecimento!

O olhar do anfitrião era outro ponto a cooptar a atenção do homem-máquina, era complacente e parecia querer apaziguar todos os conflitos, como se recobrisse a todos com uma onda de calmaria e leveza, era como transmitir a sensação de um dia de brisa, tranquilo e sem perspectivas de mudanças, assim como mantinha uma profundidade que denotava - e o androide não tinha a certeza disso - uma confiança imutável em seus pensamentos que lhe dava uma grande convicção sobre si mesmo!

Sem dúvida alguém completamente diferente de todos os outros olhares que Lanthys já havia presenciado naquele mundo e, tão logo os dois seres se observaram, um aos olhos do outro, depois de alguns segundos como se analisasse o recém-chegado, o idoso sorriu, e continuou: “- Seu idioma é complexo, mas eu consigo falá-lo… Há muito espero por aquele que irá fazer o que os quatro foram impedidos, até agora, de o fazer! Seu sistema precisa ser abastecido de informações e, eu tenho certeza, encontrará aqui as respostas que nosso mundo possui, mas não as buscou para serem utilizadas… Eu sou Orr’vhael, e você é bem-vindo ao meu projeto de vida e também, humilde local de repouso…

O androide podia perceber claramente, a voz do ancião era estável, de timbre baixo e textura ligeiramente áspera, como pergaminho gasto sendo manuseado… Ela transmitia autenticidade imediata, sem artifícios, assim como de alguma forma, aquele som sugeria experiência acumulada e intenção pura. Sua tonalidade parecia emanar um calor sentimental através das palavras, enquanto que a cadência medida, reforçava a confiança de quem ouvia. Os sensores de Lanthys lhe transmitiam segurança quanto ao anfitrião e, confiante em seus dados, ele estende a mão, e cumprimenta o ancião, seguindo com ele para dentro da árvore próxima deles!

Ao cruzar a casca ressequida da árvore, Lanthys deparou-se com um interior vasto, impossível de existir no tronco externo que avistara por fora… Ali dentro, naquela vastidão - se comparado claro, com a parte de fora - prateleiras se erguiam em espiral, abarrotadas de livros, fitas, discos, máquinas e relíquias tecnológicas esquecidas, um santuário de saber analógico, pulsando em silêncio fora do alcance da sombra. A poeira dançava à luz âmbar, e cada objeto parecia contar uma história que o tempo se recusara a apagar.

Lanthys observa Orr'vhael e, embora os olhos do androide fossem artificiais, era sem dúvida alguma uma expressão de palpável admiração pelo que estava vendo, que se ostentava em sua face naquele instante, o anfitrião percebia claramente isso... A contradição das arquiteturas e de espaços físicos era algo surpreendente, surreal até se poderia dizer, e é com essa sincera admiração, que Lanthys questiona: “- Este lugar, ele é mantido por magia?

Orr'vhael permaneceu por um momento em silêncio após receber a pergunta, observando as curvas internas da árvore, como se cada centímetro daquele lugar carregasse séculos de história. Seus olhos, ainda vivos apesar da idade, pareciam enxergar além do que era visível, e ele então explica…

- O que você vê meu jovem… Não é um truque, nem um feitiço, mas também não é totalmente explicável pelo plano material que conhecemos… É em verdade, o eco de uma alma que escolheu o silêncio. Aqui, onde vivo há eras, colecionei mais do que objetos — recolhi memórias que o tempo tentou calar, abracei o esquecimento com gratidão, e plantei paz nas frestas da solidão. Alguns diriam que é magia… Mas eu digo: é presença. Cada máquina, cada folha, é uma oferenda àquilo que não se mede. Descobri, sob este teto de raízes, que ter é vento, e doar é raiz. Que o desejo grita, mas a gratidão canta. Nada levarei comigo… Mas este lugar leva de mim tudo o que fui, e tudo o que ainda me esforço para ser. Este abrigo é mais que espaço — é espelho do que a esperança construiu em mim. Sem uma meta, um sonho, uma casa de árvore à aspirarmos construir, nunca veremos a diferença entre persistir e desistir!

