Os seres aracnídeos mecânicos avançaram em velocidade rumo ao local onde os relâmpagos pareciam ter se manifestado, mas era possível aos soldados, agora confusos, verificar e confirmar, mesmo ainda alguns metros de distância, que o inimigo ao qual se lançaram em ataque, já não estava mais ali, os sensores das criaturas atacantes indicavam isso claramente, no entanto, não lhes foi sequer possível tempo, para buscar pelo local onde seu alvo estaria, pois como um meteoro, Lanthalder pousa ao centro deles de forma poderosa, o impacto arremessou as criaturas para longe, já destruindo algumas delas, tão somente com a chegada do guerreiro máquina…
“- Não são resistentes… Já havia confirmado não haver vida orgânica, mas acreditava que seriam mais capazes de aguentar o combate…”
Os monstros se recuperam do impacto inicial, se reorganizam, os que ainda estavam operantes se lançam novamente em carga, e o androide responde, assumindo posição ofensiva, partindo em direção às criaturas igualmente! Um deles, o que estava mais próximo, acreditando estar em melhor situação, se lança aos céus, tentando cair sobre Lanthalder e o inutilizar, mas assim que atingiu a altura certa, recebeu poderoso impacto do pé direito do guerreiro, que em pleno ar executou um chute horizontal, atingindo a criatura em cheio, a lançando por sobre vários outros, como uma bola de futebol destrutiva, abrindo um rasgo na tropa inimiga!
Os inimigos continuavam a vir, o próximo ergueu suas patas dianteiras tentando atacar ou prender o androide, mas este segurou as duas armas naturais da criatura e antes que ela pudesse executar qualquer outro movimento, teve seu corpo aberto ao meio, pois Lanthalder forçava as duas patas dianteiras uma para cada lado, resultando assim, em tal destruição! Pelos menos cinco deles então se aproximam rapidamente, pulam na direção do herói, que revida magnificamente com diretos, uppers, chutes e movimentos precisos e brutais, cada golpe aniquilava uma das criaturas e em poucos segundos, dezenas deles já estavam caídos pelo cenário de batalha!
Lanthalder observa então a área de combate, ainda haviam dezenas deles, todos se pondo novamente correndo em carga contra o herói, ativavam enquanto andavam, seus canhões no dorso de seus corpos, realizando logo na sequência, disparos laser contínuos, buscando uma melhor eficácia em seus ataques, no entanto, as estratégias e opções das criaturas, foram percebidos facilmente, e se mostraram totalmente incapazes de perfurar a resistente couraça da qual o guerreiro máquina era composto; o que resultou deste último recurso, fora a resposta mais poderosa do androide, que não pretendia perder mais tempo ali - e quem sabe fazer assim, o líder daquele grupo se manifestar!
Lanthalder se lança em carga contra as criaturas uma vez mais, ignorando completamente os disparos que se mostraram totalmente inofensivos, e um novo brado marcaria tempo naquela terra sem lei, enquanto seu braço direito ela colocado para o lado em posição horizontal, e um relâmpago descia dos céus, energizando a arma lendária:
“- TITANIUM!”
Como um verdadeiro raio energizado, Lanthalder passa em linha reta por todas as criaturas, saindo ao final da tropa inimiga em posição de ataque, detendo seu movimento então conforme a inércia permitia, e ali ficou, de costas aos oponentes, imóvel, da mesma forma que as criaturas pareciam diminuir sua marcha aos poucos, até que pararam por completo, iniciando uma sequência de explosões em todo o campo de batalha, restando finalmente no local, apenas o androide guerreiro em pé, ao passo que as máquinas, todas elas, foram transformadas em detritos e restos de sucatas sem qualquer utilidade…
Lanthalder então olha para os céus, mesmo com sua visão ele não era capaz de captar corretamente, mas ele sentia, alguém o observava, atento, cuidadoso, curioso… Não parecia ao androide ser uma ameaça, muito menos o comandante daquela tropa, ou mesmo os cósmicos Observadores, mas seus sistemas não o deixavam enganar-se, alguém o observava atentamente das alturas… Sua visão e receptores auditivos, com diversos fatores diferenciados de análise, indicavam que o local por ora era seguro, e então, desativando sua transformação, o guerreiro Lanthys seguia pelo caminho de forma determinada, traçando rota inversa ao sol daquele planeta, como havia lhe aconselhado o Observador!
