sábado, 22 de fevereiro de 2020

Grund-Tharg "Força Infinita" - A cidade de WinterLess!


Em um mundo onde magia e fantasia se misturam, várias raças e seres de todas as índoles, observados por deuses benignos e malignos, vivem em constante frenesi de lutas, de guerras, de sobrevivência. Nesta era, um filho da tribo bárbara Tangdarth emerge em meio aos conflitos do mundo em busca de ajuda para seu povo, e acaba por encontrar novas razões para viver que ultrapassam e muito as fronteiras de sua vila natal! Entre desafios e inimigos, Grund-Tharg, vulgo "Força Infinita", irá trilhar um caminho jamais sonhado por membros de sua tribo, que o farão compreender e admirar novas perspectivas de vida, o impelindo como um dos grandes guerreiros dos reinos perdidos! São estas aventuras, que nossas páginas irão contar a partir de agora!

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Grund-Tharg "Força Infinita" - Saga:
Capítulo 1 - A cidade de WinterLess!

A sensação de náusea era insistente, afinal de contas, eu nunca havia viajado de outra maneira que não fosse a pé ou a cavalo... Era a primeira vez, dado a urgência da missão que eu experimentava a sensação de me mover por portais... Na verdade era sequer para mim impossível descrever o que acontece, basicamente eu adentrei um buraco de dois metros de altura em uma árvore à frente da tribo e saí nesta árvore gigante à frente de meu destino: a cidade academia de WinterLess... 

Dizem que nós bárbaros somos burros, devido nosso estilo de vida simplista e até selvagem, mas se nos interessamos por algum assunto, podemos passar por cima de muito almofadinha da cidade em nossos conhecimentos... Eu sou Grund-Tharg "Força Infinita", guerreiro da tribo Tangdarth do Corcel Alado e me interesso por muita coisa... Doravante coisas que geralmente um bárbaro não detém atenção me causam curiosidade e o heroísmo da cidade de WinterLess foi o ponto que me despertou para estudar sobre ela... Enquanto saio pelo portal criado pela magia que gerou uma espécie de túnel através das árvores, eu surjo diante da área frontal em frente aos portões da cidade e percebo que os guardas da muralha inicialmente se surpreendem para logo em seguida começar a me olhar torto... Eu sigo deliberando sobre tudo que aprendi sobre a conhecida cidade enquanto caminho... 

É um local amigável de artesãos, que comercializam extensivamente através dos grandes comerciantes de WaterGround, outra grande cidade de nosso mundo.... Seus relógios de água e candeeiros multicoloridos podem ser encontrados em praticamente todos os Reinos... A propósito, a cidade ganhou o nome de “WinterLess” pela habilidade de seus jardineiros, que conseguiram manter as flores desabrochando durante os meses de neve - uma prática que eles continuam com orgulho. O que esse aglomerado de letras quer dizer eu não tenho certeza, mas tem a ver com a situação de nunca a cidade ficar branca de neve, nem mesmo nos mais rigorosos invernos, ou seja, as flores mantém a mesma colorida, sempre!

Diferente da comentada beleza da cidade, parece ser a simpatia de seus guardas... Eu me aproximo dos portões, era final do dia e o sol se aproximava do crepúsculo... Minha espada nas costas, cara de poucos amigos como é meu natural e ainda em marcha firme sou interpelado... Detenho meu avanço e um dos guardas me grita, “- Quem é o que deseja na cidade estranho?” Meneio a cabeça para o lado, pois embora eu fique a falar comigo mesmo o tempo todo em pensamento, tenho quase paciência nenhuma para falar com outros ou ficar dando explicações... No entanto, naquele momento eu precisava colaborar ou não atingiria meu objetivo imposto pelo velho Goryn Travor... Observo os dois guardas, eles colocam a mão nos cabos de suas espadas, prevejo confusão... Não que eu não gostasse de uma oportunidade de esmurrar alguém, mas aquela não era a hora... Tentei: “- EU SOU GRUND-THARG! GORYN TRAVOR ME DISSE PARA FALAR COM GRANDTURIN...”

Os guardas se observam e então, notava-se que ficaram bastante desconfiados... Me observaram por alguns segundos e então o primeiro guarda, que olhava de baixo acima riu: “- O que mestre GrandTurin iria ter para falar com um bárbaro fedido como você, suma daqui se não quiser ir para a prisão! Vá pedir esmolas em outra cidade!” O guarda acena com a mão me mandado retornar, enquanto o outro fica um tanto receoso com a atitude... Meu sangue ferve com a desfeita, ninguém me trataria daquela forma ainda mais apenas por julgar minha aparência. Como um chacal em disparada eu avanço, não quero mata-lo, isto me traria problemas, mas, ele vai ficar com alguns ossos à menos, isso vai! Cruzo a distância entre nós rapidamente, o segundo guarda se surpreendeu ao me ver já acima deles e ficou sem ação, mas o primeiro, o que havia tripudiado de minha condição, mal teve tempo de virar o rosto para me ver, meu punho direito cerrado foi muito mais rápido e praticamente fiz seu estômago grudar na medula espinhal com o impacto de meu soco, o arremessando com a força de um touro contra o muro da cidade na sequência. Me viro lentamente para o segundo guarda e tento novamente: “- GORYN TRAVOR ME DISSE PARA FALAR COM GRANDTURIN...” 

O guarda se atirou ao chão, começou a recuar apavorado, os demais guardas começam a chegar ao local enquanto o primeiro ainda se despencava da parede onde eu o havia enterrado com meu golpe... Eu observo os guardas que chegaram, fora suas flechas eu acho que me viraria bem com eles, penso em me preparar para o embate mas algo inesperado acontece então... Um impacto fulminante ao centro do campo de batalha, como se algo gigante tivesse golpeado o terreno e intenso deslocamento de ar tomou conta do local! Eu sem sequer cerrar os olhos fiquei observando o que viria a seguir enquanto com o mesmo braço que golpeei o guarda desaforado, agarrei o que estava se borrando ao chão para que ele não fosse levado para longe. A poeira começa a ceder e então era possível ver um homem, cabelos curtos e castanhos, armadura imponente e diversas armas pelo corpo, segurando uma espada longa e me olhando com um tom de deboche... Fiquei o encarando, ele ergueu-se, guardou a espada e foi até o soldado estropiado. Tocou nele, faz alguma coisa com as mãos e o curou pelo que pude ver, vindo logo em seguida para minha direção, parando há dois metros de mim me observando com o mesmo riso que parecia debochar de algo... Nos olhamos por alguns segundos e então é ele quem fala: 
“- Achei que os tinha ensinado melhor as maneiras de agir com recém chegados... Falaram o que não deviam, pagaram o preço... Respeito é algo apreciado por todos, certo comandado de Goryn?” 

O homem me dá um tapa no braço, continuo a observar ele e só vejo um único motivo para que ele estivesse agindo daquela forma... 

“- TU ÉS GRANDTURIN?” 

O homem então se vira e vai caminhando em direção à cidade enquanto gesticula com a mão me convidando: 

“- Vamos conversar na taverna, afinal melhor cerveja na boca do que terra...” O observo por alguns instantes, olho para os guardas, solto o que estava desmaiado em minhas mãos e sigo atrás daquele que se denominava Grandturin... Não olho para nenhum dos que ficaram ao portão, não por arrogância, mas por respeito, afinal ninguém gosta de ser visto derrotado... Sigo o homem e vou fazendo conjecturas e planos caso algo desse errado, mas ele foi mesmo em direção à uma taverna e logo que sentou mandou trazer cerveja em abundância, o que agradou bastante... Após quase empinar a caneca inteira, ele arrota, limpa o bigode de espuma e indaga: 

“- Que confusão o maldito Goryn se enfiou agora? Engravidou outra centaura? Precisa de um jeito de não deixar mais nenhuma engravidar? Ahahahahahahah! Fala-me valente guerreiro da Tribo do Corcel Alado, como posso vos ajudar?” 

Ouço suas perguntas enquanto sorvo minha cerveja e com satisfação bebo de um só gole, a sede era grande, o mal estar da viagem através de portais ainda incomodava... Então, tão logo esvaziei a caneca, bato com a mesma na mesa, eu tento explicar a que vim... 

“- PRECISAMOS DE... ARCANOS... OS MAIS PODEROSOS QUE PUDER DISPOR... ORINDON ESTÁ INCAPACITADO DE COMBATER E PRECISAMOS DELE...” 

Vejo que Grandturin coça o queixo e fica ainda bastante curioso com o fato... Ele sabe que nós os descendentes de Tangdarth não fazemos uso de magia em nossa grande maioria, mas, apesar disso possuímos grandes xamãs e curandeiros, era no mínimo intrigante para ele eu creio, que estivéssemos recorrendo a ajuda externa, ainda mais de arcanos, criaturas possuidoras de grandes magias as quais nós olhamos com péssimas considerações. Grandturin então me indaga: “- Sim, sim, você tem razão, estou muito interessado em entender isso, e como não tenho contato com o seu líder Goryn Travor, eu preciso perguntar... O que está acontecendo na Floresta Enluarada que seja suficiente para fazer um bárbaro solicitar ajuda desse tipo jovem Grund-Tharg... Pode me dizer mais sobre este enigma?” 

Somos guerreiros que evitam a civilização por motivos simples, mas o mais forte de todos é que os civilizados são repletos de regras... Entre nosso povo não temos frivolidades, se não gostamos de algo resolvemos em luta, nem somos dados a falar demais ou dar explicações. Se queremos algo pegamos, se não gostamos revidamos e paciência, definitivamente não é nosso forte... Assim como também não temos o costume de entender ou aceitar brincadeiras, nossa honra é nosso maior bem... Tendo consciência de todas essas falhas diante de alguém civilizado, ainda assim me é difícil suportar uma ofensa e eu considero que o comentário dirigido à mim foi deveras ofensivo... Apesar de ainda estar surpreso em como ele respondeu a algo que eu apenas pensei, a sensação de que ele estava zombando de nossa incapacidade em resolver nosso próprio problema me era ainda maior... Me ergo da mesa mais rápido do que conjecturei todos esses pensamentos e fico olhando Grandturin nos olhos, não me importava que ele fosse alguém muito poderoso visto que até mesmo Goryn recorreu à sua ajuda, tirar sarro de minha condição, eu não aceitaria... O observo bem nos olhos, percebo sua tranquilidade de quem parecia saber que eu não poderia causar-lhe qualquer mal, mas ainda assim eu pergunto a ele: 

“- ACASO ESTÁS DIZENDO QUE VIM COM O RABO ENTRE AS PERNAS PEDIR QUE NOS SALVE A VIDA? SE FOR ISSO PODE ENFIAR SUA AJUDA NO RABO!” 