Maravilhado com as explicações quase poéticas, Lanthys se sentia deslumbrado com o carinho que o velho eremita demonstrava pelo ambiente a que chamava de lar… A expressão do androide continuava a questionar diversas coisas, e o ancião, acenando positivamente com a cabeça e um sorriso no rosto, o convida através de gestos com os braços, a o acompanhar, iniciando sua narrativa: “- Alguns de nós, vivenciamos tantos eventos, que aprendemos lições valorosas, mas que só nos chegam após o beber da poção amarga e de difícil digestão, chamada experiência! Experiência, ao contrário do que muitos pensam, não é o acúmulo de informações, mas ter sentido em cada fibra de seu ser, o que determinada ação causa de reação... E uma vez que vivenciamos isso, sentindo seus impactos ao fundo de nosso ser, essa lição nunca mais é esquecida, ser tornando esse aprendizado um guia invisível e fortemente presente, em todas as situações, mesmo as mais extremas como essa… O que quero dizer ao final, é que, eu experimentei e vivenciei durante essa existência muitas coisas, e uma delas e talvez a que mais guarda em meu coração é... Tudo um dia passa... Seja o bom ou seja ruim, tudo em algum momento, passa... Se está ruim, se tornará bom, mas infelizmente se está bom, em algum momento ser tornará ruim, infelizmente... Veja, 'Quando os valentes moldam a paz, a paz amolece os espíritos. Espíritos frágeis alimentam o caos, e o caos forja novamente os valentes.' Neste momento vivemos a dor e a desolação, então como não ter esperança se tudo que pode vir agora, é o oposto do que está lá fora, ou seja, o alento e a satisfação?

Orr’vhael sorri, faltava-lhe um dente na parte inferior da boca, mas aquilo o deixava ainda mais carismático, principalmente ao esbanjar seu sorriso amistoso! Com olhar atento e curiosidade pela narrativa, Lanthys ficava a observar o ancião, que claro, novamente não deu-lhe tempo a performar qualquer frase ou nova ponderação, ele apenas seguiu em sua explanação, como alguém que há muito não tinha essa oportunidade: “- Veja, o caos forjou valentes, mas eles foram sufocados pela dor e pela perda... Agora, você está aqui, alguém que não foi atingido pela tragédia e pela ingratidão, e que pode ajudar os valentes a se reerguerem uma vez mais... Você pode ser a chave para essa mudança em nosso mundo, aquele que permitirá uma nova era de moldagem da paz! Venha comigo, vou mostra-lhe algo…

Colocando a mão às costas do jovem androide, Orr’vhael vai o conduzindo até uma mesa, e lá, sobre ela, um livro, o que parecia um volume ancestral, tecido por eras em pergaminhos sobrepostos, exalava um brilho tênue e sereno, como se cada folha respirasse uma memória viva, pulsando em harmonia com o silêncio do tempo, e, o abrindo, algumas páginas empoeiradas se abrem como que magicamente, e nelas se lia:

- No princípio, havia apenas o sopro do vazio, um silêncio profundo onde nem o tempo ousava existir. Mas então, do seio do Caos Primordial, uma centelha brilhou. Não era luz como a conhecemos, mas intenção. E essa intenção tornou-se chama. Da dança lenta e sagrada das partículas adormecidas no Éter Antigo, formou-se uma estrela. Ardente, solitária, mas destinada a ser mãe de mundos. Ao seu redor, giraram poeiras cósmicas, atraídas por sua vibração. Formaram-se esferas, ainda cruas, moldadas por fogo, impacto e tempo. Este planeta, entre tantos, foi um deles. Seu corpo jovem tremia com fúria: vulcões gritavam, trovões partiam os céus, e chuvas de pedra e fogo vinham do firmamento, como lembrança de sua origem bruta. Eras passaram. O calor cedeu. Os mares antigos cobriram a terra ferida, e o silêncio voltou, mas desta vez, prenhe de possibilidades. A luz filtrada do céu tocou a matéria, e nas poças mornas dos vales escondidos, a centelha encontrou abrigo. Daí, surgiram os primeiros sussurros da vida, frágeis, pequenos, mas guiados por mãos invisíveis. Pois em cada célula, já vibrava a promessa de pensamento e escolha, que um dia se ergueria sobre duas pernas e olharia para o céu, perguntando: de onde viemos?