Lanthys caminhou pelo terreno por aproximadamente duas horas, a noite havia chegado, não seria um problema para ele seguir caminhando noite à dentro, no entanto, ao longe, o androide podia avistar uma pequena luz em meio à escuridão poderosa, e rapidamente definiu se tratar de uma fogueira… O androide então analisa o derredor da crepitação e percebe estar ali naquele momento, um acampamento, com dezenas de seres vivos se movimentando, para várias direções, como se estivessem executando tarefas, embora não fosse possível visualizar qualquer barraca… O guerreiro pondera e considera:
“- São seres humanoides, talvez a população originária deste planeta… Não parecem estar armados, muito menos se parecem com um tropa militar, no entanto, não há como determinar daqui, se não serão hostis ao me ver… Se atacarem, provavelmente precisarei me defender e isso irá gerar perda de vidas… Não foi com tal fim que fui criado… Vou deter meu avanço por esta noite e tentar não ser visto… Esperarei que ao clarear, eles possam partir de onde estão e então, buscarei uma alternativa que evite um possível confronto com esses seres…”
Lanthys observa à sua direita, uma espécie de formação terrena elevada; o androide analisa o local, nenhuma forma de vida presente - o que não definia não haver inimigos, é claro, uma vez que fora atacado por máquinas logo atrás - a altura era de vinte metros em seu ponto mais alto, o comprimento tinha exatos duzentos e cinquenta e três metros, enquanto que seu ponto mais largo, ostentava cinquenta e cinco metros, ou seja, um local adequado para ocultar-se entre as disparidades de suas extremidades, e aguardar o nascer do sol para observar melhor, qual rumo tomar!
No entanto, tão logo conseguiu chegar até o local e ocultar-se por aproximadamente quinze minutos, o guerreiro-máquina começou a ouvir a movimentação e burburinho no acampamento… Eles se moviam lentamente e com muito temor em direção ao local, era possível ao androide ouvir os batimentos cardíacos acelerados de vários deles, portavam paus e pedras e sem dúvida alguma, temiam algo muito assustador… Era justificada sua atitude atual, se ouvia no tom de suas vozes, o medo, e um medo que parecia ser maior pela segurança de quem ficou no acampamento, do que por eles mesmos…
Lanthys então baixa a cabeça de certa forma decepcionado, ele queria evitar o contato, no entanto, o contato estava há um passo de acontecer, era necessário agir e evitar acontecimentos desnecessários… O androide ergue as mãos, sai lentamente de onde estava e pôde perceber, dezenas de humanoides diante dele, recobertos de pelos pelo corpo inteiro, suas aparências eram similares a castores humanoides, olhos grandes e negros, mas brilhosos e cheios de vida… Suas bocas e narinas pequenas contrastavam com seu crânio bem maior, e vestimentas que os protegiam provavelmente de tempestades de areias…
As criaturas apontaram suas “lanças” feitas de pedaços de galhos para a direção do homem-máquina e este por sua vez, assumiu algo similar a posição de um cavaleiro medieval aqui na Terra, joelho direito ao chão, pé esquerdo chapado ao solo, dando sustentação; a mão esquerda também tocava o chão, enquanto a direita se mantinha sobre sua perna, e olhar fixo naquele que estava à frente de todos, muito provavelmente o líder, indicando a ele em uma linguagem inequívoca, de que ele não era ameaça, mas também não seria uma vítima…
O ser então o observa por alguns segundos, vira para os demais fazendo gestos para que baixassem suas armas e virando-se novamente para o androide, com uma tonalidade vocal nunca antes ouvida pelo guerreiro, se pronuncia:
O androide brilha seus olhos levemente, seu sistema interno se ativa ou ouvir as palavras e bilhares de combinações linguísticas são feitas em segundos, até que seus olhos voltam ao normal, e Lanthys responde com um leve sorriso amistoso ao rosto:
O humanoide então expressou uma sensação de espanto, que passou para admiração... Ele então vira-se para os demais que ostentavam a mesma expressão como se houvessem recebido uma notícia há muito desejada! Lanthys podia perceber, eles demonstravam em suas expressões, felicidade incrível, eles estavam felizes além do esperado pelo androide, por ouvirem suas palavras… Os demais então se reuniram ao redor do aparente líder e, abraçavam-se efusivamente, convidando logo em seguida, através de gestos, para que Lanthys os seguisse até o acampamento!