Grandturin respeitosamente se levantou, mesmo nós dois sabendo que ele não precisava disso... Eu sentia que ele poderia me vencer em combate muito facilmente, era visível que ele possuía técnicas fantásticas, ele não seria o mestre de armas e lutas da academia de WinterLess à toa. Ainda assim, com cordialidade que ele não precisaria ter comigo visto seu posto e capacidades, ele se desculpou e me fez entender meu erro: 

“- Acalme-se jovem Tharg, com certeza me expressei mal! Conheço seu líder e vários outros Tangdarth há muito e sei que seus temperamentos e considerações são bem intensos... Eu quis dizer que com certeza algo muito grave está a acontecer para que não resolvam sozinhos como sempre, e eu gostaria de saber este motivo, até mesmo para poder direcionar a melhor ajuda possível...” 

Mesmo sendo diferente dos civilizados eu reconhecia a cordialidade de Grandturin, ele poderia simplesmente me fazer ter mais respeito com ele mas usou de diplomacia e educação e eu respeitaria aquele gesto para sempre. Me sento e então tento explicar, da melhor maneira que me era possível: 

“- OGREBOULD "MIL FLECHAS"... ELE REQUISITOU O DESAFIO DAS TRIBOS... ENFEITIÇOU O ÚNICO CAMPEÃO CAPAZ DE VENCER O DELE... ORINDON... OGREBOULD QUER REINAR USURPANDO NOSSA LEI...” 

Embora as poucas e rústicas palavras, Grandturin compreendeu o que quis narrar... Converso em minha mente o tempo inteiro comigo mesmo, mas tenho grandes ressalvas e indisposição quanto a ficar explicando o que penso aos demais... Na verdade, eu me expresso melhor com uma arma em mãos, se gosto de algo gargalho alto, se não gosto, eu revido à altura! Esse é o estilo de meu povo e por saber que tal estilo não é muito bem-vindo entre os civilizados, prefiro me manter quieto e conversar apenas comigo mesmo... Mas consegui perceber que apesar de quase não usar palavras e extensas dissertações, o mestre de armas à minha frente tinha entendido o que acontecia e satisfeito, acenando positivamente com a cabeça, recostou na cadeira e empinou outra caneca de cerveja. 

“- Precisam remover seu campeão do feitiço e garantir seu direito ao torneio para que possam reaver o direito sobre seu lar, a Floresta Enluarada! É justo e correto o que me pede jovem Tharg!” Diante da certeza de ter cumprido inicialmente meu objetivo, me preparo para empinar minha caneca novamente, quando ouvimos a porta da taverna se abrir com violência... Grandturin e eu sequer olhamos para o local mas ouvimos o estalajadeiro pedindo quase em um sussurro que não iniciassem outra briga pois ele havia reformado tudo havia pouco... A resposta foi um berro que mais parecia uma bufada de um touro bravo: 

“- MALDITO BÁRBARO FEDIDO, AÍ ESTÁ VOCÊ! VAI ME PAGAR POR ME HUMILHAR DIANTE DO SENHOR GRANDTURIN!” 

Tanto eu quanto o mestre de armas ficamos em silêncio, nenhum de nós fitou quem falava, não era necessário, sabíamos exatamente definir o irritado pelas palavras proferidas... Empinei minha caneca de cerveja e em silêncio fiquei, até que senti e ouvi a corrida e a investida do guarda bundão! Me ergui da cadeira movendo-me para a esquerda no exato momento do golpe e vi ele enterrar o machado de guerra na mesa de madeira da taverna, ficando com o mesmo preso, dirigindo então a mim um olhar não mais de fúria, mas sim de pavor... De frente para ele o observei nos olhos agora com toda a vantagem do mundo e desferi um potente murro na cara do infeliz que voou por sobre as outras mesas se estabacando na parede adiante. Coloquei o pé sobre a cadeira e observei os demais guardas enquanto Grandturin continuava com os pés sobre a mesa bebendo cerveja e analisando tudo... Era a hora de ser o que sou, desafiei então: 

“- MAIS ALGUM BORRA-BOTAS MARIQUINHAS SE SENTE OFENDIDO E TEM CULHÕES SUFICIENTE PRA TENTAR SE VINGAR?” 

Eram pelo menos 10 guardas armados de machados e espadas e diante de minha frase parecia que suas faces haviam sido pintadas de rubro. Em carga e com uma gritaria desnecessária se jogaram em direção a mim e então pude finalmente me exercitar como estava querendo há algum tempo. 

O primeiro a chegar tentou me acertar com a espada em um corte horizontal, esquivei, agarrei o pulso dele e torci para que soltasse a mesma. Feito isso com sua própria mão que estava fechada fiz ele esmurrar a própria cara o arremessando com um giro no braço para distante de mim. O segundo tropeçou na cadeira que empurrei com o pé de leve à frente pra causar esse efeito, o abestado bateu com a cabeça em cima do acento, oportunidade perfeita para chutar a cadeira junto com o cão sarnento contra os próprios imbecis. Eles se amontoaram com o impacto e tentaram se desvencilhar pra seguir em frente, quando acabaram por olhar, eu já vinha no sentido contrário de braços abertos. Apanhei a todos de surpresa e os impactei contra a parede a frente ganhando o tempo necessário e os desarmando com a pancada violenta como eu pretendia. 

Agarro um dos guardas ainda em estado de falta de ar pelo impacto e desfiro um soco em seu nariz que tenho certeza, resultou em osso fraturado; peguei o desgraçado pelo pescoço, o ergui e bati violentamente sua cabeça revestida com um elmo contra o que estava ao lado direito, fazendo com que ambos apagasse com o choque, os atirando ao chão e chutando a dupla logo em seguida para longe. Nesse instante percebi que o resto do povo que ali estava quando o embate começou, escolheram um lado na farra e iniciaram a brigar e quebrar tudo, se batiam aleatoriamente como já é de costume em tavernas, apenas escolhiam em quem bater e se atracavam de golpes, usando cadeiras, as mãos limpas, ou jarros, pratos e canecas, parecia que a regra era apenas derrubar oponentes até que só um ficasse em pé, as próprias garotas da taverna faziam o mesmo em uma verdadeira briga generalizada, eu diria que, uma cena maravilhosamente linda de se ver!
Enquanto isso os bardos que tocavam no palco, mudam sua melodia e parecia que o novo ritmo imposto incitava a todos a parecerem muito mais selvagens do que civilizados, transformando o antes calmo e pacato local em uma verdadeira zona de guerra, o que era como música aos meus ouvidos! Voltando ao meu combate e aproveitando o esforço da perna direita para chutar os caídos, girei o corpo completamente, me voltando ao que estava à minhas costas ainda borrado de medo e emendei um soco de direita em seu queixo, o erguendo para cima com o impacto fazendo com que voasse por uma das mesas vindo a cair sobre a outra passos mais distante de nós... Aos meus pés, um dos que ainda não tinha desferido sequer um golpe tentava se levantar, a chance perfeita para ser malvado ao extremo... Ergui meu pé esquerdo e pisei com toda a vontade em seus escrotos sentindo que eles achataram-se ao chão completamente... Acredito que nunca vi uma cara de reação tão feia em minha vida. 

Restavam três deles, agarrei o que estava mais próximo pelo braço, o girei duas vezes no salão o arremessando contra a bancada da taverna o fazendo voar pelas prateleiras, ao que os outros dois agora sujavam o chão de urina enquanto eu caminhava contra eles fazendo os chacais começarem a recuar solto um urro de fúria para intimidá-los e encerrar a batalha em grande estilo, mas neste momento Grandturin se pronunciou salvando o rabo dos que restaram: 

“- Não cansam de passar vergonha soldados? Se ele fosse alguém maligno teria matado a todos com facilidade, não perceberam ainda?” Os guardas gemiam por toda a taverna enquanto tentavam se levantar... Os dois que mijavam no chão apavorados tentam justificar: 

“- Mas senhor Grandturin, ele nos humilhou, temos de reaver nossa honra...” Ganturin ficou de pé finalmente e com ar agora severo proferiu: 

“- Querem suas honras de volta? Recolham os que não podem caminhar, se recuperem e voltem às aulas básicas da academia para aprender a tratar a todos que aqui chegam de acordo com suas índoles e não com as aparências que seus olhos preconceituosos enxergam. Tiveram atitudes erradas ao receber Grund-Tharg e agora outra atitude mais errada ainda ao tentarem adquirir honra sem a merecer... Ao término de seus turnos irão revezar entre instruções primárias na academia e a reforma da taverna, agora retirem-se!” 

Sob as ordens do mestre de armas e instrutor da academia de WinterLess, os guardas recolhem os feridos que não podiam andar sozinhos e ajudam os que podem se mover, se retirando logo em seguida, enquanto eu fiquei parado em meio ao estabelecimento esperando o que viria para mim pelo quebra-quebra que promovi. Grandturin terminou de beber sua cerveja, trouxe o outro caneco que ainda estava cheio e me entregou... 

“- Nunca se desperdiça cerveja meu amigo!” Eu seguro o caneco e ele vai até o balcão, fala com o estalajadeiro que parece ficar contente e o vejo colocar moedas de platina sobre o móvel... Empino a caneca de cerveja que me foi entregue, limpo a barba colocando a caneca vazia sobre a mesa ao meu lado e fico de frente à Grandturin esperando que alguma punição me recaísse também, pois eram a guarda da cidade a quem eu tinha agredido, de certo seria repreendido, além de que o estranho na cidade era eu... O mestre de armas parou à minha frente, me observou seriamente, como se me analisasse para tomar uma decisão e então estendeu a mão para um aperto das mesmas explicando: 

“- Peço perdão pela pouca maturidade dos guardas, ser espancado diante de todos não é algo que se tem orgulho, então, peço que entenda. Durma aqui esta noite, já paguei os estragos e sua hospedagem, amanhã de manhã virei até você aqui mesmo com a equipe que precisas! Não irei decepcionar nem a você nem a Goryn meu grande amigo, fique tranquilo!” 

Eu aperto a mão do mestre de armas ainda confuso, mesmo sentindo enorme gratidão eu não entendia a atitude dele... Realizo um aceno de cabeça agradecendo tentando conter minha dúvida, mas não consigo ficar com aquilo a incomodar... Eu havia atacado seus guardas, os ferido bastante, porque ele puniu os guardas e a mim um estranho nada foi feito? Me viro e fico o observando e antes que eu pergunte o porquê, como que novamente lendo meus pensamentos, antes da pergunta ele me responde: 

“- WinterLess trata a todos de acordo com suas ações, não com sua aparência... Temos seres de todas as raças aqui e todos, até que cometam algo que os coloque em outra situação, são nossos irmãos... Assim como em qualquer lugar existem pessoas propensas a agir de acordo com o que vêem apenas e de acordo com seus pré-conceitos... O guarda errou e você defendeu a si e sua honra, suas coisas mais importantes... Os demais guardas que se deixaram levar pela vingança do primeiro erraram ainda mais e você novamente apenas se defendeu e mesmo tendo poder para tal não matou ninguém... Você é digno das honras a que Tangdarth é referenciado por isso, só merece elogios por sua conduta de acordo com seu povo e suas crenças... Eu o reverencio em suas atitudes jovem Grund-Tharg!” As palavras do mestre de armas entraram forte em meu cerne, talvez mais que qualquer outras palavras tenham conseguido até hoje no auge dos meus 20 verões... Fico a observá-lo enquanto ele segue seu trajeto em direção à porta e então, antes de sair ele completou de forma cordial: 

“- Seria bem vindo à nossa academia senhor Grund-Tharg... Se tornaria ainda mais forte e quem sabe num futuro próximo poderia ser o campeão de sua tribo, protegê-la bem como aos seus, assim  como hoje Orindon faz... Pense na proposta, sem pressa, me pergunte sobre os detalhes quando achar conveniente e conversaremos sobre as “regras demais” e as exceções que poderemos fazer, se achar meu convite interessante, é claro! Até amanhã Grund-Tharg “Força Infinita”! 

