sexta-feira, 8 de fevereiro de 2019

NeoChangeman - Episódio 23 - Avante Pégasus!


Orfanato de Kinki – 06:05hs...
O dia começava a raiar no Orfanato... Tanto as crianças quanto professores foram sedados e levados para hospitais sob o tutelado dos Defensores da Terra... Os Comandos montavam guarda e várias pessoas, inclusive da população, com lágrimas aos olhos começaram a limpar e arrumar o local que havia ficado marcado pela batalha... Senhora Yoshimi, a única que se recusou a receber tratamento estava entre eles... Seu olhar demonstrando os muitos verões que já vivera eram resistentes, ela olhava para tudo e removia os escombros e galhos do chão com uma expressão que poucos entenderiam... Ela estava em prantos por dentro, mas haviam pessoas que dependiam dela, haviam pessoinhas muito assustadas que dependiam de sua postura, havia uma orfanato a ser reconstruído antes daquelas crianças voltarem e ele não seria posto em forma com lágrimas, era seu pensamento enquanto trabalhava... Ela guardaria suas lágrimas para seu momento de intimidade, quando ela estivesse sozinha e pudesse ser ela mesmo sem causar problema aos demais... Ela não sorria, ela era firme, ela ergueu aquele lugar com seu trabalho para proteger as crianças, e naquele momento, depois de tudo que viu e ouviu, ela jamais iria deixar o ideal de proteger as crianças para segundo plano, não agora, não depois de Satoshi... Ela olha firme para o que ainda havia por fazer, faz um aceno positivo e se põe novamente em movimento, dando prosseguimento a suas tarefas coordenando os demais... Um olhar dela escapa a Hiryu Tsurugi que a observava e... Aquele olhar descrevia ao veterano o que ele não queria admitir... Ryuichi e os demais tentam contato com o comunicador de Satoshi, mas o mesmo não responde, não podia ser localizado, ninguém tinha qualquer pista do colega ou de Shiori...

O veterano comandante vai até Sayaka que analisa o local com sensores diversos tentando reconstruir o que aconteceu para tentar achar uma explicação aos fatos e indaga preocupado, como se quisesse achar uma prova para replicar alguma acusação:
Cmt. Tsurugi: “ – Sayaka... Encontrou algo que possa explicar o que aconteceu?” A cientista com decepção nos olhos acena negativamente e explana:
Sayaka: “ – Há uma espécie de pólen espalhado por tudo Tsurugi... Mas... É algo inusitado, pois diferente de qualquer pó que conhecemos, esse pólen é na verdade plasma sanguíneo desidratado... Imagine que alguém tivesse secado o sangue a tal calor que o converteu em um pó tão fino como o pólen e logo após o espalhado pelo ar... É o que encontro aqui... Se eu fosse usar um termo mais prático... Há “sangue em pó” por todo o local...”
Cmt. Tsurugi: “ – Mas as crianças e os professores não possuem ferimentos... De quem é este "sangue em pó" como chamas que se detém aqui... De quem era o sangue sobre crianças e professores? Me diga alguma coisa Sayaka...”
Sayaka: “ – Nana e Dr. Togo estão a examinar mas eu confesso que qualquer que seja a resposta, nós não teremos uma resposta boa a esta pergunta meu amigo...” Sayaka começa a analisar novamente o local, Tsurugi fica inquieto com a falta de informações, ele olha para os demais que o observam de longe onde estão reunidos esperando alguma resposta para agir de acordo com os resultados... O veterano então olha para senhora Yoshimi e caminha até ela, parando próximo e com todo respeito que poderia ter pela senhora e pelo momento tenta obter alguma informação a mais...

Cmt. Tsurugi: “ – Senhora Yoshimi... Nos ajude... O que a senhora viu... Busque forças de locais infinitos para narrar algo que tanto lhe abomina como seu olhar demonstra, mas nos ajude a desvendar o que houve aqui...” A velha senhora para de varrer, fica alguns instantes a olhar para o nada e sem olhar para o comandante que a interroga ela responde:
Senhora Yoshimi: “ – Nada do que eu possa ter visto, pode ser descrito em palavras... Forças que jamais poderei explicar agiram aqui... Eu vi seus olhares... Eu os vi desaparecer... E os vi finalmente se encontrarem... E a glória em relâmpagos os consumiu em algo que não tenho palavras para explicar... A imagem nunca sumirá de minha mente... Eu levarei aquela cena comigo para meu túmulo...” Tsurugi fica observando a senhora, esperando mais algum detalhe, e ela se cala... O preocupado comandante insiste com ela...
Cmt. Tsurugi: “ – Senhora Yoshimi... O que aconteceu então? Quem foi atingido? Pra onde foram? Me conte o que viu...” A idosa então se vira para o comandante, com expressão de ira e grita a plenos pulmões:
Senhora Yoshimi: “ – UM IMPACTO DE SANGUE ATINGIU MEU ROSTO... INUNDOU MEUS OLHOS... MEU NARIZ SE OBSTRUIU COM ALGO VISCOSO... OS RELÂMPAGOS, O INICIO E O FIM ME CAUSANDO UM TERROR QUE NÃO SEI DESCREVER E ARRANCOU QUALQUER LÓGICA DE MEU SER ME COLOCANDO EM COMO AO CHÃO... ESTÁ SATISFEITO GAROTO??” Todos então cessam suas atividades e ficam a observar a cena... Tsurugi encara a velha senhora com lágrimas nos olhos enquanto ela continua a reter as suas.... Ela cerra seus olhos e completa:
Senhora Yoshimi: “ – Não se atreva a me perguntar mais nada sobre isso... Nem a ninguém deste orfanato...” Ela vira-se e adentra a casa sem dar mais explicações... Tsurugi baixa a cabeça e continua com muitas perguntas e angústias em sua mente...

