segunda-feira, 24 de maio de 2021

Airwolf - Ecos do passado! (Parte 1)


Nota do autor: "- Em uma linha diferente/paralela de tempo, onde nosso mundo seguiu caminho similar mas muito mais tecnologicamente avançado, surge a máquina de guerra perfeita, na forma de um helicóptero de batalha supersônico, pilotado por uma equipe desvinculada do governo que criou a máquina e a usa para realizar missões da maneira justa e correta, livre das amarras da política mundial do obscuro e perigoso mundo da Guerra Fria, tal qual nós vivemos em nosso mundo! Uma aventura inspirada na saga original, mas executada e vivida em uma dimensão paralela, trazendo o melhor de ambos os mundos em uma aventura frenética de gigantescos combates aéreos! Com vocês, Airwolf - Ecos do passado! - By Lanthys LionHeart!"

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Grand Canyon - Arizona - Estados Unidos - 10:30hs

O sol raiava à oeste em pleno céu azul que contrastava com o terreno avermelhado e árido do parque nacional abaixo enquanto um veículo aéreo como nenhum outro sobrevoava aquele ambiente amplamente visitado por turistas do mundo inteiro... Quem visualizasse a cena em acontecimento, o deslocamento de tal aparelho, sequer poderia notar muitos detalhes devido sua velocidade absurda para o tipo de equipamento que era… Suas turbinas emitiam um ruído que principalmente ao ecoar pelos canyons, faria lembrar o rosnado de um lobo à defender seu território... ... Sua missão naquele momento? Encontrar algo totalmente diferente de tudo que suas missões já buscaram, uma ameaça à inocentes que acabou os conduzindo até famoso Grand Canyon!

Em seu interior, as três pessoas mais capacitadas que já pilotaram a poderosa aeronave, em visível estado de tensão buscavam no horizonte e em seus sistemas qualquer pista que pudesse colocar explicações em suas mentes para os acontecimentos dos últimos dias…

Dominic: “- Hawke… Afinal de contas o que estamos buscando…”
Hawke: “- Um assassino voador Dom…”
Dominic: “- Mas como tem certeza que não é um atirador oculto ou algum sistema “terra-ar” oculto nos locais dos acontecimentos?"
Hawke: “- Porque sistemas “terra-ar” levam tempo para serem instalados e não mudam de um estado para outro do nada… O primeiro avião foi derrubado sobre o Golfo de Santa Clara, bem no meio de uma travessia de 100Km... Nenhum barco estava no local e, o aeroplano foi atingido na parte superior de suas asas… O que quer que o derrubou, foi explosivo e veio de cima…”
Dominic: “- Ora, mas algo assim teria que aparecer nos radares de qualquer maneira…”
Hawke: “- Mas não aparece e é por isso que estamos aqui… Para encontrar esse assassino invisível e também para... Para encontrar Saint John…”

O silêncio impera dentro da aeronave enquanto os três remoíam o assunto que para Stringfellow Hawke era ainda sua mais forte dor… Tentando amenizar a situação, era Dominic quem se manifestava novamente… “- Me perdoe Hawke… Não quis menosprezar seus sentimentos…”

O piloto, sempre taciturno e bastante ríspido em suas respostas, tinha em Dominic Santini o pai que perdeu ainda criança… Seu respeito e consideração pelo mesmo, embora ainda fosse dentro de seu estilo mais seco de se comunicar, era muito mais tolerante e cordial… “- Não se desculpe Dom… Se tem alguém que se importa com que penso ou sinto é você… E eu sei também o que você pensa nesse momento, pode ser mais uma armadilha, até mesmo da CIA para recuperar este lobo voador, mas eu preciso conferir isso, eu não posso deixar uma pista do paradeiro de Saint passar assim em branco… E só posso contar com vocês dois…”

A copiloto Caitlin, ex-piloto da Patrulha do Texas e agora, engenheira de voo e sistemas de navegação auxiliar à Santini, era quem com um sorriso tentava agora amenizar o clima entre os dois veteranos de guerra: “- Finalmente fui mencionada, já estava me sentindo excluída no meio de tanta testosterona… Aproveitando que tive uma oportunidade e não vou desperdiça-la, precisamos focar em detalhes importantes… Raciocinem comigo:”

A jovem copiloto aciona em seu painel os sistemas virtuais de visualização e começa a mostrar os diversos tipos de radares que eles tinham disponíveis, explicando sua teoria: “- Vejam, temos praticamente todo e qualquer tipo de busca à nosso comando, e todos eles usam buscas específicas que localizam os aparelhos pelo espaço aéreo em um padrão geral para toda a aviação mundial… Minha teoria é que seja o que for que está voando por aí e abatendo aviões, dispõe de algum tipo de tecnologia que bloqueia os sinais conhecidos que um aparelho normalmente emite ou pode ser detectado, e por consequência, não aparece nos mesmos… O que me dizem?”

Dominic raciocina por alguns segundos, era um verdadeiro expert nas tecnologias de aviação e suas nuances, e embora já fosse um veterano em todos os quesitos, conseguiu com facilidade interpretar e acompanhar a ideia que a colega iniciava: “- Faz sentido, o que nos leva a cogitar que temos de pensar em coisas que os radares e sonares e demais sistemas de rastreio não detectam para tentar buscar por algo assim…”

A jovem, Caitlin, empolgada por ter encerrado o clima ruim e avançado na missão que tinham pela frente completa: “- Mais que isso, precisamos inserir dados no sistema para que a inteligência artificial do queridão voador aqui possa atualizar seu banco de dados e assim buscar por essas adversas formas diferentes até que uma se encaixe e nos revele o inimigo… Precisamos pensar em coisas a serem detectadas que normalmente os sistemas de radares e sonares ou espectrômetros não buscam, para assim tentar ficar à frente de nosso inimigo misterioso! Mas ainda fica uma lacuna ainda assim.... Alguém deveria ter visto alguma coisa nos céus, alguém deveria ter avistado pelo menos a movimentação mas tudo indica que ninguém consegue avistar visualmente o que quer que seja que se aproximou deles…”

Com uma expressão séria, era Hawke quem se manifestava agora: “- Sistema de Camuflagem Replicante…”

Os dois copilotos ficam a se observar sem entender do que diabos Hawke estava à falar, o piloto percebe e com um sorriso no rosto, toma à palavra para continuar: “- Como se fosse um retroprojetor, a parte externa da fuselagem reflete o que está à sua retaguarda, paisagem, céus, mares, e assim, independente do ponto que observar, você enxerga apenas o que está por detrás do objeto, o tornando invisível às formas de visão padrão que usamos…”

Dominic e Caitlin se observam e fazem uma expressão de quem entendeu embora nunca imaginassem algo assim ser possível, enquanto isso o Airwolf rasgava os espaços por entre as colunas de rocha do local único no mundo, em busca de algo, de algum som, de algum sinal, de algo que pudesse dar uma pista à eles sobre o que ou quem estava à colocar pânico pelos céus dos Estados Unidos!

Washington - DC - 10:45hs - Sala de reuniões na Casa Branca

Dentro do local que era assistido por muita segurança e sigilo, reuniam-se naquele instante diversas personalidades do governo e da segurança do país… Dentre eles era importante citar três senadores apoiadores do governo atual, equipes do Departamento de Defesa Nacional deste país, responsável por toda e qualquer ação de proteção ao território estadunidense e que detém sob seus braços, as três Forças Armadas do mesmo… Contrastando com os ternos padrões e fardamentos dos presentes, eis que adentra a sala um homem aparentando seus 60 anos, terno e cabelos brancos, seus olhos eram cobertos por um óculos especial que ostentava um tapa-olho preto no lado esquerdo e junto dele uma mulher aparentemente 30 anos, também com roupas brancas tal qual seu diretor… Ambos na sala então cumprimentam-se embora algumas expressões durante esse cumprimentos demonstravam a tensão que a reunião prometia, especialmente entre o senador Wendell e o homem que acabara de chegar trajando branco… Tão logo foi possível o próprio presidente dos Estados Unidos iniciou a mesma, se dirigindo ao homem de branco:

“- Muito bem Arcanjo, você me convenceu de que precisávamos ouvir você aqui, parar todos meus afazeres e agenda oficial para estar aqui te ouvindo... Sua reputação diante dos sucessivos governos é impecável, até hoje nunca decepcionou a nenhum presidente dos Estados Unidos... Eu creio que no mínimo te devemos atenção dedicada, então aqui estamos, pelo menos para escutar o que tem a nos dizer embora, não entenda porque insistiu para minha presença, pois qualquer um dos presentes aqui pode resolver o que quer que sua célula na CIA precise…”

Aquele então a quem o presidente de dirigiu pela alcunha de Arcanjo, o homem de terno branco, ergue-se e inicia sua fala:

“- Senhor presidente… Senhores senadores e diretores aqui presentes… Eu pedi sua presença senhor presidente porque é conhecido de todos nós que o senador Wendell, principal líder do governo no congresso e eu temos nossas diferenças e por tal motivo, dado a inusitada situação que tenho em mãos, sem falar diretamente com todos vocês de uma única vez, diante do testemunho mais que confiável do senhor, presidente, seria chover no molhado e deixar margens para futuras má interpretações ou mesmo, dificultar a resolução de algo de grandes proporções que poderá afetar nosso país e nosso povo…”

O senador Wendell contorce-se na cadeira para então acomodar-se na mesma de novo, visivelmente contrariado com a atitude de Arcanjo, mas nada poderia dizer naquele momento ou estaria dando mais “munição” ao adversário… Em seu íntimo, o senador havia de concordar que o irritante homem de branco havia sido mais esperto, não havia dúvidas, o que não impediria, pensava Wendell remoendo a insatisfação, dele ainda bloquear as ações de Arcanjo, ainda que estivessem diante do presidente… Arcanjo continuou sua explanação:

“- Como infelizmente é do conhecimento de todos vocês, três aviões de turismo do nosso país, sem qualquer vínculo aparente entre empresas ou pessoas até onde conseguimos apurar, foram abatidos em nosso espaço aéreo, sem deixar qualquer sobrevivente desses desastres, o que já é com certeza um fato terrivelmente triste para todos nós... Mas, o mistério seguiu além, pois o que os abateu no entanto, nem mesmo as poderosas torres de monitoramento da Força Aérea ou do Departamento de Defesa e Segurança Nacional conseguiram detectar… Por diversos dias não tivemos qualquer notícia ou quem assumisse as autorias de tais atos e, o atacante, ao nosso ver, não estava fazendo tais ações por mero acaso ou diversão, era fato que ele buscava algo que ainda não havia revelado... Nossa intuição então se mostrou acertada na manhã de ontem, quando finalmente a primeira pista desse jogo sádico, se assim me permitem dizer, se iniciou de forma um tanto inusitada... Uma mensagem em vídeo, foi enviada finalmente, mas não uma mensagem endereçada ao governo dos Estados Unidos ou à qualquer agência governamental, mas incisivamente direcionada a um de meus operativos mais atuantes ultimamente, remexendo em fatos que agora, devido à mensagem recebida, com certeza colocaram uma quantidade de gasolina exorbitante em uma fogueira que já queimava há tempos... Hã... Eu explicarei melhor desta forma:”

Arcanjo olha para a mulher que o acompanhava e a mesma dirigiu-se ao controle de imagens da sala, acionando alguns comandos e acessando o sistema da “Firma”, célula da CIA à qual Arcanjo estava à frente e que fazia parte do aglomerado do Departamento de Defesa Nacional! Um vídeo inicia-se e nele se pode ver uma imagem humanoide distorcida, ficava claro que era um homem mas não era possível definir rosto ou qualquer outro detalhe, assim como a voz completamente alterada, que com tom irritantemente calmo narrava a cena:

“- Olá senhor Stringfellow Hawke… É um prazer finalmente me dirigir diretamente a alguém com sua reputação e missões concluídas em tão vasto currículo... Uma pena que nosso primeiro contato seja dessa maneira mas queria mostrar ao senhor, o meu mais novo passatempo… Mas ante, a devida abertura musical..."

A cena muda e se podem ver cenas dos três aviões abatidos que foram mencionados anteriormente por Arcanjo, devidamente registrados como um troféu ao que aparentava, explodindo em pleno ar sem deixar nada além de destroços à cair livremente… Logo em seguida, a cena muda novamente, para um homem acorrentado em um quarto escuro de poucos metros de espaço... Ele é molhado com uma mangueira de alta pressão causando agonia ao preso para logo depois, a grade de metal ao qual estava amarrado com correntes ser energizada com corrente elétrica, descarregando assim voltagens intensas de energia no corpo do mesmo que começava à se contorcer e logo em seguida, sem qualquer controle de si mesmo, à vomitar em desespero… Na sequência da imagem terrível, o homem quase desfalece quando a corrente elétrica é desligada para então começar ser agredido com cassetetes aparentemente de borracha, por pelo menos três homens encapuzados por diversos segundos sem parar… Os homens então cessam o ataque e um deles pega o desfalecido pelo cabelo erguendo seu rosto e permitindo que a câmera foque perfeitamente em suas feições… A cena volta então para o vulto distorcido que concluiu a cena dantesca:

“- Te encontro sobre o Grand Canyon, às 10:53 de amanhã Stringfellow… Se não comparecer, mais aviões irão cair e o meu hóspede aqui se transformará em comida para meus cães… Até mais senhor Hawke!”

A imagem se encerra, e todos, exceto o senador Wendell, tem uma expressão de horror no rosto diante do exposto… Arcanjo então retoma a palavra:

“- Isto foi enviado à Stringfellow Hawke, antes de mim ou de qualquer órgão governamental, na verdade, foi ele quem me enviou isso como explicação para suas próximas ações... E como disse anteriormente, isso foi recebido por ele ontem pela parte da manhã, ou seja, o horário e dia marcado pelo rosto distorcido no vídeo é hoje, na verdade, em questão de minutos! Neste exato momento, Hawke está sobrevoando o Grand Canyon em busca desse encontro… Ele está duplamente comprometido em deter esse assassino aéreo tanto por ter se disponibilizado em ajudar nas missões da CIA como para descobrir mais sobre o sujeito que está sendo torturado!”

O presidente que até então a tudo ouvia atentamente, interrompe questionando logicamente suas primeiras dúvidas:

“- Espere um pouco Arcanjo, as cenas são chocantes e claramente misturam os dois eventos dando a entender que quem derrubou nossos aviões está com este prisioneiro, mas estamos falando da segurança dos Estados Unidos… O que estão esquecendo de me contar para que eu entenda o motivo dessa reunião afinal e principalmente quem é Stringfellow Hawke dentro de nosso país e porque o homem sendo mantido em correntes no vídeo parece ser tão importante para ele e para você que veio de sua gruta sagrada para estar aqui nos mostrando isso pessoalmente? O que vocês ainda tem para falar que eu não fui informado?”