Grandturin se retira, eu fico a observar a porta onde ele saiu por alguns segundos... Cerro meu punho direito e o observo pensando na ideia de me tornar mais forte e proteger minha tribo... Porque eu pensaria em aceitar tal proposta me tornando um cachorrinho do exército de WinterLess? Nunca faria isso... Ou... Haveria mais em ser um integrante da academia daquela lendária cidade? De qualquer forma desço meu punho e estranho o silêncio... Olho ao redor, muita coisa quebrada e os que ainda estavam a taverna escondidos atrás dos móveis que restaram... Olho para o balcão do estalajadeiro e vejo o mesmo correndo para a mesa onde eu estava antes da briga, correndo com bandejas e jarros abarrotando a mesma de comida e bebida com um sorriso amarelo no rosto... De todos que estavam no local, apenas um não havia se movido ou feito qualquer menção desde que entrei até agora... Eu me dirijo para minha mesa e depois de fita-lo de relance, em sua armadura negra, apenas me sento, como e bebo à vontade... Ignoro completamente sua presença então, sequer percebi quando foi que ele saiu de lá... Minha missão estava parcialmente cumprida, era aguardar o dia raiar para seguirmos até a Floresta Enluarada e despertarmos Orindon finalmente... 

A ceia terminou porque a mesa ficou vazia... A grande quantidade de comida balanceou com a quantidade de cerveja que bebi e isso impediu que eu ficasse bêbado... Levantei, olhei para a mesa onde o homem de armadura negra estava, nem rastro mais dele... Tornei a não dar atenção a situação e busquei com meu olhar a missão final do dia, mulheres... Várias circulavam por ali a noite inteira, mas existia um grupo seleto que ficava mais próxima do balcão e do estalajadeiro, provavelmente as melhores da casa... Me direciono ao balcão e entro em meio a elas, me debruçando sobre o mesmo observando o dono do estabelecimento que talvez, devido ao quebra-quebra tivesse algum receio de mim... Usufruindo essa vantagem e não dando margem às messalinas para que entendessem que eu as queria muito, disparei ao estalajadeiro:

"- MULHERES... CAPAZES DE AGUENTAR ATÉ O RAIAR DO SOL... QUERO TRÊS..." 

O cordial homem olhou exatamente para as três que eu queria... As mesmas se agarraram a mim e sob indicação do estalajadeiro, me conduziram para o quarto a mim destinado... Havia um tacho gigante para banho, jarros de água ao lado e aquelas coisas que eles usam para se limpar com gosto bem estranho, se não me falha a memória o termo é "sabão"... Tiro minhas vestes, recosto a espada próximo à tina de banho e adentro a mesma chamando as três para o aconchego de meu corpo... Após aproximadamente duas horas de intensa atividade, elas querem abandonar o quarto alegando que não era normal tanto tempo de ato sexual com o mesmo freguês... Meneei a cabeça e disse que uma das três precisava pelo menos finalizar o serviço que contratei e então, poucos minutos depois, a escolhida deixou meu quarto reclamando de dores me permitindo recostar dentro da banheira para aproveitar a vista de minha janela... Era realmente uma bela vista, quase parecia a noite ao relento, de onde se podiam ver o céu, as estrelas... Saciado e em paz, me permiti momentos de recordações interessantes de minha infância... 

É fato que minha mente reservou pouco daquela época, de meu passado enquanto criança em plena tribo do Corcel Alado, mas do momento em que comecei a perceber as coisas até hoje, as lembranças são boas... Confortável e desafiador era o balanço de vai e vem, enquanto minha mãe corria e caçava comigo em suas costas, quietinho, ainda muito pequeno para acompanhá-la em seus largos passos...A observava espreitando as caças e eu tentava nem respirar para não atrapalhar sua investida... Era como seu fosse o caçador em segundo plano tendo uma arma mortal a meu comando, era assim que eu considerava Stefne "Olhos de Águia"... Quando meu pai voltava de algum combate ou alguma missão, era com ele que eu passava os dias, aprendendo a segurar e manusear armas cada vez mais pesadas e ainda assim usá-las com perfeição... O poderoso e condecorado Tenskell "Machado Veloz" era respeitado em toda nossa tribo devido sua grande habilidade em sua arma favorita e contam seus pares que suas capacidades eram ainda melhores demonstradas quando em meio à vários inimigos, eliminando vários com um golpe apenas, o que lhe conferiu a alcunha citada. 

Foram bons tempos... Realmente bons tempos... Me ergo da tina, recolho-me a cama e pego no sono de forma pesada... Estava cansado, minha mente desejava alcançar o descanso para se recuperar de tantas decisões tomadas no dia que passou e se preparar para as que viriam no dia seguinte... A noite me abraça, o sono chega e eu finalmente durmo...

Continua...

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2020

NeoChangeman - Episódio 28 - McLeod Ganj!

Há muitos anos atrás, surgia em nossa TV um seriado como nenhum outro... Cinco jovens arriscavam suas vidas para proteger a Terra do temível Império Gozzma, utilizando o poder dos cinco grandes animais lendários... Esses heróis se apresentavam como Esquadrão Relâmpago Changeman e eles venceram a invasão... Aproximadamente 20 anos após, uma nova ameaça surge e a Força Terrena precisa escolher novamente cinco bravos guerreiros para defender a Terra...

Uma fanficton de Lanthys LionHeart em homenagem ao saudoso Esquadrão Relâmpago, com vocês, Esquadrão Relâmpago NeoChangeman!
No episódio anterior:

Sakura“- Vocês possuem um amigo muito dedicado e fiel deste lado do plano...” Ela sorri e faz um gesto com a mão direita quando então todos conseguem perceber em meio a lágrimas e um choro de alegria incontrolável... Era Satoshi... Ele estava visível a todos graças às bênçãos do anjo do planeta Meril que permitia tal dádiva ali... Sakura olha para Satoshi e acena levemente com a cabeça para o mesmo que então olha para os amigos e flutua até eles... Ele se detém diante de cada um deles por alguns segundos, sorrindo como nunca deixando transparecer seu apreço por todos e a serenidade que permeava seu ser... Ryuichi... Hideki... Hiroko... Mitsu... Todos foram agraciados com a visão incrível da felicidade que só Satoshi era capaz de transmitir porém com Shiori, seria mais impactante ainda... Diante da nova herdeira de Pégasus, o jovem em luz e harmonia, abre os braços e envolve a moça em um abraço fraternal sem igual e mesmo sem poder tocá-la de verdade, as lagrimas da moça demonstravam o quanto aquele abraço estava sendo verdadeiro mesmo sem o toque... Ele beija a testa de Shiori e então flutua para perto de Sakura uma vez mais pronunciando palavras finalmente:
Satoshi“- Obrigado... A todos... Estarei sempre aqui para vocês...” Ninguém ali conseguiria dizer qualquer palavra naquele momento, a emoção era de uma magnitude impensável e antes de desaparecerem por completo, os anjos e Satoshi, uma última frase é dita pelo ex-guerreiro de Pégasus enquanto ia ficando transparente:
Satoshi“- Hiroko... Acredite... McLeod Ganj...”

Cinco dias após a batalha em Nagasaki - Algum lugar da India - 11:00hs:
O mar revolto, a noite assustadora, ventosa e fria... As ondas castigavam a embarcação onde Hiroko Sasaki tentava se manter sobre as águas... Ao mesmo tempo que a tensão consumia seus pensamentos, ela ia na direção contrária da situação se recordando que o mar era seu aliado, não precisaria de um barco, no entanto, ela parecia não conseguir livrar-se da ideia de se agarrar a pequena embarcação, e isso mantinha a situação bastante preocupante... Os relâmpagos rasgavam os céus, o que a fez naturalmente buscar por Satoshi ou Shiori a ostentar sua Densetsu-Form, mas ela não avistou a nenhum deles... Tão pouco acreditava que poderia encontrar a Hideki ou Ryuichi em ambiente tão controverso... Ela cogita então se arremessar ao mar, ambiente mais seguro a ela devido sua união ao Densetsu-Juu guardião da jovem pescadora mas quando ia executar tal movimento, ela percebeu que uma silhueta se formava ao longe... Ela se detém em sua intenção de adentrar as águas para observar quem poderia estar em tal situação desesperadora, ainda que não soubesse como havia vindo parar naquele lugar... A embarcação bem degradada pelo tempo se aproximava e ela podia ver que haviam dois ocupantes e quanto mais a distância diminuía, mais ela conseguia definir as imagens... As duas pessoas ali erguiam os braços e os movimentavam freneticamente como se quisessem chamar a atenção acabando pela moça responder aos acenos... A distância diminui de forma suficiente a permitir quase verificar os rostos e é neste momento que o terror tomou conta dela... Ela recua na embarcação, ela emite uma expressão de susto e o clarão ilumina os rostos daqueles que se aproximavam e um misto de tristeza e saudade se abatem sobre Hiroko Sasaki enquanto os dois que se aproximavam falavam calmamente a observando nos olhos como se ignorassem a tempestade e tudo ao redor, como se suas metas fossem somente dizer a ela uma única palavra que chegava aos seus ouvidos apesar de todo o furor da natureza: “ – McLeod Ganj...”