O androide se ergue, gesticula gentilmente e segue o grupo, enquanto intimamente revisava seus pensamentos diante da recepção: “- Ele me pediu que não os matasse por favor, e quando respondi que não estava aqui para tirar vidas, mas sim devolver esperança ao mundo, eles comemoraram desta forma… Este mundo atingiu o fundo do poço da tristeza e desesperança, seus nativos imploram por ajuda e proteção… Eu preciso corrigir isso…”
Enquanto os pensamentos dentro do cérebro positrònico continuavam, Lanthys adequava seus sistemas auditivos para o idioma nativo, agora ele os ouvia como se falassem a mesma língua, e conseguia comunicar-se com eles da mesma forma, era a chance de descobrir mais sobre o terror que este mundo estava enfrentando!
O grupo chega então ao acampamento, se viam versões femininas, idosas e infantis dos mesmos seres, Lanthys seguiu cada passo e cada avançar ou deter de movimentos, de forma calma e serena, evitando reações exacerbadas de qualquer um deles… As mulheres e crianças, assim como idosos, ocultavam-se parcialmente, ou pelo menos afastavam-se do local para que o recém-chegado fosse exposto aos demais…
Detiveram sua caminhada perto da fogueira, Lanthys ouviu um dos seres dizer ao que parecia líder, no idioma deles é claro, o temor ainda incrustrado dentro vários deles: “- Pil Ath, e se ele estiver fingindo, nossas mulheres e crianças correm risco… Talvez tudo isso seja uma grande besteira e eu deva levá-lo para longe, de forma que somente eu corra riscos, me permita…”
Antes que o supostamente líder dissesse qualquer coisa, Lanthys no idioma deles, se coloca a falar, suavemente: “- Como disse, não vim aqui para tirar vidas inocentes… Eu me chamo Lanthys, fui trazido de meu mundo até este, para restaurar a esperança e a vida livre de seu lar... Ah pouco lutei contra robôs aracnídeos armados… Sei sobre os heróis, sei sobre a grande sombra, e o simples fato de você - Lanthys olha para o ser que abordava o líder - se preocupar primeiramente com os demais para depois com sua própria vida, já diz muito sobre a índole que vocês possuem…”
Os seres ficam a observar, incrédulos, as palavras proferidas pelo visitante, estavam acostumados à agressividade e repressão, enquanto aquele ser desconhecido, trazia palavras de conforto e união… Lanthys respeita a pausa para que os seres pudessem assimilar, e então completa: “- No entanto, para fazer o que vim fazer, para levar à frente minha missão, preciso entender o que aconteceu a vocês… O que exatamente aconteceu a este planeta, poderiam me contar tudo desde a chegada da sombra?”