Armored Island – 06:45hs...
Dr. Togo e Nana analisam os tecidos e o sangue removido das crianças e dos professores... O resultado havia saído e a comparação havia sido feita... Nana se dirige ao sistema de comunicação e entra em contato com Tsurugi...
Nana: “ – Tsurugi, está me ouvindo?” O veterano aciona seu comunicador, Sayaka e os demais se aproximam dele...
Cmt. Tsurugi: “ – Tsurugi na escuta, diga Nana, o que conseguiram para nos passar?” Nana se detém um pouco e inicia...
Nana: “ – O sangue encontrado nas crianças e nos professores, contém traços do DNA de Satoshi... Em vastas quantidades eu diria...” Todos ficam atônitos com a notícia, era uma revelação terrível...
Cmt. Tsurugi: “ – Então, todo o sangue que encontramos aqui era do Satoshi? Você quer dizer que ele...” Nana rapidamente responde tentando evitar um trauma a todos:
Nana: “ – Não posso afirmar isso...” Ryuichi entra no assunto sem qualquer cerimônia:
Ryuichi: “ – Como assim Nana, se o sangue que está em todos tem o DNA de Satoshi, então essa quantidade de sangue que vimos, só pode significar que ele foi atingido de forma mortal... Senão seu DNA não estaria neste sangue... Fale a verdade Nana...” Nana se detém alguns segundos na resposta, como se buscasse argumentos e inicia:
Nana: “ – Sayaka, se eu me detiver em termos difíceis, por gentileza simplifique a eles... Sim, o DNA de Satsohi está no sangue, em grande quantidade, mas... Seja o que for que a arma que apreendemos faça, ela modificou a cadeia celular do sangue e ele não pode mais ser “lido” de forma correta... Não existe uma forma precisa de dizer de quem é o sangue pois visto o “pólen sanguíneo” existente no local, o sangue pode conter o DNA de qualquer ferido...” Todos ficam a se observar por alguns instantes e então Sayaka comenta:
Sayaka: “ – E sua análise final é qual Nana?” A moça de Technolíquel completa:
Nana: “ – Com toda a certeza ele foi ferido e seu DNA pode ter se multiplicado com a desidratação do sangue de seu ferimento, mas afirmar que todo aquele sangue era dele... Eu não poderia fazer isso... Muito menos definir ao certo de onde todo aquele sangue veio... A única coisa que posso afirmar, dada a ausência de corpos e órgãos, é que seja de quem for, esse sangue, desidratado ou não, é humano...” A esperança ressurge entre eles, olhos com expressões de uma nova chance surgem em todos os rostos ali presentes e é Mitsu quem se intromete agora:
Mitsu: “ – Tá Ok bonitinha de inteligência mil, como a gente localiza o nosso amigo chorão então? Se ele não morreu aqui, de posse do DNA dele, você pode localizar ele em um piscar de olhos não é?” Todos esperam a resposta que demorou mais do que as outras e então o comunicador uma vez mais dá notícias não animadoras...
Nana: “ – Em uma situação normal, sim, seria fácil e eu já tentei isso, mas... Dado o pólen de sangue e o vento... O DNA de Satoshi está por tudo... Árvores, chão, pessoas... Está no ar sendo carregado por correntes aéreas... Em um espectro amplo eu diria que seu DNA já atinge quase toda a cidade em maiores ou menores quantidades e ainda viajará por todo o Japão e talvez além... Não há como localizá-lo através do DNA infelizmente...” As esperanças parecem morrer de novo quando a montanha viva Hideki Kuroki bate na palma da mão olhando para os colegas:
Hideki: “ – CABELO!!” Todos olham com cara de dúvidas para o colega sem entender do que se tratava aquele grito... Ele eufórico, olha para todos e explica...
Hideki: “ – Nossa melhor hipótese é de que Satoshi tenha conseguido por algum milagre se transformar, pois vimos NeoPegasus destroçar o Gaios! Se ele conseguiu isso, visto que os dois estão desaparecidos, é correto pensar também que ele levou Shiori consigo... Se não conseguimos achar ele, vamos achar a Shiori... E pra pegar o DNA dela, CABELO!! Uma escova no quarto dela deve ter isso, assim iremos pedir a Nana que localize Shiori e assim encontraremos Satoshi!!” Ele fica com os olhos esbugalhados olhando a todos com otimismo e euforia, enquanto os demais iam entendendo sua lógica!! Mitsu dá um pulo e abre um sorriso de orelha a orelha, correndo logo em seguida para dentro do orfanato em busco do fio de cabelo sem dar qualquer satisfação a qualquer um presente... Enquanto ela percorre seu trajeto os demais comentam que é uma boa tentativa sim e que provavelmente Satoshi deve estar precisando de auxílios tanto para ele quanto para Shiori... Tsurugi no entanto se lembra do olhar e da tristeza de senhora Yoshimi e sem demonstrar aos demais, não compartilha de tanta esperança... Ele viveu muitas lutas e muitas perdas... Embora tente ser mais otimista, ele sempre espera por algo mais real, mais cruel e mais sofrido... Em seu íntimo ele esperava estar errado...