Um solavanco gigante faz a moça acordar do sono e de seu sonho terrível, deitada sobre o colo de Hideki Kuroki que velava seu descanso ao perceber que ela definitivamente estava a ter um pesadelo... Ela observa ao seu redor, entende que teve a mesma experiência de novo a qual os trazia ao local onde agora se dirigiam... Ela se senta, olha para Hideki e percebe que ele e os demais a observavam... Ela e Hideki estavam no último banco do ônibus precário que os transportava até seu destino... Ao seu lado, próximo a janela estava Shiori e a frente dela, no banco adiante, Ryuichi e Mitsu... A jovem professora a observava preocupada enquanto Mitsu, de joelhos no banco a observava sorrindo... Ryuichi a olhava tranquilamente enquanto Hideki arrumava o cabelo da moça, o removendo de seus olhos...
Shiori: “ – O sonho de novo Hiroko... Você está bem?” Hiroko sorri levemente amarrando seus cabelos e então se recompondo responde:
Hiroko: “ – Está tudo bem... É que rever meus pais depois de tanto tempo, mesmo sabendo que era um sonho... Não é algo fácil, nem simples... Não importa quantas vezes isso aconteça...”
Mitsu: “ – A gente vai descobrir o que fazer e vamos resolver isso Hiroko, pode ter certeza!” Ryuichi olha pela janela a paisagem era deslumbrante e diferente de tudo que ele já tinha visto, transmitia uma incrível sensação de paz. Ele então comenta:
Ryuichi: “ – Já cobrimos a pior parte, agora faltam menos de uma hora para a rodoviária e então 30 minutos até o ponto final. Em breve resolveremos tudo Hiroko!” Hideki acena positiva e sorridentemente, abraçando a noiva com ternura afagando seus cabelos com carinho... Mitsu já olha pela janela e um tanto entediada reclama:
Mitsu: "- A gente não podia ter vindo pelo portal não? Estamos viajando tem mais de dias Ryuichi... Pra que andar nisso aqui sacudindo como aspirantes à pipoca?" Todos riem da situação e o jovem líder explica:
Ryuichi: "- Sayaka achou mais seguro por não ser rastreável por Makura. Eles não irão buscar registros em empresas aéreas ou térreas, e sim usarão rastreio de telemetria e de portais. Assim, seja lá o que McLeod Ganj tem a oferecer, está em segurança sem os inimigos a nos rastrear por meios tecnológicos, que é o que possuem, entende? Além disso, precisamos pensar na população, imagine um ataque alienígena à uma cidade pacata e desprovida de defesas?" A jovem assente com a cabeça, mas ainda bastante contrariada com a ideia da viagem turbulenta. É então que Hideki resolve mudar o rumo do assunto: 
Hideki: “ – O que se lembra deles Hiroko?” O noivo da escolhida pelas águas estava curioso sobre a história do homem cuja existência e agora estranha aparição, justificava estarem indo tão longe de suas casas. Já a moça por sua vez se põe a observar para fora do ônibus e percebe que todos a fitam nos olhos, inclusive Ryuichi, interessados em conhecer a história da colega de equipe...
Hiroko: “ – Eu tinha 8 anos quando eles fizeram sua última pescaria... Meu pai, segundo contam para mim, surgiu na praia, 23 anos atrás... Ele não lembrava de nada de sua vida, mas se percebia que ele tinha a pele castigada de quem vivia do mar... Acreditavam que ele era um náufrago de alguma embarcação de outro país, pois seus traços não eram japoneses... Meus avós e minha mãe cuidaram dele e quando recobrou a consciência, como recompensa por o terem salvo, implorou para ajudar com nosso sustento em troca de permanecer entre nós. Bastou começar seus trabalhos e todos tiveram a certeza de que aquele náufrago pertencia sem dúvida a algum navio pesqueiro em sua vida antes de sua chegada, pois demonstrava grande intimidade com a pesca marinha, embora não lembrasse de já ter feito tal trabalho... Como também não se recordava de seu nome, passaram a chama-lo, com seu consentimento claro, de Nobuo e ele aprendeu rapidamente nosso idioma permitindo que em pouco tempo se comunicasse tranquilamente com todos na aldeia... Depois a proximidade entre Nobuo e minha mãe levou à paixão e dois anos após sua chegada eu nasci... Por 8 anos vivi com eles mas um dia, como faziam sempre a cada novo amanhecer, eles saíram e infelizmente desta vez, uma uma grande e inesperada tempestade os apanhou desprevenido em alto mar... E nunca mais os vi... Como foram oito anos de convivência lembro deles claramente, de serem gentis, determinados, bons no que faziam e de terem um grande fascínio pelo mar como praticamente todos em nossa aldeia... É por isso que erguemos túmulos em seus nomes sobre um monte à beira da praia para que Nobuo e Sayuri Sasaki estejam lá para sempre cuidando de toda nosso povo pelo menos em nossas lembranças... No demais nossas vidas era pescar, celebrar, ajudar nossa comunidade e aproveitar o mar, sempre fomos muito restritos à nossa aldeia... São lembranças comuns mas de uma vida tranquila e boa... E no sonho, apesar do mar assustador, eles estavam calmos, como se a tempestade não os fizesse temer, apenas chegam até mim e falam este palavra, McLeod Ganj, o que me faz acordar como acordei agora...” Todos ficam pensativos e então Mitsu comenta, um tanto curiosa:
Mitsu: “– Seu pai então apareceu na praia... Provavelmente pescador de alguma outra nação... Nunca tentou descobrir de onde ele pode ter vindo? Não havia nada com ele que denotasse algo, qualquer pista?” Hiroko pensa um pouco e conclui:
Hiroko: “– Além das roupas que usava, ele não tinha nada, nenhum colar, documento, apenas uma tatuagem em sua omoplata esquerda com uma inscrição de um idioma que desconheço... Nunca pesquisamos nada porque não importava sua origem para nós, apenas era ele e isso nos bastava... Nunca cogitamos que ele iria desaparecer tão cedo...” Shiori era quem perguntava agora, também atenta a narrativa....
Shiori: “– E você tem alguma imagem desta tatuagem para que pudéssemos pesquisar isso hoje?” Shiori então parece se aperceber de algo com um certo susto e fazendo uma reverência contínua, visivelmente constrangida:
Shiori: “– Me perdoe Hiroko, sequer perguntei se você tem algum interesse em saber algo sobre, acabei sendo indelicada com um assunto tão particular, me desculpe!” Hiroko faz a colega se erguer e sorridente completa:
Hiroko: “– Que é isso Shiori, não há problema nisso, eu já superei a partida deles, falar sobre isso não me traz qualquer problema ou sofrimento, pelo contrário, me traz boas lembranças. Sim, ele escreveu isso na foto que tenho deles os dois juntos, olhem:” Ela então abre a mochila que carregava e de dentro de uma espécie de agenda, ela foleia a mesma e puxa uma foto onde no verso se via a escrita feita por ele, tal qual estava em sua tatuagem...
A foto mostrada pela jovem vai passando pela mão de todos os cinco... Eles analisam a imagem, surgem elogios aos pais da moça e suas qualidades físicas e então comentários diversos sobre a possibilidade de origem e significado da tatuagem, assunto que se estende entre várias considerações enquanto a viagem truculenta e desprovida de confortos continuava pelas vias terrivelmente esburacadas que, parece que em uma tentativa divina de compensar o trajeto rudimentar para deslocamento, brindava os olhos e os pulmões com a natureza ímpar e o ar completamente puro e revigorante... Determinados, o grupo se mantinha firme em seu propósito e seguia viagem!

Armored Island – Cinco dias antes – 09:00hs:
Logo após a grande batalha contra a revelada bruxa Grindara, todos estavam recompostos e prontos a dar o próximo passo, mas parecia que a pista que haviam recebido seria a melhor dica para começarem a planejar! Assim, especialmente naquele dia, as atenções se voltam para Hiroko, aquela que recebeu a mensagem mais intrigante no dia do combate, diretamente do falecido Satoshi Yoshida! Embora todos confabulassem ideias e suposições, aquela que havia realmente recebido a mensagem direta parecia se perder em pensamentos, até que a amiga mais próxima de todos se manifesta:
Mitsu: “ – Ei... psiu... Alguma coisa errada?” Hiroko pareceu voltar ao cenário, se desculpou pela distância e resolveu explicar ao perceber que todos notaram sua distração:
Hiroko: “ – Eu peço desculpas, me distraí em um momento importante! Me desculpem, não acontecerá de novo...” A moça se levanta e se curva, enquanto Tsurugi sorrindo gesticula para que não o fizesse, não era necessário entre eles. Hideki então resolve interceder enquanto sua namorada se sentava novamente:
Hideki: “ – Conte a eles, se a está incomodando, é bom compartilhar com todos...” A moça fica um tanto em dúvida inicialmente, mas mesmo que fosse para justificar sua falta de atenção a reunião, ela considerava justo e até necessário... Um tanto desconfortável ela inicia:
Hiroko: “ – Eu sei que parece bobagem, mas tem incomodado, além de ter total ligação com o dito por Satoshi... Eu tenho tido sonhos muito confusos e completamente inusitados... Meu pai e minha mãe aparecem para mim em alto mar, em meio a uma tempestade violenta... Eles vem em minha direção e falam algo que soava muito esquisito... Mas não é por ser estranho, pela palavra quase incompreensível ou por ser meus pais, mas sim, porque isso tem se repetido desde nosso combate na Rússia e justo agora, numa aparição jamais cogitada, Satoshi surge e repete o mesmo... Meu pai e minha mãe surgem em seu barco, eles sorriem e acenam e então repetem a mesma palavra... McLeod Ganj!” Todos se observaram e estranham os fatos narrados, afinal de contas, os pais da moça haviam morrido há muito, e estranha e repentinamente surgem de novo, logo após uma terrível batalha e repetem uma mesma palavra que Satoshi, vindo do outro mundo, falou a ela em sua derradeira aparição... Isso com toda a certeza era um fato a ser analisado pois a palavra poderia ser um novo poder, uma forma de contornarem os problemas atuais, talvez até mesmo algum segredo de Makura que pudesse ajudar os guerreiros nessa hora tão desoladora... Todos esses pensamentos passam pela cabeça dos presentes e cada um segundo suas crenças e modo de pensar tentam raciocinar que complicado e intrínseco mistério poderia significar a palavra McLeod Ganj, quando então, Ozoora se pronuncia com total naturalidade como se nada de estranho tivesse sido dito:
Ozoora: “ – Maravilhoso local, na verdade é um dos locais mais incríveis do mundo, tenho amigos lá inclusive! Mas sem dúvida é intrigante, porque seus pais voltariam em sonhos para falar sobre a Índia pra você?” Todos então viram-se estupefatos para Ozoora enquanto o veterano se assusta com a reação de todos... 
Ozoora: “ – O que foi? Falei algo errado?” Por alguns segundos todos ainda o observam e então Hiroko quebra o silêncio:
Hiroko: “ – McLeod Ganj é um local?” Ozoora acena positivamente e acessando os menus da mesa digital de reuniões, abre um mapa mundi e vai avançando no zoom até mostrar a imagem na tela:
Ozoora: “ – Veja, aqui é McLeod Ganj... É um subúrbio de Dharamshala no distrito de Kangra de Himachal Pradesh, na Índia. É conhecido como "Little Lhasa" ou "Dhasa" por causa de sua grande população de tibetanos. O governo tibetano no exílio está sediado em McLeod Ganj e praticamente o local é repleto de monges budistas! Odara é líder em um templo naquele local, grande amigo meu e quem me ajuda sempre informando as maiores necessidades do povo dali para que os pudesse ajudar de forma correta e sem fazer com que se sentissem envergonhados por necessitar de tal ajuda. Como disse, é um dos lugares mais lindos do mundo!” Hideki então como se não concordasse questiona:
Hideki: “ – Mas porque insistir tanto com o nome de um local em sonhos repetidos... Isso não pode ser coincidência...” Ryucihi por sua vez que ouvia a tudo, se pronuncia:
Ryuichi: “ – Há algo de exótico ou diferente neste local além das questões geográficas e demográficas Ozoora? Algo que se recorde?” O veterano pensa por alguns segundos e então como se não houvesse nada de especial apenas explana o que lhe vem a mente:
Ozoora: “ – Que eu saiba ou que me foi dito... Nada! Apenas é um local de meditação, aprendizado, lendas e muita sabedoria... Nada além disso!” O jovem filho do comandante acena positivamente e então se levanta e explica a todos o que lhe ocorria naquele momento...
Ryuichi: “ – Naquele momento em que não conseguimos manifestar as Densetsu-Form, acredito que todos nós recebemos mensagens de nossos Densetsu-Juu explicando o ocorrido... Me lembro como agora de Dragon respondendo ao que lhe perguntei como resolver esta situação assustadora e suas palavras foram diretas... Precisamos encontrar uma solução para a perda da Densetsu-Form e seja através de qualquer que seja o método para isso, precisamos de sabedoria para encontrar a resposta...” Tsurugi acena positivamente com a cabeça enquanto Mai comenta:
Mai: “ – A sabedoria do povo de McLeod Ganj pode trazer a resposta para a Densetsu-Form... É isso que está cogitando Ryuichi?” Ele acena positivamente e olha para os quatro colegas que se observam e acenam positivamente também!
Hideki: “ – Como eu disse, ficarem a repetir sobre esse local por noites a fio, sem motivo não seria, acho que é uma necessidade pelo menos investigar o fato!”
Shiori: “ – Satoshi veio de seu descanso para frisar sobre isso... Com certeza não foi por nada que ele fez isso... Eu... Eu estou com vocês onde forem, se precisamos disso para dar fim a Makura, contem comigo!”
Mitsu: “ – Viajar e conhecer lugares exóticos e ainda chutar Robother e os demais? Tô dentro!”
Hiroko: “ – Eu não havia pensado sob esta perspectiva, mas sim, pode ser isso sim!” Ozoora se ergue e bate na mesa de forma leve para chamar a atenção, com grande sorriso:
Ozoora: “ – Então eu avisarei a Odara que irão, tenho certeza que os recepcionará com maior prazer! Com licença eu vou entrar em contato com ele e já volto!” Tsurugi então olhando para o pensamento preocupado de Ryuichi, toca em seu ombro e comenta a todos:
Cmt. Tsurugi: “ – Enquanto estiverem fora, nós cuidaremos de tudo! Makura está bem defasado devido as derrotas e eles temem Indrik agora. Além disso e de tudo que já tínhamos, agora temos o Comando de Resgate! Vão, descubram o que há por detrás dessa mensagem e voltem para derrotarmos Makura juntos! Eu juro junto a meus amigos que protegeremos a Terra até que retornem!” Ryuichi então se demonstra mais confiante em partir e os demais sorriem também de forma positiva, quando Ozoora retorna com expressão de espanto... Todos o observam querendo saber do que se tratava e ele completa:
Ozoora: “ – As ligações para lá são ruins e... Sempre é difícil fazer contato com Odara, mas... Desta vez... Ele atendeu ao primeiro toque do telefone que possuem, ele estava do lado do aparelho aguardando e me disse que estava esperando minha ligação avisando quando vocês iriam...” Todos ficam ainda mais atônitos e o veterano completa:
Ozoora: “ – Odara sabia que vocês iriam... Segundo os termos que ele usou no telefone comigo, “cinco jovens escolhidos pelos deuses iriam procura-lo e ele está à espera destes jovens”... A situação era incrivelmente de surpresa e nada que dissessem poderia explicar aquela situação!