A perplexidade era gritante entre todos ali presentes, tanto pelas palavras perfeitamente selecionadas, quanto pela fala inequívoca do idioma do grupo, aumentando ainda mais as expectativas positivas para com o recém chegado. Eis que então, o líder demonstrando uma reforçada confiança após a fala, se aproxima com expressão complacente, acena positivamente ao guerreiro e explica: “- Eu sou Pil Ath e este que me recomendava, se chama Yott... Nós, nos chamamos Beavers… E sobre a dúvida de meu amigo, não é falha de caráter, é medo senhor Lanthys, por gentileza nos perdoe, não desejamos ser rudes…”
O ser convida Lanthys a se sentar e, assim que todos da caravana se acomodaram em um grande círculo, com Lanthys e Pil Ath ao centro, algumas mulheres, crianças e idosos se aproximaram do grande círculo também, curiosos, esperançosos, suas mentes renovadas pela possibilidade esperando o desenrolar da situação! É o líder quem toma a palavra uma vez mais:
“- Antes de mais nada, é preciso que saiba que nem toda esperança morreu, ela ainda persiste em alguns raros pontos e é esse tipo de sensação que tem o maior preço aos caçadores neste mundo… Nosso pequeno grupo e alguns outros que tivemos conhecimento, alimentam sim esperança, do cumprimento de uma lenda sussurrada aqui e acolá, sobre o desconhecido das estrelas que traria paz ao mundo… Falácias? Invenções? Teorias? Não sabemos, mas suas palavras reforçaram essa esperança, é um fato... Agora é preciso que tenha em mente que, nos despertou emoções poderosas e sem dúvidas, reforçou nossas pequenas esperanças, são coisas que há muito não sentíamos…”
Pil Ath se detém por alguns segundos, parecia controlar seus pensamentos ou sua fala, mas logo em seguida se recompôs e continuou: “- O que você chama de grande sombra, creio se refere ao ser que dominou este plano, vindo sabe-se lá de onde, e iniciou manipulando acontecimentos e informações, para causar sensações, que de alguma forma o sustentavam… Aqui o chamamos de Galbah e sim, ele causava reações às pessoas para que elas moldassem seus pensamentos e energias vitais, de forma a se tornarem acessíveis à ele…”
Um dos pequenos Beavers, aconchegado no colo de sua mãe, quase rosna eu sua voz pueril: “- Galbah mau, matou o vovô!” O serzinho então cospe ao chão, para o lado, e volta-se de novo ao androide, seu olhar era de ressentimento profundo, e Lanthys compreendia esse sentimento… Pil Ath continuou: “- Perdoe os maus modos do pequeno, eles ainda não controlaram suas reações adequadamente… Enfim, Galbah conseguiu captar boa parte da população contra os quatro heróis, pois ele sabia que não dobraria os pensamentos dos quatro, ou mesmo poderia confrontá-los abertamente… Assim, com as multidões crescentes à reprovarem suas justas ações em prol deles mesmos, Galbah acabou por abrir caminho para o desgosto e desestímulo dos heróis, e infelizmente, essa onda de reprovação injusta e manipulada, resultou na agressão e morte do primeiro deles, causando assim, o colapso mental e posterior desaparecimento por completo dos heróis que restaram... Nosso mundo enfim, não fazia mais resistência à Galbah…”
Todos se mantêm em silêncio, era possível perceber que em cada um dos que ali estavam, a reflexão sobre tal narrativa era profunda... Pil Ath novamente toma a palavra, e continua: “- Após até mesmo os heróis desistirem, e abandonarem a população que eles juraram proteger, o mundo mergulhou em tristeza sem fim, e a esperança e expectativas se foram. A mesma população que agrediu, escurraçou e até matou um deles, agora alegava que foram abandonados à próprio sorte, alimentando mais ainda a onda anti-heróis, assim como a fúria e revolta daqueles que estavam dispostos à dar suas vidas por nosso mundo... Assim, a maioria esmagadora de seres deste mundo sequer tem pensamentos positivos, quanto mais, perspectivas ou planos futuros, apenas, sobrevivemos e tentamos não ser mortos, é tudo que nos restou…”