O senador Wendell, como se tivesse chegado ao momento que aguardava, novamente se acomoda na cadeira e com um sorriso nefasto, desafia Arcanjo à contar sua história para aquela reunião: “- Vamos Arcanjo, conte quem é seu operativo tão especial e porque ele se tornou um operativo da CIA? Estamos esperando, conte-nos tudo, vamos...”

Todos observam Arcanjo e este, arrumando seu terno, prepara-se para responder:

Grand Canyon - 10:52hs

O poderoso aparelho estrondava por entre as enormes paredes de segmento milenar da crosta terrestre e buscava com todas suas capacidades por algo, algum movimento, qualquer coisa que denotasse a presença de um inimigo… Seus tripulantes estavam todos à postos com sentidos extremamente fixados nos aparelhos assim como na parte externa por onde passavam, em busca do menor indicativo… Hawke em sua enorme experiência e quase uma ligação mental inexplicável com o aparelho que pilotava, previne as demais: “- Cinco segundos para 10:53hs, estejam preparados, algo vai acontecer…”

Os três ocupantes da aeronave se preparam para ação e logo os radares e rastreadores começam à alertar freneticamente, enquanto Dominic completava a informação: “- Hawke, míssil SideWinder em nossa direção, posição 6hs, velocidade MACH 2.5, impacto em 5 segundos! Turbinas ativadas, prontas para acionamento, contramedidas para despiste de mísseis de calor acionados e pronto para uso!”

Ao que Dominic termina suas palavras, Hawke pressiona o botão em seu manche de comando e em um segundo apenas o poderoso aparelho inicia aumento de velocidade para mach-1 e em menos de cinco segundos estava em mach-2, com o míssil ainda em perseguição! Como se estivesse fazendo a coisa mais natural do mundo, e para Stringfellow Hawke o era, afinal o aparelho que pilotava parecia mais uma extensão de seu corpo e seus pensamentos do que uma mera máquina, ao atingir o final do vale pelo qual seguia em velocidade assustadora, o experiente piloto executa a manobra impossível para muitos, desativa as turbinas desacelerando de forma brutal seu avanço, lança o sistema sunburst para confundir o artefato que o perseguia e ergue o “nariz” da aeronave fazendo a mesma exercer um loop perfeito, sem qualquer dificuldade aparente, girando novamente para corrigir a posição em relação ao solo, seguindo agora em mach-2 novamente em direção ao ponto de onde o míssil fora lançado, em busca de seu agressor oculto enquanto o dispositivo explosivo se chocava contra as fagulhas incendiárias que colhiam seu caminho, explodindo assim em pleno ar sem causar danos à qualquer um… Com expressão e sentimento de fúria, Hawke começava à exigir de seu colega Dominic:
“- Alguma coisa no radar Dom? Busque por qualquer coisa, som, calor, movimento, frequências de áudio, vapor dos motores, eco, ache um jeito de encontrar esse desgraçado!”

Enquanto os dois copilotos trocavam informações e comandos, usando de todas as formas que conseguiam imaginar e combinar nos sistemas altamente tecnológicos da aeronave para buscar alguma pista, suas buscas por longos quase 10 segundos de intensa atividade se mostravam infrutíferas e nada era detectado ou localizado… Impaciente e querendo algum resultado, Hawke cobra novamente:
“- Dom… Me dê algo para enfrentar Dom…”

O dedicado copiloto, se irritava consigo mesmo pois mesmo diante de várias opções e agilidade com que ele Caitlin buscavam por algo, nenhuma resposta aparecia, nada surgia nos visores, nada era percebido até que então, uma nova emergência surge e era Dom quem gritava agora, surpreendido:
“- Hawke, novo SideWinder, direção 09hs, MACH 2.5 de velocidade, 8 segundos para impacto!”

O piloto então aciona novamente as turbinas, desloca-se o máximo possível em linha reta para a frente de onde estava, girando logo em seguida com toda capacidade que possuía o poderoso veículo ficando de frente para o míssil que vinha em sua direção. Um disparo de seus canhões e o míssil explode dezenas de metros antes deles enquanto a aeronave irrompe por entre a explosão novamente em velocidade assustadora, seu nariz para baixo e cauda para cima, como um predador indo em direção à presa, suas turbinas rugiam como uma fera atacando e em poucos segundos Hawke colocava a aeronave no mesmo local de antes, mas dessa vez seria diferente, estava claro em sua mente:

Hawke: “- Dom, porque não o capta nos sistemas de localização…”
Dominic: “- Ele está imóvel, seja o que for, nem mesmo calor está emitindo, a menos que algo reaja contra ele, não tenho como localizar ele Hawke!”
Hawke: “- Então lhe darei algo para reagir à este filho da mãe!”

Destravando um dispositivo em seu manche, o enfurecido piloto faz surgir metralhadoras de sistema “ar-ar” e “ar-terra” retráteis localizadas nas laterais do aparelho, de onde são disparados tiros capazes de abater aviões e qualquer outro adversário e sem elevar ou reduzir sua altitude, atira sem qualquer restrição girando a aeronave lentamente em um círculo perfeito de forma que algum de seus projéteis pelo menos atingisse um alvo oculto e desse uma resposta de sua localização e eis que finalmente Caitlin e Dom gritam juntos:

“- Direção 3hs, 80 metros de distância, carapaça impenetrável, nenhuma avaria registrada!”

Hawke então satisfeito gira o potente equipamento de combate para a direção mencionada, seus dentes quase trincavam-se de fúria mas ainda permitiram uma última frase: “- Vocês me deram um alvo, a avaria eu é quem farei!”

Com um aperto de botão, tanto as Gatling Gun quanto as Chain Gun, assim como os Vulcan Cannon e Pulsar Cannon começam à disparar com força total na direção informada pelos copilotos enquanto se percebia finalmente algo se movimentando em meio a fumaça das explosões que atingiam o vale logo atrás do que quer que fosse que os afrontava! Se notava finalmente alguma coisa pelo radar sonoro e a posição clara de um helicóptero em pleno voo assim como fontes de calor dos impactos registrados na fuselagem se materializam nas telas embora sem uma visualização para olhos humanos e, com isso, com essa visão tanto do radar quanto do movimento da fumaça diante deles, Stringfellow Hawke tinha finalmente algo em sua mira e com isso, ele se tornava o novo líder do jogo!

Seus disparos eram praticamente uma chuva mortífera de explosivos e perfurantes destroçando tudo que fosse atingido nessa linha de tiro, sendo que as paredes milenares do canyon eram quem mais sofriam avarias até então... Não fugia também ao piloto que, ao mesmo tempo que não pareciam estar acertando o alvo invisível, cercavam o restringiam os movimentos do inimigo sem qualquer dúvida!

A situação então muda em um segundo apenas, um ímpeto de audácia e talvez de medo e o equipamento inimigo avança pela chuva de disparos ganhando o outro lado da parede de fogo e finalmente sofrendo com essa atitude impensada as primeiras avarias em sua fuselagem, tudo para abrir à força uma rota de fuga, se lançando em velocidade absurda pelos canyons, considerando que havia encontrado uma forma de fugir da armadilha falha que criou! Porém, desta vez algo estava diferente para o inimigo oculto, seu oponente não eram aviões comerciais nem mesmo caças à esmo pelo céu, seu caçador eram o Airwolf e seu piloto Stringfellow Hawke, o fugitivo não fazia a mínima ideia de com quem ou o que havia se metido ou jamais teria mexido com algo tão importante para o piloto obstinado!

“- Não vai fugir maldito!!”

As turbinas do poderoso aparelho são acionadas e a exaustão de seu MACH 2 rosnava pelo extenso e largo vale do Grand Canyon! Poucos segundos foram suficientes para que o helicóptero fugitivo fosse novamente alcançado e novamente colocado sob chuva ininterrupta de disparos, as Gatling e Chain Gun apresentavam suas ponteiras vermelhas devido ao calor dos projéteis enquanto os Pulsar e Vulcan estavam quase descarregados com tantos disparos! Em contra partida, o inimigo em fuga, apresentava vazamento de combustível, fumaça em profusão e sequer qualquer resposta de ataque, se notava nitidamente que ele se sentia em perigo absurdo e tudo que queria era fugir dali o quanto antes, ou seria, sem sombra de dúvidas abatido!

Finalmente o Grand Canyon chegava ao seu final, não haviam mais desfiladeiros, o inimigo teria de ir para céu aberto e perderia as proteções dos vales para ocultar-se... Como que em resposta à suas preces, uma das fendas que se avizinhavam era mais estreita e permitiram um golpe de mestre, e de covarde ao mesmo tempo! O aparelho fugitivo dispara um de seus SideWinder em direção à entrada da vala, bem ao seu topo, permitindo que dezenas de toneladas de rocha comecem a cair por sobre a passagem, dando tempo apenas de que o aparelho invisível passasse e, obrigando Hawke à reduzir sua velocidade e arremeter o Airwolf para cima para evitar colisão, sem qualquer outra chance de manobra alternativa…

O movimento executado pelo piloto, apesar de tirar o fôlego dos ocupantes, foi extremamente bem sucedido, mas ao voltarem ao plano de voo normal, não havia mais nenhum sinal do inimigo, fosse para o lado que buscassem e com isso, mesmo contra cada fibra de seu ser, a caça do lobo estava suspensa, pelo menos por enquanto… Os copilotos revisam todo o sistema do aparelho que estavam a bordo e iniciam seus relatos:

Dominic: “- Sistemas de voo, turbinas, fuselagem e orientação completamente intactos e operantes!”
Caitlin: “- Radares, sensores, e armamentos em pleno funcionamento, porém a quantidade de munição de ambos está próxima do fim, não temos muito para um próximo combate Hawke…”

O Airwolf fica pairando no ar como se sondasse o ambiente em busca de sua presa, silêncio completo e absurdo imperava dentro do aparelho até que Dominic era quem quebrava o gelo, tentando chamar o obstinado piloto à razão… “- Hawke…”

Mais alguns segundos pairando sobre o ar e então o piloto do Airwolf gira o manche do aparelho, o fazendo virar no sentido contrário e ganhar altitude para logo em seguida acionar suas turbinas seguindo em direção ao local de repouso e refúgio do lobo do ar…

Enquanto rasgavam o ar com seu rosnado característico de suas turbinas, Dominic e Caitlin confabulavam sobre como atualizar o sistema de rastreio da aeronave para seu próximo embate com o misterioso inimigo ao que seu piloto, observava o horizonte atento... Em sua mente seu inimigo poderia estar em qualquer daqueles locais esperando apenas uma oportunidade para atacar novamente… Determinado e decidido pelos motivos que o colocaram dentro daquele aparelho desde a primeira vez, ele determina seus próximos passos de ação para detectar o inimigo fujão: “- Mísseis SideWinder são de fabricação americana... Se ele tem isso, ou é mercado negro ou ele tem acesso aos armamentos dos Estados Unidos! Vamos ter uma palavrinha com o Arcanjo!”

Galeria de imagens

A equipe principal da série:
1 - Michael Coldsmith Briggs III, o Arcanjo - Diretor da célula "A firma" dentro da CIA
2 - Stringfellow Hawke - Piloto
3 - Dominic Santini - Copiloto, engenheiro de voo e sistemas de navegação
4 - Caitlin O'Shannessy - Copiloto, engenheiro de voo e sistemas de navegação

Helicóptero Supersônico Airwolf:

Abertura da TV:

segunda-feira, 17 de maio de 2021

Nipo Rangers - Episódio 19 - "- Embate na selva africana!"

O cenário era desolador, Marinny a jovem repórter, agora pela primeira vez adotando um codinome se intitulando Sonido, completamente desacordada… Leandro, o intempestivo RedTurbo, mal conseguia se manter consciente… Até mesmo Argos, o imbatível cão máquina, estava com seu funcionamento em menos de 5% de capacidade … Gungnir por sua vez, avançava passo à passo em direção aos dois guerreiros para finalizar o que iniciou, Argos tentava ajudá-los mas mal conseguia manter seus olhos abertos devido à baixa concentração de energia...

A criatura androide maligna, enquanto avançava, para tripudiar sobre o nobre cão, se gabava da situação, enfatizava o fato de que Argos não poderia impedir a morte de nenhum deles e enquanto fazia isso, em seu entendimento, considerava ter sido incrível onde até mesmo dois generais de tropas haviam falhado e isso encheu seu ego a ponto de esquecer que a equipe ainda tinha um membro em atividade, fazendo o monstro baixar sua guarda devido à arrogância instaurada... A bem da verdade, estar atento não poderia evitar o que estava para acontecer, mas com certeza ele poderia pelo menos ter visto o que o acertou!

O ruído potente de motores de empuxo finalmente chegam aos ouvidos do monstro mecânico, mas com a diferença de velocidades entre som e real acontecimento, quando Gungnir olhou pra cima, o responsável pelo ruído de turbinas já estava adiante deles nos céus, manobrando como se fosse retornar e então o sibilo de algo caindo ao solo é sentido e logo em seguida, um brado poderoso envolto em clarões e relâmpagos era avistado, segundos antes de se chocar contra o solo, abrindo um rombo no ponto de queda arremessando Gungnir com violência contra um dos rochedos do local, sem deixar que a criatura entendesse qualquer coisa…

"- ENERGIZAR!!"  