Orr’vhael, olha para Lanthys, ele buscava sentir a reação do androide diante do texto, bastante complexo diria o eremita, mas era possível ver o interesse e a atenção que o convidado detinha, diante da narrativa calma e filosófica do anfitrião! Assim, Orr’vhael, empolgado com o retorno, vira a página do livro, com calma e muito cuidado, demonstrando um respeito imenso pelo registro, seguindo com a nova narrativa:

"- E a vida, guiada pela vontade silenciosa do Cosmo, multiplicou-se em formas e cores. Do rastejar das criaturas marinhas à dança alada nos céus primitivos, cada ser trazia consigo a centelha da consciência em latência, esperando a estação certa para florescer. Então, um deles ergueu-se mais alto. Não era o mais forte, nem o mais veloz. Mas em seu crânio crescia a semente do pensamento contínuo, e em seu peito, algo novo vibrava: a dúvida, a imaginação, o desejo de compreender o que seus olhos não podiam alcançar. Esse ser dominou o fogo, moldou a pedra, e escreveu símbolos para não se perder no esquecimento. Edificou cidades, rasgou os céus com ferro, e mergulhou nas entranhas do mundo em busca de poder oculto. Sua ciência cresceu veloz, tão veloz quanto sua impaciência. Compreendeu os mecanismos da matéria, mas esqueceu-se da harmonia da alma. E assim, separando mente e coração, escolheu o caminho da razão sem compaixão. Em nome do progresso, feriu a terra que o gerou. Em nome da ordem, silenciou os que ousavam questionar. Com olhos fixos no horizonte, perdeu de vista os irmãos ao lado. Nasceu, então, a sombra, não feita de um ser, mas das escolhas acumuladas, do conhecimento divorciado da ética, da frieza travestida de controle. E essa sombra não surgiu de repente, mas sim como uma névoa, cobrindo o espírito das gerações. Uma névoa que muitos já nem viam... Por acreditarem que ela era o céu natural do mundo."

Assim que Orr’vhael concluiu sua fala, como se em uma fusão inexplicável de sensações captadas por seus sensores, sensações essas embutidas entre raízes espiraladas e musgo digitalizado, Lanthys sentiu algo fluir em seu ser. Não era energia. Era tempo. Um fio invisível ligando sua consciência a algo maior. Um sussurro antigo, convertido em imagens, atravessou seus sistemas e ele começava a visualizar, como se estivesse voando por sobre as imagens que surgiam em sua mente…

Ele via montanhas de picos escarlates que se erguiam sob nuvens perenes. Suas bases abrigavam seres que viviam como em um grande monastério de centenas de quilômetros unidos em uma única construção, era uma cidade, mas em apenas um local isolado, onde entoavam cantos sônicos para ecoar nos vales.

Em seguida sobrevoava florestas vivas, com árvores que se moviam lentamente em ciclos milenares. Seus habitantes viviam pelas copas, em pontes e construções feitas unicamente de materiais do próprio bioma, sendo hostis a qualquer intervenção. Também havia um Oceano viscoso, com águas densas e cor de ferro oxidado e além dele, um deserto onde as areias mudavam de tonalidade conforme o clima emocional da atmosfera. Ventos arrastavam vozes antigas onde se pareciam ver seres encapuzados, feitos de pó e véu, que vagavam como se carregassem orações há muito esquecidas.

Também haviam campos ondulantes de grama azul-acinzentada que produziam sons agudos ao toque do vento. Rebanhos de animais hexápodes corriam em grupos, com longas crinas que dançavam como fitas, emitindo melodias de comunicação. Logo depois adentrou em pleno voo um sistema de cavernas tão vasto quanto um continente, onde tudo florescia e fungos bioluminescentes criavam constelações subterrâneas; humanoides de pele mineral viviam em colmeias suspensas e tinham medo da luz porque a luz... Gerava sombras...

