quinta-feira, 29 de julho de 2021

Grund-Tharg "Força Infinita" - Capítulo 9 - "- O Abismo de WinterLess!"


No episódio anterior de Grund-Tharg:

Do nada, pegando de surpresa os atentos e o próprio bárbaro ainda em confusão com o ocorrido, eis que o que era ordem pura vira o caos completo… Um som potente invade o local, persistente e assustador como se fosse um alarme, retumbando por todo e qualquer local e imediatamente toda a guarda da cidade se coloca em movimento! Lady Betrayal se mostra surpresa enquanto Jhon, Nissa e Syndra se preparam para agir ao passo que Grund e Akron ficam sem entender o que se passava… Era Betrayal quem encerrava o assunto antes de partir: “- Wigferth dará os detalhes e os suportes para suas missões, lhes desejo sorte e a proteção de seus deuses!”

A regente de WinterLess desaparece como se tivesse pulado e sumido na escuridão enquanto Jhon e as demais seguem em disparada rumo à região sudeste da cidade… Grund e Akron os acompanham e era Grund quem berrava tentando entender o que se passava: “- AFINAL DE CONTAS QUE PORRA ESTÁ ACONTECENDO?”

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Nissa que estava mais atrás chama a atenção de todos para que se agrupem, Syndra entende a ideia e então quanto ambas tocam nos demais, o teleporte novamente ocorre, à exemplo do que fizeram no Fosso do Réptil e eles surgem, diante do portão imenso da parede que protegia a cidade do que pudesse surgir do abismo e tão logo tocam o chão, Nissa explica:
 “- O alarme do Abismo disparou, algo está se movendo das entranhas do solo para cima, quando isso ocorre, todo e qualquer defensor da cidade corre para cá, não importa o que estiver fazendo!”

O alarme continuava aos berros e parecia estranhamente, que aquele grupo de novatos eram os primeiros e únicos à estarem ali o que era totalmente fora do esperado… A visão devia ser muito diferente pensavam Jhon, Nissa e Syndra, mais habituados às rotinas da cidade, uma vez que dezenas e dezenas de defensores deveriam estar ali agora prontos para cruzar os portões e averiguar a ameaça, mas estava vazio, completamente vazio, enquanto que do outro lado, rosnados e barulhos aterrorizantes à qualquer um desacostumado às batalhas, transpunham a elevada e reforçada fortaleza…

“- Devemos abrir os portões e avançar?” Era Syndra quem indagava, preparando seus gestos para invocação de magias, ao passo que Jhon meneou a cabeça argumentando: “- Se abrirmos os portões, que no momento sequer parecem estar sendo forçados, poderemos estar mostrando a rota aos nossos atacantes… Eu sugiro que vejamos tudo lá de cima antes…”

O kellintorita olha para cima da muralha, Grund capta a ideia, havia um jeito de entrar em ação sem ir contra as ideias dos demais, sua real vontade era meter o pé no portão e avançar como um touro contra os oponentes, mas a explicação de Jhon era plausível e colocar os inocentes em perigo, não era seu estilo… Num movimento rápido, Grund se prepara para escalar a parede quando então Akron toca em seu braço com uma ideia melhor… “- ME arremesse, eu sou leve, chego lá rápido e verei se a parte de cima é segura antes de pularem, então todos avançam em segurança!”

O bárbaro apesar de querer entrar em ação o quanto antes, adorou a ideia de poder arremessar Akron céu acima, mas acima de tudo, gostou de seu estilo de agir e, com um movimento vigoroso Tharg segura Akron pelo braço direito, faz um giro no ar e arremessa o tiefling para o topo da construção com precisão tamanha que o pequeno pousou exatamente ao lado da murada, agarrado e oculto de qualquer um que pudesse estar ali naquele momento! Ele observa toda a extensão daquela parte da muralha, o local estava deserto e, o mais angustiante de tudo, com sinais de sangue e batalha… Akron acena para os aliados e em segundos, Nissa e Syndra levavam os quatro para o topo do lugar, enquanto Akron já estava à olhar para o outro lado da construção com expressão de preocupação: “- Vocês precisam ver isso…”

A cena era por demais bizarra… Dezenas, talvez centenas de criaturas cambaleantes e extremamente mal cheirosas, vagavam pelo lugar, corpos gosmentos, putrefatos, com garras afiadas e olhos vermelhos que brilhavam em meio ao cenário cinza e cheio de ruínas do local… Nissa foi a primeira a proferir o que viam… “- Lívidos… Talvez centenas deles… Mas como e porquê?”

Grund-Tharg observando o cenário busca esclarecimento: “- Pra mim só mais mortos-vivos…”

Akron sem tirar os olhos dos seres contesta a exclamação de Grund-Tharg demonstrando capacidades que nenhum deles possuía em observar, explanar e agir ao mesmo tempo, era como se ele pudesse fazer todas essas coisas sem detrimento de qualquer uma delas: “- Às vezes as divindades malignas, infundem em um carniçal uma forte dose de energia abissal, tornando-os o que chamamos de lívidos. Ao passo que carniçais não são mais que bestas selvagens, um lívido é esperto e pode inspirar um bando de carniçais a seguir seus comandos. São do tipo morto-vivo sim, malignos sem exceção, rápidos e ágeis para sua raça original, enxergam no escuro e infelizmente para mim, não possuem pontos vitais como os mortos-vivos comuns, mas muito mais perigosos eu diria…”

Tharg observava tudo absorvendo as informações de Akron e então Syndra continua: “- São imunes à danos de magia negra, imunes à venenos por não possuírem pontos vitais, estão mortos e reanimados... Não sofrem efeito de magias mentais assim como nunca ficam exaustos…"

Agora era Nissa que tapando o nariz e fazendo cara feia continuava a descrever o inimigo que viam à frente: “- Sem falar em sua arma mais desonesta de todas, o fedor. Pode até achar engraçado Tharg mas, experimente a sensação de estar à 1,5 metro do lívido quando ele surgir em modo surpresa, você fica completamente atordoado por alguns segundos perdendo sua ação preparada…"

Jhon Raven, que a tudo observava com tranquilidade e compenetração, então exprime sua opinião: “- O lívido e quaisquer carniçais a até 9 metros de mim possuem vantagem de sua origem abissal e detém excepcional resistência contra efeitos de expulsar mortos-vivos. Minha benção não será muito útil contra eles eu creio…”

Akron novamente, informando mais detalhes para a batalha crucial que teriam agora, completa: “- E cuidado, muito cuidado com mordidas e garras, não vais te transformar em um como acontece com certas criaturas, mas com certeza irás ficar paralisado por bons instantes, o suficiente pra te comerem vivo… E então, qual será a estratégia?”

Grund-Tharg respira fundo, larga ao chão seu machado de guerra e retira da cintura, algo que ele havia sentido como que surgir ali, no momento em que a "aparição" de Betrayal falou ao seu ouvido… Ele ajeita a empunhadura de sua nova arma e olhando para os monstros responde iniciando um salto em direção ao solo para fazer o que mais gostava de fazer: “- Simples... Vamos fazer o que fomos contratados à fazer, proteger a cidade e os cidadãos… DESTRUINDO ESSE MONTE DE LIXO FEDORENTO AGORAAAAAAAA!”

O próximo som a ser ouvido foi o berro de Grund-Tharg partindo pra cima dos chamados Lívidos e iniciando a destruição dos seres repugnantemente fedorentos e agressivos! Ao observar a cena, Akron sorri largamente e se arremessa muralha abaixo seguindo o bárbaro; Syndra e Nissa sorriem e o seguem e Jhon Raven, apesar de não apoiar ação sem estratégia, saca sua espada e se arremessa junto dos demais em direção ao campo de batalha e tudo que ele queria naquele momento, era ser tão combativo e livre quanto Grund-Tharg parecia diante de todos naquele instante!

O combate se inicia, o grupo aparentemente espalha-se com cada um indo em direção à um flanco oposto, assim ficando Grund-Tharg ao norte, Jhon Raven ao sul, Syndra à oeste e Nissa ao leste para que cada um deles pudesse liberar o máximo de espaço para quando os demais heróis de WinterLess chegassem e assim iniciaram suas táticas!

Syndra e Nissa, cada uma em lados opostos usaram de suas magias de chamas, de várias facetas diferentes, Esferas Flamejantes, Rajadas Ardentes, Respiração das Chamas, Destruição Ígnea, Ataque Cáustico entre tantos outros e com sucesso iam limpando completamente os Lívidos de suas frentes ao passo que Jhon, com sua espada energizada e uma visível raiva ao atacar os inimigos, descarregava a fúria de Kellintor, Deus dos Mortos, que por todos os motivos possíveis odiava aqueles que driblavam a morte e usavam do corpo dos falecidos para criar criaturas antinaturais que não detinham o direito ao descanso eterno! O show do momento ficava à cargo de Grund-Tharg que de posse de uma maça estrela, arma composta por uma esfera gigante de ferro na ponta repleta de pontas afiadas, capaz de amassar e destroçar assim como perfurar, uma arma perfeita para o combate à criaturas sem um ponto vital, que chegava à brilhar intensamente enquanto rasgava a noite executando movimentos laterais, ascendentes e descendentes, com fúria extrema e capacidade brutal…

Cada golpe arrancava laterais inteiras das criaturas, pernas, braços, cabeças, embora não morressem eles ficavam aos pedaços sem poder reagir e se tornavam um campo de grama seca à ser incineradas pelas duas arcanas logo em seguida! Em poucos instantes a ameaça gigante parecia, estar sendo vencida e que em pouco tempo eles já estariam enfrentando as próximas hordas à surgirem mas algo mais incrível aconteceu ainda… Ao longe se observava as novas levas de Lívidos à queimar, sem externar qualquer dor eles continuavam à caminhar mas as chamas os consumiam e sequer chegavam até o grupo e ninguém conseguia entender como até que Syndra foi a primeira à perceber o pequeno flash rubro que circulava por eles, de ponto em ponto até culminar como ponto final, sob os ombros de Grund-Tharg que mal sentia o peso de tal para poder ter notado das outras vezes que o mesmo repetiu o ato...  Finalmente detendo seus movimentos, com seu marcante sorriso de orelha a orelha, empunhando um arco e flechas flamejantes que sem exceção, cada um dos Lívidos em chama carregava cravada em seu corpo… Com extrema felicidade e satisfação, equilibrando-se sobre os ombros poderosos de Grund-Tharg, Akron comentava: “- Agilidade é minha primeira graça, pontaria a segunda, e as duas belas feiticeiras lançando magias de fogo como munição, com um ponto de apoio forte e vigoroso como meu amigo aqui, bastavam alguma flechas em chamas e aquela que me batiza como aliada, a sorte, para ajudar a derrubar muitos desses gosmentos… Espero ter sido útil…”

Grund-Tharg olha para cima e somente então percebe que o pequeno incômodo que sentia nas costas era o tiefling utilizando o mesmo como base de arremesso de flechas e com um gesto tenta tirá-lo de lá, sem sucesso é claro, o pequeno já havia pulado para o centro do grupo onde os demais iniciavam à reagrupar-se e novamente estranhar o fato acontecido…

Grund-Tharg: “- Isso pareceu fácil demais para toda a pompa que fizeram com o tal abismo e a proteção da cidade... “
Jhon: “- Algo está completamente errado… Lady Betrayal não está aqui assim como mestre GrandTurin que seria o primeiro à chegar...”
Syndra: “- Os guardas da muralha também não estão e houve briga lá em cima…”
Nissa: “- Mas os portões continuavam fechados, as criaturas pareciam estar contidas aqui dentro então o que afinal aconteceu?”