O monstro tenta entender o que aconteceu, para logo depois tentar se remover de onde foi incrustado... O silêncio era sepulcral e a poeira e terra revolvida no ar não o deixava ver claramente mais que dois metros à sua frente... Embora ele não tivesse conseguido ver o que o atingiu, ele tinha suas suspeitas tamanho o poder que desencadeou assim como praticamente teve certeza de suas suspeitas, assim que o barulho de pesados passos metálicos ecoava pelo local… Se arrancando da rocha, com um sorriso nefasto e que dava a entender não estar impressionado, Gungnir empunha sua foice e tenta localizar seu alvo, chamando a atenção do mesmo com suas palavras: “- Ora, ora, ora… Então o último integrante do grupo chegou ao palco de batalhas… Agora eu finalmente terei a chance de…”

Um violento impacto reverbera em seu crânio, golpe esse que afundou a lateral de sua cabeça o fazendo rodopiar pelo ar e se chocando novamente contra as rochas que ali estavam, dessa vez mais forte, mais destrutivo, mais impactante… Como se exalasse jatos de vapores para se resfriar, surgia diante do inimigo uma figura humanoide, olhos radiantes intensos, o corpo rebrilhava sob o sol ardente da mãe África... Suas energias transbordavam iluminando o local, sem dizer uma única palavra, assim como o monstro que não conseguia fazer nada além de observar devido ao impacto que recebera…

O ser metálico então com um deslocamento brutal, avança contra Gungnir o arrancando das pedras para com um movimento giratório por cima de si mesmo, o enterrar no chão com o golpe executado, completando a manobra brutal arrancando o chacal do chão com força suficiente para que ganhasse os céus, sendo então colhido logo em seguida durante sua queda com um chute poderoso que o fez ser arremetido por dezenas de metros pelo chão, abrindo uma vala por onde passava, rodopiando e se chocando contra pequenas elevações do terreno ou mesmo cupinzeiros espalhados pelo local até finalmente parar com diversos curtos em seus sistemas…

O poderoso androide então corre até os aliados, iniciando por Sonido e testando seus sinais vitais, logo depois verificando RedTurbo e sua pulsação e finalmente indo até Argos ao qual estava ainda consciente devido sua reserva de energia… Lanthalder se abaixa e se expressa com tom humilde: “- Desculpe Argos… Eu deveria ter chegado mais rápido…”

O cão máquina expressa um sorriso, enquanto satisfeito e bastante surpreendido rebate: “- Seus reparos deveriam durar pelo menos até o final do dia… Você os completou em uma terça parte do tempo do que era estimado… Sonido e Turbo?”

Lanthalder olha para os dois amigos e então torna a olhar para Argos: “- Desacordados… Mas vivos, apenas… Exauridos…”

Argos tenta se erguer mas as energias não permitiam, então eis que a chave para a solução é revelada pelo aliado de Lanthalder: “- O cinturão de Gungnir… As energias estão ali dentro… Se destruir o recipiente, elas voltarão até nós e poderemos combater de novo…”

Nesse momento um quebrar de galhos atrás de Lanthalder é ouvido e em resposta ao ruído o androide ergue-se vagarosamente enquanto vira-se para o local do som e como suspeitava, era o inimigo mecânico que, apesar de avariado, vinha novamente se mostrar diante deles uma vez mais, empunhando sua lança energizada ainda desejando um combate embora todas as disposições em contrário… “- Bom… Um belo soco é fato, parece que você treinou um pouco Lanthalder… Eu tenho a base de todos seus poderes e uma vez que tenho a energia dos outros três, não poderá me derrotar… É claro que como você já sabe, se meu cinturão se partir as energias deles retornam, mas, terá que tirar o cinturão de mim para poder fazer isso…”

O poderoso androide energiza seus olhos, dá um passo à frente e aponta o dedo da mão direita para Gungnir dando-lhe retorno por suas falas: “- Não pretendo retirar o cinturão de você, fique tranquilo… Na verdade, minha ideia é destruir o cinturão e você juntos!”

Uma explosão sonora e Lanthalder que antes estava distante metros do inimigo, agora o encarava a centímetros de distância e então tudo ficou em extrema câmera lenta para o monstro… Um potente murro de direita acerta seu focinho o achaparrando para dentro, fazendo sua cabeça ir para trás enquanto seu torso veio a frente, o que permitiu para que o androide encaixasse um novo golpe, desta vez com o punho esquerdo atingindo seu abdômen, o que por consequência fez esta parte do corpo agora se projetar para trás e trazer, uma vez que ficou por milésimos suspenso ao ar, sua cabeça e pescoço à frente, que foram agarrados por Lanthalder, o girando por cima do corpo novamente e o batendo ao chão com tamanha violência que novamente o aterrou centímetros para dentro do solo selvagem africano…

Lanthalder então ficado parado diante do monstro chacal enquanto o surpreso Gungnir ficava à remoer impropérios… “- Está… Errado… Isso... Não… Condiz… Com as… Informações…”

Gungnir é arrancado do chão uma vez mais e arremessado para o outro lado do campo de batalha, sendo novamente enterrado dentro de uma rocha gigante ficando em situação que mal conseguia abrir seus olhos quando novamente Lanthalder vinha como um búfalo contra ele, se chocando de ombro e o enterrando mais dentro da pedra, completamente imóvel e atordoado... Naqueles segundos de alívio após o impacto, o cérebro computadorizado do chacal pensava devido à camada de pedra, estar temporariamente protegido do atacante, mas isso se provou outro erro grotesco…

O homem máquina parado diante dele, puxa seu punho esquerdo para trás e desfere um novo e potente soco na altura do abdômen, ainda sem sequer tocar no cinturão do mesmo, ao passo que percebendo o poder destruidor do golpe, Gungnir uiva em tom fino e desengonçado, para logo em seguida, com alguns líquidos esverdeados à escorrerem de sua boca e demais conjunções de seu corpo robótico, vociferar mais uma vez: “- Este poder… De onde tirou tanta força… Seu poder não atinge esse patamar…”

Lanthalder então o observa, com seus olhos irradiando poderosa energia e sentencia: “- Evolução… Eu evoluí para enfrentar você e seu líder… Muitas novas capacidades abrangem meu ser assim como novas formas de encarar as coisas… Você feriu seres que são tudo que tenho nesse mundo… Assim, além de minha força, você conhecerá uma das novas capacidades sensitivas que tenho… A fúria!”

Lanthalder então desfere um direto com o punho direito que atinge o queixo de Gungnir o deslocando violentamente para baixo, para logo na sequência, emendar um direto de esquerda que atinge seu peito o afundando de forma poderosa; o punho direito do androide novamente se projeta projetando um cruzado com a mão direita no olho esquerdo virando o rosto do monstro para o lado, deflagrando na sequência um upper de esquerda que ergueu a cabeça do chacal para cima... Esses foram os golpes visíveis pois a partir daquele ponto, Lanthalder aumentou sua velocidade, dezenas e mais dezenas de golpes desferidos com fúria intensa, tudo em uma sequência de golpes tão rápidos, tão velozes que quase não se viam os movimentos, começando novamente a levantar poeira devido aos detritos de rocha que iam sendo arrancados à cada novo golpe executado pelo androide, que castigavam severamente o corpo de Gungnir sem que ele pudesse fazer qualquer coisa para reagir…

Lanthalder então cessa o ataque e recua como se pressentisse algo e o monstro, praticamente destruído e sem condições de reação, escorrega pela rocha arruinada, alegando e justificando: “- Esse poder… Está além do que eu cogitei… Muito além do que analisei… Desculpe senhor Guntraz… Mas onde eu falhei… Meus Lycans triunfarão…”

Lanthalder então baixa seu braço direito ao lado do corpo, uma intensa luz começa à envolver o mesmo, e o tremor de terra de centenas de novos Lycans correndo em direção ao campo de batalha se faz presente! Os sensores auditivos do androide já tinham detectado o som muito antes dele chegar ao local, assim como seus sistemas sísmicos podiam sentir a vibração no solo dos passos pesados e rápidos dos mesmos de encontro ao epicentro da luta… Observando o inimigo caído ao chão, o guerreiro máquina ergue seu pulso brilhante à frente do corpo, o mesmo se modifica reorganizando seus sistemas robóticos transformando-se em uma Gatling Gun altamente avançada e que começava, ao concluir seu surgimento, a girar como se preparasse para disparar suas munições, e eis que Lanthalder completa a frase observando Gungnir bem dentro de seus olhos de máquina: “- Se acha que meu poder mudou, saiba que nem 10% da capacidade que detenho agora foi usada... Mas não se desative ainda, vou dar a recepção adequada para seus brinquedos, e volto para terminar nossa conversa!”

O poderoso androide vira-se para a direção em que os Lycans vinham e passa correndo por seu aliados caídos ao chão, sua intenção em não ter sequer tocado ao cinturão energético de Gungnir ainda era também de que os amigos não se envolvessem mais nos combates até que ele tivesse resolvido toda a situação… Detendo seus movimentos entre os dois grupos, a poderosa arma que agora tomava o lugar do punho direito de Lanthalder começava finalmente à disparar contra os atacantes quadrúpedes e era Argos, quem a observar a cena, impressionava-se com a nova capacidade: “- Transformou seu punho em uma arma de disparos e as munições… São capsulas cinéticas de plasma, seu efeito será sem dúvidas devastador!”

E realmente o cão máquina tinha razão, o efeito nos Lycans era avassalador, cada disparo atingia não só fisicamente arrancando parte do local atingido, mas também circuitava o restante que ainda estivesse operante colocando as feras robóticas em knockdown automático assim que era estilhaçada pelo primeiro disparo! Em questão de segundos, sozinho, Lanthalder destruiu por completo uma horda de centenas de Lycans sem sequer precisar sair do lugar e tão logo concluiu a verdadeira destruição em massa, voltou caminhando em direção à Gungnir, seu punho voltando ao normal uma vez mais, punho este que ele usou para erguer o chacal pelo pescoço, com os olhos irradiando sua fúria e poder: “- Eu sou uma máquina… Mas mesmo uma máquina deve aprender o que é empatia e o que é coexistência… Você extrapolou todos os limites, e seu fim chega agora através de minhas mãos!"

O guerreiro máquina puxa seu braço direito para traz e o arremete à frente com violência, perfurando o cinturão captador de energias e por consequência, o centro do corpo de Gungnir que com olhos estáticos, impressiona-se pela última vez: “- Este… Não é… O Lanthalder… Que eu… Assimilei as… Informações…”

O androide arranca a mão do interior do corpo do inimigo e então com velocidade assustadora, gira o corpo assim que o soltou no ar, o atingindo com a perna direita o partindo ao meio e, explodindo em impacto violento os restos de seu corpo contra a imensa região rochosa da mãe África, exterminando com o chacal mecânico Gungnir…

Tão logo o cinturão foi destruído, as energias começaram à fluir em direção  a Argos e aos demais e Lanthalder já podia sentir que ambos estavam retomando suas consciências e capacidades, ambos ficariam bem... Porém a fúria ainda estava latente em seu corpo, ver seus amigos bem de novo não era mais suficiente para o androide, essas batalhas por vezes e mais vezes se repetindo estavam a levar vidas e destruir seres… O que Guntraz fazia na Terra era imperdoável na visão do guerreiro máquina e com uma voz retumbante e completamente recoberta de ódio, o androide abre os braços bradando aos céus:

“- GUNTRAZ!! SEU MALDITO!! PARE DE USAR VIDAS E CONSTRUTOS PARA ABAFAR SUA COVARDIA!! DESÇA AQUI ARREMEDO DE SER, VENHA ME ENFRENTAR DE UMA VEZ!! SEM MAIS JOGOS, SEM MAIS PLANOS, VOCÊ E EU ATÉ QUE UM DE NÓS CAIA!! VENHA GUNTRAZ!!”

Dentro do cruzador o furioso e irreparavelmente frustrado Imperador Guntraz a tudo observava, seus dentes trincavam-se uns aos outros de raiva enquanto Cerebrax o observava em silêncio esperando qual seria a atitude de seu imperioso líder… O imperador então bate ao painel de controle ao qual estava em frente e balançando sua capa se move em direção ao sistema de teleporte esbravejando palavras confusas completando com o pouco que se pode entender delas: “- ESSE MALDITO ANDROIDE PENSA QUE PODE FALAR COMIGO NESSE TOM? VOU MOSTRAR A ELE O VERDADEIRO PODER DA TECNOLOGIA!”

Um raio então desce à terra, dezenas de metros à frente do homem máquina que percebendo que seu desafio foi aceito, assume posição de combate e aguarda pelo primeiro passo de seu inimigo declarado… Argos que já conseguia se erguer fica atônito observando a cena, enquanto Sonido e RedTurbo se erguiam também:
RedTurbo: “- Caceta, isso é sério? Esse que é o Guntraz então?”
Sonido: “- Não cogitei que ele fosse atender ao desafio… Argos, nós temos poder para confrontá-lo?”
Argos: “- Depois do que vi hoje aqui Sonido, nós temos capacidades para qualquer coisa…”

“- VOCÊ ARROGANTE CRIAÇÃO DE MEU ODIOSO INIMIGO, TEM A AUDÁCIA DE INVOCAR MEU NOME?? VOU TE DESTRUIR CIRCUITO POR CIRCUITO ATÉ NÃO RESTAR MAIS NADA E PROVAR MINHA SUPERIORIDADE, MALDITO LANTHALDER!”

O Imperador investe colocando suas duas mãos para frente, espalmadas, com violência, energizando as mesmas e expelindo potente rajada energética em direção ao guerreiro máquina, que salta para trás uma, duas, três vezes, escapando de cada novo direcionamento de rajada com saltos e manobras perfeitas, até que com uma acrobacia incrível o guerreiro máquina se desloca para a esquerda, começando então a correr com extrema velocidade ao redor de Guntraz, ativando novamente sua Gatling Gun tecnológica e, enquanto corria, desviando assim dos ataques pulsares, suas munições plasmáticas começaram à atingir o vilão que contra todas as expectativas, precisou deter suas rajadas para tentar se defender, tendo nesse processo sua capa imperial totalmente destruída além de várias partes de seu corpo atingidas…

O ataque por parte de Lanthalder cessa, Guntraz o observa novamente, um cenho erguendo-se em fúria, suas mãos energizando-se em intenso verde… Ele une as duas mãos como se buscasse aumentar seu poder de ataque e enquanto dispara, esbraveja:

“- COMO PODE… COMO PODE ATINGIR MEU CORPO COM ESSA ARMA… VOCÊ É UMA CRIAÇÃO IGNÓBIL, UM SER ULTRAPASSADO E SEM CONDIÇÕES DE ENFRENTAR UM DEUS COMO EU, VOU TE DESTRUIR PEDAÇO POR PEDAÇO MALDITO!”

Lanthalder se prepara para esquivar mas eis que um tom sonoro o atinge, uma redoma de energia se forma à sua frente e dispersa o ataque fulminante do Imperador por completo e embora a rajada continuasse à disparar sem uma trégua sequer, ela não alcançava mais Lanthalder devido ao poderoso escudo sonoro da vibrante Sonido, que agora chegava flutuando ao lado do homem máquina mantendo a poderosa barreira para protegê-lo: “- Ele tem amigos Guntraz! Somos parte da equipe, vamos vencer essa luta juntos!”