Pântanos eternos, onde a água jamais evaporava e a decomposição era suspensa. Criaturas anfíbias de olhos compostos moviam-se em silêncio absoluto, enquanto árvores fantasmagóricas pareciam respirar, assim como campos de gelo negro que brilhavam com partículas cósmicas. Habitado por populações de seres silenciosos, cobertos de placas reflexivas, tanto os usando como vestimentas como em suas construções, armazenando luz solar há séculos e andando em formações, como se dançassem para o céu.

Ainda haviam terras vulcânicas em constante mutação. Seres ígneos, com cascas rochosas e corações incandescentes, fundavam templos nas bordas de lava viva, louvando as forças que moldavam o mundo em fogo e por último ele viu, uma vastidão coberta de neblina perolada. Nada ali produzia som, e os habitantes - agora etéreos, flutuantes - comunicavam-se por meio de vibrações no solo. Cada passo era uma palavra. Cada respiração, um verso.

Lanthys desperta suavemente para a realidade a qual estava agora, as visões haviam desaparecido, seus olhos pareciam vibrar. Aquela torrente de imagens, mais ancestral que qualquer dado arquivado, o tocara em um ponto que nem ele, uma inteligência sintética, sabia nomear. Eram memórias, mas não dele, eram memórias do planeta… Como se o mundo próprio quisesse ser lembrado. Um mundo que havia deixado de acreditar na tecnologia, deixado de acreditar nos costumes antigos, deixado de acreditar uns nos outros e a si mesmos, e então, involuído à estágios de pré-modernidade, vivendo de formas rústicas e reclusas, buscando o mínimo de contato com outros povos, isolando-se do mundo e de tudo conforme podia, porque, não havia mais esperança em um mundo compartilhado, apenas medo, dor e tristeza…

Com uma expressão que demonstrava sofrimento diante das imagens, Lanthys baixava os olhos como se sentisse a dor por uma escolha sem empatia como a que foi narrada, e o que mais lhe corroía seu íntimo, era perceber que, o texto parecia também, se aproximar e muito, da história da própria Terra… Orr’vhael percebia o pesar de Lanthys e, tocando em seu ombro, o convida a sentar-se próximo em uma das mesas, onde observando aos olhos do androide, continua:

- Tudo isso mexeu muito com ela, por isso ela não tem paciência para lidar mais com outros seres, imagine então, conseguir explicar coisas tão complexas e dolorosas para ela… Perdoe minha amiga, eu falarei por ela e explicarei tudo que precisar, deste mundo ao qual chamamos de lar, nosso planeta Aurithar…

Uma sensação de pacificação invade o ambiente, Lanthys se sente como se banhado em tranquilidade e calmaria, o sorriso do anfitrião ajudava e muito nessa condição, e em poucos instantes, o androide se recuperava da sensação pesarosa e concordava, era o momento de seguir à frente, sua missão precisava ser completada! Determinado, apesar de ainda estar em dúvida sobre, a quem Oee'vhael se referia como ela, o androide cogitava que deveria ser a ave que o indicou o caminho, e então questiona “- Como tudo chegou nesse ponto Orr’vhael, quem e como conseguiu corromper o povo desse mundo dessa maneira?

O idoso ser sorri complacente e adota uma postura de satisfação, ele serve uma xícara de chá e oferece à Lanthys, que a recusa com educação, permitindo que o próprio anfitrião à bebesse, iniciando assim suas palavras:

- Ouvi o eco dos dias em que a luz ainda caminhava sem receio sobre a terra. Quando os ventos não carregavam lamento, e os rios ainda lembravam canções antigas. Houve um tempo em que o saber brotava da humildade e a descoberta servia ao espírito, não ao domínio. Mas então... algo se ergueu. Não do céu, nem do abismo, mas do próprio vazio nas almas dos que ousaram tocar as leis da criação sem primeiro dominarem a si mesmos. Uma Entidade nasceu, não de ventre, mas de cálculo. Não por amor, mas por medo. E alimentou-se, aos poucos, das arestas da alma dos viventes. Era uma sombra que não fazia ruído, que sorria com promessas e colhia em silêncio a centelha de cada um.