De cima da muralha era a voz de Akron que surgia pedindo que todos subissem lá, uma vez que a situação da saída de inimigos do abismo parecia controlada e com a ajuda de Nissa e Syndra eles elevavam-se até o topo rapidamente onde o tiefling, que a tudo analisava enquanto eles conversavam, começava a explicar o que via: “- Batalha da brabas houve aqui, mas não há sinal de espadas ou armas, apenas arranhões nas paredes… Algumas delas parecem marcas de garras, são mais profundas na pedra, outras são sem dúvidas marcas humanas, onde se encontram inclusive algumas unhas presas à estrutura demonstrando a força com que o pobre coitado tentou se agarrar…”

Syndra e Nissa sondam o local magicamente e a maga em trajes rubros é quem, após um aceno de cabeça para Syndra, responde: “- Há sinal apenas de trevas, mas nenhum traço de magia aqui…”

Andando pelo local se podia observar ainda algumas manoplas de armadura, uma mão arrancada segurando uma porta, um par de hashis caído ao chão, um cálice repleto de restos de vinho... O grupo prossegue olhando o local e então um estrondo terrível, um urro gutural e terrivelmente assustador ecoa da direção abismo e todos correm para a beirada para olhar o que poderia estar acontecendo agora e então, a verdade brutal e a visão nada agradável…

Uma criatura de aparência aterradora e alta havia surgido do centro do abismo e rapidamente começou à alimentar-se dos lívidos caídos e seus pedaços arrancados para em poucos segundos aumentar de tamanho e se posicionar urrando para a direção do portão que encerrava as ruínas do abismo do resto da cidade de WinterLess… Era de um porte esquelético e bizarramente ao centro de seu corpo, suas costelas estavam abertas e ali dentro, um ser pequeno do tamanho de um gnomo estava preso em evidente agonia… O monstro ficou à observar a muralha... Grund-Tharg o observou aos olhos por alguns instantes e seguiu em direção ao machado que havia deixado sobre a muralha anteriormente... Ele apanha o mesmo e com uma arma em cada mão, indaga preparando-se para um novo embate: “- E agora… Qual é desse daí? Dá pra cortar e matar?”

Jhon Raven toma a frente da muralha, sua espada enegrece e começa à emitir energias poderosas ao mesmo tempo que ele responde: “- Digamos que, o pai dos mortos vivos, um devorador!”

Akron dá um breve pulo parando ao lado de Grund, agachando-se sobre a beirada da muralha demonstrando poderoso equilíbrio e, como já se tornava natural, completa a explicação: “- Devorador é a identificação que dão à ele... Esta criatura de mais de dois metros de altura e esquelética possui fiapos de carne mumificada pendendo de seus ossos. São criaturas grandes e malignas tal qual sua aparência sugere, espreitam dos planos astrais e etéreo, caçando nativos e viajantes com o mesmo prazer sádico com que matam quem se põe diante deles. A pequena criatura em sua caixa torácica é a essência aprisionada de um oponente assassinado, que é consumida como combustível para sustentar a existência antinatural do monstro. Esse aí tem cerca de 2,7 m de altura e pesa pelo menos 250 kg… Vai encarar senhor Tharg?”

Tharg olha para o pequeno e pela primeira vez esboça um leve sorriso ao tiefling, se lançando novamente muralha abaixo, ao passo que Jhon novamente franzia o cenho e os demais o seguiam. Enquanto corriam em direção ao monstro que se preparava para atacar com tudo, Jhon eram quem gritava: “- Atinjam seu centro, a criatura aprisionada ao centro é o que ele mais vai proteger, portanto, com certeza seu lugar mais vital… Ataquem com tudo!”

Com um simples gesto de mãos o monstro tenta deter o movimento de todos, fazendo surgir diante deles, agonizantes e em sofrimento indescritível, agora como mortos-vivos, os 40 guardas que deveriam fazer a proteção da muralha e haviam desaparecido misteriosamente… O efeito no entanto foi o contrário e até mesmo Akron que não conhecia nenhum dos guardas, ao perceber do que se tratava, enfureceu-se e lançou-se com seu sabre em punho para diante de Tharg gritando para que o arremessasse contra o monstro, o que foi prontamente atendido pelo bárbaro em carga fazendo com que o tiefling fosse o primeiro à chegar ao alvo e consequentemente o primeiro à ser rebatido para longe pela criatura!

“- AH SEU MONTE APODRECIDO DE CARNE MORTA, EU VOU ARRANCAR ATÉ O ULTIMO DE TEUS OSSOS SUA CRIA DO INFERNO!” A cena do aliado sendo arremetido em plena investida enfurece o bárbaro Tangdarth que instintivamente brilha seus olhos e se lança como um meteoro contra o monstro passando como um vento pelos corpos dos guardas que caíam com o vácuo deixado e finalmente um ataque atingia com força total o monstro chamado Devorador, obrigando o mesmo à cruzar os braços em defesa diante de si tamanho o poder do impacto recebido e por alguns segundos, os dois ficam medindo forças, Tharg tentando quebrar a defesa e dando tudo de si, enquanto monstro tentava manter sua postura e não expor seu ponto fraco, mas tão logo a força inicial de ataque de Grund cessou sua emanação, a criatura conseguiu arremeter Tharg para longe com o movimentos de seus braços, igualmente!

Jhon Raven chegava em carga com sua espada enegrecida à frente, correndo como nunca em linha reta diretamente ao inimigo, tentando atacar também o ponto fraco do mesmo, mas a criatura logo percebe a intenção e mexe os braços para contra-atacar com força total porém, ao executar a manobra percebeu não acertar nada além do vento para logo em seguida ouvir um brado que vinha de cima: “- POR KELLINTOR!” De espada virada para baixo, era o verdadeiro Jhon Raven quem descia dos céus enquanto sua imagem mágica criada pelas duas aliadas sumia do campo de batalha, permitindo que ele enterrasse até o cabo sua arma na pequena criatura dentro do Devorador…

Eles sabiam que aquilo não mataria nenhum dos dois mas pelo menos daria tempo das duas arcanas preparar suas magias de banimento, o que enviaria a poderosa criatura de volta ao seu plano astral original! O monstro furioso e agonizante entende o plano e revida, arrancando Jhon de suas entranhas, arremessando o mesmo contra as duas magas para logo em seguida bater o pé ao chão criando uma onda que reverberou por toda o terreno derrubando os três e mais Grund e Akron que já retornavam para se reunir ao grupo novamente!

A equipe, persistente e determinada, ergue-se novamente e prepara-se para a nova investida mas, um inusitado e inesperado acontecimento novamente se faz presente… Uma voz sussurra ao ouvido de todos os integrantes, uma voz feminina, suave mas ao mesmo tempo poderosa, dizendo ao íntimo de cada um:
“- Obrigado por protegerem à cidade até nosso retorno… Suas missões os aguardam… Desejo-lhes boa sorte!”.

Então, cada membro da equipe sentiu um gélido toque em seu pescoço e logo todos estavam em uma trilha bem conhecida de Grund-Tharg, sem dúvida alguma a Floresta Enluarada da qual o bárbaro era nativo... Alguém os havia removido da batalha a qual se empenhavam com tanto afinco e todos eles, reconhecendo a voz em suas mentes, tinham certeza absoluta de quem era, olhando para os céus noturnos e pronunciando em baixo tom que mal conseguia ser ouvido pelo colega ao lado: "- Lady Betrayal..."

Galeria de imagens:

Lívidos:

Devorador:

quinta-feira, 22 de julho de 2021

Airwolf - Ecos do passado! (Parte 3)


Pouco mais de 50 quilômetros de Little SandTree - Aproximadamente 21hs
Algo em torno de duas horas fora o tempo necessário para o poderoso veículo cruzar as distâncias entre o Covil do Lobo e as proximidades da pequena cidade de Little SandTree onde eles iriam pôr em prática o plano  combinado! Ambos tinham certeza se tratar de uma armadilha, apenas restava descobrir se era para capturar a tripulação, o Airwolf ou ambos; tentando se precaver para qualquer uma das opções, os três desenvolveram uma estratégia para surpreender seu inimigo e todos os detalhes haviam sido preparados durante o tempo de voo! Quando se aproximavam da autoestrada que dava acesso ao local, Hawke questiona seu amigo sobre mais um dos pontos daquela investida: “- E o sistema de supressão está funcionando já Dom?”

Acionando alguns comandos em seu painel, Dominic Santini confirma os dados recebidos e olha para Caitlin, na expectativa de que tudo estivesse pronto na parte da jovem também, o que com o retorno positivo foi respondido: “- Positivo e operante, a compilação da nova atualização que inserimos reagiu perfeitamente! Aquele filho da mãe terá uma grande surpresa!”

O experiente piloto acena positivamente com a cabeça sem olhar para trás e prepara-se para achar um local adequado para o pouso, a noite já havia caído havia tempo e as luzes da aeronave se fossem ligadas chamariam demais a atenção! Eis que ao passar por sobre a rodovia, que já estava dentro dos limites da cidade, eles avistam uma pick-up atravessada no meio da estrada em aproximadamente 500 metros à frente…

Os motores em modo furtivo não denotavam a presença do Airwolf para os ocupantes da caminhonete enquanto que os sensores da aeronave começavam a funcionar buscando que tipo de armadilha os aguardava naquele veículo suspeito, mas a resposta dos escaneamentos fora por demais repugnante e era Dominic quem irrompia em fúria com os dados: “- Hawke… Não é uma armadilha, são três homens e uma mulher e pela posição em que estão na carroceira da pick-up e a forma como estão à segurando, não preciso te dar mais detalhes para entender o que está acontecendo…”

Hawke, em um costumeiro cacoete quando irritava-se com algo, cerra os olhos e movimenta o manche do helicóptero pela autoestrada completamente vazia não fosse pelo veículo à frente, se aproximando dos desavisados criminosos com tamanho silêncio que só o perceberam quando os holofotes dianteiros do Airwolf foram acionados, colocando todos, inclusive a vítima em espanto…

A moça em pânico, usa da oportunidade e instintivamente busca suas roupas para se cobrir e fugir, mas um deles à segura enquanto o que estava por cima dela, agora se encontrava em pé, erguendo as calças tentando se vestir rapidamente e então, puxa a espingarda que mantinha a moça cativa sempre olhando para as luzes que os afrontavam… O homem então aponta a arma e fica a observar a luminosidade sem fim tentando compreender o que acontecia pois, nenhum deles conseguia distinguir o que, naquela escuridão estava à frente deles…

Com voz completamente imponente, através do sistema de áudio da aeronave, o piloto do Airwolf atende as expectativas de Dominic e Caitlin, proferindo: “- Escute lixo humano... Deixe a moça seguir caminho e eu pouparei suas vidas miseráveis… Um movimento em falso e então será seu último…” A aeronave começava a emitir um ruído desconcertante, resultado de seus exaustores que deixou os três homens confusos e os dois que seguravam a moça, começaram a se afastar da pick-up com temor pois não conseguiam decifrar o que era aquilo que os ameaçava ao passo que o que segurava a espingarda aponta a mesma carregando o cartuchos se preparando para atirar, aos berros: “- NÃO TENHO MEDO DE NENHUM ALIENÍGENA, SAI FORA DAQUI SEU FILHO DA PUTA QUE A VADIAZINHA É MINHA!”