As rajadas de Guntraz aumentam, o escudo de Sonido começava a sentir a pressão e então um clarão vermelho cresce por detrás dos guerreiros, como um verdadeiro meteoro vinha rasgando o chão o impetuoso RedTurbo, que passando pelo escudo de Sonido no exato momento em que ele se desfazia, segurando o impacto todo em si e em sua proteção, abrindo caminho e dispersando a rajada até alcançar o imperador que recebe o impacto em cheio, sem cogitar que isso fosse possível acontecer: “- Tu vai sentir o que é uma porrada de verdade seu frescalhão com cara de lata! HOOOOOOOOOOOOO!!!”

A fúria do Imperador era tamanha que ele estava praticamente salivando raiva, vendo um simples humano com armadura tentar medir forças com ele em um punho de ferro… Os dois se digladiam enquanto Lanthalder por sua vez entendia a estratégia da equipe, e, saltando em uma acrobacia perfeita para trás ele se posiciona de forma ameaçadora em linha reta com o inimigo, ao passo que seu braço esquerdo levado à frente começava à brilhar e mostrar todos seus componentes energizando-se por debaixo da armadura!

Nesse instante, Argos surge correndo por detrás dele, o usa como impulso pulando em seus ombros, sua boca expelia a preparação de seu canhão de plasmas e ataca com força total, obrigando Guntraz à se livrar de Turbo e tentar defender o impacto, enquanto o valente Argos passava por sobre ele disparando sua rajada plasmática, saindo logo em seguida da linha de tiro e então, o final da batalha finalmente se apresentava…

Guntraz percebe que todos cessaram o ataque e, cada um em um de seus flancos o observava enquanto Lanthalder à sua frente era quem bradava agora: “- GUNTRAZ! NOSSA LUTA TERMINA AQUI, E AGORA!”

Lanthalder finalmente foi visto por Guntraz, diante dele com seu braço esquerdo energizado a apontado para ele, a intensidade da concentração de energia aumentava, Guntraz cruza os braços para deter o ataque, e embora estivesse arrogante quanto ao poder de Lanthalder, ele havia sido atingido por vários disparos e ataques e isso, embora ele não fosse admitir jamais, despertavam um certo temor embora muito pequeno e ignorado… A rajada dispara do braço de Lanthalder, ela rasga o chão em direção ao imperador, ele mantém os braços cruzados mas instintivamente ao perceber o tipo de energia vindo em sua direção, ele percebe que falhou e ao ouvir o brado de Lanthalder identificando o ataque, pela primeira vez Guntraz teve medo…

“- PROTON CANON!!”

Uma explosão gigante acontece, ambos os guerreiros são arremessados para trás e então o clarão vai diminuindo e se pode finalmente observar e analisar a cena dantesca… Guntraz, caído, seu abdômen perfurado pelo ataque expondo mecanismos de seu corpo ciborgue, mas à frente dele, mais um ser estava prostrado… Era Cerebrax que vinha em socorro de seu mestre e tão logo receberam o ataque ficando ambos perfurados de fora a fora, o general de tropas aciona o teleporte e somem do lugar em frações de segundos, deixando apenas os quatro guerreiros em terra… Sonido corre e se atira aos braços de Lanthalder, Argos vai se aproximando aso poucos, enquanto RedTurbo desativa seu capacete fazendo um positivo com o dedão como que dizendo que tinha gostado da ação, a equipe se reunia eufórica com a batalha mais que inusitada e vencida!

Em terra os heróis comemoravam a ação fantástica, empolgados com a primeira vez que tinham estado frente a frente com o temível imperador e aparentemente haviam saído vitoriosos… Mas na órbita terrestre era tudo bem diferente, Guntraz caído ao chão, com sangue e fluídos escorrendo, Cerebrax próximo à ele tentando ajudar seu líder, ambos em condição de quase morte…
Cerebrax: “- Senhor Guntraz… Eu vou ajudá-lo, vou lutar em seu lugar e vou destruir esses malditos guerreiros!”

O Imperador, ainda em ira completa dispara um olhar fulminante ao seu subalterno e conclama: “- Sim Cerebrax… Você irá me ajudar à vencê-los… Mas do meu jeito!”

O imperador abre a mão, uma rajada potente atinge o ser moribundo o arremessando para longe de si, completamente desacordado… Logo então ele olha para um dos soldados máquina e ordena, ainda ofegante: “- ATIVEM MINHA SALA DE TRANSMUTAÇÃO, LEVEM CEREBRAX PARA LÁ E LIBEREM MINHA CÂMARA DE REGENERAÇÃO!”

Olhando pela janela de seu cruzador para o planeta Terra, o arrogante Imperador esbraveja uma vez mais sua nefasta intenção para nosso mundo: “- Prepare-se maldito Lanthalder… Vocês evoluíram além do que eu pensava, mas eu sei como contornar isso… No nosso próximo encontro, você encontrará seu fim e eu minha dupla vingança!”

Galeria de imagens:

Monstro cibernético Gungnir!


Criaturas robóticas Lycans:


Comandante Cerebrax:


Imperador Guntraz:


Lanthalder evoluído:








sábado, 8 de maio de 2021

Indomável - Cap. 4 - "- O verdadeiro líder do Povo Sucata!"

O vento ressoava pelas laterais do imenso espaço que servia de palco de reuniões do Povo Sucata, onde naquele momento um clima estranhamente tenso se desenrolava… ConstructHonor conhecia o guardião que o desafiava havia muito tempo, nunca julgou que o mesmo tomaria uma atitude similar, principalmente sabendo o referido guardião de todo o passado de Honor até o surgimento dos exilados ciborgues que ali viviam…

Ao redor da recém formada arena, se aglomeravam esses mesmos exilados, que aliás demonstravam um comportamento calmo e sereno além do natural devido suas baixas capacidades de entenderem emoções uma vez que eram ciborgues no sentido de não serem apenas máquinas, eram inteligências artificiais muito evoluídas e capazes de aprender a base dos sentimentos humanos se, uma convivência adequada tivessem ao lado dos seres vivos... O termo androide, embora fosse o mais correto pela composição 100% artificial da maioria esmagadora de todos eles, era inapropriada aos ciborgues desse nova era, que eram construídos para se tornarem humanos praticamente perfeitos nas ações e reações caso pudessem acompanhar o desenrolar dos relacionamentos dos seres aos quais eles supostamente deveriam fazer parte no dia a dia...

Esses seres, complexos e ao mesmo tempo praticamente sem vida, se observavam e tentavam entender o que estava à acontecer ao redor deles… Todos eles seguiam ConstructHonor desde o início porque ele os protegia das maldades dos vivos e os mantinha como uma sociedade isolada, para que pudessem viver sem correr o risco de serem exterminados como lixo desnecessário à sociedade, o que eram considerados nos dias de hoje… Mas agora, alguém parecia afrontar essa liderança que Honor exibia e o povo, humilde em pensamentos e atitudes, ficava a observar os dois tentando descobrir como reagir…

Do alto de sua estrutura, que o colocava mais alto que os demais para poder falar à todos durante as reuniões, Honor olhava para seu povo que ele tanto prezava ao mesmo tempo que baixava a visão e observava o guardião em pose de saque de espada, aguardando por seu movimento… O que passaria pela cabeça daquele ser pensava o líder do povo ciborgue, para estar agindo assim, afinal, pelo menos até aquele dia, se consideravam amigos… Intrigado e ainda não acreditando na cena, ele uma vez mais tenta: “- Nossa amizade vale tão pouco para você, a ponto de me tirar a única coisa que me restou velho amigo?

O guardião ao centro da arena baixa a cabeça e em tom de deboche responde: “- Pare de achar desculpas para fugir da luta e venha me enfrentar Honor!

As palavras do guardião despertam ira em ConstructHonor que, apesar de ser uma inteligência artificial implantada em pedaços de um corpo humano, tinha a capacidade de sentir emoções mais intensas que a maioria dos ciborgues e, em um ímpeto de revolta e atitude de resposta, salta de seu local de pronunciamentos, pousando pesadamente ao chão à frente do desafiante, abrindo um rombo a seus pés, tamanho o peso do ciborgue desafiado… O líder do Povo Sucata se ergue, aponta para o guardião que se mantinha imóvel e sentencia: “- Não esperava tamanha indignidade de sua parte, embora seja um vivo… Existe muito mais do que o título que me obriga a lutar por esta liderança, se prepare para ser destruído!

A moça protegida em meio aos demais ciborgues observava a tudo atenta e preocupada, começava a duvidar das intenções de seu guarda-costas... O guardião por sua vez se prepara e ConstructHonor com uma explosão de movimento se lança em carga contra o espadachim, e embora seu corpo grande e pesado, sua força era descomunal a ponto de surpreender qualquer um que observasse seu deslocamento!

O desafiante então vai se lançando para trás conforme o líder do Povo Sucata se aproximava desferindo golpes devastadores com os punhos enquanto tentava atingir o oponente; com saltos e recuos precisos, o guardião evitava os mesmos, mantinha sua espada embainhada até praticamente chegar ao final das centenas de metros que eles tinham como arena quando então em um movimento praticamente impossível de se crer ser possível executar, o espadachim saca sua espada e ataca o ombro de Honor com força e técnica perfeita! No entanto, apesar de todos acreditarem que seria um golpe preciso e poderoso que deceparia o braço mecânico do líder, ao invés disso, se viam faíscas de metal contra metal, sendo a espada embainhada novamente com extrema velocidade sem nenhum arranhão visível ao corpo do líder ConstructHonor!

Tão rápido quanto o golpe de espada foi a sequência do movimento, pois como um relâmpago o espadachim realiza um deslocamento para a esquerda com vigor, fazendo Honor apesar de seu peso bruto e do impacto que se mostrou ineficiente, girar seu corpo gigante sobre a perna direita e seguir atacando com a mesma tática de ataque sem fim, buscando não perder o espaço que acreditava ter conseguido conquistar, tentando manter seu desafiante pressionado com o ataque sem fim!

O Guardião então reinicia sua aparente estratégia e continua à recuar entre saltos, deslocamentos, recuos de passos e até mesmo acrobacias enquanto Honor segue para cima como um búfalo desenfreado, atacando com golpes de braços sem parar até que chegam à outra extremidade do palco de batalha quando novamente o guardião saca sua espada, ataca o mesmo braço que atacou anteriormente, novamente sem efeito e uma vez mais guarda a espada, se desloca para a esquerda velozmente e Honor, tentando manter o ritmo até conseguir algum resultado, buscando manter o que vinha fazendo, executando a mesma reação, detendo seu movimento com força, gira sobre a perna direita e continua seu ataque sem dar tréguas ao guardião!

A cena continua a se repetir, o Povo Sucata que não era amante de violência, assistia à tudo em silêncio e ficava a tentar entender o que viria após o combate, fosse qual fosse o resultado, o que mudaria em suas vidas… Por sua vez, AngryHurricane observava com frieza e expectativa pois torcia pela derrota de Honor afinal de contas, tomar a liderança do Povo Sucata tendo de disputar com um vivo seria muito mais fácil, a sociedade deste povo guardava muita mágoa e temor dos vivos, além de que Honor tinha prestígio coisa que um recém chegado não teria… Se Honor caísse, preparar a queda de um vivo seria muito mais fácil e ele comemorava o momento de talvez finalmente se tornar o líder que buscava ser!

A batalha pela liderança dos Sucatas continuava, os desafiantes chegavam novamente ao final da linha e o guardião uma vez mais sacava sua espada, golpeava o ombro de Honor, faíscas elevavam-se aos céus sem qualquer efeito físico ao líder robusto, e uma vez mais o espadachim veloz muda a trajetória se jogando para a esquerda velozmente, enquanto o pesado líder sem desanimar e ainda enfurecido, trava seu movimento violentamente de novo, gira sobre a perna direita e uma vez mais saindo em perseguição ao guardião que novamente tinha sua espada embainhada e continuava à recuar… “- Até seu estilo de luta mudou covarde? Vai ficar fugindo o combate inteiro milenar?

Era Honor quem esbravejava e avançava, ao passo que a moça disfarçada de homem em meio à multidão observava a luta com atenção e certo receio, afinal se seu guardião fosse derrubado, o que seria dela, pensava aflita... E apesar de não entender nada de estratégias de luta ou mesmo de lutas em si, chamava-lhe a atenção que alguém tão experiente e tão brutal em combate como ela tinha visto até então, estivesse apenas recuando e sequer conseguia atacar ConstructHonor… Intrigada e curiosa, ela cogitava em voz baixa como se fosse um pensamento escapando em palavras… “- Ele realmente planejou tudo tão mal a ponto de sequer perceber que sua espada não podia perfurar a blindagem do líder? Isso… Isso não faz sentido algum com tudo que já vi dele… O que… O que está acontecendo aqui afinal…

O fim da linha chega novamente, os olhos do guardião brilham e ele sorri… Honor chega com seu golpe mais poderoso... O guerreiro espadachim saca a espada, ataca, novamente sem surtir qualquer efeito e se desloca violentamente para a esquerda e quando ConstructHonor repete o movimento de sempre, eis o resultado da estratégia do guardião… Ao girar sobre a perna direita, perna essa que já havia executado sem parar o mesmo movimento, sob absurda movimentação e velocidade, a mesma não consegue mais suportar o peso e a pressão gigante exercida pela batalha repetidamente, vindo sob impacto sonoro assustador a se partir por completo, saltando pedaços da mesma para diversos lados, separando-se por completo do corpo do gigante, ficando fios, circuitos, processadores e sistemas hidráulicos totalmente expostos!