Lanthys então, tendo o cuidado de se manter sereno diante da tristeza que o ambiente fora saturado, questiona uma vez mais: “- E o que acontece hoje, quem os ataca, como seu mundo é regido?” O ser então se ergue e mexe nas brasas do fogo, enquanto pequenas fagulhas subiam aos céus como um enxame de vagalumes em fuga, acompanhando a narrativa do anfitrião da noite: “- Galbah suga as energias que lhe são compatíveis, e se enfraquece diante de energias contrárias… Quanto mais energia similar sugada da vítima, mais se torna o pobre ser drenado, algo irracional e manipulável…”
Percebendo que Lanthys desejava mais informações, o ser continua, complacente, explicando: “- Somos feitos de energia, energia que condensa nossas formas físicas… Uma mente manipulável, pode se tornar o que for sugerido, como os soldados arácnos que o receberam em sua chegada… Da mesma forma, uma mente forte, pode moldar seu corpo como quiser, e se tornar algo além do que qualquer outro conseguiria, como fizera Galbah… Quando mantemos uma energia serena e não hostil, assumimos formas que possam nos ajudar de alguma maneira, e por isso nosso povo à gerações escolheu esta aparência… No entanto, se a raiva, a desesperança e a agressividade é que regem o íntimo do ser, ele pode assumir formas terríveis e maldosas… Não se engane, existem diversas e talvez incontáveis tipos de forma física neste mundo, cada qual refletindo seu interior, seus pensamentos e dores mais íntimas, o pensamento é quem realmente define algo físico neste mundo, compreende?”
Lanthys acena positivamente, deixava claro que havia compreendido a explicação como um todo, mas ainda existia uma pergunta, e Pil Ath inicia a respondê-la: “- Quanto à quem nós tememos… Galbah tem forças expedicionárias por todo local, matando aqueles à quem ele não consegue controlar, segundo ele, são excessos desnecessários… Você foi recebido por robóides, mas existem os que ainda não atingiram esse nível, e são manipulados… Existem os que simplesmente preferem uma vida de luxo e caçam seus semelhantes para satisfazer suas vidas de conforto.. E ainda temos criaturas espalhadas pelo mundo, antigos moradores que tanto deturparam seus pensamentos que assumiram formas monstruosas, sejam orgânicas ou robóides, agindo por conta própria, sem uma regra definida…”
Lanthys observa os seres, todos eles expressavam medo ou dor, e conforme a explicação de Pil Ath, eles tinham todos motivos para isso… O guerreiro uma vez mais questiona, ele precisava compreender claramente a situação: “- Então, de acordo com a energia do pensamento, os seres deste mundo podem assumir qualquer forma, seja um humanoide, ou animal e até mesmo robótica… É possível reverter este efeito e trazer, por exemplo, os arácnos de volta à seres originais que eram antes do processo de robotização?”
Pil Ath meneia negativamente a cabeça, completando: “- Somente a força do próprio ser pode reverter a ordem da decadência… Entenda, são estágios, primeiro você perde a esperança, depois se torna um apático ou controlado, então você pode regredir à uma forma animal que seu íntimo lhe impuser e até, como estágio final, robotizar essa forma e então, nunca mais regressar ao que foi um dia… É por isso que preferimos o medo ao sentimento de ódio, o medo nos mantém vivos, se robotizarmos, já teremos perdido a razão de nossa existência…”
Lanthys acena positivamente, o pensamento daqueles seres eram os pensamentos de um povo pacifista, que sabia que poderia morrer a qualquer momento, mas preferia morrer ciente de quem eram e controlando o que sentiam, do que como a marionete de alguém que sequer compreendia os pensamentos e aflições pelas quais passavam… Era preciso encontrar Galbah e derrubá-lo o quanto antes, e talvez, talvez assim, eles pudessem reiniciar ali, um mundo pacífico…
Um estrondo ao céu então se fez ouvir, um relâmpago explodiu centenas de metros distante de onde estavam e, mulheres, crianças e idosos se assustam e começam a buscar uma rota de escape! Pil Ath olha para Yott, e este rapidamente começa a gritar para todos: “- Usem os túneis, cuidado com a entrada, a areia ainda é instável! Que o grande astro nos proteja!” Lanthys fica a observar tudo, e então olha de novo para Pil Ath, que com um terror sem igual nos olhos, argumenta: “- É Sahr Rebdush… O demônio galopante… Ou nos escondemos, ou estaremos todos mortos!”