Hawke coloca o dedo no gatilho e meneia a cabeça lentamente, como se dissesse “- Não faça isso” ao passo que não é atendido e observa, com certa ironia até, o estuprador à atirar contra a fuselagem do Airwolf, acreditando estar realmente fazendo alguma frente ao veículo… “- Você teve sua chance…” Sentencia o piloto e erguendo o nariz da aeronave, travando sua capacidade de elevar-se, aumenta a rotação das hélices principais criando um verdadeiro vendaval que começou à sacudir a pick-up, derrubando o homem armado de cima dela com violência, para logo em seguida a caminhonete virar por completo também como se atacado por um poderoso tufão!

Assim que a pick-up rolou estrada à fora, Dominic informava: “- A mulher está em fuga às 3hs, os dois imbecis que a seguravam seguiram direção oposta, estão correndo em pânico às 9hs enquanto que o valentão tá com as pernas quebradas no meio da autoestrada…” O piloto então se aproxima do homem ferido o suficiente para manter distância necessária e dispara uma rajada de suas machine guns, todas atingindo 50 cm distante nos dois lados do meliante, ação mais do que suficiente para dar à Hawke e os demais a satisfação de ver o arrogante criminoso se urinar por completo e chorar como uma criança antes de desmaiar em meio à rodovia… A aeronave manobra então e desaparece na escuridão da noite para cumprir seu plano que aliás, já estava em andamento!

Redondezas da cidade de Little SandTree:
A noite passa rápido, e no dia seguinte, o sol raiava de forma suficiente para que se avistasse longe, enquanto Dominic e Caitlin observavam Hawke seguindo em direção à pequena cidade, na tentativa de descobrir o que quer que essa cidade pudesse revelar sobre o inimigo oculto, esse era o foco naquele momento e em poucos minutos de caminhada, Stringfellow já estava na cidade, dirigindo-se ao que parecia ser a lanchonete do local!

A cidade com pouco mais de cinco mil habitantes, parecia uma cidade do velho oeste, com poucos na rua naquele momento mas com tudo muito bem definido... Barbearia, armazém, oficina, borracharia entre outros… A entrada da lanchonete era tipicamente americana apesar do visual western de Little SandTree e mais aconchegante ainda era seu interior… Hawke entra, olha para dentro, algumas pessoas tomavam café da manhã e o piloto segue rumo ao balcão para falar com o homem de espesso bigode que olhava feio para o recém-chegado…

“- Bom dia… Então, sabe de algo diferente nessa cidade?” Hawke interpela o dono da lanchonete que olhando feio para ele continuava e após alguns segundos encarando o veterano, continuou à passar pano no balcão, ignorando-o completamente... O piloto do Airwolf por sua vez, buscou olhar ao redor para tentar perceber alguém à o observar, como ele acreditava que estariam, até que, como se tivesse voltado atrás em uma decisão firme, o homem do bigode volta-se para Hawke ganhando sua atenção novamente: “- Olha cara, nada de novo acontece nesse fim de mundo, a única coisa nova aqui é você e, se o Bogan te pegar aqui você vai arrumar confusão… Ele detesta forasteiros e na maioria das vezes não é nada convencional na forma de solucionar as coisas!”

Hawke dá um sorriso e exclama satisfeito: “- Então com certeza deve ser com este tal Bogan que devo falar… Onde ele está?” A porta da lanchonete se abre, o veterano vira-se e à sua frente, com um palito de dentes na boca, óculos escuros, uniforme de patrulheiro e chapéu branco de ranger, um homem de expressão nada amistosa o encarava e a placa em seu peito não deixava dúvidas de que havia encontrado dois pontos chave de sua visita, o tal Bogan e o Xerife da cidade, ambos na mesma pessoa… Hawke se recosta no balcão com os dois braços ao passo que o Xerife aceita a provocação e vai direto à ele: “- Documentos… Estranho…”

O veterano com expressão séria, responde sem pestanejar ou gaguejar: “- Fui assaltado… Perdi documentos e carro… Estou em busca de registrar o ocorrido e minha próxima parada era a delegacia para efetivar a queixa…”

Bogan, o Xerife, observa Hawke de cima a baixo e fica por alguns segundos o encarando até que dá um assovio e três oficiais do condado adentram a lanchonete e, sob o comando do Xerife, tentam prender o recém-chegado. O primeiro leva a mão buscando pegar o pulso direito de Hawke, mas encontra apenas o vazio e a reação inesperada, pois com as costas da mesma mão, o piloto bateu com força no nariz do oficial, o fazendo ir para trás. Assim que esse fato aconteceu, os outros dois oficiais avançaram, mas sem experiência nítida para dominar um prisioneiro, tiveram seus narizes quebrados igualmente na confusão terminando a cena estirados ao chão… Assim que os três estavam fora de ação, o piloto então olhou para eles e logo para Bogan, completando a cena: “- Não gosto de homens me tocando… Agora podemos ir à delegacia registrar queixa?”

Mesmo contrariado, Bogan aceita a oportunidade e em questão de minutos estavam todos na delegacia... Local pequeno, apenas escrivaninhas e material de escritório naquela sala, que era a maior, após isso havia o banheiro, a cozinha e a parte separada que continha as celas onde eram colocados os prisioneiros... Hawke sentava-se diante de uma das escrivaninhas e o Xerife então, logo após colocar seu chapéu em um cabide afixado na parede, apanha um café e senta-se diante do piloto que o observava, o tempo todo aos olhos, tentando decifrar qual era seu papel nisso tudo… Bogan segue analisando Hawke por alguns segundos, numa espécie de quem fala primeiro, e finalmente dispara: “- Então, espera mesmo sair vivo daqui senhor Stringfellow Hawke?”

O veterano sorri, satisfeito em saber que com certeza estava no caminho certo de descobrir alguma pista sobre seu inimigo, respondendo à altura: “- A pergunta é se eu deixarei você ficar vivo após eu encontrar o que vim buscar…” Os dois se encaram por mais alguns segundos até que então Bogan saca sua pistola apontando diretamente para a cabeça do piloto que fica o encarando seriamente, como se o desafiasse à puxar o gatilho… Por alguns segundos ambos ficaram naquela situação até que o Xerife faz um gesto aos oficiais para que o algemassem, tarefa que agora foi fácil uma vez que Hawke estava sob a mira de uma arma e assim, conduzido à prisão dentro da delegacia…

Arrastado e arremessado para dentro da cela, o piloto vira-se para Bogan e questiona: “- Então o grande plano de seu chefe é me ver morrer em uma cidade esquecida no fim do mundo?” O Xerife, visivelmente irritado, cospe ao chão e apontando o dedo indicador da mão direita ameaça: “- Sua sorte é que ele gosta de jogos e me pagou muito bem pra te ver no jogo preferido dele, pois eu adoraria te meter uma bala na cara aqui mesmo e fazer você engolir essa arrogância... Seu tempo vai chegar, me aguarde aqui e…” Bogan dá um sorriso sarcástico, saindo do local com os demais oficiais, todos rindo enquanto completa: “- Não vá à lugar algum antes que eu volte!”

Os oficiais saem e então Hawke olhando ao seu redor acaba por perceber que não estava sozinho, pois na cela ao lado jazia uma mulher, desnuda, muito machucada e praticamente desmaiada no local… Com persistência ele tenta chamar a atenção dela até que ela abre os olhos com dificuldade e o observa, tentando entender do que se tratava... 

“- Você está bem? Consegue esperar o socorro chegar?” O piloto questionava à jovem enquanto a mesma, após o observar por mais alguns segundos, entra em um estado de choro compulsivo, percebendo a situação em que se encontrava, comentando entre o pranto: “- Eles me espancaram a noite toda… Sinto que minhas costelas perfuraram algo e… Estou sentindo o sangue dentro de mim… Meu Deus, como isso foi acontecer...”

Hawke, apesar de perceber que a mulher estava em seus momentos finais, tenta conversar com ela um pouco mais, tenta acalmá-la para ganhar tempo e quem sabe achar um meio de socorrê-la: “- Porque está aqui? Porque te fizeram isso? O que uma mulher está fazendo dentro de uma delegacia nesse estado?” Ela tossiu um pouco e na palma da mão que ela levou à boca, resquícios de sangue ficaram demonstrando seu estado grave, mas ainda assim, ela controla o choro, e recosta-se na grade, tentando explicar o que conseguia: “- Sou de Los Angeles… Vim pela promessa do bom emprego… disseram que havia uma vaga de bom salário aqui… Que a outra candidata não quis por ser longe da cidade… Eu nunca consegui falar com essa suposta outra mulher, no fim… A vaga era para atendente no bar noturno da cidade e… Uma vez que recusei a companhia do Xerife… Ele mandou seus capangas me darem um fim…”

Hawke se aproxima da grade, uma tentativa de demonstrar à moça moribunda que ela não estava sozinha naquele momento, um tentativa, talvez infrutífera ele sabia, de que ela reagisse e suportasse aguardar o socorro, buscando falar com ela e mantê-la desperta: “- Mas quem te enviaria para essa furada, tem algum inimigo ou inimiga?” A moça com a respiração cada vez mais pesada, se podia ouvir o sangue em sua garganta, responde, com bastante dificuldade… “- Um amigo… De faculdade… Disse ser… Amigo de Bogan… Bom… Parece que de… Bogan… Realmente ele é… Amigo…”

O veterano piloto percebe ela desfalecer e tenta intervir: “- Ei… Moça… Reaja! Você deve ter família, alguém esperando por você… Vamos lá, me diga seu nome, pense em algo bom para te amparar agora, eu vou buscar ajuda e te levar para um hospital, aguente mais um pouco…” A jovem parecia ganhar uma pequena fagulha nos olhos, um sorriso em meio aos ferimentos surgiu, parecia um raio de esperança enquanto ela balbuciava: “- Angelina… Meu nome é Angelina… Uma coisa boa... Talvez ter tempo… Para agradecer ao anjo… Que ontem a noite… Deu-me mais… Algumas horas de vida… Mas talvez eu… O encontre… Se partir… Não é?”