ConstructHonor cai por terra, arrastando-se com a força da velocidade e do ataque com que vinha em direção ao guardião, parando a dezenas de metros do desafiante, caído, sem sua perna direita, esfacelada na altura da virilha e por consequência completamente indefeso, pelo menos era assim que viam o resultado os presentes... AngryHurricane chega esboçar felicidade com o acontecido, deu-lhe prazer ver a derrocada de ConstructHonor, em sua visão agora era esperar o momento certo e destituir ou sumir com o novo líder…

O guardião então, observando a cena de Honor caído sem mais poder combater, energiza seus olhos e desaparece, aparecendo sobre o peito de Honor encostando sua espada na testa do líder Sucata, esperando que ele reconhecesse abertamente a derrota… Honor por sua vez urra em fúria e aciona todos os armamentos que possuía, disparando micro mísseis e feixes de próton que rasgaram o vazio em direção ao céus, tentando atingir o oponente com um último ataque, mas infelizmente tudo em vão, visto que o guardião novamente desapareceu, aparecendo atrás dele com a espada sobre seu pescoço, desta vez com expressão séria, esperando as palavras de Honor que ele queria ouvir… O gigante líder, visivelmente decepcionado consigo mesmo, brada em tom alto respeitando a honra que fazia parte de seu ser… “- O combate está encerrado… O Povo Sucata tem um novo líder…"

O guardião então guarda a espada e vai caminhando até o centro da arena onde com voz poderosa, abre os braços e enquanto dialogava, ia virando-se conforme era possível para analisar e observar a todos ali presentes… “- Estimado Povo Sucata… Como seu novo líder, tenho já de saída algumas exigências à serem feitas… A primeira delas é, que AngryHurricane se apresente ao centro e fique frente à frente comigo…

Todos ficam sem entender o que o espadachim estava pretendendo, a própria moça cogitava que não fazia parte da personalidade que ela conheceu, que aquele que a guarnecia fizesse tanto esforço apenas para resolver uma desavença com um ciborgue… De qualquer forma, sob os olhares curiosos de todos, principalmente de ConstructHonor, Hurricane com olhar debochado faz o ordenado, e chega até a frente do novo líder, de braços cruzados como se desdenhasse do espadachim… “- Tudo isso só pra se vingar de mim? Vocês vivos são realmente prepotentes…

Um risco então, quase como um relâmpago é pressentido mas impossível de ser visto ou sequer evitado e eis que AngryHurricane caía ao chão, sem sua perna direita, totalmente avariado soltando faíscas e esbravejando em fúria… Honor, a moça e os demais ficam espantados com a atitude gratuita e sem qualquer necessidade segundo a visão de todos, mas, ainda observam em silêncio, obedecendo as leis que regiam aquela sociedade excluída daquele mundo completamente sem empatia ou piedade… O guardião anda ao redor de um Hurricane esbravejante e brada à plenos pulmões: “- ConstructHonor… Como novo líder do Povo Sucata, ordeno que conte à todos sobre o problema que você vem tentando resolver há meses…

O ex-líder do Povo Sucata, expressando real sentimento de não entender do que se tratava, pois não havia como o guardião saber de algo tão secreto, e sem querer dar pistas que levassem o povo a perceber o problema que tinham em mãos, argumenta: “- Não sei do está falando andarilho… Realmente não sei onde quer chegar com tudo isso…

O guardião por sua vez, embainha sua espada novamente enquanto caminhava e insistia, sabendo que o honrado ciborgue apenas estava tentando manter a verdade oculta ao máximo que pudesse… “- Vamos Honor, não temos o dia todo, eu tenho uma jornada para empreitar… Conte a seu povo, a tragédia que vocês têm vivido nos últimos meses e que você tem evitado que seu povo sofra mais ainda sabendo de tal ferida em meio sua sociedade…

ConstructHonor não via mais possibilidade de esconder, estava claro que o guardião de alguma maneira sabia do que estava falando, e agora, pelas leis, ele era um subordinado ao novo líder, deveria obedecer… Entre faíscas e pequenas micro explosões em seus circuitos na perna direita, ele inicia sua narrativa…

- Há alguns meses, um integrante novo de nossa sociedade, ao qual batizei como Without Esteem, foi recebido por nossos socorristas assim que o recolhi à beira de um lixão quase em pedaços… Infelizmente, no dia seguinte não o encontramos dentro da Gear Cradle e cogitamos que tivesse saído por conta própria… Mas também desapareceram na mesma semana Engine Stopped e logo depois Sound Whistle… Montei uma equipe de buscas e por dias vasculhamos os territórios que ocupamos em busca de nossos irmãos… Até então não tínhamos qualquer ideia do que estava acontecendo, mas os desaparecimentos continuaram, e hoje… Infelizmente somamos cento e vinte e oito Sucatas à menos em nossa comunidade… Desaparecidos sem qualquer vestígio…

O guardião então vira-se e caminha pelo local, com calma, como se analisasse tudo, ponderando e pensando qual a melhor maneira de expressar o que tinha pra dizer… Ele aproxima-se novamente de Hurricane que entre bravatas e reclamações indagava o que ele tinha à ver com o assunto e eis que o espadachim para diante dele colocando o pé em seu peito e com tom de voz seco e imperativo apenas o observa por alguns segundos para logo em seguida sugerir, como que se contendo seu corpo e movimentos… “- Nos conte sua parte nessa história… AngryHurricane…

O androide então observa o homem à sua frente com seus olhos amarelos à observa-lo, olha ao redor observando todos que o encaravam sem entender o que acontecia, e valendo-se desse sentimento é que ele tenta resolver a situação: “- Irmãos, eu não sei do que esse homem fala… Ele é um ser vivo, entrou em nosso mundo, derrubou nosso líder e agora me pede para falar sobre coisas que desconheço… Isso é justo irmãos?

Mais um deslocar de ar, um raio risca o dia de novo e o braço esquerdo com um pedaço do ombro de Hurricane voa pelos ares… Sequer foi possível notar o saque de espada, sequer se pode ver a lâmina voltar à bainha, mas o golpe havia acontecido, e havia sido brutal… O guardião então insiste antes de mais reclamações por parte de Hurricane: “- Não irei dizer qualquer coisa além de pedir a verdade... Não te darei o prazer de alegar que estou te obrigando a dizer coisas... Quero a verdade sobre tudo isso... Quero a resposta certa, o assunto certo e você sabe qual é... Ainda temos partes de seu corpo que podem voar…

AngryHurricane então percebe a situação a qual se encontrava, ele olha para Honor que tem uma expressão de quem não acredita no que estava começando a se desvendar diante de todos... O ciborgue então tenta uma vez mais argumentar, mas antes que falasse, seu braço direito voa para cima em três partes e por final a perna também é decepada e empurrada para longe…

AngryHurricane urra de indignação e por final dá-se por vencido não vendo outra saída à não ser obedecer ao guardião uma vez que restavam-lhe tão somente cabeça e tronco do que já fora seu corpo... Em frações de segundos ele pondera sobre contar a verdade o que com certeza seria o fim de seus planos, porém antes que pudesse ponderar uma segunda opção, praticamente começou a entrar em pânico quando a ponta da espada do guardião encostava em sua testa, segurada pela mão direita do guerreiro ao cabo e a esquerda sobre o cabo, pronto para empurrar e perfurar seu crânio… A voz do guardião, fria como a neve, disparava uma vez mais… “- Não estou com paciência para mais brincadeiras Hurricane... Cinco segundos e ninguém mais vai poder te consertar de novo..."

Assustado, diante do público que se mesclava entre estar curioso, confuso e atento, inclusive o avariado ConstructHonor, AngryHurricane então em atitude impensada começa a finalmente contar o que ele sabia sobre os desaparecimentos mencionados: “- Fui eu... Por favor não me destrua... Eu fiz isso, é culpa minha eu reconheço... Eu os vendi, eu os entreguei diretamente aos compradores... Por favor não me destrua, eu só quero ter uma existência melhor, isso não é um crime... Por favor, me deixa viver...

A Gear Cradle inteira expressava o mesmo sentimento de surpresa... A moça, oculta entre os Sucatas estava impressionada com a situação… Nada disso havia sido falado, mas seu guardião percebeu tudo e estava resolvendo a situação de forma brutal como ele sempre fez e algo ainda maior e mais surpreendente estava para acontecer, ela podia sentir nos pelos de seus braços, a tensão era gigante... O Povo Sucata ainda esperava uma ideia para seguir em frente, pois seu líder tombou, um novo estava à desmembrar um irmão, mas esse irmão se declarava o próprio carrasco de seu povo…

 ConstructHonor então baixa a cabeça e completa, percebendo que seus temores eram reais… “- Descobrimos marcas que indicavam que alguém havia sido arrastado... E sempre que alguém desaparecia, novas marcas similares eram encontradas e... E em todas elas… Sempre haviam pegadas idênticas acompanhando a trilha, era fato que o mesmo ser estava carregando todos… Alguém estava carregando nossos irmãos para fora daqui e o mais triste é que... Um de nós sumia sempre que alguém desaparecia…"

O guardião ergue sua espada, gira a mesma na mão a colocando-a novamente na fronte de Hurricane, e então vocifera: “- Queremos os detalhes, AngryHurricane!

Temeroso, o ciborgue Hurricane se agarrava a um fio de esperança, de que a verdade dita em seus detalhes pudesse render-lhe algum crédito e quem sabe assim salvá-lo…“- Eles pagam bem… Eu só vendia os que estavam deteriorados já… Eram um problema pra nós e não iam ajudar em nada… Com o retorno que eu estava tendo dessas vendas, eu poderia comprar peças de reposição e melhorar a vida pra quem ficava… Fiz pensando no nosso lar, o lar dos Sucatas…

O guardião com seus olhos amarelos brilhando forte, vira para o lado, olha para o horizonte como se buscasse força para suportar a raiva que o consumia, virando-se de novo para Hurricane, quase rosnando ao perguntar: “- Agora diga… Quem são seus compradores?

O ciborgue temente pelos próximos momentos, pois sabia que essa resposta seria definitiva para sua sobrevivência, divaga e tenta achar um meio, uma resposta que o salvasse, mas os olhos do guardião irradiam-se ao máximo como que sentenciando o mesmo a falar a verdade, e ficava claro que o espadachim sabia a verdade e podia identificar a mentira caso ela viesse: “- Em tom claro e alto, para que todos o ouçam Hurricane…” Finalizava o recém nomeado líder dos Sucatas…

Sem opções e agora acreditando que talvez Honor pudesse intervir por ele, Hurricane revela a verdade fatal não tendo mais como adiar a resposta… “- Para donos de arenas… Eles são colocados dentro dela para serem destruídos das formas mais diversas para que os demais se divirtam… Eu os vendi para arenas de demolição!

O Guardião praticamente urra em fúria olhando para os céus e então a espada do mesmo se finca até o cabo na fronte de AngryHurricane atravessando a cabeça do mesmo e avançando chão à dentro, momento esse em que o guardião fica cara à cara com o ciborgue já em colapso quase completo de seus sistemas, tendo como uma de suas últimas visões, os olhos em intenso amarelo do ser que profere suas últimas palavras antes do maquiavélico Hurricane deixar de existir: “- Trair sua família, aqueles que te receberam como um irmão… Não há crueldade pior que essa!

A espada então é girada para a esquerda, depois para a direita destroçando todo o interior da caixa craniana robótica, dando fim à existência do ciborgue AngryHurricane de forma selvagem… A lâmina então é retirada com brutalidade e logo depois, com um chute potente desferido pelo espadachim, o que restou da carcaça sem qualquer vida ou energia devido o cérebro positrônico do ciborgue ter sido destruído, rolou por metros pelo chão do local…

Todo o local estava em um silêncio sepulcral… O guardião não movia um único músculo… ConstructHonor baixou a cabeça, desiludido, decepcionado, ele suspeitava, mas não quis acusar sem provas e por sua culpa, seu povo continuou desaparecendo… A jovem, que camuflada em suas vestes à tudo observava, escorria uma lágrima de seus olhos, reflexo de seus sentimentos de tristeza, revolta, surpresa, comoção… O Povo Sucata se mantinha estático, mas se via neles sentimentos se manifestando mesmo que de forma lerda, como se não conseguissem expressar tal coisa sem dificuldade…

Então passos lentos são ouvidos, e uma ciborgue, do tamanho e aparência de uma criança, fica à frente dos demais com olhos estáticos que praticamente não conseguiam definir o misto de emoções que explodia dentro da pequena autômata, muito provavelmente construída para ser amiga de alguma criança, ou a filha substituta de algum casal sem filhos, posteriormente abandonada quando não necessitavam mais de seus serviços… Com vários de seus mecanismos expostos, a pequena segurando as duas mãozinhas, olhando para o guardião pergunta: “- KindWill foi levado para ser destruído então?

O guardião olha para a pequena, baixa a cabeça como se reunisse palavras, vira-se e vai até ela agachando-se perto da ciborgue já com sua espada na bainha e, segurando as mãozinhas frias da menina, por assim se dizer, com uma feição meiga e protetora, responde calorosamente a ela: “- Não se desespere… Você pediu com todas as forças para que seu protetor KindWill voltasse em segurança não foi? Então continue acreditando, continue pedindo, suas preces serão ouvidas pequena e em breve estará com ele novamente… Acredita em mim?

A pequena sorri, e volta correndo para próximo dos outros com quem ela estava ao passo que o guardião toma o centro do lugar e conclama à todos que ouçam suas palavras: “- Há meses seu líder ConstructHonor, está tentando resolver o mistério de irmãos da sociedade de vocês que estavam desaparecendo… Minando suas buscas e seus esforços para impedir e resgatar seus amigos, estava este lixo, AngryHurricane… Banido como vocês da convivência da sociedade comum mas sem o mesmo espírito de gratidão por aquele que os reuniu e por vocês mesmos, pensou em conseguir dinheiro para reparar seu corpo e seus mecanismos, saindo daqui assim que pudesse… Usou e abusou de suas boas vontades e de suas confianças assim como de suas vidas…

O guardião caminha pela arena e então aponta para ConstructHonor, caído ao chão, continuando: “- Este líder foi quem tentou descobrir e resolver tudo, sem deixar que percebessem a tragédia que se abatia sobre vocês… Os tendo como irmãos e alguns como filhos e filhas, sofreu sozinho enquanto este lixo do Hurricane vendia vocês… Isso agora terminou e se alguém aqui simpatizou ou participou de tais ações, tem a chance de se redimir agora, trabalhando em prol do Povo Sucata assim como Honor trabalha e vive em prol de vocês…

Fazendo uma breve pausa, tendo toda e qualquer atenção voltada para si e suas palavras impactantes, o espadachim então vai até ConstructHonor e o ajuda à se levantar, ficando abaixo de seu braço direito para lhe dar sustentação, atitude essa que Honor não conseguia entender por sua vez e enquanto começavam a se mover, o guardião ciente de que o derrotado não estava à entender nada do que acontecia, cochicha: “- Eu não poderia usar com força a espada sem te despedaçar, nem poderia te derrubar de verdade pois isso não ajudaria para conquistar o respeito de seu povo… Precisei que você mesmo caísse por conta para não ser derrotado por mim... Me desculpe por sua perna…

Enquanto o ser de olhos amarelos ajudava o ex-líder do Povo Sucata à chegar novamente ao centro do local, a jovem protegida, que a tudo assistia profundamente comovida com os acontecimentos, corre em direção aos dois mesmo sem ter a mínima ideia se seria bem recebida e, segura firmemente a cintura de Honor, num esforço inútil fisicamente de fazer alguma diferença, mas que ela se sentiu impelida a fazer ainda assim... Sua ação na verdade externava seus sentimentos que não cabiam mais dentro de si assim como afeto e concordância com a postura de seu guardião e eis que chegando ao centro do lugar, uma nova surpresa esperava à todos…

O espadachim servindo como suporte ao lado de ConstructHonor, ergue o braço do gigante e brada à todos fazendo com cada ser que ali estava prestasse a atenção máxima à si e suas palavras: “- Como líder atual do Povo Sucata, minha ordem é suprema… Assim sendo, eu apresento à vocês aquele que eu julgo o mais digno dessa posição… Porque qualquer um portando uma espada e com muitas fontes de informação, pode matar ou descobrir mistérios, mas somente alguém com uma alma pura de verdade e empatia por seu próximo, pode liderar um povo incrível e único como vocês… Saúdem ConstructHonor, o verdadeiro líder do Povo Sucata! E se alguém discordar dessa ordem, hoje ou no futuro, minha espada e eu estaremos prontos para resolver tais diferenças!