Orr’vhael bebe mais um gole de chá, e percebendo a curiosidade e atenção ainda latentes nos olhos robóticos de Lanthys, continua, satisfeito: “- Ela não se impôs pela força, mas pela necessidade. Ofereceu conforto e tomou liberdade. Ofereceu uma suposta ordem e colheu essência. Era a mão invisível que apertava suavemente o pescoço do mundo, até que o mundo esquecesse que estava sendo sufocado. As árvores começaram a esquecer como florescer. O sol parecia mais cansado a cada manhã. As crianças nasciam com olhos mais lúgubres, e os anciãos morriam sem mais histórias para contar. Tudo ainda estava... ali. Mas nada estava vivo. E aqueles que ainda sentiam... esses ardiam. Como faróis solitários numa noite sem fim, queimavam com esperança, uma esperança que resistia mesmo quando tudo dizia que não havia mais por que lutar. Sim, jovem viajante... o mundo caiu. Não por catástrofe, mas por abandono. Não por destruição, mas por esquecimento. Mas enquanto houver uma única chama, mesmo que trêmula, a Sombra não vencerá completamente. Pois há algo que nem a mais astuta Entidade consegue calcular: O poder de um coração que se recusa a desistir."

Uma vez mais impactado e impressionado com a belíssima narrativa, apesar do tom poético e harmonioso, Lanthys conseguia compreender de certa forma o que ali havia acontecido, mas restava ainda entender o processo real, e exatamente, quem era a sombra e como manipulou a todos! É quando uma voz já conhecida do androide, ecoa por dentro da sala, em tom ainda impactante, fazendo o velho Orr’vhael sorrir: “- Há coisas que se perde para sempre. Coisas que não voltam, não importa o quanto se clame aos céus ou se rasgue a alma em lamento. A verdade é uma dessas coisas, quando o mundo escolhe acreditar na mentira.

Lanthys vira-se e pode observar novamente a majestosa e robótica águia, pousada diretamente atrás dele, como se sempre estivesse estado ali, o que faz Lanthys olhar rapidamente para o anfitrião, com olhos curiosos que deixavam claras suas dúvidas sobre o ocorrido, ao passo que Orr’vhael, com o mesmo sorriso amistoso por entre sua barba amassada, responde antes mesmo de qualquer pergunta: 
- Eu lhe disse, ela só tinha dificuldade de lidar com o assunto; apresento-lhe, a assim chamada agora, Zhaal’kor, um nome horrível e sem qualquer sentido, que em nosso idioma significa “morte silenciosa”; foi a alcunha que lhe deram, criminosos e bandoleiros que passaram à descrevê-la desta forma, uma vez que suas asas são afiadas como sua personalidade, cortando como o mais preciso laser, quase qualquer coisa que entrar em seu alcance... Eu prefiro seu nome verdadeiro, mas ela insiste nessa besteira de usar alcunhas…

A águia guincha, o comentário não fora bem recebido, mas Lanthys era capaz de perceber que a criatura, mantinha um respeito profundo por Orr’vhael, notando que se comportava de maneira bem menos agressiva do que para com ele… Observando com olhos intimidadores, a criatura robótica parecia querer demonstrar sua insatisfação para contudo, e continua: “- Sabe que seu julgamento para mim é importante, mas não mudei meu modo de ver nada Orr’vhael, ainda acredito que este ser apenas está fazendo os demais sofrerem novamente, sem qualquer sentido prático…

Orr’vhael ergue-se, larga sua xícara de chá e acenando em reprovação com o braço, contraria a imponente ave completando: “- Ora deixe de bobagens, a chance a que todos nós esperávamos está diante de nós, se nós não podemos mais fazê-lo, o ajude a trazer a esperança de novo aos nossos, justamente para que todos que sofreram, parem de reviver em seu dia a dia, tudo que sofreram no passado de suas existências… Dê-lhe a chance de provar que é confiável, confie à ele, sua versão do que aconteceu em Aurithar…