Espaço Sideral – Cruzador Imperial
A sala onde o suporte vital que permitia a presença de Kemono em nosso universo positivo estava bem mais sombrio que de costume... Grindara estava ao lado do Imperador enquanto Kanydai se ajoelhava a frente dos dois... Como Robother estava imerso em seu ódio contra os guerreiros da Terra, que em sua visão humilhavam incessantemente sua capacidade criadora, agora os olhos e cobranças das ações de invasão se voltavam ao general fera...
Kanydai: “- Quais seus planos meu imperador? Já lançamos mão de muitas coisas, defasamos o poder do Império, estamos sem soldados, sem equipamentos, eu tenho a humildade de pedir sua sabedoria para um plano fatal e final...” Grindara sai das sombras envolta em faixas para se recuperar de seus ferimentos e dispara o ataque verbal:
Grindara: “- Sua única opção visto as falhas constantes certo general?” Kanydai não ergue a cabeça ou mesmo o olhar e responde:
Kanydai: “- Falou a múmia prostituta que pensa vencer batalhas com seu órgão genital!” Grindara explode em fúria diante das palavras de Kanydai mas não consegue sequer mover seu corpo, Kemono a impedia sem sequer olhar em seus olhos... O terror toma conta da bruxa e ela então desiste de atacar... O imperador troveja na sala:
Kemono: “- Não jogue sua sorte fora Grindara... Ainda poderá ser útil... Retire-se, recupere-se e encontre os escolhidos... Eles estão ocultos desde a batalha que VOCÊ perdeu e foi posta para correr sem roupas inclusive... Resigne-se a fazer o que tem condições, descubra onde estão os cinco e prepare-se para atacar com toda sua força antes que consigam se unir ainda mais à Força Terrena...” Grindara range seus dentes de raiva mas obedece ao imperador... Kanydai continua em posição de respeito e é a ele que Kemono se dirigia agora:
Kemono: “- A atividade espiritual de Grindara na cidade do último combate me deu muita energia deste mundo... Os espíritos que não seguiram a maldita Meriliana estão agora comigo e com ela... Sua essência de raiva e vingança se conectaram com outros locais deste planeta onde houveram atrocidades e em busca de uma vingança contra a humanidade, estão se unindo mais e mais a nós dois... Isto me dará energia para retornar a este mundo e encerrar esta batalha de uma vez por todas, mas... Ainda não estou pronto... Eu preciso que você e Robother reduzam as forças dos Defensores.... Em breve um meteoro de composição quase que puramente de metais espaciais será captado por nossos feixes, una-se a Robother, criem equipamentos e tropas e se preparem para uma invasão maciça. Mesmo que não os destruamos ainda, iremos diminuir suas forças e recursos ao máximo e isso os deixará a mercê de meu ataque avassalador. Irei ordenar que Grindara encontre os cinco e os ataque com tudo para evitar que se manifestem e virem a balança das probabilidades e vocês se encarregam das equipes de apoio!” Kanydai acena positivamente e então Robother surge através da gigante porta se prostrando diante do Imperador também:
Robother: “- Eles não usaram portais meu senhor, não há como rastreá-los por meus meios, somente sua serva feiticeira poderá realizar tal feito, pois eles abandonaram a tecnologia para se camuflar e com certeza, não estão acessíveis à nossa tecnologia...” Kemono se mostra satisfeito e então gesticula com as mãos para que saiam:
Kemono: “- Cumpram suas missões e governem ao meu lado... O meteoro está chegando... Espero sinceramente o sucesso de vocês, Kanydai e Robother...” O imperador desaparece, e os generais se erguem partindo para cumprir o plano traçado, determinados a encerrar o embate contra o planeta Terra... Cada um alimentando seus desejos mais íntimos... Grindara provar que é a melhor e mais útil para se deleitar em uma vida infinita e de regalias ao lado de quem vencer... Robother quer provar que sua tecnologia é superior a tudo enquanto Kanydai, quer a cabeça de NeoGriphon antes do combate terminar... O desfecho final se aproximava...

McLeod Ganj – Dia atual – 13:00hs
Os jovens descem finalmente na cidade desejada depois de horas de caminhos esburacados e ficam a observar que tipo de local seria a cidade que buscavam... Não havia rodoviária, não havia terminal de desembarque... Existia apenas uma rua com uma extensão de 2Km com centenas de lojinhas e pequenos cubículos amontoados nos dois lados dessa rua... Após isso eram apenas vielas que desciam morro abaixo, afinal, McLeod Ganj era incrustada em montanhas distantes dois dias de caminhada dos picos do Himalaia... Bandeiras festivas, casas como que empilhadas uma acima das outras, muitas pessoas circulando pela rua aparentemente sem qualquer ordem em seus trajetos... Comidas servidas ao ar livre e ficava nítido que meticulosidade não era algo importante ao povo dali, o que para os costumes japoneses era um grande desafio...
Mitsu: “- Meio... Desorganizada a cidade deles né?” Com cara de nenhuma boa sensação a jovem comenta e os outros acenam com a cabeça em concordância com a colega... Hideki tentando desfazer o clima abre os braços e respira fundo sorrindo:
Hideki: “- Em compensação sintam esse ar puro... Nunca respirei algo assim e olha que moro no campo!” Os demais se aproximavam dele observando ao redor, Ryuichi tinha um leve sorriso no rosto, Shiori se sentia como em meio a um jardim devido a pureza do ar que respirava. Hiroko estava ao lado do noivo quando olha para o lado e percebe um menino a observá-la... Ela solta-se do braço de Hideki e caminha até ele se abaixando e perguntando:
Hiroko: “- Oi mocinho... Está perdido?” O menino sorri para a moça e aponta na direção da rua completando: “- Odara espera por vocês logo a frente, apressem-se!” Hiroko olha para o local que o menino apontou, e ao olhar de novo para agradecer o menino tinha desaparecido! A moça estranha a situação, se levanta e vira-se para os demais que então a observavam com expressão de preocupação... Diante de suas expressões que pareciam não compreender algo, a moça exclama:
Hiroko: “- Que houve? Porque estão me olhando assim?” Os quatro jovens se entreolham e a observam de novo enquanto Hideki toma a palavra:
Hideki: “- Com quem você falava?” A herdeira da sereia ancestral então tem sua vez de ter uma expressão estranha no rosto e responde rapidamente:
Hiroko: “- Com o menininho vestido de monge... Vocês não viram?” Todos se observam, observam a jovem de novo e então acenam negativamente... Ela insiste:
Hiroko: “- Como não viram? Ele apontou onde Odara nos aguarda!” Os jovens continuam a apresentar a expressão de quem não entendiam do que ela falava e antes que ela tente argumentar de novo uma voz é ouvida, vindo em direção a eles:


“- Nobres escolhidos... Estava a aguardar por vocês, fico satisfeito que tenham chegado até aqui em segurança! As forças malignas conspiram contra cada um de vós para impedir que unidos à seus guardiões ancestrais possam trazer a paz ao mundo! Mas muitos mais torcem e elevam energias positivas ao universo para que cumpram suas missões e possam ser os representantes da luz em nosso mundo, nesta era de trevas! Eu sou Odara, e lhes dou as boas vindas à McLeod Ganj!”