Em uma manifestação que começou lenta, mas ao mesmo tempo intensa e emotiva, todos os mais de 3000 ciborgues presentes, começaram a ovacionar aquele que conheciam como líder e que agora voltava a seu lugar… Sentando o pesado ciborgue ao chão, antes que o mesmo pudesse ser encostado ao solo, as palavras surgiam da boca de Honor, tentando entender: “- Porque… Para que tudo isso?

O espadachim assim que o deixou confortável da forma que era possível, olhou para a protegida que o acompanhava e voltando a olhar para Honor, falou em tom que somente eles ouvissem… “- Eu descobri a traição de Hurricane tem tempos… Não poderia fazer nada contra ele porque sem provas até você ficaria contra minhas atitudes… Com este teatro eu pude fazer o maldito confessar tudo e provei ao seu povo e a você, que ele era o criminoso! Assim como líder, pude ser júri e carrasco executando seu julgamento e execução! Sei que sua índole meu amigo Honor, não permitiria matar um de seu povo, mesmo sendo Hurricane, então tomei seu lugar para que não carregasse esta culpa… Me desculpe pelo show bizarro, mas era o jeito de resolver tudo que estava pendente sem prejudicar você e sua gente…

O samurai se ajoelha e faz uma reverência pedindo o perdão ao robusto ciborgue enquanto Honor e a moça ficam sem ação... Era incrível perceber só então como tudo tinha sido conduzido à fazer todos chegarem à revelação e que houvesse poder de decisão nas mãos do samurai para tomar as atitudes necessárias... Aliado à isso, ainda existia uma preocupação com a honra de Honor, que fatalmente refletiria nos demais, em seus sentimentos, anseios e continuidade de sua sociedade… O espadachim então desfaz a pose de reverência e puxa de sua mochila uma caixa, uma espécie de maleta bastante espessa e tecnologicamente avançada, entregando-a nas mãos de ConstructHonor, completando sua frase final: “- Isto vai ajudar não só com sua perna, mas irá resolver o problema do seu povo se bem administrado… Tenho certeza, ninguém saberá administrar isso melhor que você!

ConstructHonor olha para a maleta recebida, sua expressão era de comoção, não por ele, não por sua perna, mas por ali estar contido praticamente a salvação de seu povo, algo que ele tanto almejava e não via meios de atingir… Como se puxasse o fôlego supremo ele berra à plenos pulmões fazendo até mesmo o espadachim e a moça se ocultarem atrás dos braços: “- IRMÃOS… PREPAREM OS HORSETECHS, QUERO OS DOIS MELHORES EM FUNCIONAMENTO PERFEITO O MAIS RÁPIDO POSSÍVEL!

O Povo Sucata começou à se mover rapidamente e partiram todos para cumprir as ordens de Honor enquanto sentado ao chão, o gigante líder dos Sucata estende a mão emocionado ao guardião que responde o cumprimento e era Honor quem expressava o sentimento dos dois: “- Me desafiou para conquistar o poder para julgar Hurricane e assim me livrar da agonia de matar um dos meus… Teve a decência de não me humilhar diante de meu povo no combate, mantendo minha honra diante deles… Resolveu um mistério que estava destruindo minha paz e trouxe justiça aos injustiçados... E agora me entrega a chave da salvação para meu povo… Não tenho como agradecer nem que passe a eternidade à tentar fazê-lo… Meu amigo!

O guardião sorri levemente, se sentia satisfeito com o desfecho daquele dia e assim a noite vinha chegando e, como convidados de honra o guardião e a protegida que ainda se passava por homem, passaram a noite no local de forma agradável e tranquila! Na manhã seguinte, antes do sol nascer se colocavam em marcha agora devidamente montando um cavalo mecânico, os chamados “HorseTech”, movidos à energia solar, capaz de cruzar grandes distâncias sem precisar de qualquer reparo ou descanso…

Chegando até ao topo da colina que cercava o local da Gear Cradle, eles detém seu movimento para verificar o último evento que o guardião queria assistir… A jovem também para e fica olhando para o local tentando buscar algo e eis que então avista uma movimentação mais ao longe, como se várias pessoas estivessem chegando ao local sagrado dos Sucata… O espadachim entrega o binóculo à jovem que olhando pelo mesmo, percebe na verdade se tratar de Hoshino seguido de vários ciborgues…

Ela olha para seu guarda-costas sem entender do que se trava e este, com um semblante de tranquilidade explica… “- Quando soube dos crimes de Hurricane ele já tinha vendido três, e eu infelizmente não fui capaz de localizar em qual arena eles estavam antes de suas destruições… À partir de então monitorei seus passos e uma vez que ele entregava um ciborgue, eu interceptava o atravessador sem que ele percebesse que eu estava agindo e com isso consegui resguardar cento e vinte e cinco dos cento e vinte e oito que o maldito vendeu, os escondendo no depósito de um amigo lá no vilarejo… Quando saímos ontem, pedi à Hoshino que hoje pela manhã os conduzisse de volta ao seu lar, eles são muito amistosos e atenderam à ele desde o primeiro momento com boa receptividade… Veja…

O espadachim aponta para um local mais à esquerda onde uma pequena figura corria e se abraçava em alguém e com o binóculo a jovem pode confirmar, era a pequena ciborgue do dia anterior, abraçando-se provavelmente a seu esperado KindWill, e lágrimas fartas escorreram pelos olhos da moça ao observar a cena calorosa…

O homem de olhos amarelos então vira seu HorseTech e começa à retomar a marcha enquanto ela ainda admirava a cena incrível que acontecia no local… Questão de segundos apenas para se despedir de um local que ficou tão pouco tempo mas viveu tão fortes emoções, e então ela vira-se e acompanha seu guarda-costas contratado com algumas dúvidas ainda em mente... Arriscando já ter liberdade para tal, ela questiona: “- Quanto a maleta que entregou à ConstructHonor… Pode me explicar o que continha nela que o deixou tão feliz?

O guardião com seu “kasa” abaixado diante dos olhos sorriu e explicou: “- Nanobots… Espécie de seres microscópicos completamente tecnológicos que assim como nossas células tem a função de reparar mecanismos… Falando mais claramente são recipientes com uma espécie de pasta que se espalhada sobre um mecanismo com defeito, reconstrói o mesmo como nosso corpo faz com nossos ferimentos... Tem o suficiente ali para a perna do Honor e para restaurar o funcionamento perfeito de todo seu povo… Bem administrado como sei que ele fará, poderão viver em paz e em bom funcionamento por muito tempo…

A moça sorri finalmente, era reconfortante saber com que tipo de pessoa ela estava a viajar… As atitudes dele nem sempre tinham uma explicação nítida ou instantânea, mas era inegável que ele tivesse cometido alguma injustiça até agora… A jovem olha para trás uma vez mais e como se confirmasse as palavras do guardião, ela avista ConstructHonor, caminhando, em direção aos que chegavam… Sua atenção só foi removida da vila do Povo Sucata ao ouvir a voz de seu guia que dizia…

- Seijuro… Nishimura Seijuro é meu nome… E o seu?

Sem acreditar no que estava ouvindo, afinal ela havia feito essa pergunta tinha quase um dia de intervalo, a jovem vira-se para olhar no rosto de seu guardião e o mesmo seguia sua marcha, seu “kasa” abaixado, sem expressar qualquer outra palavra ou expressão… Um sorriso e uma esperança de que algo diferente do que abusos e escravidão poderia estar acontecendo em sua vida mesmo que por pouco tempo, estampava o rosto da jovem protegida que se anima em vencer a timidez e responde:

- Sayuri… Noguchi, Sayuri…

O guardião então sorri por debaixo de seu “kasa” e completa, satisfeito: “- Belo nome… Agora que fomos oficialmente apresentados, acho que poderemos ser bons amigos… Seja bem-vinda Sayuri! Aliás, bela atitude a sua de me ajudar a levar o grandalhão para o centro da Gear Cradle!

Sayuri sorri, principalmente por saber que com seu porte físico e altura ela não ajudou em nada, mas o reconhecimento de seu guardião, era algo muito bem-vindo, principalmente para alguém com sua história passada...

Os dois seguem por alguns segundos com os cavalos cibernéticos em passo lento, um sorriso em seus rostos e o sol a nascer à frente deles como a brindar o começo daquele novo dia, aquele novo começo... Ambos, embora não pudessem ler o pensamento um do outro, se sentiam estranhamente satisfeitos por estarem conversando, algo que não fazia parte do cotidiano de nenhum dos dois em seus dias anteriores, mas que se tornava mais comum à cada momento...

O mundo estava mudando para os dois e ambos recebiam muito bem essas mudanças em seus íntimos...

O vento ressoava pelas laterais do imenso espaço que servia de palco de reuniões do Povo Sucata, onde naquele momento um clima estranhamente tenso se desenrolava… ConstructHonor conhecia o guardião que o desafiava havia muito tempo, nunca julgou que o mesmo tomaria uma atitude similar, principalmente sabendo o referido guardião de todo o passado de Honor até o surgimento dos exilados ciborgues que ali viviam…

Ao redor da recém formada arena, se aglomeravam esses mesmos exilados, que aliás demonstravam um comportamento calmo e sereno além do natural devido suas baixas capacidades de entenderem emoções uma vez que eram ciborgues no sentido de não serem apenas máquinas, eram inteligências artificiais muito evoluídas e capazes de aprender a base dos sentimentos humanos se, uma convivência adequada tivessem ao lado dos seres vivos... O termo androide, embora fosse o mais correto pela composição 100% artificial da maioria esmagadora de todos eles, era inapropriada aos ciborgues desse nova era, que eram construídos para se tornarem humanos praticamente perfeitos nas ações e reações caso pudessem acompanhar o desenrolar dos relacionamentos dos seres aos quais eles supostamente deveriam fazer parte no dia a dia...

Esses seres, complexos e ao mesmo tempo praticamente sem vida, se observavam e tentavam entender o que estava à acontecer ao redor deles… Todos eles seguiam ConstructHonor desde o início porque ele os protegia das maldades dos vivos e os mantinha como uma sociedade isolada, para que pudessem viver sem correr o risco de serem exterminados como lixo desnecessário à sociedade, o que eram considerados nos dias de hoje… Mas agora, alguém parecia afrontar essa liderança que Honor exibia e o povo, humilde em pensamentos e atitudes, ficava a observar os dois tentando descobrir como reagir…

Do alto de sua estrutura, que o colocava mais alto que os demais para poder falar à todos durante as reuniões, Honor olhava para seu povo que ele tanto prezava ao mesmo tempo que baixava a visão e observava o guardião em pose de saque de espada, aguardando por seu movimento… O que passaria pela cabeça daquele ser pensava o líder do povo ciborgue, para estar agindo assim, afinal, pelo menos até aquele dia, se consideravam amigos… Intrigado e ainda não acreditando na cena, ele uma vez mais tenta: “- Nossa amizade vale tão pouco para você, a ponto de me tirar a única coisa que me restou velho amigo?

O guardião ao centro da arena baixa a cabeça e em tom de deboche responde: “- Pare de achar desculpas para fugir da luta e venha me enfrentar Honor!

As palavras do guardião despertam ira em ConstructHonor que, apesar de ser uma inteligência artificial implantada em pedaços de um corpo humano, tinha a capacidade de sentir emoções mais intensas que a maioria dos ciborgues e, em um ímpeto de revolta e atitude de resposta, salta de seu local de pronunciamentos, pousando pesadamente ao chão à frente do desafiante, abrindo um rombo a seus pés, tamanho o peso do ciborgue desafiado… O líder do Povo Sucata se ergue, aponta para o guardião que se mantinha imóvel e sentencia: “- Não esperava tamanha indignidade de sua parte, embora seja um vivo… Existe muito mais do que o título que me obriga a lutar por esta liderança, se prepare para ser destruído!

A moça protegida em meio aos demais ciborgues observava a tudo atenta e preocupada, começava a duvidar das intenções de seu guarda-costas... O guardião por sua vez se prepara e ConstructHonor com uma explosão de movimento se lança em carga contra o espadachim, e embora seu corpo grande e pesado, sua força era descomunal a ponto de surpreender qualquer um que observasse seu deslocamento!

O desafiante então vai se lançando para trás conforme o líder do Povo Sucata se aproximava desferindo golpes devastadores com os punhos enquanto tentava atingir o oponente; com saltos e recuos precisos, o guardião evitava os mesmos, mantinha sua espada embainhada até praticamente chegar ao final das centenas de metros que eles tinham como arena quando então em um movimento praticamente impossível de se crer ser possível executar, o espadachim saca sua espada e ataca o ombro de Honor com força e técnica perfeita! No entanto, apesar de todos acreditarem que seria um golpe preciso e poderoso que deceparia o braço mecânico do líder, ao invés disso, se viam faíscas de metal contra metal, sendo a espada embainhada novamente com extrema velocidade sem nenhum arranhão visível ao corpo do líder ConstructHonor!

Tão rápido quanto o golpe de espada foi a sequência do movimento, pois como um relâmpago o espadachim realiza um deslocamento para a esquerda com vigor, fazendo Honor apesar de seu peso bruto e do impacto que se mostrou ineficiente, girar seu corpo gigante sobre a perna direita e seguir atacando com a mesma tática de ataque sem fim, buscando não perder o espaço que acreditava ter conseguido conquistar, tentando manter seu desafiante pressionado com o ataque sem fim!