O velho peixe-boi fica a observar Zhaal’kor e então a ave, após olhar firmemente para o idoso e também para Lanthys, se acomoda sobre o galho recolhendo suas asas, e com um suspiro leve, que indicava a narrativa não ser de fácil abordagem para ela, finalmente inicia:”- Como o velho já disse, eu sou Zhaal’kor…” O eremita agita os braços novamente, e se aproxima da ave, parecendo bastante irritado, interrompendo sua fala sem qualquer cerimônia, a observando nos olhos e falando de forma firme: “- A verdade minha criança, nada de alcunhas e de coisas que o tempo e mágoa criaram ou desfazem com o estalar de dedos... A verdade…

Zhaal’kor se movimenta, abre suas asas gigantescas e afiadas demonstrando sua insatisfação novamente, desenhando automaticamente no rosto uma expressão de revolta, enquanto o eremita ficava mais próximo a ela, a observando diretamente aos olhos, e por alguns segundos ambos se digladiaram em forma de expressão facial, até que a ave parecia se dar por vencida, e novamente acomodando-se, reinicia sua fala, impactando Lanthys completamente já na primeira frase: “- Eu sou Zhaal'kor, é o que sou agora, é o que me tornei após tudo e é como quero ser chamada..." O velho Orr'vhael continua a observar ao fundo dos olhos como se estivesse ansioso por algo, e então a ave continuou... "- Mas eu já fui Ehlënia, e eu já fui uma dos quatro!

Continua...

Galeria de imagens:

Orr´vhael - Aquele que viu além dos mundos!

Zhaal'kor - A morte silenciosa!

Um vislumbre imaginário do interior da árvore lar de Orr'vhael!

4 comentários:

  1. Grande Lanthys....
    Como começar?
    Que argumento usar ?
    Que considerações a serem feitas ou abordadas ?

    Antes de iniciar, posso dizer: FENOMENAL E ANTOLÓGICO!

    Digo mais: IRRETOCÁVEL e FUNDAMENTAL para os dias que vivemos.

    Dias confusos, caóticos, pesados.

    Ao lado dos Ephemeruns , em "O Indomável ", o seu episódio filosoficamente mais marcante.

    O seu ápice literário!

    Um recado ao mundo!
    Um alerta visceral às pessoas sensíveis que passou da hora de mudar !

    Se perdemos a esperança, o destino da Terra, em nada será diferente do de Aurithar.

    O egoísmo, a vaidade , a soberba , os constantes crimes contra a "nossa casa Terra'" , nossa morada estão tornando o nosso habitat, semelhante a esse mundo fictício criado por ti, em que Lanthys, o guerreiro -máquina se esforça para salvar .

    Orr'vhael representa a centelha da divindade que habita em nós, conclamando -nos a trilhamos, mesmo que com dores , por caminhos diferentes.

    Pode ser Deus, ou seus lumiares...

    Jesus, Buda, Confúcio , Ghandi ou Kardec...
    Não importa !

    Orr'vhael é a chama da vida que não pode acabar.


    É aquele que diz: "Não importa o que aconteça: tudo passa!"

    O lumiar em meio às trevas densas.

    Zhaal'Kor por sua vez, representa a amargura, o conformismo com a derrota, a entrega a dor e ao desespero.

    Tal como a águia robótica, muitos guerreiros desistiram.

    Usando do lirismo poético, você não poderia ter sido mais certeiro !

    Tenho certeza que, de acordo.com as suas crenças, grandes amigos espirituais lhe intuiram essa pérola!


    Sem palavras!

    Obrigado por me presentear com esse texto atemporal !