A moça começa à chorar novamente, então o estampido abrupto e Hawke pode perceber Bogan na entrada do local, com o revólver fumegante na mão… O piloto volta então sua visão para Angelina e ela jazia com a cabeça para o lado, o furo do projétil à verter sangue enquanto Bogan comentava: “- Desde que chegou, sempre falou demais e fez de menos… Pelo menos agora servirá de refeição aos meus bichinhos… Aliás, senhor Hawke, meu amigo disse que você também foi promovido… À refeição do dia, ahahahahaha!”

Algum lugar próximo da cidade...
Já se passavam das 11hs, Hawke estava agora algemado na carroceria de uma pick-up e ao seu lado o corpo de Angeline, sem vida… Tão logo o veículo deteve seu movimento, os dois oficiais que o acompanhavam o arremessam para fora, caindo de forma descontrolada pelo barranco em direção à algo que parecia um portão de ferro com espessas telas de metal, protegendo o acesso à um campo que por sua vez era completamente cercado por telas reforçadas e na faixa de três metros de altura… Hawke tenta entender o que iria acontecer e é quando Bogan chega com os demais e se agacha à seu lado: “- Sabe rapaz… Essa cidade é pequena, quase não temos diversão… Quando aparece uma carne nova como a nossa amiga na carroceria ali, algumas ainda resolvem ser puritanas… Então, pra gente poder se divertir a gente tem de inovar… Trazer novas garçonetes e as que a gente não consegue se divertir com elas, dar um destino para que não incomodem mais… E sempre gostei muito de safaris, mas minha função, devido minha responsabilidade incontestável, não me permite ir à África o tempo todo e então pensei… Porque não unir o útil ao agradável? Assim eu criei o meu próprio Safari e veja só, ele é bem fiel aos verdadeiros…”

Bogan gesticula com a cabeça e os dois oficiais vão até a caminhonete, pegam o corpo de Angelina e enquanto o terceiro mantinha a arma em mãos para qualquer evento... Os dois oficiais arrastaram a jovem para dentro do campo, a colocando ao pé de uma árvore situada uns 200 metros da entrada, voltando o mais rápido que podiam para fora e aguardando então do lado externo… Bogan se ergue e puxa Hawke pelo colarinho o colocando de pé também: “- Veja... A brincadeira vai começar…”

Dois leões de porte grande surgem do meio de algumas vegetações e se colocam a morder e rasgar o corpo da jovem Angelina em uma cena que até mesmo Hawke quis virar o rosto… O xerife olhava para o piloto que com expressão de frieza continuava à olhar a cena, não demonstrando sua repulsa para não dar méritos à tentativa de Bogan de amedrontá-lo e diante do fato, o xerife gesticula para os oficiais que apontavam agora suas armas para Hawke enquanto o próprio Bogan removia as algemas conduzindo o mesmo ao portão de entrada do Safari… Hawke vira-se para o Xerife, este dá um cuspida no chão e com um sorriso arrogante pergunta: “- Alguma última palavra, comida de leão?”

Hawke olha diretamente nos olhos de Bogan, logo então para cada um dos três oficiais, para novamente voltar para Bogan: “- Sim… Eu vou matar vocês… Todos vocês… Por mim, por Angelina e por todos os outros que já pereceram aqui!” Os três começam à gargalhar e então empurram Hawke para dentro da cerca, trancando o portão e voltando para seu veículo, saindo rapidamente do local deixando para trás o piloto, à encostar-se na tela para evitar chamar a atenção dos leões que se alimentavam… Com passos lentos ele vai se deslocando e tentando ganhar distância para um local mais alto e assim evitar se tornar realmente refeição de leões e tão logo consegue ganhar alguma distância, acionando um botão em seu relógio de pulso se comunica: “- Dom… Caitlin, na escuta?” A comunicação era quase instantânea e a voz de Caitlin era ouvida: “- Alto e claro, já temos sua localização, suba o mais alto que puder, estamos indo te pegar!”

O piloto segue escalando a elevação, tentando se manter longe dos leões, mas sua afobação e a comunicação respondida o denuncia, fazendo com que um dos leões perceba sua presença, largando então o corpo inerte para realizar o que seu instinto o impelia, caçar! Em torno de 500 metros separavam os dois, Hawke ia o mais rápido que podia enquanto o leão continuava à avançar com velocidade e assim o tempo ia ficando cada vez mais curto… “- Dom, é melhor se apressarem ou irão perder a viagem!” A resposta novamente vinha rápida na voz de Caitlin: “- Se mantenha subindo, estamos chegando, já posso te ver subindo a elevação!”

O leão se aproximava rugindo, o segundo leão percebendo a situação também larga o cadáver e corre na mesma direção! O veterano chegava ao topo, olhava ao redor e não avistava seus aliados enquanto o primeiro leão chegava ao topo do descampado também, preparando para saltar quando então Hawke grita como último recurso: “- Droga Dom, cadê vocês?”

O ruído dos motores da possante aeronave surge por detrás de Hawke e o sistema de comunicação da aeronave era quem transmitia a voz de Caitlin agora: “- Estamos aqui, não se preocupe que vamos afugenta-los com os rotores!” Colocando temor nos felinos que agora já estavam em dupla, o ruído e a poeira gerada pelo planar do helicóptero colocam os dois para correr permitindo o resgate e assim que o veterano teve acesso ao interior do veículo, olhou com expressão séria para Dominic demonstrando que os acontecimentos haviam sido graves… Enquanto ele vestia o traje de piloto que se conectava com o capacete e as terminações neurais da tripulação, Hawke foi relatando o que havia acontecido e descoberto, mas acima de tudo, tão logo recobrou o controle do Airwolf, era o piloto quem determinava os próximos passos da equipe: “ - Mantenha o supressor ativo, tenho certeza que nosso anfitrião irá aparecer, uma vez que julga que estou morto… Vai ser nossa chance de descobrir mais alguma coisa nesse mar de lama, porém... Antes disso, eu preciso vingar uma amiga!”

O poderoso Airwolf sob o comando de sua tripulação completa, aciona suas turbinas e parte emitindo seu som característico colocando os reis da selva em pânico, deslocando com velocidade máxima para a cidade de Little SandTree!

De volta a cidade, o Xerife acabava de chegar na delegacia com seus oficiais, ordenando que dois deles  fossem limpar as celas que estavam ainda com vestígios de sangue… Enquanto os dois se foram para o fundo, o terceiro sentou-se em sua estação de trabalho, ao passo que três homens adentram o local em total gritaria uns com os outros, sendo um deles em cadeira de rodas com gesso nas pernas, e falavam sobre alienígenas, bebedeiras e coisas do tipo... Bogan então os observa e ordena que todos se calem, repreendendo severamente: “- Seus inúteis… Mandei a garota para se divertirem e dar fim nela e deixaram-na voltar para a cidade… Precisei eu mesmo concluir o trabalho, bando de frouxos!” Os três homens então tentaram se explicar mas antes que pudessem fazer algo as vidraças da delegacia explodem em cacos, diante de um ruído poderoso que ecoa por sobre a construção e logo uma das pick-ups da polícia que estava do outro lado da rua explode rodopiando em chamas para os céus enquanto uma sombra começava a aumentar até que o Airwolf surge pairando quase rente ao chão, de frente para a delegacia…

O Xerife corre para a janela, enquanto os outros oficiais chegam para observar também… Os três homens meliantes da noite passada se escondem por detrás de mesas gritando sobre serem os alienígenas da noite passada e a população sai para fora das casas para entender o que acontecia, ao passo que a voz de Hawke se manifesta através do sistema de som da aeronave: “- Xerife Bogan… Parece que os gatos de seu amigo não foram bons o suficiente… Você mata pessoas, coloca seus corpos no Safari particular para não ter de responder por eles e todos que estão dentro desta delegacia com você são seus cúmplices…"

Tanto população quanto aqueles dentro da delegacia não tinham palavras ou atitudes para responder à situação, Hawke aproveitou esse momento e continuou: "- Povo de Little SandTree, se possuem parentes ou amigos desaparecidos, sugiro que procurem no safari de Bogan… Farão tristes descobertas... Quanto à você, Xerife... Você gosta de intimar quando suas vítimas não podem se defender... Te desafio para um duelo, e as regras são claras: quem sair da delegacia morre, o duelo é entre o Xerife e eu... Escolha sua melhor arma e pode atirar primeiro Xerife…”

Indignado e furioso, Bogan apanha e carrega sua espingarda, atirando sem parar contra o Airwolf, descarregando por completo todas as munições que dispunha, enquanto Hawke saboreava o momento de ver o criminoso de farda, suando frio e sentindo o desespero que suas vítimas sentiram... Após ficar com a espingarda sem qualquer munição, Hawke puxa o gatilho de seu manche e começa a destruir a delegacia por completo, atirando por todo o local, destruindo as mesas, as vidraças ainda inteiras, os computadores, armários, veículos particulares de ambos que estavam à frente enquanto a população protegia-se daquele cenário de guerra!

Um movimento no manche e a aeronave manobrava por sobre a já avariada delegacia, dando a volta pelo céu, espalhando fumaça e chamas com seus rotores... Era possível perceber que a população se espalhava fugindo dali, o que permitiu à equipe descarregar sua raiva, explodindo todos os veículos oficiais, disparando contra os depósitos da delegacia, aniquilando tudo que estava sob os cuidados do Xerife, voltando então à pairar à frente do local semidestruído, flutuando poucos centímetros do chão, ficando em silencio absoluto esperando a reação dos encurralados… Era possível ver claramente que os demais dentro da delegacia ou estavam feridos ou tentando fugir do embate enquanto que o único à se manter em pé, diante das vidraças quebradas e danificadas era Bogan, sangrando bastante, sem seu chapéu branco, sem o óculos escuro, sacando sua pistola com dificuldade e mirando para dar pelo menos um último tiro, um último ato de imposição e intransigência, demonstrando que não se importava com nada do que fora dito ou cobrado durante toda aquela ação… O Xerife aponta sua arma, o piloto o observa e aguarda... Bogan puxa o gatilho e dispara todas as munições que possuía enquanto Hawke degustava a cena... Ele se lembra então do choro de Angelina e da ação que tirou sua vida pelas mãos do Xerife... Uma lágrima escorre de seus olhos e uma última frase definiria a história daquela pequena cidade, ecoando pelos comunicadores do Airwolf: “- Os leões dentro do Safari… São animais, agem por instinto… Não tem culpa das atrocidades cometidas… Mas vocês tem!”