O Guardião então reinicia sua aparente estratégia e continua à recuar entre saltos, deslocamentos, recuos de passos e até mesmo acrobacias enquanto Honor segue para cima como um búfalo desenfreado, atacando com golpes de braços sem parar até que chegam à outra extremidade do palco de batalha quando novamente o guardião saca sua espada, ataca o mesmo braço que atacou anteriormente, novamente sem efeito e uma vez mais guarda a espada, se desloca para a esquerda velozmente e Honor, tentando manter o ritmo até conseguir algum resultado, buscando manter o que vinha fazendo, executando a mesma reação, detendo seu movimento com força, gira sobre a perna direita e continua seu ataque sem dar tréguas ao guardião!

A cena continua a se repetir, o Povo Sucata que não era amante de violência, assistia à tudo em silêncio e ficava a tentar entender o que viria após o combate, fosse qual fosse o resultado, o que mudaria em suas vidas… Por sua vez, AngryHurricane observava com frieza e expectativa pois torcia pela derrota de Honor afinal de contas, tomar a liderança do Povo Sucata tendo de disputar com um vivo seria muito mais fácil, a sociedade deste povo guardava muita mágoa e temor dos vivos, além de que Honor tinha prestígio coisa que um recém chegado não teria… Se Honor caísse, preparar a queda de um vivo seria muito mais fácil e ele comemorava o momento de talvez finalmente se tornar o líder que buscava ser!

A batalha pela liderança dos Sucatas continuava, os desafiantes chegavam novamente ao final da linha e o guardião uma vez mais sacava sua espada, golpeava o ombro de Honor, faíscas elevavam-se aos céus sem qualquer efeito físico ao líder robusto, e uma vez mais o espadachim veloz muda a trajetória se jogando para a esquerda velozmente, enquanto o pesado líder sem desanimar e ainda enfurecido, trava seu movimento violentamente de novo, gira sobre a perna direita e uma vez mais saindo em perseguição ao guardião que novamente tinha sua espada embainhada e continuava à recuar… “- Até seu estilo de luta mudou covarde? Vai ficar fugindo o combate inteiro milenar?

Era Honor quem esbravejava e avançava, ao passo que a moça disfarçada de homem em meio à multidão observava a luta com atenção e certo receio, afinal se seu guardião fosse derrubado, o que seria dela, pensava aflita... E apesar de não entender nada de estratégias de luta ou mesmo de lutas em si, chamava-lhe a atenção que alguém tão experiente e tão brutal em combate como ela tinha visto até então, estivesse apenas recuando e sequer conseguia atacar ConstructHonor… Intrigada e curiosa, ela cogitava em voz baixa como se fosse um pensamento escapando em palavras… “- Ele realmente planejou tudo tão mal a ponto de sequer perceber que sua espada não podia perfurar a blindagem do líder? Isso… Isso não faz sentido algum com tudo que já vi dele… O que… O que está acontecendo aqui afinal…

O fim da linha chega novamente, os olhos do guardião brilham e ele sorri… Honor chega com seu golpe mais poderoso... O guerreiro espadachim saca a espada, ataca, novamente sem surtir qualquer efeito e se desloca violentamente para a esquerda e quando ConstructHonor repete o movimento de sempre, eis o resultado da estratégia do guardião… Ao girar sobre a perna direita, perna essa que já havia executado sem parar o mesmo movimento, sob absurda movimentação e velocidade, a mesma não consegue mais suportar o peso e a pressão gigante exercida pela batalha repetidamente, vindo sob impacto sonoro assustador a se partir por completo, saltando pedaços da mesma para diversos lados, separando-se por completo do corpo do gigante, ficando fios, circuitos, processadores e sistemas hidráulicos totalmente expostos!

ConstructHonor cai por terra, arrastando-se com a força da velocidade e do ataque com que vinha em direção ao guardião, parando a dezenas de metros do desafiante, caído, sem sua perna direita, esfacelada na altura da virilha e por consequência completamente indefeso, pelo menos era assim que viam o resultado os presentes... AngryHurricane chega esboçar felicidade com o acontecido, deu-lhe prazer ver a derrocada de ConstructHonor, em sua visão agora era esperar o momento certo e destituir ou sumir com o novo líder…

O guardião então, observando a cena de Honor caído sem mais poder combater, energiza seus olhos e desaparece, aparecendo sobre o peito de Honor encostando sua espada na testa do líder Sucata, esperando que ele reconhecesse abertamente a derrota… Honor por sua vez urra em fúria e aciona todos os armamentos que possuía, disparando micro mísseis e feixes de próton que rasgaram o vazio em direção ao céus, tentando atingir o oponente com um último ataque, mas infelizmente tudo em vão, visto que o guardião novamente desapareceu, aparecendo atrás dele com a espada sobre seu pescoço, desta vez com expressão séria, esperando as palavras de Honor que ele queria ouvir… O gigante líder, visivelmente decepcionado consigo mesmo, brada em tom alto respeitando a honra que fazia parte de seu ser… “- O combate está encerrado… O Povo Sucata tem um novo líder…"

O guardião então guarda a espada e vai caminhando até o centro da arena onde com voz poderosa, abre os braços e enquanto dialogava, ia virando-se conforme era possível para analisar e observar a todos ali presentes… “- Estimado Povo Sucata… Como seu novo líder, tenho já de saída algumas exigências à serem feitas… A primeira delas é, que AngryHurricane se apresente ao centro e fique frente à frente comigo…

Todos ficam sem entender o que o espadachim estava pretendendo, a própria moça cogitava que não fazia parte da personalidade que ela conheceu, que aquele que a guarnecia fizesse tanto esforço apenas para resolver uma desavença com um ciborgue… De qualquer forma, sob os olhares curiosos de todos, principalmente de ConstructHonor, Hurricane com olhar debochado faz o ordenado, e chega até a frente do novo líder, de braços cruzados como se desdenhasse do espadachim… “- Tudo isso só pra se vingar de mim? Vocês vivos são realmente prepotentes…

Um risco então, quase como um relâmpago é pressentido mas impossível de ser visto ou sequer evitado e eis que AngryHurricane caía ao chão, sem sua perna direita, totalmente avariado soltando faíscas e esbravejando em fúria… Honor, a moça e os demais ficam espantados com a atitude gratuita e sem qualquer necessidade segundo a visão de todos, mas, ainda observam em silêncio, obedecendo as leis que regiam aquela sociedade excluída daquele mundo completamente sem empatia ou piedade… O guardião anda ao redor de um Hurricane esbravejante e brada à plenos pulmões: “- ConstructHonor… Como novo líder do Povo Sucata, ordeno que conte à todos sobre o problema que você vem tentando resolver há meses…

O ex-líder do Povo Sucata, expressando real sentimento de não entender do que se tratava, pois não havia como o guardião saber de algo tão secreto, e sem querer dar pistas que levassem o povo a perceber o problema que tinham em mãos, argumenta: “- Não sei do está falando andarilho… Realmente não sei onde quer chegar com tudo isso…

O guardião por sua vez, embainha sua espada novamente enquanto caminhava e insistia, sabendo que o honrado ciborgue apenas estava tentando manter a verdade oculta ao máximo que pudesse… “- Vamos Honor, não temos o dia todo, eu tenho uma jornada para empreitar… Conte a seu povo, a tragédia que vocês têm vivido nos últimos meses e que você tem evitado que seu povo sofra mais ainda sabendo de tal ferida em meio sua sociedade…

ConstructHonor não via mais possibilidade de esconder, estava claro que o guardião de alguma maneira sabia do que estava falando, e agora, pelas leis, ele era um subordinado ao novo líder, deveria obedecer… Entre faíscas e pequenas micro explosões em seus circuitos na perna direita, ele inicia sua narrativa…

- Há alguns meses, um integrante novo de nossa sociedade, ao qual batizei como Without Esteem, foi recebido por nossos socorristas assim que o recolhi à beira de um lixão quase em pedaços… Infelizmente, no dia seguinte não o encontramos dentro da Gear Cradle e cogitamos que tivesse saído por conta própria… Mas também desapareceram na mesma semana Engine Stopped e logo depois Sound Whistle… Montei uma equipe de buscas e por dias vasculhamos os territórios que ocupamos em busca de nossos irmãos… Até então não tínhamos qualquer ideia do que estava acontecendo, mas os desaparecimentos continuaram, e hoje… Infelizmente somamos cento e vinte e oito Sucatas à menos em nossa comunidade… Desaparecidos sem qualquer vestígio…

O guardião então vira-se e caminha pelo local, com calma, como se analisasse tudo, ponderando e pensando qual a melhor maneira de expressar o que tinha pra dizer… Ele aproxima-se novamente de Hurricane que entre bravatas e reclamações indagava o que ele tinha à ver com o assunto e eis que o espadachim para diante dele colocando o pé em seu peito e com tom de voz seco e imperativo apenas o observa por alguns segundos para logo em seguida sugerir, como que se contendo seu corpo e movimentos… “- Nos conte sua parte nessa história… AngryHurricane…

O androide então observa o homem à sua frente com seus olhos amarelos à observa-lo, olha ao redor observando todos que o encaravam sem entender o que acontecia, e valendo-se desse sentimento é que ele tenta resolver a situação: “- Irmãos, eu não sei do que esse homem fala… Ele é um ser vivo, entrou em nosso mundo, derrubou nosso líder e agora me pede para falar sobre coisas que desconheço… Isso é justo irmãos?

Mais um deslocar de ar, um raio risca o dia de novo e o braço esquerdo com um pedaço do ombro de Hurricane voa pelos ares… Sequer foi possível notar o saque de espada, sequer se pode ver a lâmina voltar à bainha, mas o golpe havia acontecido, e havia sido brutal… O guardião então insiste antes de mais reclamações por parte de Hurricane: “- Não irei dizer qualquer coisa além de pedir a verdade... Não te darei o prazer de alegar que estou te obrigando a dizer coisas... Quero a verdade sobre tudo isso... Quero a resposta certa, o assunto certo e você sabe qual é... Ainda temos partes de seu corpo que podem voar…

AngryHurricane então percebe a situação a qual se encontrava, ele olha para Honor que tem uma expressão de quem não acredita no que estava começando a se desvendar diante de todos... O ciborgue então tenta uma vez mais argumentar, mas antes que falasse, seu braço direito voa para cima em três partes e por final a perna também é decepada e empurrada para longe…

AngryHurricane urra de indignação e por final dá-se por vencido não vendo outra saída à não ser obedecer ao guardião uma vez que restavam-lhe tão somente cabeça e tronco do que já fora seu corpo... Em frações de segundos ele pondera sobre contar a verdade o que com certeza seria o fim de seus planos, porém antes que pudesse ponderar uma segunda opção, praticamente começou a entrar em pânico quando a ponta da espada do guardião encostava em sua testa, segurada pela mão direita do guerreiro ao cabo e a esquerda sobre o cabo, pronto para empurrar e perfurar seu crânio… A voz do guardião, fria como a neve, disparava uma vez mais… “- Não estou com paciência para mais brincadeiras Hurricane... Cinco segundos e ninguém mais vai poder te consertar de novo..."

Assustado, diante do público que se mesclava entre estar curioso, confuso e atento, inclusive o avariado ConstructHonor, AngryHurricane então em atitude impensada começa a finalmente contar o que ele sabia sobre os desaparecimentos mencionados: “- Fui eu... Por favor não me destrua... Eu fiz isso, é culpa minha eu reconheço... Eu os vendi, eu os entreguei diretamente aos compradores... Por favor não me destrua, eu só quero ter uma existência melhor, isso não é um crime... Por favor, me deixa viver...

A Gear Cradle inteira expressava o mesmo sentimento de surpresa... A moça, oculta entre os Sucatas estava impressionada com a situação… Nada disso havia sido falado, mas seu guardião percebeu tudo e estava resolvendo a situação de forma brutal como ele sempre fez e algo ainda maior e mais surpreendente estava para acontecer, ela podia sentir nos pelos de seus braços, a tensão era gigante... O Povo Sucata ainda esperava uma ideia para seguir em frente, pois seu líder tombou, um novo estava à desmembrar um irmão, mas esse irmão se declarava o próprio carrasco de seu povo…

 ConstructHonor então baixa a cabeça e completa, percebendo que seus temores eram reais… “- Descobrimos marcas que indicavam que alguém havia sido arrastado... E sempre que alguém desaparecia, novas marcas similares eram encontradas e... E em todas elas… Sempre haviam pegadas idênticas acompanhando a trilha, era fato que o mesmo ser estava carregando todos… Alguém estava carregando nossos irmãos para fora daqui e o mais triste é que... Um de nós sumia sempre que alguém desaparecia…"

O guardião ergue sua espada, gira a mesma na mão a colocando-a novamente na fronte de Hurricane, e então vocifera: “- Queremos os detalhes, AngryHurricane!

Temeroso, o ciborgue Hurricane se agarrava a um fio de esperança, de que a verdade dita em seus detalhes pudesse render-lhe algum crédito e quem sabe assim salvá-lo…“- Eles pagam bem… Eu só vendia os que estavam deteriorados já… Eram um problema pra nós e não iam ajudar em nada… Com o retorno que eu estava tendo dessas vendas, eu poderia comprar peças de reposição e melhorar a vida pra quem ficava… Fiz pensando no nosso lar, o lar dos Sucatas…

O guardião com seus olhos amarelos brilhando forte, vira para o lado, olha para o horizonte como se buscasse força para suportar a raiva que o consumia, virando-se de novo para Hurricane, quase rosnando ao perguntar: “- Agora diga… Quem são seus compradores?

O ciborgue temente pelos próximos momentos, pois sabia que essa resposta seria definitiva para sua sobrevivência, divaga e tenta achar um meio, uma resposta que o salvasse, mas os olhos do guardião irradiam-se ao máximo como que sentenciando o mesmo a falar a verdade, e ficava claro que o espadachim sabia a verdade e podia identificar a mentira caso ela viesse: “- Em tom claro e alto, para que todos o ouçam Hurricane…” Finalizava o recém nomeado líder dos Sucatas…

Sem opções e agora acreditando que talvez Honor pudesse intervir por ele, Hurricane revela a verdade fatal não tendo mais como adiar a resposta… “- Para donos de arenas… Eles são colocados dentro dela para serem destruídos das formas mais diversas para que os demais se divirtam… Eu os vendi para arenas de demolição!