Lanthys observa uma poderosa tempestade se formar ao longe, mais de quilômetros longe de onde estavam, os relâmpagos acompanhavam tal fenômeno e, embora sua visão o permitisse ver com certa clareza os acontecimentos nefastos, ele tinha a certeza de que Pil Ath não o poderia avistar com sua visão, e ainda assim, o ser deixava claro saber exatamente do que se tratava… Diante do olhar questionador do jovem guerreiro, o anfitrião explica, enquanto observava nervoso, se seu povo tomava as medidas certas para se proteger:
“- É o pior temor de nômades como nós… Ele vaga pelas planícies, galopando seu feroz corcel robótico, assim que encontra uma tribo ou grupo, não importam as explicações, ele destrói toda e qualquer construção que tenhamos feito com sua montaria vigorosa e logo após, descendo do mesmo, ele próprio aniquila com toda água, comida, objetos, ferramentas, tudo que estiver exposto, é destruído, e isso inclui nossas vidas! A única chance é nos escondermos nos túneis preparados exatamente para casos desse tipo de encontro…Se esconda jovem, ou sua vida será tirada pelo demônio!”
O assustado Pil Ath corre para um dos túneis criados sob o solo e então, nenhum mais dos Beavers foram vistos no local, mas a tempestade de areia estava centenas de metros já próximo deles, Lanthys podia já inclusive vislumbrar dentro do turbilhão de areia e relâmpagos, a figura de um poderoso corcel robótico, que, com olhos vermelhos ao intenso, galopava com vigor e baforadas, indicando sua fúria e determinação em atacar quem estivesse à sua frente… No entanto, Lanthys observando o atacante a se aproximar, questionava-se, intrigado: “- Onde está o cavaleiro infernal de tal montaria?”
A tempestade se precipita, o impacto era iminente, os Beavers espiam por frestas o que estava por acontecer, com suas mentes convictas de que o estranho jovem seria destruído naquele instante, que suas esperanças tão reduzidas e tão recentemente despertadas, estavam por um fio de serem novamente soterradas, enquanto Lanthys por sua vez, mantinha sua posição, em pé, braços ao lado do corpo, punhos cerrados, expressão extremamente concentrada, completamente imóvel, aguardando a chegada do “demônio”...
O galopar ensurdecia os seres ocultos abaixo da terra, eles se encolhiam em seu temor por suas vidas, um relincho poderoso ecoa pelo espaço aberto, e o equino cibernético se arremete contra Lanthys em um salto vigoroso, visando um impacto que arremetesse - ou destruísse - o inimigo por completo! Já o androide, com sutileza e serenidade, desloca-se levemente para a esquerda, e com sua mão direita, segura a pata dianteira direita do animal máquina, de forma perfeita e vigorosa, gerando um poderoso abalo em seu deslocamento, e então, era como se a cena ficasse em câmera lenta…
O reluzente corcel é surpreendido com a ação, ele perde por completo o equilíbrio do movimento, e completa seu salto rodopiando, inicialmente pelo ar, para logo então chocar-se contra o solo, que é quando as ações retornam ao tempo normal, vindo o ser robótico à rolar por mais alguns metros chão à fora, abrindo um rastro por onde passou, até finalmente silenciar-se em meio à nuvem espessa de areia que ainda permeava o local, devido a tempestade ampla que ali chegou, e agora alimentada de novo, pela queda da montaria vigorosa…
Lanthys vira-se para o local da queda, aguarda pelo animal a se erguer e, com certeza pensava o androide, tentar o atacar novamente, pelo menos essa era sua expectativa, mas o que ele vira fora bem diferente… Dois olhos vermelhos rubros, em uma forma humanoide distorcida que realmente lembrava e muito um demônio aterrador, saíam do meio da nuvem turva, posicionando-se diante do androide de forma ameaçadora: “- Todo aquele que não se impõe, é culpado, não merece espaço neste mundo criado pela covardia e pelo desprezo… Se você é um deles, morre aqui e agora!”