Hawke aciona os botões do manche e começa à disparar… Um tiro do canhão pulsar e a delegacia em sua parte principal voou para o céu levando consigo os oficiais e civis ali dentro em uma cena assustadora... Mas aquilo não era suficiente para aplacar a raiva que alimentava Stringfellow Hawke naquele instante e assim ele disparou mais uma, mais duas vezes, até ter certeza de que nada ali havia restado, manobrando então e partindo por sobre a cidade para campo aberto, deixando para trás um lugar de morte e corrupção… “- Descanse em paz Angelina…”

O Airwolf seguia se trajeto sem acionar suas turbinas, o clima se tornou bastante pesado mas o piloto se sentia vingado… De repente o alerta da aeronave dispara e Caitlin é quem anuncia: “- Míssil SideWinder, direção 10hs, velocidade MACH 1, distância 1500 metros…”

Os olhos de Stringfellow se cerram, Dominic aciona todas as armas e olha para Caitlin acenando positivamente enquanto o Airwolf mudava de direção e uma voz, já conhecida deles, se manifestava nos sistema de comunicação: “- Bravo!! Muito bom senhor Hawke… Usaram minha arma contra mim, um sistema de supressão de sinais bem como amortizadores de outros, não refletindo nada que eu enviasse e ainda absorvendo qualquer tipo de sistema de rastreamento que eu usasse... Com isso, precisei efetivamente vir olhar para poder encontrá-los… Evitaram que eu encontrasse o Airwolf enquanto você brincava com Bogan e seus gatinhos e ainda quase conseguiu sair de cena sem que eu pudesse perceber… Mas eu fui mais experto, eu encontrei vocês e agora vou derrubar todos de uma só vez já que não pude me apoderar do Airwolf!”

Hawke sorri com expressão de quem estava satisfeito e completa: “- Esperto? Ele cai em nossa armadilha e se julga esperto Dom?”

A voz se manteve em silêncio enquanto um sunburst de despiste de calor explodia o míssil ao longe e o Airwolf, detectando completamente a aeronave que os afrontava, parava de frente pra ele, mesmo estando invisível aos olhos humanos, com a voz de Hawke ironizando: “- Nós precisávamos confirmar algumas teorias e muitas delas foram comprovadas agora… Primeiro que nosso supressor funciona e que agora, você é quem tem de nos encontrar… Segundo que pudemos confirmar também, que você é um bundão, filho da mãe, sem qualquer capacidade de pilotar um helicóptero por isso manda uma aeronave controlada à distância para nos atacar e atacar os aviões comerciais, pois não há nenhum registro de assinatura de calor dentro desta aeronave… Terceiro que de posse das informações que obtive na cidade e do trabalho de Caitlin, já triangulamos sua emissão de sinal! Ouça bem covarde… Estaremos em breve, baforando em seu pescoço!”

Hawke aperta o gatilho e as machine guns começam à disparar pegando a aeronave inimiga de surpresa, fazendo com que a mesma seja atingida por diversos disparos, e ao tentar manobrar, acaba ficando mais exposta ainda, recebendo dois disparos poderosos dos pulsares em sua fuselagem! Seu leme inferior é danificado, a caixa central de comandos explode a camuflagem começa à falhar dando oportunidade de pelo menos em um vislumbre, observarem uma aeronave idêntica ao Airwolf com tonalidades de cores divergentes apenas e uma vez mais o inimigo se coloca em rota de fuga, buscando ganhar distância para fugir do combate que novamente, havia sido totalmente frustrado!

O Airwolf aciona suas turbinas e segue em MACH 2.5 atrás do inimigo, e a aeronave em fuga usava do mesmo recurso. Enquanto tentava atingir a área montanhosa para fugir por entre os cânions, o Airwolf disparava seus misseis maverick e hellfire em busca de um contato, de um impacto, porém a agilidade e coordenação do fugitivo era incrível!

Dominic: “- Eu não creio que possa manobrar tão bem assim estando tão longe!”
Caitlin: “- É possível sim Dom, é necessário grande tecnologia e principalmente, grande prática, mas estamos vendo ele fazer isso diante de nossos olhos!”
Hawke: “- Ele está chegando na cadeia montanhosa, ele continua no nosso radar Dom?”
Dominic: “- Sim, eu consigo captá-lo claramente por enquanto mas as montanhas irão gerar interferência se ele chegar até elas!”
Caitlin: “- E não é só isso, veja a tempestade se formando, será um risco sermos pegos por ela!”
Hawke: “- Não importa canyons ou tempestade, vamos derrubá-lo aqui e agora!”

O experiente piloto prepara-se, trava a mira e dispara mais um maverick e então novamente o alerta do Airwolf ecoa, dois misseis vindo de posições diferentes estavam em perseguição: “- Míssil Hellfire, 4hs, distância 2100 metros, velocidade MACH 2!” Era Dominic quem passava o relatório ao passo que Caitlin também tinha à informar: “- Outro, vindo às 8hs, distância 2000 metros, velocidade também MACH 2!”

Irritado Hawke busca manobras para confundir os mísseis e jogá-los na direção dos sunbursts e chaffs, realizando loopings e esquivas rápidas sem muita dificuldade, manobras estas que culminaram na explosão dos dois artefatos que rumavam em direção à eles com sucesso, porém, ao estabilizar o voo e buscar por seu inimigo, antes mesmo de Dominic dizer algo, Hawke já sabia a resposta… “- Ele desapareceu do radar…” O veterano pensa por alguns segundos, observa o horizonte e abre a comunicação de rádio, falando: “- Eu sei que está me ouvindo e sei onde te procurar… Eu vou te encontrar… E vou te matar! Me aguarde!”

Algumas centenas de quilômetros dali, uma sala semi escurecida, com dezenas de monitores e equipamentos sofisticados, ostentava uma cadeira idêntica à um assento de helicóptero, com todos os comandos e itens necessários, porém muito mais avançados, um verdadeiro simulador de voo de incrível tecnologia... Ali, alguém repousava de cabeça baixa, com as mãos sobre a nuca, parecendo estar imóvel mas logo ele solta as mãos e começa a sair do assento, lentamente como se estivesse muito cansado, suando em profusão e com a expressão de fúria completa… Salivando bastante, o homem do qual só se podia ver a silhueta, esbravejava: “- Muito bem… Tente me achar então Stringfellow Hawke… E faça isso antes que eu deixe o RedWolf em funcionamento novamente, porque senão, teremos chuvas de corpos sobre os Estados Unidos!"

Naquela mesma noite, Hawke, Dominic e Caitlin estavam com Arcanjo e sua assistente Marella na sede da Firm, e enquanto explicavam todo o ocorrido, alguns minutos se passaram até que o responsável pela célula especial, pensando um pouco sobre tudo conclui: “- Vocês triangularam as ondas de comunicação como tendo sua fonte de emanação em Los Angeles… A falecida Angelina, disse ter ido para Little SandTree, cidade controlada por Bogan que definitivamente estava sob ordens de nosso inimigo oculto, e ela alega ter ido sob recomendação de um colega de faculdade em Los Angeles, que provavelmente é o homem que procuramos também… Os mísseis usados são de fabricação americana e a aeronave não era tripulada mas pela última posição no radar, estava rumando para Los Angeles… Bom, sem um novo vídeo que nos leve à outro local, se eu não estiver ficando senil, parece que o único elo até agora é Los Angeles e se quisermos descobrir o que Los Angeles está escondendo, o único jeito é investigarmos Los Angeles, todos concordam?”

Todos os presentes acenam positivamente enquanto Arcanjo apanha o telefone, digita alguns números aguardando então alguns instantes, ao passo que assim que a ligação se completa, o homem de terno branco define: “- Tuttle? É o Arcanjo! Vamos precisar colocar o falcão nas ruas!”

Galeria de imagens do episódio:

Sunburst - também chamados de explosão solar, são como flares, artefatos que queimam em temperaturas mais altas que o calor dos motores e turbinas de equipamentos aéreos, fazendo assim com que mísseis que se guiam pelo calor, persigam esses "chamarizes" ao invés da aeronave alvo!
Chaffs - sistema similar ao Sunburst, porém ao invés de calor, dispersam milhares de pequenas folhas de alumínio que criam uma espécie de nuvem atrás da aeronave que confunde o míssil, fazendo com que ele exploda nesta nuvem!

Míssil denominação Sidewinder: míssil do tipo "ar-ar" orientado por radiação infravermelha e calor de curto alcance, utilizado por vários tipos de aviões de caça. Deve o seu nome à cobra Sidewinder, com quem partilha o seu padrão de movimento tendo sido o primeiro míssil ar-ar realmente eficaz, largamente imitado e copiado. 
Míssil denominação Maverick: míssil do tipo ar-terra táctico concebido para suporte aéreo de curta distância. É eficaz num vasto leque de alvos táticos, incluindo blindados, defesas aéreas, navios, transporte terrestre e edifícios-reservatório de combustível.
Míssil denominação Hellfire: míssil do tipo ar-superfície desenvolvido principalmente para uso anticarro. Ele possui a capacidade de engajar alvos múltiplos com precisão, em diversos tipos de missões, e pode ser lançado a partir de plataformas terrestres, marítimas e aéreas. O míssil Hellfire é a principal arma de precisão ar-superfície das Forças Armadas dos Estados Unidos e de muitos outros países. O míssil tem sido utilizado em combates desde 1980.






quinta-feira, 15 de julho de 2021

Nipo Rangers - Episódio 21 - "- Imperador Guntraz!"


Porto Alegre/RS - Brasil - 17hs

Lanthalder corria pela lateral do inimigo com velocidade máxima que podia e atacava com socos e chutes conforme avançava tentando causar algum dano no oponente, mas o gigante de quase três metros o ignorava por completo ao passo que segurava RedTurbo pela cabeça impedindo que o mesmo se movimentasse, recebendo sem qualquer preocupação os ataques de Sonido e de Argos como se nada fosse!

A região do terminal rodoviário da cidade de Porto Alegre ficou tomada pela destruição, as pessoas corriam sem conseguir saber para onde seria o local mais seguro, o túnel que seguia pela avenida Castelo Branco se tornou um caos pois os carros começaram à ser atingidos próximo do embate e com isso uma fila enorme de acidentes engavetou-se túnel à dentro trazendo verdadeiro pânico! Um dos hotéis mais antigos do local, o Hotel Conceição, encerrou suas atividades naquele dia, pois suas  frágeis e já deterioradas estruturas não suportaram os impactos e ruíram trazendo morte à dezenas de pessoas e enquanto tudo isso acontecia ao redor, os heróis seguiam tentando deter o invasor, tentando entender o que acontecia!

Percebendo a ineficácia de suas ações até então e sentido o grande perigo para RedTurbo, Lanthalder corre em direção oposta ao combate, salta agarrando-se às paredes do viaduto principal que cruzava a avenida Castelo Branco, arremetendo-se para cima para ganhar peso e na queda, desferir um impacto maior! O plano era bom e poderia até dar certo, mas infelizmente, mesmo com o aumento de força do impacto devido ao deslocamento céu abaixo, Guntraz desferiu um golpe com a mão energizada e bloqueou o ataque como se nada fosse, arremetendo Lanthalder para trás novamente…

Os guerreiros não se dão por vencidos, e enquanto Argos disparava a rajada de plasma fazendo o pulso do imperador aquecer o suficiente para que soltasse o guerreiro rubro RedTurbo, Sonido e Lanthalder com sua Gatling Gun tentavam pelo menos ajudar para que o aliado fosse solto e tão logo conseguiram a façanha, ambos recuaram tentando reagrupar e reorganizar o ataque!