O Guardião praticamente urra em fúria olhando para os céus e então a espada do mesmo se finca até o cabo na fronte de AngryHurricane atravessando a cabeça do mesmo e avançando chão à dentro, momento esse em que o guardião fica cara à cara com o ciborgue já em colapso quase completo de seus sistemas, tendo como uma de suas últimas visões, os olhos em intenso amarelo do ser que profere suas últimas palavras antes do maquiavélico Hurricane deixar de existir: “- Trair sua família, aqueles que te receberam como um irmão… Não há crueldade pior que essa!

A espada então é girada para a esquerda, depois para a direita destroçando todo o interior da caixa craniana robótica, dando fim à existência do ciborgue AngryHurricane de forma selvagem… A lâmina então é retirada com brutalidade e logo depois, com um chute potente desferido pelo espadachim, o que restou da carcaça sem qualquer vida ou energia devido o cérebro positrônico do ciborgue ter sido destruído, rolou por metros pelo chão do local…

Todo o local estava em um silêncio sepulcral… O guardião não movia um único músculo… ConstructHonor baixou a cabeça, desiludido, decepcionado, ele suspeitava, mas não quis acusar sem provas e por sua culpa, seu povo continuou desaparecendo… A jovem, que camuflada em suas vestes à tudo observava, escorria uma lágrima de seus olhos, reflexo de seus sentimentos de tristeza, revolta, surpresa, comoção… O Povo Sucata se mantinha estático, mas se via neles sentimentos se manifestando mesmo que de forma lerda, como se não conseguissem expressar tal coisa sem dificuldade…

Então passos lentos são ouvidos, e uma ciborgue, do tamanho e aparência de uma criança, fica à frente dos demais com olhos estáticos que praticamente não conseguiam definir o misto de emoções que explodia dentro da pequena autômata, muito provavelmente construída para ser amiga de alguma criança, ou a filha substituta de algum casal sem filhos, posteriormente abandonada quando não necessitavam mais de seus serviços… Com vários de seus mecanismos expostos, a pequena segurando as duas mãozinhas, olhando para o guardião pergunta: “- KindWill foi levado para ser destruído então?

O guardião olha para a pequena, baixa a cabeça como se reunisse palavras, vira-se e vai até ela agachando-se perto da ciborgue já com sua espada na bainha e, segurando as mãozinhas frias da menina, por assim se dizer, com uma feição meiga e protetora, responde calorosamente a ela: “- Não se desespere… Você pediu com todas as forças para que seu protetor KindWill voltasse em segurança não foi? Então continue acreditando, continue pedindo, suas preces serão ouvidas pequena e em breve estará com ele novamente… Acredita em mim?

A pequena sorri, e volta correndo para próximo dos outros com quem ela estava ao passo que o guardião toma o centro do lugar e conclama à todos que ouçam suas palavras: “- Há meses seu líder ConstructHonor, está tentando resolver o mistério de irmãos da sociedade de vocês que estavam desaparecendo… Minando suas buscas e seus esforços para impedir e resgatar seus amigos, estava este lixo, AngryHurricane… Banido como vocês da convivência da sociedade comum mas sem o mesmo espírito de gratidão por aquele que os reuniu e por vocês mesmos, pensou em conseguir dinheiro para reparar seu corpo e seus mecanismos, saindo daqui assim que pudesse… Usou e abusou de suas boas vontades e de suas confianças assim como de suas vidas…

O guardião caminha pela arena e então aponta para ConstructHonor, caído ao chão, continuando: “- Este líder foi quem tentou descobrir e resolver tudo, sem deixar que percebessem a tragédia que se abatia sobre vocês… Os tendo como irmãos e alguns como filhos e filhas, sofreu sozinho enquanto este lixo do Hurricane vendia vocês… Isso agora terminou e se alguém aqui simpatizou ou participou de tais ações, tem a chance de se redimir agora, trabalhando em prol do Povo Sucata assim como Honor trabalha e vive em prol de vocês…

Fazendo uma breve pausa, tendo toda e qualquer atenção voltada para si e suas palavras impactantes, o espadachim então vai até ConstructHonor e o ajuda à se levantar, ficando abaixo de seu braço direito para lhe dar sustentação, atitude essa que Honor não conseguia entender por sua vez e enquanto começavam a se mover, o guardião ciente de que o derrotado não estava à entender nada do que acontecia, cochicha: “- Eu não poderia usar com força a espada sem te despedaçar, nem poderia te derrubar de verdade pois isso não ajudaria para conquistar o respeito de seu povo… Precisei que você mesmo caísse por conta para não ser derrotado por mim... Me desculpe por sua perna…

Enquanto o ser de olhos amarelos ajudava o ex-líder do Povo Sucata à chegar novamente ao centro do local, a jovem protegida, que a tudo assistia profundamente comovida com os acontecimentos, corre em direção aos dois mesmo sem ter a mínima ideia se seria bem recebida e, segura firmemente a cintura de Honor, num esforço inútil fisicamente de fazer alguma diferença, mas que ela se sentiu impelida a fazer ainda assim... Sua ação na verdade externava seus sentimentos que não cabiam mais dentro de si assim como afeto e concordância com a postura de seu guardião e eis que chegando ao centro do lugar, uma nova surpresa esperava à todos…

O espadachim servindo como suporte ao lado de ConstructHonor, ergue o braço do gigante e brada à todos fazendo com cada ser que ali estava prestasse a atenção máxima à si e suas palavras: “- Como líder atual do Povo Sucata, minha ordem é suprema… Assim sendo, eu apresento à vocês aquele que eu julgo o mais digno dessa posição… Porque qualquer um portando uma espada e com muitas fontes de informação, pode matar ou descobrir mistérios, mas somente alguém com uma alma pura de verdade e empatia por seu próximo, pode liderar um povo incrível e único como vocês… Saúdem ConstructHonor, o verdadeiro líder do Povo Sucata! E se alguém discordar dessa ordem, hoje ou no futuro, minha espada e eu estaremos prontos para resolver tais diferenças!

Em uma manifestação que começou lenta, mas ao mesmo tempo intensa e emotiva, todos os mais de 3000 ciborgues presentes, começaram a ovacionar aquele que conheciam como líder e que agora voltava a seu lugar… Sentando o pesado ciborgue ao chão, antes que o mesmo pudesse ser encostado ao solo, as palavras surgiam da boca de Honor, tentando entender: “- Porque… Para que tudo isso?

O espadachim assim que o deixou confortável da forma que era possível, olhou para a protegida que o acompanhava e voltando a olhar para Honor, falou em tom que somente eles ouvissem… “- Eu descobri a traição de Hurricane tem tempos… Não poderia fazer nada contra ele porque sem provas até você ficaria contra minhas atitudes… Com este teatro eu pude fazer o maldito confessar tudo e provei ao seu povo e a você, que ele era o criminoso! Assim como líder, pude ser júri e carrasco executando seu julgamento e execução! Sei que sua índole meu amigo Honor, não permitiria matar um de seu povo, mesmo sendo Hurricane, então tomei seu lugar para que não carregasse esta culpa… Me desculpe pelo show bizarro, mas era o jeito de resolver tudo que estava pendente sem prejudicar você e sua gente…

O samurai se ajoelha e faz uma reverência pedindo o perdão ao robusto ciborgue enquanto Honor e a moça ficam sem ação... Era incrível perceber só então como tudo tinha sido conduzido à fazer todos chegarem à revelação e que houvesse poder de decisão nas mãos do samurai para tomar as atitudes necessárias... Aliado à isso, ainda existia uma preocupação com a honra de Honor, que fatalmente refletiria nos demais, em seus sentimentos, anseios e continuidade de sua sociedade… O espadachim então desfaz a pose de reverência e puxa de sua mochila uma caixa, uma espécie de maleta bastante espessa e tecnologicamente avançada, entregando-a nas mãos de ConstructHonor, completando sua frase final: “- Isto vai ajudar não só com sua perna, mas irá resolver o problema do seu povo se bem administrado… Tenho certeza, ninguém saberá administrar isso melhor que você!

ConstructHonor olha para a maleta recebida, sua expressão era de comoção, não por ele, não por sua perna, mas por ali estar contido praticamente a salvação de seu povo, algo que ele tanto almejava e não via meios de atingir… Como se puxasse o fôlego supremo ele berra à plenos pulmões fazendo até mesmo o espadachim e a moça se ocultarem atrás dos braços: “- IRMÃOS… PREPAREM OS HORSETECHS, QUERO OS DOIS MELHORES EM FUNCIONAMENTO PERFEITO O MAIS RÁPIDO POSSÍVEL!

O Povo Sucata começou à se mover rapidamente e partiram todos para cumprir as ordens de Honor enquanto sentado ao chão, o gigante líder dos Sucata estende a mão emocionado ao guardião que responde o cumprimento e era Honor quem expressava o sentimento dos dois: “- Me desafiou para conquistar o poder para julgar Hurricane e assim me livrar da agonia de matar um dos meus… Teve a decência de não me humilhar diante de meu povo no combate, mantendo minha honra diante deles… Resolveu um mistério que estava destruindo minha paz e trouxe justiça aos injustiçados... E agora me entrega a chave da salvação para meu povo… Não tenho como agradecer nem que passe a eternidade à tentar fazê-lo… Meu amigo!

O guardião sorri levemente, se sentia satisfeito com o desfecho daquele dia e assim a noite vinha chegando e, como convidados de honra o guardião e a protegida que ainda se passava por homem, passaram a noite no local de forma agradável e tranquila! Na manhã seguinte, antes do sol nascer se colocavam em marcha agora devidamente montando um cavalo mecânico, os chamados “HorseTech”, movidos à energia solar, capaz de cruzar grandes distâncias sem precisar de qualquer reparo ou descanso…

Chegando até ao topo da colina que cercava o local da Gear Cradle, eles detém seu movimento para verificar o último evento que o guardião queria assistir… A jovem também para e fica olhando para o local tentando buscar algo e eis que então avista uma movimentação mais ao longe, como se várias pessoas estivessem chegando ao local sagrado dos Sucata… O espadachim entrega o binóculo à jovem que olhando pelo mesmo, percebe na verdade se tratar de Hoshino seguido de vários ciborgues…

Ela olha para seu guarda-costas sem entender do que se trava e este, com um semblante de tranquilidade explica… “- Quando soube dos crimes de Hurricane ele já tinha vendido três, e eu infelizmente não fui capaz de localizar em qual arena eles estavam antes de suas destruições… À partir de então monitorei seus passos e uma vez que ele entregava um ciborgue, eu interceptava o atravessador sem que ele percebesse que eu estava agindo e com isso consegui resguardar cento e vinte e cinco dos cento e vinte e oito que o maldito vendeu, os escondendo no depósito de um amigo lá no vilarejo… Quando saímos ontem, pedi à Hoshino que hoje pela manhã os conduzisse de volta ao seu lar, eles são muito amistosos e atenderam à ele desde o primeiro momento com boa receptividade… Veja…

O espadachim aponta para um local mais à esquerda onde uma pequena figura corria e se abraçava em alguém e com o binóculo a jovem pode confirmar, era a pequena ciborgue do dia anterior, abraçando-se provavelmente a seu esperado KindWill, e lágrimas fartas escorreram pelos olhos da moça ao observar a cena calorosa…

O homem de olhos amarelos então vira seu HorseTech e começa à retomar a marcha enquanto ela ainda admirava a cena incrível que acontecia no local… Questão de segundos apenas para se despedir de um local que ficou tão pouco tempo mas viveu tão fortes emoções, e então ela vira-se e acompanha seu guarda-costas contratado com algumas dúvidas ainda em mente... Arriscando já ter liberdade para tal, ela questiona: “- Quanto a maleta que entregou à ConstructHonor… Pode me explicar o que continha nela que o deixou tão feliz?

O guardião com seu “kasa” abaixado diante dos olhos sorriu e explicou: “- Nanobots… Espécie de seres microscópicos completamente tecnológicos que assim como nossas células tem a função de reparar mecanismos… Falando mais claramente são recipientes com uma espécie de pasta que se espalhada sobre um mecanismo com defeito, reconstrói o mesmo como nosso corpo faz com nossos ferimentos... Tem o suficiente ali para a perna do Honor e para restaurar o funcionamento perfeito de todo seu povo… Bem administrado como sei que ele fará, poderão viver em paz e em bom funcionamento por muito tempo…

A moça sorri finalmente, era reconfortante saber com que tipo de pessoa ela estava a viajar… As atitudes dele nem sempre tinham uma explicação nítida ou instantânea, mas era inegável que ele tivesse cometido alguma injustiça até agora… A jovem olha para trás uma vez mais e como se confirmasse as palavras do guardião, ela avista ConstructHonor, caminhando, em direção aos que chegavam… Sua atenção só foi removida da vila do Povo Sucata ao ouvir a voz de seu guia que dizia…

- Seijuro… Nishimura Seijuro é meu nome… E o seu?

Sem acreditar no que estava ouvindo, afinal ela havia feito essa pergunta tinha quase um dia de intervalo, a jovem vira-se para olhar no rosto de seu guardião e o mesmo seguia sua marcha, seu “kasa” abaixado, sem expressar qualquer outra palavra ou expressão… Um sorriso e uma esperança de que algo diferente do que abusos e escravidão poderia estar acontecendo em sua vida mesmo que por pouco tempo, estampava o rosto da jovem protegida que se anima em vencer a timidez e responde:

- Sayuri… Noguchi, Sayuri…

O guardião então sorri por debaixo de seu “kasa” e completa, satisfeito: “- Belo nome… Agora que fomos oficialmente apresentados, acho que poderemos ser bons amigos… Seja bem-vinda Sayuri! Aliás, bela atitude a sua de me ajudar a levar o grandalhão para o centro da Gear Cradle!

Sayuri sorri, principalmente por saber que com seu porte físico e altura ela não ajudou em nada, mas o reconhecimento de seu guardião, era algo muito bem-vindo, principalmente para alguém com sua história passada...

Os dois seguem por alguns segundos com os cavalos cibernéticos em passo lento, um sorriso em seus rostos e o sol a nascer à frente deles como a brindar o começo daquele novo dia, aquele novo começo... Ambos, embora não pudessem ler o pensamento um do outro, se sentiam estranhamente satisfeitos por estarem conversando, algo que não fazia parte do cotidiano de nenhum dos dois em seus dias anteriores, mas que se tornava mais comum à cada momento...

O mundo estava mudando para os dois e ambos recebiam muito bem essas mudanças em seus íntimos...

Continua...

Grund-Tharg - Cap. 25: "- Aproximação pelo Monte Egophia!"

O dia amanhecia, como há muitos dias não acontecia, com o grupo despertando em camas, dentro de moradias, o cheiro de comida nova emanava pe...