O androide se posiciona sem demonstrar intenção de atacar, rebatendo: “- Não estou aqui para lutas insensatas, mas para restaurar o equilíbrio deste mundo e a esperança daqueles que desistiram… Conte-me sua história antes de partir para um combate, talvez possamos resolver de outra forma…”
O demônio bate um pulso no outro, assume posição ofensiva, se lançando em investida contra Lanthys: “- Sobreviva e talvez eu te conte algo, antes de morrer!”
Lanthys energiza seus olhos e se lança em ataque igualmente: “- Certo, se só teremos diálogo após nosso embate, que assim seja!! ENERGIZAR!”
Os dois se deslocam em alta velocidade um contra o outro, e uma nova batalha tinha espaço naquele mundo devastado, mas Lanthys, apesar da situação, não estava alienado, ele sentia que ainda estava vigiado, talvez fosse essa fonte que o havia delatado aos Beavers quando tentou ocultar-se, os mistérios apesar das respostas, se aprofundavam cada vez mais!
Continua...
Galeria de imagens:
Soldados robóticos "arácno":
Grande Lanthys!
ResponderExcluirÉ com grande satisfação que li esse segundo episódio.
O que mais me chamou a atenção foi o senso ético do Lanthys!
O cuidado com os humanoides .
A humildade em lidar com seres nunca antes vistos .
Ah, se muitos humanos tivessem esse senso crítico!
O homem-máquina se mostra assim, mais sensível e empatico do que muitos que se dizem , seres humanos...
Num mundo sombrio e sem esperança, Lanthys/Lanthalder pretende ganhar o respeito pelas atitudes.
Isso é um bálsamo ao meu coração.
Vivemos dias horríveis.
Obrigado por me impactar !
Grande amigo Jirayrider, mais uma vez obrigado pela leitura e comentário incrível! Sim, captasse o senso da ideia do Lanthalder, sua grande meta, além das diretrizes à qual fora criado, é tentar se aproximar de ser um humano, no entanto, ele compreende os erros dos humanos e busca por evitá-los... Assim, temos um personagem que se torna o modelo de humanidade que a gente aspirava que nós humanos, fossemos... Empatia, benevolência, respeito, ponderação, análise e observação antes da ação e sim, sem dúvida, se tornar uma montanha irredutível e irremovível, diante do errado, por menor que essa montanha seja, pois somente essa moral, de certo ser o certo, mesmo que ninguém o faça, e, errado ser o errado mesmo que todos pratiquem, é que pode fazer nosso mundo evoluir em algum dia! Sem respeito ao próximo como a si mesmo, jamais iremos mudar de patamar e Lanthys quer, como muito bem dissestes, demonstrar isso com ações muito mais do que com palavras! Fico contente que a vertente filosófica que estou colocando na saga, esteja te agradando, o meu muito obrigado de coração pela parceria de sempre! Grande abraço! \0/
ExcluirRapá! Estou precisando me acostumar com esses seus capítulos mais enxutos, pois tava acostumado com uma leitura mais extensa e, o que me deixa mais impressionado é que, mesmo num texto mais curto, você consegue detalhar tanto as cenas de combate, como as de conversas e com zero ação.
ResponderExcluirA luta contra as aranhas robóticas ficou incrível, consegui visualisar totalmente cada pancada, cada movimento. Sensacional.
Agora preciso destacar essa sua fantástica capacidade de criar um mundo tão interessante e cheio de possibilidades, além dos Beavers que, por si só, para mim, já renderiam muitas histórias, tamanho interesse que me despertaram.
Eu adorei a ideia do mundo de seres de energia, como falei antes, abre um leque inacreditável de possibilidades e se os Beavers e esse "demonhão" forem só o início do que você tem planejado para nós, os leitores, mal posso esperar pelo que vem por aí.