Lanthalder: “- Afinal de contas como ele chegou aqui e de onde esse tamanho todo?”
Sonido: “- As informações de um meteoro adentrando a atmosfera foram detectadas e informadas pelo centro de climatologia da Universidade Federal, então eu corri pra cá para cobrir a notícia, mas, não era um meteoro, era Guntraz dentro de uma módulo espacial… Então o ataque começou, eu alertei vocês que já estavam à caminho e tentei conter ele ao mesmo tempo que ajudava à evacuar pessoas daqui…”
RedTurbo: “- Ele tá mais forte, as defesas dele tão completamente monstruosas assim como a velocidade e apesar desses quase três metros, ele se move mais rápido que eu…”
Argos: “- Eu sinto as ondas mentais de Cerebrax nele, aposto meu cérebro positrônico que os dados enviados na batalha anterior estão todos ali... Guntraz enviou Cerebrax como um coletor de dados e ele agora tem defesas para todas as nossas capacidades…”

Uma esfera flamejante vem em direção aos guerreiros e explode os fazendo saltar e dispersar para que finalmente o vulgo Imperador, tomasse a palavra agora:
“- Isso malditos, exatamente isso insetos irritantes… Você Lanthalder, seu maldito, me desafiou e vai servir de exemplo! Mas não vou te matar antes ou rápido, eu vou te inutilizar, e você vai ficar sem poder fazer nada enquanto eu destruo essa cidade inicialmente e depois toda e qualquer localidade que se recusar a se curvar a mim! Os dados de Cerebrax me informaram tudo que hoje vocês detêm de poder ofensivo e defensivo e inclusive, suas evoluções ao nível de Graviton Cannon, ou seja… TENTEM O SEU MELHOR E TUDO QUE CONSEGUIRÃO É MORRER! MORRAM! MORRAM!! MORRAM!!!”

Esferas e mais esferas são disparadas, rajadas oculares atingem o chão explodindo tudo, e enquanto os guerreiros tentam conter o ataque, Comandante Pedroso entre outros oficiais, Brigada Militar, Bombeiros e SAMU tentam de toda e qualquer forma resgatar feridos e evacuar civis do local, buscando diminuir o estrago à vida que aquela batalha estava causando! Lanthalder é o primeiro a avançar bradando aos demais: “- Usem tudo que tem, a batalha é de vida ou morte, não poupem esforços, EM FRENTE, VAMOS DERRUBÁ-LO!”

RedTurbo passa com velocidade pelo androide, aumentando sua força com a rapidez, tornando-se um poderoso raio rubro tentando atingir em cheio o imperador poderoso, desferindo socos e chutes energizados ao máximo, causando pequenas explosões onde atingia! Ele percebe que não era nem perto do suficiente, repensa suas ações se lançando para trás e girando, caindo ao chão com o punho direito erguido batendo o mesmo logo que pousa ao chão, fazendo uma verdadeira descarga de energia poderosa correr pelo solo e explodir com magnitude incrível aos pés de Guntraz, algo que com certeza abriria uma cratera no lugar e assim o fez, mas o inimigo, o Imperador, ainda estava em pé sem sequer expressar preocupação com o ataque…

Com um sorriso maligno, o imperador retesa o gigante braço para trás debochando: “- Ataque de calor, capacidade ígnea impressionante, capaz de explodir carros e derreter ferro inclusive… Por isso imunizei meu corpo ao elemento fogo, na verdade, fogo, calor e todas suas variantes são uma brisa para mim, sou muito superior à vocês insetos, ahahahaha!” Guntraz então desfere um potente soco em RedTurbo, confirmando o que estava dizendo e o arremessando para longe com o impacto descomunal, mas mal terminou de atacar, o que levara ao todo segundos, e uma rajada de plasma em intensidade máxima o atingia em cheio…

O cão máquina era quem fazia seu ataque agora e enquanto esperava algum retorno positivo utilizando o máximo que podia em potência, ainda assim viu seu Plasma Cannon sequer obrigar o inimigo a colocar os braços para defender-se! Guntraz então com calma, virando-se para Argos, caminhava e argumentava: “- O calor cáustico e muito acima das chamas normais do fogo é impressionante mas ainda é só calor… E se sua intenção era fritar meus componentes internos, eu os revesti com camadas de isolante termal, não funciona também cãozinho!” Guntraz vai avançando até Argos, enfrentando as rajadas do cão máquina para então chegando ao alcance, atacá-lo com poder máximo em mais um golpe de punho, o arremetendo para longe da batalha com enorme força, e tudo que estava acontecendo, levava apenas segundos, a velocidade do vilão e dos heróis era indescritível!

Foi então que como uma esfera de demolição gigante, o grito de Sonido uniu-se aos demais sons do local e atacou com furor o inimigo! Um ataque de raiva e vingança, tanto pelo que ele já tinha feito, quanto o que ele, em sua nova capacidade poderia fazer e, a força do som sólido e destrutivo que a guerreira enviou contra o inimigo era tão poderosa, que como se fossem mini navalhas invisíveis, ela repicou e estilhaçou por completo a capa de Guntraz assim como o que estava ao redor dele, mas o vilão, apenas virou-se, sorriu como se um galanteador fosse e em questões de segundos estava diante de Sonido a agarrando pelo queixo enquanto sua expressão se tornava aterradora: “- Sistemas de deflexão sonoros foram instalados por toda minha pele assim como em minha armadura e partes mecânicas, como se fosse, deixe-me ver… Um espelho refletindo luz, consegue entender minha cara mutante manipulador de sons? Mas confesso que esqueci de revestir minha capa, um desperdício desse tecido Meriliano que obtive no comércio negro intergaláctico… Enfim, grite o quanto quiser, tudo que verá será medo… Dor… Pânico… E morte!” Guntraz bate a cabeça de Sonido ao chão para logo em seguida chutá-la atingindo seu abdômen, o que com a força do impacto, a arremessou igualmente para dezenas de metros longe da batalha quando um novo som chamou sua atenção do vilão:

"- GUNTRAAAAZZZ!”

O gigante imperador observa ao longe, Lanthalder com seu Próton Cannon carregando ao máximo e logo compreende toda a situação, começando à bater palmas vagarosamente e estampando um sorriso debochado no rosto, demonstrando nenhuma preocupação com a cena: “- Nossa, que previsível, bastou eles não conseguirem vencer facilmente como sempre faziam e já apelaram para a famosa formação, eu distraio e você prepara o canhão… Enfim, mande tudo que tiver de prótons para mim androide, meu corpo está transbordando em elétrons, ajude o mundo a ter mais átomos neutros e… Oh não, átomos neutros são a coisa mais comum e inofensiva do universo, pois estão em tudo e em todos!” O vilão gargalhava enquanto o disparo chegava potente, reverberava pela armadura enquanto o imperador abria os braços e gargalhava para somente então, como num passe de mágica, toda energia projetada pelo disparo de Lanthalder se dispersou pelo ar como névoa enquanto o inimigo gargalhava sem se quer se mover!

RedTurbo: “- Essas bostas de plano não funcionam pra nada, vamos atacar como nunca, bora pra cima dele, bora, BORA!!”

O impetuoso RedTurbo se inflama por completo e parte pra pancadaria, os demais seguem o instinto guerreiro de seu aliado e os quatro ao mesmo tempo começam um ataque que mal podia ser visto por olhos humanos tamanha a velocidade! Lanthalder com sua Gatling Gun acionada, disparava rajadas de plasma ao mesmo tempo que usava ataques corporais; Sonido desferia rajadas de impacto, de corte, de atordoamento e o suor e a exaustão começavam a brotar em seu rosto! Argos usava seus ataques de impacto se tornando um meteoro e chocando-se contra Guntraz ao mesmo tempo que insistia em suas rajadas de plasma ao passo que RedTurbo tentava atingir com violência pontos cruciais como pernas, cabeça, mas nada parecia ser afetado por seus ataques ou de qualquer outro!

Por minutos eles atacaram sem parar enquanto Guntraz se defendia de tudo e de todos até que RedTurbo, o único capaz de pensar em uma ideia dessas, salta para trás ganhando espaço e então volta em direção ao vilão, correndo como nunca, seus pés pareciam incendiar-se, e ele bradava, chamava a atenção de Guntraz para si torcendo para que o vilão se virasse para ele no momento certo… Em sua mente uma coisa só passava sem cessar: “- Ele era humano… Ele era homem… Eu vou apostar tudo nisso, se ele tiver um ponto vulnerável é esse!” RedTurbo aumenta a velocidade como nunca e tudo que ele esperava daquele momento aconteceu, em sua mente, como se estivesse em câmera lenta…

Guntraz se vira, abre os braços para conter o ataque, RedTurbo detém seu movimento diante do gigante em frações absurdas de segundos e puxa sua perna direita para trás trazendo a mesma de volta para frente com força máxima, quase deixando um rastro do seu movimento e com a parte de cima do pé, chamada por muitos como “peito do pé”, acerta o mais poderoso e destrutivo chute que já desferiu em sua vida, diretamente onde seriam ou deveriam estar as genitálias do Imperador… Tudo então fica em silêncio, apenas o estrondo seco do chute desferido ecoando, enquanto Argos esperou, Lanthalder se impressionou e Sonido colocou a mão à boca, todos esperando o resultado do inusitado e inesperado ataque…

Preciosos e demorados segundos se passam enquanto o valente guerreiro ficava observando Guntraz que permanecia estático após levar às mãos até o local, quando finalmente uma fina lágrima escorreu de seu olho direito, e um gemido fino e desengonçado saiu pela fresta que ficou em sua boca, enquanto sua expressão era inexplicavelmente dolorosa...  Turbo percebeu que havia atingido seu objetivo e que nem tudo no imperador havia sido maquinizado, puxando então toda energia e poder que lhe restava, desferindo um upper poderosíssimo ao queixo do inimigo que o fez voar pelos céus diante da surpresa e potência do ataque inesperado… Enquanto completava a sequência, o guerreiro veloz olhou ao redor e viu que os demais entenderam a oportunidade e com uma sequência incrível de seus melhores ataques físicos, Argos, Sonido e Lanthalder desferiram tudo que podiam contra o inimigo em pleno ar até que ele caísse ao solo diante do ataque destruidor!

Tentando completar a chance única, sem perder um segundo sequer, Lanthalder então se arremete para cima e para trás, girando no ar e pousando de forma poderosa ao chão, posicionando-se com os braços para cima, aguardando enquanto Argos, que havia compreendido a manobra, salta e gira no ar convertendo-se para unir-se ao homem-máquina, onde os dois androides bradam e disparam com força total: “- GRAVITON CANNON!”