O homem faz uma reverência cordial e os cinco jovens respondem embora tivessem sidos pegos de surpresa! Odara faz um gesto convidando-os a seguir com ele pela rua única da cidade e vai aos poucos mostrando o local, onde podem comer, os locais que mais se assemelham com sua cultura entre outras coisas...
Odara: “- Vejam nobres escolhidos, à nossa esquerda temos o sagrado lago Dal Lake e lá em cima nas colinas, nosso local de destino, o Gallu Devi Temple, onde irão repousar para amanhã começar a treinar!” Os jovens se olham e então Ryuichi toma a frente questionando:
Ryuichi: “- Treinar senhor Odara?” Ele faz uns gestos negativos com a mão negando a referência polida e sorrindo completa:
Odara: “- Por favor, nada de senhor, sou seu humilde servo nesta jornada! Odara é suficiente e em breve espero que me chamem de amigo! Quanto ao treino, sim, foi isso que me foi solicitado!” Novamente os guerreiros ficam se observando, não entendiam nada do que acontecia:
Hiroko: “- Como assim senhor Odara, quem solicitou algo ao senhor?”
Mitsu: “- Como sabe o que precisamos ou porque viemos senhor Odara?” O monge detém seu caminhar e com uma posição de saudação comum diz a todos:
Odara: “- Já, já, tudo se explica, vamos pegar o transporte e então nos dirigir ao templo para que se recomponham, durante a ceia explicarei tudo, vamos!” Todos embora ainda cheios de dúvidas concordam e seguem com Odara para o transporte em direção ao templo e não mais que 20 minutos foram necessários para o veículo chegar até o local indicado. Tão logo desceram vários monges vieram recebe-los e conduzi-los a seus aposentos... O local era simples, gente realmente humilde mas que não se consideravam pobres, para eles aquilo era a maior riqueza que poderiam ter. As vistas eram deslumbrantes, montanhas e riachos por todos os lados e há dois dias dali a imponente cordilheira do Himalaia, era como estar num verdadeiro santuário de paz e silêncio abundante e o coração e mente dos jovens parecia encontrar um equilíbrio nunca visto antes... A tarde passou rápido, os jovens conheceram o local e logo após se recolheram aos quartos destinados para se preparar para a ceia que viria logo ao anoitecer. A mesa foi posta do lado de fora e após se acomodarem e tomarem um revigorante banho, todos se reúnem para a refeição... Odara toma a palavra enquanto todos comem e explica:
Odara: “- O universo é um só... Bem e mal conectam tudo e todos em qualquer lugar do planeta... Assim como as falanges do mal operam neste momento em busca de vós e querem o fim de tudo que representam, as energias vibratórias do bem continuam a resistir com coragem imponente... Assim como vocês são a força que reage diante do ataque físico, existem aqueles que lutam de forma mais sutis e mais... Como diria... Espiritualmente falando! Essas forças, elas me avisaram de sua vinda, sabia que meu amigo Ozoora iria avisar quando seria e nos preparamos para recebe-los, esperamos humildemente que a estadia seja adequada jovens escolhidos! Amanhã de manhã vamos visitar o lago e iniciaremos nossos treinos para que possam adquirir aquilo que somente vocês podem descobrir, entender e conquistar!” Todos se impressionam com a capacidade que Odara tinha de tocar seus íntimos com as palavras, mas principalmente com o quanto ele conhecia sobre eles, provavelmente muito mais que eles mesmos.
Shiori: “- Seria correto admitir então que o que precisamos conquistar está na alma Odara?” O monge bate leves palmas de alegria e acenando positivamente continua:
Odara: “- Sim nobre mestra, como seres encarnados vivenciamos a matéria e desconsideramos o quanto o mundo fora dela pode ser poderoso, necessário, decisivo... Suas almas e mentes precisam treinar pois seus corpos e capacidades físicas estão no ápice!”
Ryuichi: “- Mas Dragon me disse que nossos corpos não aguentavam mais as Densetsu-Form, como podemos estar tão bem assim Odara?” Sorridente o monge continua:
Odara: “- Mente... Alma... E corpo! Vocês dominam uma parte mas precisam dominar outras duas ainda... Seus corpos não aguentam porque só sabem usar uma das partes do triângulo jovem mestre!”
Mitsu: “- E porque nossos Densetsu-Juu não puderam nos passar tal lição?”
Odara: “- Se surpreenderia em como pode ser difícil para um espírito ancestral capaz de viver por milhares de anos e estar presente desde sempre neste planeta tentar explicar ou ensinar algo que para cada ser na existência, terá um entendimento único e pessoal... Cada pessoa, cada povo, cada ser tem um entendimento de o que é respirar, o que é viver, o que é sentir... Da mesma forma, há coisas que apesar de se saber fazer, não se tem como explicar, é preciso sentir, assimilar e então achar seu jeito de definir aquilo... Saberiam dizer a outra pessoa como se unir a uma fera guardiã como cada um de vós fizeram magnificamente?" O silêncio imperou no local e o monge continuou: "- Da mesma forma, não havia como suas feras ancestrais lhe explicarem o que só pode ser aprendido e conquistado de formas diferentes para cada um de vós. Por exemplo, cada povo tem uma definição de organização, então, não é que não gostemos de organização aqui em McLeod Ganj, apenas temos uma visão diferente de prioridades...” O monge olha para Mitsu e sorri debochadamente, enquanto a moça fica com as bochechas rubras por Odara tê-la deixado encabulada e todos acabaram por rir juntamente ao final, inclusive a própria Mitsu! A ceia se estendeu e ao final da mesma todos estavam prontos para retornar a seus aposentos... Hideki e Hiroko foram até a borda da área do templo e ficaram a observar as estrelas por alguns instantes, admirando aquele céu tão brilhante que não era visível nas grandes cidades... Ela à frente dele de braços cruzados, ele por detrás dela com o queixo apoiado na cabeça da moça, abraçando-a por trás... Depois de alguns segundos de silêncio e admiração ao cosmos, é ela quem inicia o diálogo:
Hiroko: "- Será que encontraremos respostas Hideki? Isso me parece tudo, estranhamente familiar... Tenho consciência de que nunca estive aqui antes, mas parece tão, nostálgico... Como se tudo aqui entrasse em sintonia comigo... Mas ao mesmo tempo, será que tomamos a decisão certa e estar aqui é o que devemos realmente fazer neste momento?" O jovem Hideki sorri e continua:
Hideki: "- Não estamos aqui por coincidência Hiroko... Seus pais... A mensagem de Satoshi diretamente a você... Sua nostalgia com o lugar... A criança que você viu e mais ninguém... Eu tenho plena certeza de que amanhã, sob a orientação de Odara, iremos descobrir o que McLeod Ganj guarda para nós e voltaremos para destruir Makura! Eu te prometo!" Ela então sorri aliviada, achava que até mesmo seu noivo a considerava tendo visões e com um sorriso de satisfação ela exclama, bem baixinho...
Hiroko: "- Você acredita em mim... Obrigado.." O jovem sorri com satisfação completando:
Hideki: "- Sempre achei que minha família eram os únicos em quem eu confiaria, mas hoje vejo que vocês se tornaram pessoas a quem eu entregaria minha vida sem qualquer hesitação... E a você, além da minha vida eu dou meu coração e meu amor... Então se você diz que viu um menino e que ele falou com você, algo extraordinário aconteceu e realmente você viu o menino e nós não! Simples assim!" Hiroko se vira, saindo do abraço do noivo e o enlaça pelo pescoço, o observando nos olhos:
Hiroko: "- Quando nos casarmos... Você pensa em filhos?" Hideki parecia ter os olhos como duas estrelas a brilhar com a pergunta e antes de encerrar o assunto com um longo beijo, completa o diálogo da noite:
Hideki: "- Você só precisa dizer, quando, onde e quantos!" Os dois enamorados ficaram a observar o céu e trocar planos para o futuro e algumas horas depois, se recolherem como os demais...

McLeod Ganj – 05:00 A.M. – Gallu Devi Temple:
“- Acordem jovens mestres, nossa caminhada tem início em instantes. Usem roupas leves, na saída do templo peguem uma fruta cada e me sigam. Nosso treinamento começa agora, saímos em 15 minutos!” Era Odara que os acordava e partia em direção à saída do templo para aguardá-los. Empolgados com a situação eles começam a descer a estrada curvilínea que os levaria até a cidade e o assunto foi novamente bem abordado durante a caminhada agradável com o cheiro de orvalho no ar que respiravam:
Hiroko: “- Então as tais forças do bem, fizeram meus pais voltar do túmulo para me fazer vir a McLeod Ganj?”
Odara: “- Basicamente sim, mas não eram eles de verdade e sim suas lembranças queridas deles que foi usada para que tivesse fé no que estava sendo dito!”
Hideki: “- E porque usar um sonho, não era mais fácil avisar de forma convencional, você ligava para Ozoora e a gente vinha?”
Odara: “- Não se conquista nada através de pedidos, se conquista através do primeiro passo, desejar conquistar! Se não tivessem o desejo de vir aqui, sua estadia de nada adiantaria jovem mestre Hideki!”
Ryuichi: “- O que precisamos não pode ser ensinado, tem de ser aprendido e conquistado...”
Shiori: “- Mente, alma, corpo e dominamos somente um deles...”
Mitsu: “- E desdenhamos a parte espiritual de tudo por estarmos em um mundo físico...”
Odara: “- Bravo jovens mestres, bravo! Estão dando seus primeiros passos e tudo logo se esclarecerá... As influencias desta corrente do bem se afeta sobre vocês bem antes de seus nascimentos e continuará após suas batalhas, o espiritual é imortal enquanto o físico perece, quando dominarem ambos, terão o poder para derrotar o mal que assola nosso mundo!” Odara detém seu trajeto, estavam de frente do Dal Lake e então ele pede que todos fiquem em linha e explica:
“- Seus treinamentos começam agora... Se forem dignos irão conseguir sobrepujar a falha atual... Se não tiverem o merecimento, irão deixar milhões morrer e talvez a extinção do que chamamos de mundo físico...” 

Ele observa a todos e então Mitsu se manifesta:
Mitsu: “- Isso não é muito inspirador...” Odara sorri complacentemente e então um deslocamento de ar, algo como um rastro de luz e energia branca passa por eles e adentra violentamente o lago levando consigo sem que ninguém possa ter qualquer tipo de reação, a jovem Hiroko Sasaki, provavelmente até o fundo do mesmo! Os quatros jovens se espantam, olham para Odara e se preparam para adentrar o lago e salvar a aliada, mas Odara fica com uma expressão demoníaca, ou assim os jovens pensaram e a última coisa que escutam é:
Odara: “- Deveriam se preocupar com vocês... Jovens mestres...” Uma gigante onda negra parte do velho monge em direção aos quatro amigos e então, todos são envolvidos por uma escuridão profunda que os faz desaparecem fisicamente dos arredores do Dal Lake McLeod Ganj!