Orfanato de Kinki – 07:25hs...
Mitsu sai correndo de dentro do orfanato com muitos cabelos nas mãos... Ele os entrega a Sayaka que de pronto os coloca em um saco plástico e aciona um portal para retornar a Armored Island levando o item e ajudando Nana no que for preciso para localizar Shiori... Os demais ficam por ali a aguardar o resultado e poderem partir em busca de Shiori e por consequência encontrar seu amigo... Eles se sentam e as portas do orfanato se abrem pesadamente... Senhora Yoshimi estava ao centro da porta com olhar de poucos amigos... Em tom alto e nada cordial ela brada:
Senhora Yoshimi: “ – O café está servido...” Todos ficam a se olhar, nenhum deles tem intensão de comer enquanto esperam respostas, eles querem saber de Shiori e Satoshi... Senhora Yoshimi percebe e reitera:
Senhora Yoshimi: “ – Se querem ser úteis, tenham a decência de ter forças para não cair de fraqueza por aí... Estão em minha casa, aqui eu dou as ordens e se quiserem desobedece-las, passem do cercado para fora... O chamado para o café não foi um pedido, foi uma ordem e todos vocês vão entrar e se alimentar agora... Inclusive você garoto comandante... Não falarei novamente...” Todos observam a velha senhora e então sem mais argumentos ou defesas, eles partem para a refeição, inclusive Tsurugi, enquanto aguardavam a comunicação da base sobre o paradeiro de Shiori...

Armored Island – 07:55hs...
Nana e Sayaka, que haviam conseguido obter o DNA de Shiori e o inserir no sistema de buscas, consentem que conseguiram localizar a moça, mas estranham o local onde ela está no momento... Sayaka abre a comunicação:
Sayaka: “ – Pessoal, a ideia do Hideki deu certo, conseguimos localizar Shiori, mas ela está em um lugar bem inusitado, isso se nosso sistema não estiver se enganando...” Todos estranham e Tsurugi é quem faz a pergunta:
Cmt. Tsurugi: “ – Porque diz isso Sayaka... Ela está em algum hospital, algo assim?”
Sayaka: “ – Não... Ela está em campo aberto... Há mais ou menos 250Km de vocês, no Monte Tate, em Tateyama...” Os olhares se cruzam novamente e ninguém saberia o que argumentar... Porque ir para tão longe se perguntavam os integrantes e a própria senhora Yoshimi...
Tsurugi então comanda:
Cmt. Tsurugi: “ – Abra um portal para nós Sayaka... Iremos junto de alguns paramédicos pois os dois devem estar precisando de socorro... Algum sinal mais forte do DNA de Satoshi no local?” O suspense tomava conta de todos para com uma resposta positiva...
Sayaka: “ – Infelizmente não... Sobre os portais, estamos com dificuldades de centralizar a saída no local, segundo as informações, há uma forte tempestade de relâmpagos no local que já chamou a atenção até mesmo da defesa civil japonesa para possíveis estragos na cidade... Tomem cuidado pois tudo está muito estranho, ambientalmente falando... Estejam preparados para qualquer coisa...”

Tsurugi acena positivamente para os demais e partem em direção ao pátio do orfanato... Os paramédicos os acompanham e então o portal se abre... Eles adentram e desaparecem do local em busca dos amigos desaparecidos... Em suas mentes muitas dúvidas, medos e incertezas... Porque Shiori foi parar lá? Quem a levou? Satoshi? Então porque seu DNA não é localizado no local? E o sangue no orfanato? Se os dois saíram vivos, de quem é o sangue? Teria o comportamento agressivo de NeoPégasus algo a permitir explicação de tudo isso? E porque o temperamento diferente no guerreiro pacífico que todos conheciam? Enquanto os dutos de transporte exerciam sua função, todos estavam cheios de perguntas e parecia que não encontrariam calmaria pela frente... O portal se abre e o vento atingia mais de 100Km/h no local... Chuva torrencial caía e os relâmpagos rasgavam os céus em fúria... Eles observam ao redor, nada avistam, Tsurugi tenta comunicação e através de chiados, alguma informação se salva:
Cmt. Tsurugi: “ – Nos direcione Sayaka... Para onde devemos ir?” A resposta demora segundos para voltar, mesmo que toda picotada:

Sayaka: “ – Bbrrzzzzz... Impossível precisar distâncias pois... Bbrrzzzzz... Visto o sinal cortando pela... Bbrrzzzzz... Os raios impedem a concl... Bbrrzzzzz... Um raio máximo... Bbrrzzzzz... 1Km... Bbrrzzzzz... Partir do portal... Bbrrzzzzz...” Tsurugi olha ao redor, Ryuichi para ao seu lado... Depois de alguns segundos buscando prováveis pontos de busca, é Ryuichi quem se vira para os demais e comanda aos gritos, tamanho era o ruído da tempestade:
Ryuichi: “ – Cada um de nós, pega uma direção... Vamos dividir o raio de 1Km a partir daqui... Meu pai e eu vamos juntos e cada um de vocês vá com um dos 3 paramédicos para impedir que eles sejam feridos ou levados pelo vento... O grupo que os encontrar, ache um jeito de avisar aos demais... Vamos nessa pessoal, eles precisam de nós!” Ryuichi e seu pai escolhem um dos caminhos, e assim Hideki, Hiroko e Mitsu seguem cada um com um dos paramédicos em direções variadas tentando cobrir o máximo de terreno... Desta forma iniciam-se as buscas por Shiori e Satoshi em meio a uma terrível tempestade não vista ainda pela maioria deles...