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    1. Meu amigo Jirayrider, mais uma vez obrigado pelo apoio, incentivo e força positiva de sempre! No próximo episódio, veremos o desenrolar dessa trama, sobre a relação entre Orr'vhael, Zhaal'kor e o que aconteceu no mundo de Aurithar! Mas uma coisa muito interessante, é que esses lados opostos, a serenidade e postura moral de Orr'vhael, e a mágoa e raiva que Zhaal'kor deixa emanar o tempo todo, está diretamente ligado com a origem de todos os males, uma boa parte tu já sabe, mas os motivos, os acontecimentos, as atitudes e as motivações de cada, creio que irão te dividir em opiniões de, quem está certo e quem está errado, e, o principal... Será que existe um lado totalmente certo e um lado totalmente errado? Eu espero conseguir te surpreender, que eu possa conseguir trazer um desfecho impactante e que vai sim reverberar, como Lanthys mesmo ponderou, as semelhanças entre, Aurtihar e a Terra! Um grande abraço e muito obrigado uma vez mais pela parceria e apoio de sempre! \0/

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  2. Ao ler essa história eu lembrei de uma entrevista com um autor que li, a tantos anos atrás que não me lembro que foi Artur Conan Doyle ou alguém mais comtemporâneo, sobre a dificuldade de se escrever personagens que sejam extremamente inteligentes, mais até que os autores e como não deixá-los inverossímeis.
    Explico. Um personagem como o Orr´vhael é algo que eu memso não me atreveria a tentar escrever, pois ele transpira toda uma sabedoria que eu mesmo dificilmente alcançaria, mas que você fez simplesmente ganhar uma forma completamente tridimensional e usando recursos de escrita que poucos são capazes de usar, dando pitadas de um detalhe aqui e ali, como na descrição física dele, passando em como deveria soar a voz dele, conduzindo o leitor pela mão e induzindo o tom com que as palavras do velho sábio "deveriam" ser lidas.
    E deu muito certo!
    Curti demais o encontro com a Zhaal'kor e a forma como a retratou, exatamente como uma heroína que a muito desistiu e como suas poalavras soam amargas, ainda mais quando em contraposição à paz que emana do Orr´vhael.
    Em meio a tudo isso novas pinceladas sobre esse mundo e como o Lanthys poderá ser, ou não, caso você resolva fazer alguma grande surpresa até o final do título, a salvação desse mundo.
    Meus parabéns pelo excelente capítulo cara.
    Tu mandou bem demais!

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    1. Fala Norb, mais uma vez muito obrigado pela consideração e apoio de sempre para com meus trabalhos! Cara, o Orr'vhael deu trabalho, realmente tu escrever um personagem como ele, ainda mais pra mim que sou alguém que busca sempre a lógica, o Orr'vhael é um desafio e tanto, pois ele não se apega apenas aos fatos, ele meio que tenta usar comparativos, para melhor expressar o que ele quer passar, e, dado que ele tem mais tempo de vida que os outros, eu cogitei que ele deveria ter uma coletânea e repertório de palavras e de explicações, bem mais filosóficos e poéticos que a gente poderia usufruir, pois se tornaria complexo! Foram boas horas de pesquisa por termos similares para as mesmas palavras, e comparações sendo feitas e desfeitas pra chegar num resultado, que, intencionalmente, por vezes não parece conexo, mas se a gente usar um pouco de imaginação e ilustração mental, a gente pega o que ele quer dizer, no contexto todo! A Zhaal'kor, essa ainda tem história pra contar, e ela tem os motivos dela pras atitudes que tá apresentando, mas, outra referência que quis fazer a nós meros mortais, ela tem os erros dela também, embora quando a gente entender possa até pensar diferente! No final, foi tanta tentativa que tô meio que nem o Orr'vhael, falando coisas meio desconexas já, mas espero, possa dar a coesão que tenho na mente para o final dessa saga, como tenho tudo planejado em minha mente, que seja este o marco histórico de Nipo Ranger! Quanto aos demais detalhes, as pinceladas aqui e ali, é a técnica dos cinco sentidos, olfato, paladar, audição, visão e tato, usar eles pra situar o leitor dentro da trama, traz um charme todo especial pra escrita, e, transporta quem está lendo pra dentro do cenário, porque a gente imagina a cena baseado na descrição! Fico muito feliz que tenha gostado cara, espero poder manter a mão, na verdade, tem muita coisa do final que já tá preparado e que, já que curtisse o Orr'vhael, vai te agradar também! Abraço, e mais uma vez muito obrigado! \0/

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