A potência da rajada abriu uma fenda no chão atingindo em cheio o imperador maligno que mesmo tentando segurar todo o impacto acabou não suportando e sendo arrastado para trás para logo em seguida a energia explodir e o arremeter alguns metros mais longe… Lanthalder e Argos desfazem a união, a equipe se reagrupa e espera o resultado do ataque formidável e observam Guntraz à ser erguer, sôfrego, bastante avariado e cambaleante, com fumaça e curtos saindo de seu corpo… O gigante maligno então os observa e pondera: “- Realmente contra o Graviton Cannon eu não tenho uma defesa específica… Ainda mais sendo surpreendido dessa forma, foi realmente um bom golpe… Talvez se me atacarem umas três vezes na sequência com tudo isso possam me destruir, mas… Eu também tenho minhas surpresas…"

Guntraz ergue sua mão em direção aos céus, a equipe se lança em ataque para impedir o que quer que fosse a manobra e então, um raio desce da imensidão alaranjada do pôr do sol atingindo Guntraz no mesmo momento em que a equipe chegava para o ataque, ocasionando então uma retro-alimentação de energia que arremeteu os heróis para trás e fez Guntraz brilhar como o sol enquanto se banhava na misteriosa rajada… Os guerreiros se prepararam e assumiram posição defensiva enquanto o brilho cessava e Guntraz uma vez mais estava diante deles, completamente renovado, sem ferimentos, até mesmo sua capa estava de volta, como se nada tivesse sofrido, exibindo seu poder por completo uma vez mais e observando os guerreiros desta vez, com expressão mais séria e até mesmo, enfurecida. Como último adendo, na região genital de Guntraz uma nova armadura com espinhos se formou impedindo que repetissem a mesma façanha... Eis que a esperança parecia querer desaparecer de vez…

RedTurbo: “- Ah cacete, qual é que é desse cara?? Graça divina que ele recebe é?”
Argos: “- O Cruzador na órbita da Terra… Ele está drenando energia do Cruzador e assim se regenerando…”
Sonido: “- Então de nada adianta todo e qualquer esforço que fizermos?”
Lanthalder: “- Não podemos desistir, nós temos que persistir, as pessoas... Os inocentes dependem disso… De nós... Somos… A última esperança!”

Guntraz então some e aparece diante dos heróis reescrevendo a frase dita por Lanthalder: “- Correção… Vocês eram a última esperança… Até nunca mais seus vermes!” O gigante ergue os braços para cima e uma onda de energia sai de corpo atingindo violentamente todos os heróis enquanto  iniciava a concentrar energia entre as mãos! Os guerreiros não se dão por vencidos, eles se erguem mesmo contra todas as expectativas e varrem a distância entre eles e o inimigo, se empenhando em atacar Guntraz de novo com tudo que tinham ainda para usar, mas Guntraz, o imperador sequer se movia, continuando a fazer a mesma concentração de energia que crescia cada vez mais e mais… O desespero começou à tomar conta da equipe, eles queriam impedir aquele ataque fosse o que fosse, de qualquer forma, pela magnitude da invocação o golpe seria devastador e usando tudo que tinham eles tentaram, mais do que seria capaz de se imaginar ou tentar, mas Guntraz estava intocável, nada fazia efeito... Argos e Lanthalder novamente se posicionam e  iniciam o processo para o Graviton Cannon, era sua última tentativa, sua última chance mas… Era também tarde demais...

Os olhos de Guntraz brilham em intensa energia vermelha ele desfere a esfera energética das mãos ao chão com violência descomunal e então, por mais de cinco minutos as explosões continuaram no local, sem que sequer alguém pudesse ver o que acontecia dentro do epicentro da explosão energética, varrendo prédios, veículos, seres, adentrando o Rio Guaíba a aprofundando o rio em vários metros leito abaixo… Como se fossem pequenos mundos colidindo-se uns com os outros, esferas menores dentro do ataque se chocavam e explodiam em rajadas energéticas sem parar até que finalmente conseguissem extinguir umas às outras, buscando uma destruição generalizada para o que quer que estivesse ali e enquanto o Imperador se retirava e começava a destruir a cidade, imune ao poder do ataque, os quatro heróis sequer conseguiam compreender o que acontecia com eles enquanto eram atingidos inúmeras e inúmeras vezes sem parar…

Os minutos se passaram, a ação parecia haver terminado, os sons de raios energéticos e explosões ecoavam como se estivessem a centenas de quilômetros dali, como se o androide estivesse em uma autoestrada já afastado da cidade, mas ouvindo um bombardeio ao longe… Ele tenta focar sua visão, ele tenta reestruturar sua adição, ele põe seus servo-motores em funcionamento mas percebe que nada parece responder corretamente...Sem conseguir entender direito o que acontecia ele continuava a enviar comandos para que se corpo respondesse, afinal ele era uma máquina, poderia se levantar enquanto funcionasse, mas parecia que seu corpo não obedecia mesmo que o comando mental o ordenasse a isso…

“- Eficácia do sistema em 38% e caindo…”

Alertava a voz fria e assustadora dos salvaguardas instaladas em seu corpo como proteção para que seus sistemas pudessem gerenciar suas energias e não o deixar inoperante em uma campo de batalhas, mas as avarias eram grandes e seu sistema iria se desativar em breve, ele sabia disso… "- Onde eles estão? Será que sobreviveram?" Pensava o androide ainda envolto em sua situação caótica...

A visão retornava, algumas falhas mas nada que o impedisse de agir… A audição estava melhorando e em segundos ouviria perfeitamente, no máximo com o som agudo que insistia em incomodar, mas ele conseguiria se orientar, ele sabia disso… Seu próximo pensamento foi pelos amigos e temeu por todos, mas um ruído de curto circuito muito próximo chama sua atenção e o androide logo compreende quem estava próximo dele, embora não o avistasse: “- Argos… Me diga onde está, eu vou até você!"

“- Eficácia do sistema em 31% e caindo…”

O cão máquina surge por entre a poeira e a fuligem no ar ao passo que os sons das explosões agora se mostravam próximos... Lanthalder percebia sem chance de erros agora, era seu sistema auditivo que havia falhado e não ele que estava longe do combate… A chegada de Argos o fez conseguir reestruturar sua programação e assumir o controle de seu corpo novamente, mas a base CTG Cap´s era necessária para que pudessem voltar ao total de suas capacidades combativas, não havia dúvidas disso… "- Onde estão Marinny e Leandro... Não consigo detectá-los... Eu preciso encontrá-los..." Pensava o guerreiro máquina em busca dos aliados com seus sistemas...

“- Ele vai destruir a cidade se não fizermos nada, mas… Pela primeira vez desde que despertei… Eu não tenho ideias…” O cão máquina que sempre foi o cérebro da equipe, sua evolução era justamente acessar novas tecnologias e novas capacidades para si e para os membros e diante da situação, já bastante desoladora, pela primeira vez ele não tinha qualquer ideia do que fazer…

Lanthalder ergue-se, seus sistemas de auto reparo agiam, assim como os de Argos, mas eles estavam muito avariados e sem condições de realizar os reparos adequados, quando então o homem-máquina detecta duas pulsações conhecidas… Ele olha para o local, Argos percebe do que se tratava e em seus esforços mais que destemidos, se dirigem para os escombros avistados que pareciam quase como uma respiração, dada a forma que seu volume de pedras subia e descia…

Os androides avançam como podem, à cada passo eles pareciam ficar um pouco mais firmes mas ainda longe de sua capacidade combativa e tão logo chegaram ao ponto exato, podiam ver a combinação de cores entre vermelho e violeta, se mesclando a apoiar um ao outro em um escudo que os permitiu viver após o terrível ataque! Lanthalder como um louco arrancava pedras e as arremessa longe, buscando ter uma chance que ele julgou haver perdido instantes atrás… Em questão de segundos ele abriu caminho e conseguiu finalmente ver os dois ali dentro, ainda vivos mas praticamente destruídos…

“- Sonido… RedTurbo… Vocês estão vivos!” O homem-máquina terminava de puxá-los para fora e entre alguns gemidos de dor, muitos ferimentos e sangramentos, eles conseguiam alguns segundos de raciocínio para tentar reagir…

Mexendo na cabeça e tentando se localizar novamente, era RedTurbo quem se manifestava, ainda bastante surpreso com tudo e demonstrando estar sentindo intensa e aguda dor: “- Cara… Achei que a gente ia dessa vez… Vi meu escudo começando a ceder e a gente sobreviveu porque a guria aqui usou tudo que tinha pra reforçar o escudo, senão era patê de nós dois nessa porra…”

Argos para diante dos dois e começa à analisá-los com sua visão e rapidamente detecta situações graves à serem consideradas rapidamente: “- Sua perna direita tem múltiplas fraturas Leandro, seus dois punhos estão praticamente destruídos, assim como as falanges em suas mãos estão por um triz para se implodirem… Vários de seus órgãos internos foram afetados e sua coluna, pode ter sido ferida… Existem duas costelas partidas e a energia de seu traje está no limite…”

O irritado guerreiro arranca o que restou de seu visor e o arremessa ao chão enquanto a nanotecnologia se desfazia uma vez que estava longe de seu usuário e antes que ele pudesse refutar o diagnóstico de Argos, o cão máquina continuou, dessa vez se dirigindo à Sonido: “- Seu pulmão não está conseguindo trabalhar corretamente devido ao esforço, você quase sofreu um AVC devido à concentração para gerar a barreira! Seu corpo como se tivesse sido compactado está praticamente todo afetado, desde ossos, terminações nervosas assim como os órgãos, é como se você tivesse sido prensada na mão de um gigante devido ao impacto do uso abrupto de tanta força… Se tentarem lutar, vocês dois, irão morrer…”

A jovem sentia as dores em seu corpo de tudo a que Argos havia se referido, mas não era isso que fazia suas lágrimas rolarem, não era isso que causava o pranto de seus olhos e de sua alma e sim ver a destruição que Guntraz estava causando enquanto eles não conseguiram sequer ficar em pé… RedTurbo esmagava a pedra do chão apertando sua mão, a fúria era mais que palpável na expressão daquele que sempre se considerou capaz de resolver qualquer coisa e agora, sequer podia lutar novamente…

“- Eficiência do sistema, 25% e caindo…”

Lanthalder então ergue-se com dificuldade, ele vira-se para o monarca que devastava a cidade com seus quase três metros de altura, sobrepujando força policial, exército e qualquer outra tentativa de contê-lo… A raiva toma conta do androide, Argos sente sua força de vontade à o contaminar também e ainda de costas, mas observando à Guntraz também, espera pela decisão do irmão máquina… Olhando para aquela batalha terrível, Lanthalder define:

“- Faz tempo desde o primeiro embate não é mesmo pessoal… Conheci Leandro primeiramente, depois Argos e então você Marinny... Também houveram tantos outros amigos… Perdi muitos e vi muitas mortes, várias delas causadas por mim mesmo… Talvez se eu tivesse sido mais enfático Guntraz hoje não estaria aqui destruindo a cidade, ceifando vidas e tendo machucado a tantos… Vocês dois estão nessa situação talvez porque eu não agi mais energicamente… Eu creio que chegou a hora de… Parar de me conter… Parar de achar que devo continuar a controlar minha força diante deste que nos ataca… MindControl e BlastRed disseram que eu levei muitos à morte por minhas ações, mas talvez eu tenha levados muitos outros ao mesmo destino pela falta delas… Pois bem, isso vai se encerrar agora…”

“- Eficácia dos sistemas em 22% e caindo…”

Argos vira-se para a direção que estava o monarca ao longe, destruindo coisas e então também comenta: “- Está bem… Nós nascemos com esse destino, proteger a vida na Terra… Creio que até aqui fizemos um bom trabalho… É hora de finalizarmos essa guerra de vez… Eu estou com você Lanthalder… E estou com você justamente porque sei que MindControl e BlastRed estavam errados!”