Monte Tateyama – 08:15hs
A grama é verde e macia... Ela sente dores violentas em seu corpo... Ela tenta abrir os olhos, mas não consegue... A água... O vento... Os clarões no céu... Ela tenta cobrir o rosto para poder se olhar e saber se estava ferida... Ela não vê sangue em si, mas talvez a chuva tenha limpado tudo já, pensou rapidamente a moça... Ela continua deitada, sem forças para se mexer mais que alguns movimentos fracos... Ela fecha seus olhos novamente e repousa, tentando entender...
Shiori: “ – Onde estou... Que lugar de tanta grama é esse... O que aconteceu... O olhar de Satoshi... É a última coisa que lembro... Depois aquele impacto violento... Depois o breuo... Ainda sinto a bílis na garganta... Sinto ódio em meu íntimo... Mas onde estou... Como cheguei aqui... Satoshi onde você está... Não me deixe aqui sozinha...” Ninguém poderia ver o quanto Shiori chorava, a força da chuva era maior que suas lágrimas mas não maior que sua tristeza... Ela chora por longos minutos... Sequer sabia onde estava, que horas eram, muito menos se alguém buscava por ela... Ela consegue forças para se recolher em uma posição similar a fetal... Seu corpo doía muito e ela estava sozinha... Ou assim pensava... Os relâmpagos não paravam nunca... Cada vez mais fortes como se quisessem chamar a atenção... Tanto os NeoChangeman quanto os socorristas já se sentiam preocupados e a tempestade parecia nunca recuar... Shiori sente o medo novamente... Era como se algo a apertasse, como se algo a tentasse obrigar a algo... A raiva ainda habitava seu ser e parecia querer sair de dentro de si... Shiori tenta conter mas como uma golfada de refluxo quando não se consegue mais segurar o mal estar estomacal, Shiori senta-se de golpe em meio a tempestade e grito a plenos pulmões:
Shiori: “ – O QUE QUER DE MIM AFINAL?? PARE AGORA EU ORDENO!!” Todos que buscavam por Shiori detém seus passos, todos ouviram o grito e todos presenciaram a cena funesta... Um temível raio pareceu se forjar acima do monte e descarregou toda sua intensidade em um único ponto... Eles começam a tentar se locomover em direção ao local, o que seria bem difícil dada a tempestade, mas então, como em um passe de mágica a tempestade se dissipa, o vento desaparece, o sol toma o lugar visto as nuvens assustadoras evaporarem e ninguém conseguia entender o que acontecia ali... Todos resolvem ignorar as novas perguntas sem respostas e correr para o ponto onde o raio caiu e de onde acreditam que ouviram a voz... Ryuichi e Tsurugi eram os mais próximos, eles conseguem chegar primeiro ao local e tão logo avistam a moça caída, Tsurugi retorna para sinalizar aos demais o local e pedir a presença dos paramédicos enquanto Ryuichi tenta amparar a amiga a tomando no colo... Suas roupas estavam em farrapos e ela parecia ter sido atingida pelo raio poderoso... Era de se esperar que tivesse ido a óbito também, afinal, ninguém suportaria tal agressão, mas os paramédicos indicam sinal de batimentos cardíacos... Todos vibram e Tsurugi comanda a abertura de um portal para levar a moça até a Armored Island enquanto reforços atravessam o portal para ajudar nas buscas por Satoshi, o único ainda desaparecido... Todos se olham, acenam positivamente e então as buscas prosseguem, satisfeitos por terem encontrado Shiori com vida!

Monte Tateyama – 13hs...
Tsurugi se reúne com o grupo novamente após horas de longas buscas... Com suas capacidades especiais os NeoChangeman cobriram completamente o terreno por inúmeras vezes e nenhum sinal de Satoshi foi encontrado... Tsurugi olha para todos e aguarda para ver se algum deles deseja se pronunciar...
Hiroko: “ – Nem mesmo no lago achei qualquer vestígio... Vistoriei até mesmo o mais profundo lugar e simplesmente é como se ele nunca estivesse estado neste lugar...”
Hideki: “ – Nenhum aroma, nenhum movimento, nada que relembre ou denote Satoshi nesta área nem próximo daqui...”
Ryuichi: “ – Eu observei do topo da montanha, nada, simplesmente nada eu consegui captar, é como se Shiori tivesse sido largada aqui sem que seu salvador tivesse pisado no local...”
Mitsu: “ – O bracelete de Satoshi... Ele poderia ter aberto um portal e largado Shiori aqui sem pisar no solo...”
Hideki: “ – Sim, poderia, mas... Porque a largar aqui sozinha, a mercê do tempo e de qualquer um? Não me parece uma atitude que Satoshi tomaria... Mesmo em situação extrema... Ainda mais sendo a Shiori...”
Cmt. Tsurugi: “ – Isso sem mencionar que acionar o NeoBrace iria denotar sua posição e saberíamos que ele havia acionado o mesmo, e não há nenhum registro...”
Mitsu: “ – Então devemos concluir que ela apareceu aqui do nada? Caiu aqui do nada?” Todos ficam a se olhar e nenhuma resposta é proferida, nem existia para tal situação, pelo menos naquele momento... O comandante comanda que voltem para Armored Island para se recuperarem e reagrupar, afim de pensar em alguma forma de localizar o amigo... Os portais se abrem e todos partem do monte Tate com mais perguntas do que chegaram ao local...