Espaço Sideral – Cruzador Makura – Momentos após o acontecimento em McLeod Ganj:
A movimentação era intensa, os maquinários trabalhavam com toda intensidade e utilizavam o meteorito já transformado em metal para criar novos soldados e novos veículos. O sistema de construção automatizado, sincronizado ao cérebro do general máquina trabalhava como se fosse uma extensão do mesmo e criava tudo ao mesmo tempo como uma verdadeira fábrica viva! Kanydai observava a tudo e entendia que os dois generais precisavam se unir neste momento ou seria o fim dos dois também:
Kanydai: “- Perfeito Robother, essa nova liga de metal é tão boa quanto a que tínhamos, irá servir para esta última invasão maciça. Qual a quantidade de soldados que estimas que poderemos ter à disposição?” Conectado ao sistema Robother conversava com Kanydai como se não estivesse responsável por toda a produção incrível que ali acontecia:
Robother: “- Milhares Kanydai... Também teremos pelo menos 10 veículos de cada espécie... Apenas os droides não iremos colocar em fabricação serial, preferi criar pelo menos um soldado melhorado e reforçado para ser nosso comandado em combate. Ele receberá minhas ondas mentais e suas e poderá atuar distribuindo nossos comandos entre os soldados ligados pela rede neural. Assim, teremos um oficial em campo comandando todos os demais soldados e poderemos lutar com os malditos com todas as nossas forças caso seja necessário!” Kanydai acena positivamente e sai caminhando pelo local...
Kanydai: “- Depois de terminarmos com todos eles, te peço apenas que deixe Griphon para mim caso os cinco dêem as caras... Eu ainda quero a desforra por meu braço e pela humilhação no dia de nosso duelo...” Robother acena positivamente:
Robother: “- Não tenho interesse especial em nenhum deles, apenas vou provar que nossa ciência é a mais poderosa de todas, destruindo todos eles através deste grande plano que nasce através de nossa estratégia e de minha concepção neural!”
Kanydai: “- Tempo estimado para a partida?”
Robother: “- Duas horas no máximo!”
Kanydai: “- Perfeito! Aguardo sua liberação para agirmos general máquina!” Robother acena positivamente e se volta à construção de seu poderio militar enquanto Kanydai se retira à seus aposentos para se preparar para o que ele considera, será o embate final contra os terráqueos!

Armored Island – 10:00hs
A sala de reunião Satoshi Yoshida estava quase completa. Os líderes dos Comandos de Resgate estavam presentes, assim como Mai, Sayaka, Nana, Hayate e Tsurugi. Todos os oficiais da base estavam completamente focados no monitoramento de qualquer ação de Makura... Isso se devia a promessa que Tsurugi fez e que todos adotaram como suas também, de proteger tudo e a todos enquanto os jovens iam em busca de McLeod Ganj para resolver talvez assim, a falha nas Densetsu-Form. Todos estavam prontos para entrar em ação, embora as opiniões se dividissem... Alguns consideravam que as últimas batalhas, mesmo sem as magistrais formas Densetsu-Juu haviam mostrado à Makura que não iriam vencer fácil e que isso, aliado às surras que seus generais e a própria Grindara haviam levado, seria suficiente para que eles detivessem seus ataques por hora... Mas alguns acreditavam justamente no contrário, que por verem as opções dos Defensores se esgotando, eles poderiam até mesmo convocar mais invasores para se unir a eles e tentar uma investida poderosa para destruir a todos antes que algo pudesse ser feito pelas formas Densetsu-Juu... Fosse qual fosse o pensamento, todos estavam dispostos a combater o inimigo e estavam de prontidão para sair assim que fossem acionados... As prefeituras das cidades trabalhavam freneticamente na instalação de Kinkyu Systens para salvar a população mas era necessário mais tempo para tal infra-estrutura... Matoi e seus irmãos se preparavam e preparavam a moral de seus aliados para salvar tantos quanto pudessem e dessem a liberdade para que os demais Comandos lutassem contra os inimigos... Hayate estava pronto assim como seus Comandos Terrestres. A aviação de ataque esperava ansiosa pelo combate e Mai estava pronta para se infiltrar e descobrir os segredos inimigos e assim ajudar na batalha... As horas se passavam lentamente e todos se mantinham atentos... Era uma espera angustiante como a calmaria antes da tempestade...Todos estavam equipados e todos estavam dispostos a lutar, e isso não era uma exclusividade da tropa... Hayate já usava uma Proton-Plate desde que se tornou comandante dos Comandos, assim como Mai e seu traje de camuflagem... Mas desta vez na sala, Sayaka e Tsurugi também vestiam Proton-Plates e estavam prontos para o embate... Parecia que todos se preparavam para a batalha final mesmo que ela não tivesse sido sequer cogitada... Diante do silêncio, Hayate busca uma resposta que ele já cogita saber a resposta:
Hayate: “- O Ozoora não vem não é Tsurugi?” O veterano meneia a cabeça com um sorriso no rosto:
Tsurugi: “- Ele sempre foi um pacifista... Lutou porque não havia outro meio e ele tem um coração maior que o corpo, não deixaria pessoas morrerem quando ele tinha a responsabilidade de protege-los... Hoje ele não tem esta responsabilidade, sua participação foi definida desde o início, seria nosso patrocinador e principal fornecedor logístico e nada além...” Sayaka se aproxima da mesa e completa:
Sayaka: “- Acho que devemos isso a ele... Por o ter de certa forma obrigado a lutar tantas vezes... De o fazer perder seu amigo Pégasus e ainda assim ter de lutar, algo que ele nunca gostou... Acho que é justo ele ter essa liberdade agora!” Sayaka então se vira e segue em direção aos painéis e Hayate consente positivamente:
Hayate: “- Vocês estão certos... Eu não pensei em cobrar que ele lutasse, mas gostaria, se este for o fim, estar junto das pessoas que deram sentido a minha vida... E ele é uma dessas pessoas... Mas compreendo e respeito a atitude dele!” Todos acenam positivamente e continuam a aguardar por algum acontecimento, enquanto as horas se passavam como que se arrastando até que então finalmente o alarme soa, os oficiais iniciam rastreamento e telemetria direcionando os dados para Sayaka e Nana enquanto Tsurugi e os demais ficam a observar com ansiosidade... Alguns comandos nos avançados sistemas de detecção e diversas comparações, em questão de segundos Nana e Sayaka se observam e acenam positivamente uma para a outra:
Sayaka: “- O alvo é a cidade de Osaka. Pelo menos 10 cargueiros carregados de soldados e pelo menos Kanydai está em um deles! Robother deve estar também mas não é rastreável por sinais vitais, consideremos que ele esteja junto da tropa como precaução!” Tsurugi acena positivamente, vira-se para os demais e comanda:
Comandante Tsurugi: “- Defensores da Terra... AÇÃO! Os quatro veteranos junto dos Comandos de Resgate partem para os hangares e a inicialização dos portais é acionada!

Dall Lake McLeod Ganj – 09:37hs
Pessoas passeiam pelo local, turistas tiram fotos e admiram a paisagem... Muitos monges vão e vem, outros se aproximam do lago e a vida segue normal na pequena cidade... Já haviam pelo menos duas horas que Odara e os cinco jovens haviam chegado até ali e devido ao horário, ninguém percebeu o ocorrido com eles às margens do lago e sequer existe algum vestígio deles por ali... As águas do lago calmas e tranquilas como sempre não denotam qualquer anormalidade...

Ryuichi é o primeiro à despertar... Ele abre seus olhos e sem se mexer ou enxergar qualquer pessoa busca analisar o local... Era apenas um breu, nada podia ser avistado, como se uma escuridão sem precedentes tomasse conta dele... Cogitou estar cego mas enxergava seu corpo ao mexer os olhos... Uma voz amistosa então fala com ele:
Odara: “- Foi o primeiro a acordar meu amigo, fico feliz que já o tenha feito... Uma união mental geralmente causa um choque deste tipo, mas unir cinco mentes é bem mais devastador... Eu diria que humanos normais não suportariam tal choque na verdade!” Ryuichi reconhece a voz, com um movimento único ele ergue-se e assume posição de combate virado para onde cogitou que ouviu a voz de Odara, mas nada... Apenas breu...
Odara: “- Concentre-se primeiro filho do dragão Tsurugi, concentre-se e veja que não estou em uma direção mas no todo...” Ryuichi não quer prestar atenção nas palavras de Odara, sua mente está em pânico por coisas, em seu julgamento, mais importantes:
Ryuichi: “- Porque fez isto conosco Odara, confiamos em você! O que fez com Hiroko? Vamos, diga!” A voz silencia por alguns segundos e Ryuichi começa a perceber, como se sua visão fosse acostumando-se ao breu, ou talvez alguma iluminação estivesse incidindo sobre o local, o jovem não saberia dizer, mas ao seu redor surgiam, desacordados, três de seus aliados. Ele corre para ajuda-los e chama por cada um deles os sacudindo:
Ryuichi: “- Hideki! Mitsu! Shiori! ACORDEM!” A voz de Odara se manifesta de novo:
Odara: “- É por isso que a escolhida Hiroko teve o mérito de apenas aprender enquanto vocês precisam ser lapidados a força!” Ryuichi olha ao redor buscando pelo monge mas parece que sua voz vem de todos os locais... Um som acolhedor começa a ecoar, como uma melodia, algo que parecia mais o cântico de uma ave, o jovem não saberia definir mas os três aliados começaram então a despertar após o cântico... Ryuichi acolhe a todos e Hideki tão logo consegue tomar o controle de seus pensamentos uma vez mais explode em pânico:
Hideki: “- Onde está Hiroko? Precisamos salva-la, para onde Odara a levou, preciso resgatá-la!” Ryuichi o observa nos olhos tentando contê-lo:
Ryuichi: “- Acalme-se... Precisamos entender onde estamos para então poder sair e salvá-la, é a maneira mais rápida para buscarmos ela!” Todos ficam em pé buscando por algo, mas a escuridão era completa, não viam anda além deles mesmos, até que a voz novamente fala com eles:
Odara: “- Bem vindos à suas próprias mentes jovens mestres... Isso é o que permeia seus espíritos neste momento e na maioria do decorrer de seus dias... Eu não estou dizendo que isto é ruim, longe de mim dizer algo assim, pessoais normais nem teriam sanidade para tal, mas... Vocês ainda detém a sanidade o que já é bastante...” Hideki cerra o punho e esbraveja:
Hideki: “- Pare de besteiras, onde está Hiroko? Porque nos atacou Odara?” O silêncio impera novamente e todos buscam por algum ponto para fixar sua visão, até que ela aparece... Odara, em posição de meditação e olhos fechados, diante deles flutuando:
Odara: “- Me dói a alma ser tratado como inimigo quando estou dando meu máximo para ajuda-los...” Hideki ira-se e tenta partir pra cima do velho monge enquanto os demais o seguram e é Mitsu quem demonstrava sua indignação então:
Mitsu: “- Explique-se Odara, confiamos em você que íamos treinar e Hiroko foi levada para as águas, pode estar morta e você aqui nos prendendo nisso...” O maduro monge respira fundo como se tirasse paciência de pensamentos profundos e se põe a explicar de novo...
Odara: “- Eu disse a vocês jovem mestres... Mente... Alma... E corpo! Vocês dominam uma mas precisam dominar as outras duas ainda... Seus corpos não aguentam mais porque só sabem usar uma das partes do triângulo... E o grande entrave para isso é justamente suas iras... O que demonstraram aqui e agora... Reagem com o que vêem aos olhos e esquecem das coisas da alma e da mente... Não se focam em prioridades e sim em instantes, e essa limitação, que vinha sendo compensada com o uso físico de seus corpos, não pode mais ser posta à disposição pois seus corpos não aguentam mais, precisam fazer isso do jeito certo e não com atalhos!” Hideki bate ao chão e brada furioso:
Hideki: “- Não focamos em prioridades? Estamos aqui conversando enquanto a prioridade está sabe-se lá como, preso no fundo de...” Odara o interrompe de forma grosseira até os forçando à racionalidade:
Odara: “- Presa no fundo de um lago onde tem... Água? Água muito mais calma, menos profunda e menos perigosa que um tsunami furioso na baía de Tokyo onde ela acalmou os mares, comandou os animais marinhos e salvou a todos nós? Esta é sua prioridade mestre Hideki?” Todos então silenciaram e pararam para pensar nas palavras do monge... Hideki baixou sua cabeça e embora ainda frustrado começou a remoer as palavras de Odara...
Odara: “- Mestra Hiroko tem coragem... Domina um dos elementos mais abundantes na vida como a conhecemos... Enfrentou inimigos terríveis com seu poder... Ela sabe ouvir e pensar antes de agir, por isso o treinamento dela é bem menos intempestivo que os vossos... Tenham certeza, ela saberá sobreviver em um lago calmo e pouco profundo mas e seus amigos ali... Quem os ajuda?” A imagem começa a clarear ao longe e todos podem ver seus Densetsu-Juu presos, por correntes energéticas indescritíveis e tentando de todas as formas se libertarem... Aterrorizados eles olham para Odara cobrando uma explicação e o mestre tibetano começa:
Odara: “- A escuridão completa que vêem ao seu redor são seus medos e frustrações... Grindara quase destruiu tudo, mas o anjo meriliano conseguiu recuperá-los de uma forma que mais ninguém conseguiria... No entanto, suas mentes ainda se mantém bloqueadas e nada poderá liberar suas feras sagradas a não ser vocês mesmos... Sou apenas a ligação entre vocês, estou unindo suas mentes para que possam estar dentro delas ao mesmo tempo mas o que precisam aprender aqui é entrarem em suas mentes, através da alma...” Os jovens se entreolham mas não entendem as palavras de Odara...
Odara: “- Meditação, concentração, suas almas ou seja, suas vontades de fazer algo, devem ser o caminho para que possam adentrar a dimensão da mente e libertar de lá os lendários guardiões. Quando se uniram a vocês, tudo acontece através desses três elos... Sua alma os aceita e conduz, sua mente os abriga em sua dimensão única e seus corpos sustentam seus grandes poderes... Mas a manifestação física deles deve ser uma troca e não um empréstimo físico... Vocês precisam aprender a "trocar de lugar"...” Os jovens nada dizem mas demonstram interesse na explicação ao que Odara parece finamente se sentir mais a vontade e continua a explanar:
Odara: “- Seus Densetsu-Juu estão em uma dimensão existente em sua mente e vocês no plano físico... Quando necessitam de suas formas magistrais em combate, vocês devem trocar de lugar, não emprestar seus corpos... Vocês vão para a dimensão dentro do cérebro dos Densetsu e eles vem ao plano físico em seus lugares, compreenderam? E o caminho, o combustível para que isso aconteça? A alma e sua vontade inabalável, protegida e energizada pela harmonia de seus pensamentos, ou seja, sua mente, e a força de seus corpos, algo já bastante comprovado! Mas se querem que seus guardiões sagrados se libertem precisam aprender a trocar de lugar com eles... Precisaram adentrar a dimensão das mentes de seus guardiões para que eles possam ganhar o mundo físico sem usar os corpos de vocês jovens mestres... Vocês precisam, aqui e agora, dominar o Keshara!"