“- Parem de falar merda, que bosta vocês tão pensando em fazer? Olha a porra do aviso dizendo que tá caindo a capacidade de luta de vocês, cês tão detonado tanto ou mais que nós dois… Não dá pra fazer mais nada agora…” Esbravejava em completa fúria o jovem combatente veloz, RedTurbo, impossibilitado de usar qualquer coisa além de suas palavras naquele instante em que pressentia o pior...

Sonido enxuga as lágrimas que teimavam em continuar à rolar em sua face machucada com abundância, tentando demover os dois amigos da ideia que começava à se apresentar: “- Lanthalder… Argos… Vamos recuar, vamos pensar em uma forma de combatê-lo… Argos vai ter uma ideia, ele sempre tem, vamos pensar em alguma coisa que permita vencê-lo e…”

O homem-máquina vira-se e a observa nos olhos, interrompendo sua fala: “- Marinny… Um dos grandes prazeres de minha existência foi conhecer você… Pelo menos a você e ao Leandro eu quero proteger como deveria ter feito com todos os seres… Se alguém tem como parar Guntraz, somos Argos e eu nos arremessando contra ele em uma descarga única que poderá destruí-lo… E nós viemos à este mundo para isso… Destruir o mal... Vamos honrar ao desejo ao qual fomos criados… Entenda por favor...”

Arrancando seu visor e o arremessando longe, Sonido refutava por completo as palavras de Lanthalder: “- NÃO! TODAS NOSSAS ARMAS E ATAQUES FALHARAM, AS DE VOCÊS TAMBÉM, SE DESTRUIR TENTANDO NÃO VAI RESOLVER O PROBLEMA, SÓ VAI TIRAR VOCÊS DOIS DE NÓS! PAREM!!”

RedTurbo tenta se erguer, tenta alcançar os dois que viram-se e começam à se colocar em movimento, lentamente inicialmente, mas mesmo assim o jovem guerreiro não consegue alcançá-los e se limita à gritar entre lágrimas como Marinny fez: “- PARA SEUS PORRA! PÁRA SEU CACHORRO DOS INFERNOS! VOLTEM AQUI OS DOIS, VAMOS NOS REUNIR, VAMOS AGIR EM EQUIPE COMO SEMPRE FIZEMOS! A GENTE PRECISA DE VOCÊS, VAMOS ACHAR OUTRO JEITO!”

Os dois androides começam a emanar uma energia muito forte e começam a movimentar-se com mais vigor, seus níveis de eficácia pareciam não estar mais diminuindo embora o sistema de auto reparo de ambos não estivesse corrigindo nada em seus corpos... Ainda assim, por algum motivo inexplicável, ambos pareciam mais altivos, mais determinados e mais capazes…

Lanthalder: “- Sente isso Argos? Parece que estamos mais fortes mas… Eu sei que nossos corpos não foram reparados… O que poderia ser?”
Argos: “- Eu não sei o que pode ser... E tenho de confessar que… Estou realmente decepcionado pois nunca havia ficado sem respostas… Exceto quando voltei à vida nesta forma… Talvez…”
Lanthalder: “- Talvez?”
Argos: “- Evolução… Quando estivermos diante do verdadeiro perigo, a evolução acontece desde que demos o máximo de nós… Será que…”
Lanthalder: “- Nossas vontades podem mudar o curso da batalha? Tentar uma última vez com uma vontade jamais tentada antes, poderia gerar o que os humanos chamam de milagre Argos?”
Argos: “- Creio que não existe uma hora melhor para se fazer isso do que agora…”

Os dois androides pareciam começar à energizar-se cada vez mais e estavam em uma capacidade de locomoção suficiente para correrem e então, misteriosamente seus corpos começam à brilhar enquanto seus sistemas pareciam mesmo contra todas as expectativas, reagir e responder em capacidades melhores… Os dois guerreiros máquinas percebem a reação de seus componentes e servo-motores, eles se esforçam mais e começam a correr em velocidade máxima em direção ao campo de batalha e enquanto corriam, pensamentos refletidos em palavras inundavam os dois como os momentos finais de um ataque kamikaze…

Lanthalder: “- Somos muito mais que guerreiros…”
Argos: “- Nós nascemos com uma missão que vai além de nossas vidas…”
Lanthalder: “- Eles são apenas humanos e estão lutando apostando suas vidas…”
Argos: “- Nós viemos para manter essa luz e essa esperança acesa…”
Lanthalder: “- Comandante Pedroso… Leandro… Marinny… Bruno… Dr. Chang e Centaurus… Vocês confiaram em nós…”
Argos: “- E nós vamos corresponder essa expectativa…”

Alguns metros atrás Leandro ainda gritava à ponto de estar quase sem voz, quando ele percebe Sonido se erguendo com dificuldade, mas ainda assim, fazendo tudo que podia pra ficar em pé... O guerreiro rubro a observa finalmente parando de gritar e vê que a jovem havia parado de chorar, sua expressão era determinada e embora mal conseguisse ficar em pé, ela demonstrava que não iria cair sem esforço... Percebendo que o aliado não entendia sua atitude ela completa: "- Eles pretendem dar a vida por todos nós Leandro... Eu não tenho mais forças pra entrar em combate, mas, ainda estou viva o suficiente para desferir um último golpe, um último escudo que irá proteger o trajeto deles até Guntraz... E tu Leandro, que me diz?" O impetuoso RedTurbo olha para o chão pela primeira vez sorrindo e então usa tudo que tem para erguer-se também, posicionando-se como ela apesar de sentir as costelas perfurando seus órgãos e antes de ativar seus poderes completa: "- E ainda dizem que a mulher é o sexo frágil... Bando de otários, hehehhe!"

Os dois guerreiros então começam à emanar suas auras, elas sobem como se fossem vapor colorido e então colidem, se unem, sem preparam e ao grito de fúria dos dois, a energia avança e envolve Lanthalder e Argos em questão de segundos, não atrasando ou melhorando suas capacidades, apenas, indo junto deles e a essência e calor dessa energia dizia aos dois: "- Onde quer que vão, nós estaremos juntos de vocês!"

Lanthalder e Argos juntos sentem os amigos com eles, se tivessem a capacidade de chorar, derramariam lágrimas de emoção agora, mas tudo que eles pensavam neste instante era honrar o esforço de todos que confiaram neles: “- GUNTRAZ, VENHA LUTAR MALDITO!”

O gigante imperador olha ao longe, o som da voz de seus odiados inimigos chegou diante dele muito antes que eles pudessem fazer o mesmo e inicialmente, Guntraz ainda distinguia Argos e Lanthalder em carga, mas logo em seguida, estava começando à ficar difícil discernir um do outro sem que ele soubesse explicar o porquê…

Os dois guerreiros corriam como nunca, suas fúrias e forças de vontade eram tamanhas que engoliu qualquer avaria de sistema como a adrenalina tira a sensação de dor dos humanos em momentos de êxtase… Seus corpos produziam energia como nunca e suas reações apesar de tudo que haviam sofrido, estava à um extremo que eles mesmos não conseguiam compreender…. Percebendo isso eles se carregam em forças, eles se carregam em determinação, eles se envolvem em coragem, em honra e aumentando suas velocidades se tornam dois meteoros rasgando o chão, para em poucos segundos aumentarem essa força luminosa e realmente começarem à abrir uma cratera por onde passavam culminando finalmente no fato incrível e inusitado de deixarem de ser dois meteoros e se tornarem um único bólido energético poderoso, com mais de dois metros de altura, correndo como jamais se poderia imaginar alguém à correr, em carga furiosa contra o inimigo odioso, fazendo o mesmo pela primeira vez ter dúvidas durante todo o combate!

A vastidão entre os dois lados era vencida, um rastro de destruição foi deixado, a energia aumentou ao máximo sobre o meteoro que rasgava a terra em direção a Guntraz e o mesmo preparou para defender-se mas ele nunca, jamais, estaria preparado para a luta que travaria agora…

O meteoro atinge alcance de ataque, Guntraz coloca os braços à frente do corpo, um uivo diferente de qualquer outro e terrivelmente assustador é ouvido e então o impacto entre as duas forças colossais acontece… Um silêncio assustador toma conta do lugar para então o som do choque do ataque e da defesa romper em um círculo devastador enquanto a energia luminosa parecia aumentar como se ampliasse seu ataque desferido até que finalmente uma nova explosão, um novo som tomava conta de tudo e Guntraz é arremessado para fora da zona de impacto com brutalidade, rodopiando no ar três vezes para então se chocar ao solo de forma horrenda, rolando de forma terrível, se chocando contra carros, prédios, árvores, num avanço devastador e terrivelmente doloroso, até ser literalmente enterrado dentro de um carro forte que ali estava estacionado, fazendo o mesmo entrar junto com ele parede à dentro da construção que estava ao seu fundo e então o silêncio naquele ponto do combate…

Enquanto isso, no local do impacto devastador entre as duas forças, a luz energética começava à ceder e finalmente seria possível ver o que havia acontecido, mas diferente de qualquer expectativa, diferente de qualquer coisa imaginável e da esperança de ver os dois androides em pé, ostentando seu poder, só havia uma silhueta, só havia uma forma naquele local e ainda quase que totalmente encoberta pela poluição do ar que formava uma espessa nuvem... A silhueta rosnava, ela se movia ameaçadoramente, ela parecia estar com as costas arqueadas e exibia em seu vulto uma musculatura poderosa demonstrando que um novo ser ali estava diante de todos, ao mesmo tempo que seu uivo aterrorizante podia ser ouvido em toda sua majestade anunciando que o "milagre", havia acontecido!

Galeria de imagens:



O que podia ser visto na cena final do episódio:

Grund-Tharg - Cap. 25: "- Aproximação pelo Monte Egophia!"

O dia amanhecia, como há muitos dias não acontecia, com o grupo despertando em camas, dentro de moradias, o cheiro de comida nova emanava pe...