Armored Island – 21:00hs...
Shiori sente o torpor em seu corpo... Ela pensa em abrir os olhos, mas decide mantê-los fechados pois as últimas cenas que seus olhos presenciaram em nada lhe foram agradáveis... A tempestade, o raio, o vento, a armadilha, o olhar de Satoshi... Uma lágrima escorre de seus olhos... Ela absorve e admira o silêncio daquele momento... Nada ainda fazia sentido pra ela, nenhuma explicação ela tinha para nada mas o silêncio já era acalentador depois de tantos sons aterradores... Sentia que não estava mais na grama, sabia que alguém a havia resgatado, estava em uma cama... Ou assim ela pensava pelo menos... Ela então relaxa e tenta pensar em nada para que talvez alguma resposta surgisse, para que algo acontecesse... O que houve afinal ela continuava a pensar e lembrava-se da cena do disparo da arma e do olhar de Satoshi como se dissesse a ela "tudo vai ficar bem, tenha certeza"... Mais lágrimas escorrem e ela balbucia...
Shiori: " - Mas não ficou tudo bem Satoshi... Não ficou..." Ela chora por mais algum tempo e então enxuga as lágrimas uma vez mais tentando de novo voltar ao nada para não chorar... Súbito seu coração acelera ao ouvir algo que ela esperava desde o incidente ouvir a qualquer custo...
Voz: “ – Shiori... Pode me ouvir?” Ela mantém os olhos fechados... A voz era a mesma... A ternura parecia ainda maior... Ela quase palpava aquele som com seu sistema auditivo... Ela não saberia descrever a sensação mas era maravilhoso... Ela duvida de seus sentidos, julga estar delirando então novamente:
Voz: “ – Shiori... Abra seus olhos destemida flor...” Ela abre os olhos e o avista... Parado ao lado de sua cama, velando por seu descanso... Ele finalmente estava ao seu lado uma vez mais... Intacto... Sorridente... Acolhedor... Amável como ela sempre o viu... Ele estava vivo era seu pensamento maior!
Shiori: “ – Satoshi...” A moça levanta-se na cama, não sente qualquer dor ao fazer isso e o abraça com força, sentando-se na cama para ficar de frente a ele... Os olhos escorrem vastas cachoeiras de lágrimas ao olhar para o jovem de novo e então novamente o abraça e fica assim por alguns segundos... Satoshi fala com ela sorridente:
Satoshi: “ – Eu lhe peço perdão... Por colocar você nisto... Por impor-lhe esta condição... Por a remover de seu mundo e a colocar aqui... Por ter sido egoísta a ponto de nunca dizer te amo, quando queria dizer isso a cada segundo... Peço perdão por ter despertado algo em você que nunca correspondi e que por fim, a colocou em uma zona de combate sem volta...” Shiori limpa as lágrimas sorridente e responde com felicidade ao homem que ama, principalmente após ouvir o mesmo dizer o que nunca disseram antes:
Shiori: “ – Não, não, está tudo bem... Eu também ... Nunca fui capaz de dizer... Eu... Eu ficarei ao seu lado para tudo que acontecer... Não importa quantos inimigos venham, eu te apoiarei sempre e se preciso for eu lutarei junto com você... Nunca mais terás de enfrentar os problemas sozinho, eu estarei contigo sempre Satoshi, ficaremos juntos para sempre...” O rapaz sorri levemente e com olhar mareado segura a moça com ternura pelos braços, descrevendo:
Satoshi: “ – Sim... Estaremos sempre juntos... Eu estarei sempre a teu lado... Não tenho outra prioridade agora que não seja cuidar de você e de todas as crianças do mundo... Mesmo que longe, estaremos sempre juntos, eu te prometo...” O jovem sorri de novo enquanto Shiori parece não entender as palavras do rapaz...
Shiori: " – Como assim longe, do que está falando Satoshi? Porque estará longe?” Ele continua a sorrir e completa...
Satoshi: “ – Você não lembra do que aconteceu? Não se lembra de nada?” Shiori parece ficar nervosa, e seus olhos enchem de lágrimas novamente, mas desta vez lágrimas de aflição e ela começa a explicar como podia, através de suas lembranças confusas...
Shiori: “ – Sim, eu lembro... Lembro do seu olhar, a gente se tocou, então... Eles se foram, e eu... As crianças ficaram salvas e... Os demais ficaram a observar e...”  Satoshi a segura das mãos e então faz uma menção para que ela aceite e possa finalmente recordar de tudo... Shiori faz uma expressão de terror e todos os instantes daquele momento crucial explodem em sua mente como uma bomba... Como se uma tela surgisse a sua frente ela avista tudo de novo em todos os detalhes e seu mundo vem abaixo...