Meus mais sinceros parabéns!!
Salve Norb, gratidão uma vez mais pela leitura e apoio de sempre em meus trabalhos! Por muito tempo eu vinha bolando uma ideia de reativar Nipo Ranger de uma forma mais madura e utilizando o que aprendi de NeoChangeman para cá, então, me inspirando em algo que não vou revelar, e utilizando elementos de diversas mídias que prefiro não citar também (curiosidade e mistério fazem parte de um bom roteiro kkkk) eu quis que Lanthalder e os demais, tivessem uma chance de mostrar seus potenciais, de forma mais trabalhada e caprichada! Também, como conversamos via zap, achei interessante tentar trabalhar a capacidade de escrever episódios menores, o que me ajuda na produção, assim como me treina em não ficar preso à uma única forma de escrita, mas em breve teremos mais episódios quilométricos em nova saga autoral, pode deixar! :) Quanto aos Beavers, eu precisava de humanoides, mas não que o planeta fosse igual a Terra, achei que poderiam ter evoluído de forma diferente, no entanto isso não permitia explicar os robôs e afins, então eu mudei o foco e, pensando meio como Ajax da DC, eu considerei a possibilidade de assumir formas, mas não algo exatamente como Ajax ou Mutano, assumindo formas uma atrás da outra, é algo mais como uma metamorfose, lenta e duradoura, e que pode levar anos para ir ou para voltar, tudo baseado, na força de vontade, algo que também nos dá um "controle" muito bom sobre essas mudanças e se pode exemplificar e explicar, mudanças mais bruscas, caso precise! Eu creio que não podemos ser repetitivos, ou deixamos assim o leitor meio que "enjoado" tipo, "já sei o que vem pela frente e como termina", eu procuro evitar isso... Desta forma, nesta saga, não se tem ideia do que pode aparecer ainda, que tipo de ser é a sombra, nem o que Lanthys ainda encontra pelo caminho, nem mesmo como será o final desta saga, pois existem "n" possibilidades e eu mesmo, tenho um esboço mas não uma certeza, então, tenha certeza que minha aposta aqui, além do âmbito filosófico e reflexivo, é também o de surpreender os leitores! Fico feliz que tenha curtido, o meu muito obrigado por sempre acompanhar meus trabalhos, um grande abraço Norb! \0/
ExcluirAldo, que cena! Fiquei impressionado com o impacto visual e a profundidade dos detalhes que você trouxe para essa batalha climática. Desde o começo, é nítida a sua habilidade de criar um cenário imersivo, que envolve o leitor e faz com que sinta a tensão crescente com cada palavra. A atmosfera ameaçadora do "demônio galopante" é intensamente evocada, especialmente com a descrição do corcel cibernético avançando com olhos vermelhos, espalhando o medo entre os Beavers. Cada elemento é tão visual e vívido que quase podemos ver a cena se desenrolando em câmera lenta, como num épico cinematográfico!
ResponderExcluirA construção do Lanthys como um guerreiro imperturbável também é muito poderosa. A calma dele diante do perigo, a postura imóvel, e finalmente a precisão do seu movimento ao derrubar o corcel — tudo isso destaca a força e a serenidade do personagem, o que só aumenta a admiração que sentimos por ele. E o diálogo com o "demônio" traz um contraste perfeito, pois mesmo diante de uma figura ameaçadora, Lanthys busca a paz e a compreensão. Essa busca por equilíbrio em um mundo caótico mostra uma profundidade incrível na construção do personagem e de suas motivações.
E que final emocionante! Quando Lanthys decide lutar para obter as respostas, sentimos o peso do dilema dele e o mistério que envolve sua missão. Estou ansioso para ver como ele vai enfrentar não só esse inimigo, mas todos os enigmas que você, com maestria, está construindo ao longo da trama. Essa batalha, além de física, tem um peso emocional muito grande, e você faz isso de um jeito brilhante. Parabéns!