Ela revê as cenas em sua íntegra... Satoshi olha para Shiori... Ela estava aterrorizada vendo a atitude do amado e a moça corre o mais que pode em direção a ele para o impedir... Ele ouve os gritos de seus colegas dizendo para não fazer o que consideravam que iam fazer... Ele ouve as gargalhadas de Gaios e o riso comedido de Melta... Ela ouve o pressionar do gatilho... Ela ouve as palavras de Satoshi para que ela recue... Suas vidas inteiras passaram em suas mentes... Suas primeiras lembranças... As dificuldades de órfão... O gosto pela vocação de professor... A paixão de um pelo outro... O agradecimento a senhora Yoshimi e então o tempo pára... Os dois se vêem tocando as mãos e em uma posição que denotava seu salto em direção ao outro... Era como se tivessem sido congelados no ar mas eles conseguiam mexer seus olhos... Suas bocas... Tudo ao seu redor travou, até mesmo o disparo de Gaios, mas eles conseguiam respirar, mexer seus olhos e usar de seus sentidos... Satoshi fecha os olhos e é o primeiro a falar naquele diálogo com o tempo parado:
Satoshi: “ – Você não pode me salvar Shiori... Nem você Pégasus...” O garanhão aparece translúcido por detrás de Satoshi e Shiori fica entre maravilhada e atemorizada... Pégasus sem mexer sua boca falava, como uma espécie de telepatia que ela também podia ouvir...
Densetsu-Pégasus: “ – Seu cérebro está bloqueado... A magia de Melta impede nossa comunhão... Não posso me unir a você...” Satoshi sorri, Shiori não entende e o rapaz continua...
Satoshi: “ – Mas você pode salvá-los Pégasus...” Shiori mantinha o terror como sentimento principal e não a animava ou acalmava de qualquer maneira o rumo das palavras de Satoshi... O jovem olha para Shiori  e comenta:
Satoshi: “ – Eu lhe peço perdão... Por colocar você nisto... Por impor-lhe esta condição... Por a remover de seu mundo e a colocar aqui... Por ter sido egoísta a ponto de nunca dizer te amo, quando queria dizer isso a cada segundo... Peço perdão por ter despertado algo em você que nunca correspondi e que por fim, a colocou em uma zona de combate sem volta... Perdão Shiori...” Ela mexe vigorosamente a cabeça para os lados, demonstrando que podia mover além dos olhos e a boca em aceno negativo, ela não queria que nada de ruim acontecesse a Satoshi, mas ele parecia se despedir dela...
Satoshi: “ – Meu último pedido Shiori... Viva o que eu não vivi... Proteja quem eu não protegi... E seja feliz como eu não pude ser por não ter ficado mais tempo ao teu lado...” Satoshi gira o corpo formando uma parede entre Shiori e todos os outros, a sensação que dava era que o ágil guerreiro agora havia se tornado uma montanha mais assustadora que Hideki e então, gigantescos clarões aparecem e era como se a mente de Satoshi estivesse na mente de Shiori lhe dizendo:
Satoshi: “ – Meu cérebro está bloqueado por Melta, mas o seu não... Pégasus abandonará meu corpo trancado pela magia de Melta... Ele se unirá a você e eu serei seu escudo até que se consume o fato... Ataque Melta na sequência quebrando sua magia e então Shiori... Terá os mais poderosos e valorosos amigos que poderia ter ao seu lado... Os NeoChangeman! E por favor... Garanta que as crianças não se machuquem meu amor e eu garantirei que possa brilhar em meu lugar como eu nunca poderei fazer...” Shiori acena negativamente, o jovem olhava fixo para a moça... Eles sorriem e pensam em muitas coisas, mas eles nunca haviam levado tão a sério a frase que lhes vinha a mente naquele instante... O lapso do tempo serve como fundo aos dois jovens que temiam pelo pior e enfim consumam o sentimento que a timidez lhes roubou por tanto tempo...
Satoshi e Shiori" - Eu te amo meu amor..." Satoshi se volta então à linha do disparo e bloqueia o caminho com o máximo de vontade... O jovem observa o Densetsu o olhando como em dúvida e afirma:
Satoshi: “ – Sabe que não poderá agir até Melta ser tirado de combate... E Melta só será tirado de combate se alguém agir e nenhum humano aqui conseguirá fazer isso... Todos irão morrer, inclusive as crianças... Temos uma única chance e você sabe que é a correta... VAMOS PÉGASUS!! EU TE PEÇO... SALVE TODOS ELES!!” Os olhos do corcel brilham em relâmpagos e trovões, seu relincho pode ser ouvido largamente e ele desaparece da visão dos dois jovens... Shiori então é acometida de intensas sensações, a mais palpável delas era a raiva... Ela atinge uma fúria jamais sonhada, afinal, seu amado estava se sacrificando por todos, tudo porque uma dupla de mercenários havia decidido se vingar por terem sido privados de seus atos maléficos... Em sua mente era como se uma panela em ebulição existisse, seu sangue parecia ferver e uma voz imponente mas amistosa chega até seu cérebro:
Densetsu-Pégasus: “ – Seu coração é tão valoroso quanto do guerreiro que se sacrifica por vós... Eu a reconheço como digna desta união... Minha bela menina... Libere seus sentimentos... AGORA!” Os relâmpagos envolvem a cena inteira como uma gigante explosão, o relinchar de Pégasus pode ser ouvido de novo assim como seu galopar e então...

O tempo volta ao normal, cruel como somente o tempo sabe ser... O raio atinge Satoshi, ele é completamente obliterado no primeiro impacto... Seu corpo é completamente pulverizado em fumaça, vapor e pó, sobrando nada palpável do guerreiro apenas um vapor escarlate... Um grito gutural diante da cena e então Shiori emerge em fúria da nuvem vermelha convertida, atacando Melta com força brutal e descarregando sua raiva impossível de ser descrita sobre Gaios... Os demais a observam, mas só reconhecem o NeoProtec, ninguém cogita a pessoa debaixo de tamanha responsabilidade e a moça faz aquilo que o Densetsu a convidou a fazer, ela libera seus mais puros sentimentos naquela batalha, e sua fúria era algo tão gigante quanto as tempestades mais conhecidas pelo ser humano... Executada sua desforra, ela varre os céus sem controle sumindo da visão de todos, sendo largado na relva do monte Tate onde ela e o Densetsu tiveram suas primeiras deliberações... Após o impacto profundo do relâmpago final, a moça lembra de despertar na base dos defensores... Sua mente volta ao normal e ela está frente a frente com Satoshi novamente... Então em meio as lágrimas e o pranto sem fim de ter perdido seu amor justo quando o finalmente encontrou, ela busca por uma salvação para impedir toda a aquela dor, ela pensa em um raio de luz, uma luz ao fim do túnel, uma última tentativa de que aquilo tudo fosse uma ilusão, talvez até mesmo criada pelos inimigos...
Shiori: “ – Como pode ter acontecido tudo que vi, se está aqui comigo?” Satoshi sorri, olha para ela e começa a desaparecer deixando doces palavras no ar:
Satoshi: “ – Sim, eu estou aqui contigo... E sempre estarei neste mundo com você... Pégasus e eu estaremos junto a você em cada momento de sua vida Shiori, nunca estará sozinha eu te prometo...” Satoshi vai desaparecendo aos poucos e antes de sumir por completo, deixa suas últimas palavras:
Satoshi: " - Não chore... Eu parto sabendo o que é o amor... Graças as crianças... E a você... Meu grande único amor... " O jovem desaparece por completo e Shiori acorda em um movimento violento ao sentar-se na cama... Ela olha ao redor, o quarto era o mesmo, mas a comunicação com Satoshi parecia ter sido apenas um sonho...
Shiori: “ – Não pode ser... Satoshi... Eu não quero acreditar nisso... Foi um sonho... É isso, foi tudo um sonho, o delírio devido aos acontecimentos... Stress... Isso, é stress, tem de ser, nada disso aconteceu... ” No entanto ao lado da moça estava o colar que ela havia dado a Satoshi quando ainda eram adolescentes... Shiori agarra o colar em suas mãos e chora pesadamente sem saber o que pensar...

Ela desce da cama, caminha em direção a janela e observa o céu noturno... As estrelas brilham de uma forma incrível visto estarem em meio do oceano, sem luzes a interferir no brilho intenso das mesmas... Ela observa tudo por longos minutos... Então ela vê linhas se formar no céu... Ela esfrega os olhos, acredita ser alguma sequela do esforço sobre-humano que fez, mas os traços continuam e a constelação de Pégasus se desenha no céu longínquo diante de seus olhos... Ela jura ver a imagem de Satoshi pensativo em meio as estrelas do céu, imagem essa que se desfaz em breve, dando lugar ao pensamento que ganha voz:
Shiori: “ – Independente do que aconteceu Satoshi... Esteja onde estiver... Você foi o verdadeiro herói... E eu fiquei para lamentar sua perda... ” A jovem suspira profundo, o pranto brota novamente e entre soluços ela completa:
Shiori: “ – Pra sempre irei te amar Satoshi...” Por mais alguns instantes Shiori fica a observar o inexplicável céu noturno complacente até que sua mente pareceu estacionar e ela sentia como se uma uma voz ecoasse em sua mente a comentar...

Voz Misteriosa: " - O herdeiro de Pégasus nesta encarnação partiu cedo, mas... Partiu da forma que os maiores heróis partem... Lembre-se com orgulho de suas atitudes e inspire-se em seus sonhos e desejos... E use seu imenso coração e amor pela vida como energia para poder suportar o pesado manto que ele deixou a você... Minha pequena criança... Nunca se esqueça de que quando um herói parte, outro preciso nascer em seu lugar..." 

Shiori desperta, ela não sabe explicar o que ouviu, se é que ouviu, mas ela relembra cada palavra dita e então retorna a sua cama chorando, onde adormece como se estivesse sendo conduzida ao sono profundo e finalmente, ela descansa seu corpo... Ela ainda não aceita os fatos, ela ainda não acredita em tudo que viu, mas ela sabe que algo aconteceu e por mais que queira negar ela duvida que verá seu amor uma vez mais... Ela adormece como se houvesse se desligado... O cansaço extremo permite a ela a recuperação que precisava... A noite passa tranquila para Shiori Hoshino apesar dos pesares deste dia fatíidico...

Armored Island - Dia seguinte - 09:00hs
Era manhã do dia seguinte ao ocorrido no orfanato entre Gaios e os NeoChangeman... A sala central de reunião estava composta por praticamente todo e qualquer envolvido com as operações Defensores da Terra... O pedido da moça Shiori, que milagrosamente acordou completamente curada do dia para noite, para que todos ouvissem o que ela tinha a dizer, conseguiu a atenção até mesmo das forças de segurança do Japão representadas por suas lideranças... O próprio Imperador, via transmissão digital estava conectado à reunião... Sentados a mesa estão Cmt. Tsurugi, Sayaka, Nana, Mai, Hayate, Dr. Togo, Ryuichi, Hideki, Mitsu e Hiroko... Em pé em ao lado da mesa está Shiori terminando de relatar tudo que ela havia visto no sonho... Ela não foi interrompida uma única vez sequer, mesmo com o pranto generalizado ocorrido durante e após seus relatos... Ela então baixa a cabeça e encerra sua narrativa com apenas um pedido...
Shiori: “ - Peço que por gentileza, me perdoem por qualquer erro e me levem de volta para minha casa..." Os integrantes NeoChangeman a observam, assim como todos ali presentes... Ninguém seria capaz de pedir nada a ela... Tsurugi com um aceno de cabeça levanta-se, seus prantos eram fortemente suprimidos para manter a estabilidade de todos, porém o silêncio era demonstração gigante da tristeza que todos sentiam... Hayate ergue-se violentamente, empurra a cadeira para trás e sai da sala com furor... Mai e Sayaka eram apenas lágrimas... O imperador transmite suas palavras e solicita que o funeral seja feito pelo governo japonês em homenagem ao jovem falecido... Tsurugi caminha até Shiori e comenta:
Cmt. Tsurugi: " - Não há o que possa ser dito nessa hora que possa aplacar sua dor... Tudo que posso fazer é dizer obrigado..." Tsurugi se curva e fica curvado, assim como os demais se erguem e todos os presentes fazem o mesmo... Eles ficam por alguns segundos naquela posição enquanto Shiori chora novamente... Todos se recompõe, Mitsu chegava para ajudar a amiga a se acalmar e então o portal é aberto para Shiori seguir seu caminho:
Cmt. Tsurugi: " - Estaremos sempre aqui se precisar de nós Shiori..." A moça acena em sinal positivo de forma muito sucinta e prepara-se para passar, mas Mitsu a impede...
Mitsu: " - Tem certeza Shiori?" A moça simplesmente acena positivo e torna a se movimentar quando novamente é interrompida:
Mitsu: " - Eu vou com você então!" Ela então se detém, acenando negativamente com a cabeça...
Shiori: " - Eu preciso ficar sozinha... Me desculpe Mitsu..." Ela então vira-se e parte do local rumo ao orfanato enquanto todos ficam de cabeça baixa com o pesar instalado em todos... O clima era realmente pesado e muito difícil de ser tratado... 

O dia passou de uma forma nunca vista antes por qualquer um dos integrantes... Nenhum deles sabia lidar com a situação... Ryuichi partiu para o local onde encontrou a placa ancestral e sentou sobre um dos montes a observar o horizonte e conversar com seu amigo, estivesse ele onde estivesse... Hiroko e Hideki foram para a vila de seus pais e à vila dos avós de Hiroko, dar a notícia e contar os detalhes, pois todos tinham grande afeição pelo jovem sorridente... Mitsu ficou em seu aposento... Ela não chorava apenas por Satoshi, ela chorava pelas crianças, pelo Esquadrão e por Shiori... 

O dia passou como se fosse uma tortura das mais cruéis... Mai adentra a sala de comando e Tsurugi estava sentado com as mãos sobre a mesa refletindo... Ela senta-se na cadeira a frente, agarra as mãos do amigo completando:
Mai: " - Não é sua culpa Tsurugi.." Ele olha para ela, um leve sorriso escapa mas a feição séria retorna...
Cmt. Tsurugi: " - Eu não sei Mai... Sei que era tudo que eu podia fazer para defender esse mundo, mas... Talvez e só talvez... Aquela réplica de Yumiko tivesse alguma razão... Talvez no final das contas, eu não passe de um lunático pós traumático levando jovens à morte..." Mai gesticula negativamente e fica com o amigo velando sua reflexão... 

O dia se passa como o breu descendo pelas paredes, lento, pegajoso e sufocante...

Cemitério de Kyoto - 08:30hs - Dia seguinte:
Desde o Imperador até o soldado de menor patente... Desde o político até o cidadão... Desde os ricos até os pobres... Todos estavam representados na cerimônia silenciosa... Um tumulo com o nome do jovem e uma estátua de pégasus ao topo foi feita em tempo recorde e os locais para incenso e suas cinzas foram colocados ali... Cinzas essas representadas pelo pó que encontraram no orfanato apenas, pois nada do rapaz sobrou para ser cremado... 
O imperador, renegando sua posição naquele momento, deu os primeiros espaços para aqueles que supostamente seriam sua família... Lá estavam senhora Yoshimi, Shiori, os alunos e os professores do orfanato... Logo após estavam os NeoChangeman e Mitsu estava ao lado de Shiori segurando seu braço e dando-lhe apoio... Tsurugi e os demais veteranos também estavam logo atrás dessa fileira e somente depois se seguia o tradicional, representado pelo Imperador e os demais... A cena estava quase se finalizando, o silêncio era gigante, quando se ouviram passos... Um homem, de terno preto e com sua idade já entre os 50 verões vem se aproximando, de óculos escuros... Ele carrega em suas mãos uma corrente e um pingente, como se uma oferenda fosse... As pessoas olham para aquele homem que parecia ignorar a tudo e a todos e vai se dirigindo ao túmulo... Tsurugi e Sayaka o reconhecem, Hayate fica surpreso ao reconhecê-lo mas se mantém em silêncio... Os NeoChangeman olham para ele com desconfiança, menos Ryuichi que o reconhece facilmente... Em tom silencioso, o jovem filho de Tsurugi pronuncia mais para si que para qualquer outro seu nome sem que qualquer outro possa ouvir... O homem então coloca o medalhão sobre o tumulo de Satoshi, faz sua prece e ao final dela ele conclui:
Ozoora: " - É sem dúvidas um dos dias mais tristes de minha vida, pois é a segunda vez que tenho de me despedir de um Pégasus..." O veterano se retira então da proximidade do túmulo e assume um lugar ao lado dos demais veteranos enquanto a cerimônia tinha início... O monge assume, faz seus rituais e suas palavras e aos poucos o povo foi se despedindo da presença do jovem falecido e partindo para suas vidas... Sua "familia" foi a última que se retirou do cemitério e por fim, Satoshi Yoshida deixava de habitar o plano físico para se eternizar no plano espiritual... 

Satoshi Yoshida, o jovem herdeiro de Pégasus nesta encarnação havia partido... Não por fraqueza, não por um ataque fulminante, mas por uma escolha... Ele aceitou partir e deixar seu amor e sua missão com a pessoa que ele escolhera como amor em sua vida... E para sempre, olharia das estrelas por todos aqueles que não pudessem se defender, como fez em vida...

Nota do autor: " - A vida mortal de Satoshi Yoshida se encerrou neste plano da forma que conhecemos, porém, seu legado ainda vive... Mas, parafraseando Willian Shakespeare, há mais coisas entre o céu e a Terra, do que pode imaginar nossa vã filosofia..."

" - Quando um herói parte, uma nova estrela brilhante surge no infinito cosmos..."
Em memória de Satoshi Yoshida, eterno NeoPégasus...

Conversa Especial - Akira Toriyama, Japan Project e projetos futuros!

A tecnologia, apesar de seus pontos ainda plausíveis de utilizações nefastas, nos permite verdadeiros momentos raros e agradáveis como esse!...