Longe de saber o que acontecia com seus aliados e noivo, Hiroko desperta envolta por uma gigante escuridão tal qual os demais enfrentavam... Vários pensamentos passam pela cabeça da jovem mas ela procura compreender a situação antes de agir ou se agitar... Ao fazer isso, como que em resposta uma imagem se forma diante dela... Era o mesmo menino que lhe indicou a direção onde Odara se encontrava quando chegaram... Ela faz uma menção de tocar a criança, mas ela sorri alegremente e desaparece novamente, dando espaço ao nada outra vez... Antes que a moça pudesse pensar em qualquer outra atitude, uma voz suave começa a falar direto com sua mente a conduzindo para o motivo de tal situação... Uma imagem novamente se forma à sua frente, algo como uma coruja ela diria, de tamanho bem maior do que ela cogitaria existir, com olhos intensos e azulados pousada em um galho, ostentando uma branco em suas penas como a neve banhada pela luz prateada da lua:

“- Jovem criança... Não vos assustes com a penumbra... Estamos dentro de sua mente que, neste momento em especial, devido a tantos embates e medos, se encontra fragilizada... Fostes trazida até aqui por preparativos mais antigos do que cogitas... Vosso destino é dos mais altruístas mas também deveras sofrido... Enfrentar o que os demais sequer sonham em fazer... Vivenciar os momentos mais brutais que um ser humano pode viver... Dedicação... Doação... Heroísmo... Resignação... Você estava predestinada a encontrar seus primórdios e hoje está aqui diante de mim... Há muito estamos de certa forma ligados e vivenciamos situações juntos mas o momento fatídico de compreenderes a complexidade dos três aspectos de um guerreiro escolhido necessitava mais do que contato espiritual a que sempre tivemos...” Hiroko ainda surpresa com tudo não consegue compreender tal conceito, como ela estava ligada a um ser como o que ela via e o que significava estar sendo conduzida a isso muito antes do que cogitava... O ser à frente dele com toda certeza estava a ler seus pensamentos pois suas respostas eram certeiras:

“- Tudo em seu tempo será esclarecido, mas, neste momento é de suma importância compreender que mente, alma e corpo devem ser um só para o que vocês tem como missão! Vocês dominam uma mas precisam dominar as outras duas ainda... Vocês sofreram muito desde a união, a mente humana não é condicionada para algo assim e isso bloqueia a maioria dos seres humanos para vivenciar a trindade completa... Antes de mais detalhes é de importância gigante frisar que, não conseguir a manifestação física de suas contra-partes guardiãs, não se deve por falha de sua vontade, mas sim porque ainda não dominaram os três complexos de suas existências neste mundo físico... Seu primeiro teste para dar um passo de tamanha magnitude atingida somente por poucos que habitaram a esfera física deste mundo será se livrar da preocupação com os demais escolhidos e acreditar que eles possam resolver qualquer que seja a dificuldade que estiverem enfrentando... Confiança em si e nos seus lhe traz paz... Paz lhe traz concentração... Concentração lhe traz poder mental.... Poder mental liga alma e mente com o corpo... Você confia em seus aliados minha criança?” A jovem faz uma expressão de determinação, desfaz a posição de combate e então com uma expressão bem mais serena ela respira fundo como se preparasse para algo nunca tentado antes e observando a criatura branca como a neve aos olhos responde pela primeira vez:
Hiroko: “- Se alguém neste mundo pode cuidar de qualquer situação, são eles... Eu confio neles e por algum motivo nostálgico e que não sei explicar, eu... Confio em você também...” A criatura em forma de coruja então brilha seus olhos em intenso azul, seu colar parece fundir-se com seu peito e sua proporção aumenta para algo gigante que toma então uma forma magistral, imponente e quase que sagrada diria quem a visse como Hiroko a via... De asas abertas emanando uma pura energia branca acalentadora, a ave magnífica mostra-lhe a encantadora Mermaid, presa por correntes energéticas, e enquanto Hiroko observava atônita sua fera guardiã em cativeiro como uma presa, a ave divina, observando a jovem NeoChangeman ao fundo dos olhos em completa expressão serena, com uma voz melodiosa novamente se manifesta:

“- Estas são as correntes de sua mente... Elas trancam sua guardiã de sair desde que se uniram... Por algum tempo para mantê-los a salvo e capazes de enfrentar tais ameaças, usaram seus corpos como saída mas isso não mais é possível devido ao risco de morte física... Agora, Mermaid precisa de você para poder lutar de novo como deseja... Precisa entrar na mente dela e permitir que ela tome seu lugar no plano físico... Concentre-se minha pequena criança, se aceitar a intromissão deste ser que vos fala, com toda a vontade que tenho nesta existência, eu Garuda lhe farei digna do Keshara!” Um grande brilho branco começa a emanar da ave gigantesca enquanto Hiroko parecia com sua concentração, emanar a mesma energia que parecia de alguma forma mudar a coloração do plano onde estavam...

Osaka – 10:33hs
Portais se abrem um após o outro sobre a cidade e os Comandos Terrestres seguidos pela aviação aliada partem pela localidade dando proteção e suporte aos Comandos de Resgate que já trabalhavam na remoção dos civis desde que a telemetria indicou a mesma como alvo do ataque de Makura. Osaka ainda não tinha um Kinkyu System então eles precisavam evacuar os cidadãos à moda antiga. Muita correria, muito tumulto, muita gritaria era o que dominava o cenário da cidade naquele momento... As autoridades policiais vasculhavam os locais enquanto Matoi e os demais comandavam as ações de resgate como podiam para evitar baixas neste combate que parecia aos olhos de todos, seria muito mais intenso que qualquer outro... Todos as empresas de ônibus estavam à disposição e prontas para partir da cidade assim como a polícia regulava o trânsito para que todos pudessem evacuar o distrito com segurança e sem engarrafamentos, enquanto os Defensores iam se preparando para o combate que viria, tomando suas posições pelos diversos pontos de Osaka... Alguns segundos mais e o alarme começa a soar por toda a localidade, som este que relembrava os tempos de guerra de outrora, lembranças nada agradáveis a qualquer ser humano que tenha vivenciado um conflito armado... Pessoas se desesperam e tentam fugir como podem, já era possível ver os veículos alienígenas surgindo pelos céus adentrando nossa atmosfera... A artilharia começa a agir tentando acertar os inimigos mas as blindagens eram espessas ao máximo... O inimigo continuava a se aproximar e o campo de batalha ia se formando até que do nada, um ruído de um portal se abrindo e um gigantesco clarão como se formando por dentro dele anunciava o inicio da batalha:
Cmt. Tsurugi: “- Não nos meterão medo Makura! Base Shuttle ao ataque!!” Um potente raio parte do lendário falcão de batalha do Esquadrão Relâmpago atingindo em cheio o primeiro cargueiro Makura que se aproximava, explodindo o inimigo em pleno ar com gigantesca atividade incineradora,  liberando pedaços de soldados para todos os lados bem como soldados ainda operantes devido a sua constituição robótica, que foram caindo em plena solo iniciando tão logo tocavam o chão, a ação de combate com os Comandos Terrestres! Os demais cargueiros continuavam a se aproximar enquanto todos preparam-se para o clímax do momento.
Cmt. Tsurugi: “- Quanto tempo até termos o canhão de plasma carregado de novo Sayaka?” Ela movimenta os controles e em segundos detém a resposta necessária:
Sayaka: “- Pelo menos cinco minutos para energia máxima Tsurugi!” Ele acena positivamente e se concentra em tentar ajudar a todos passando comandos e informações como podia:
Cmt. Tsurugi: “- Comandos Terrestres e Comandos Aéreos... Desempenhem suas funções ao máximo que puderem... Nenhum de vocês será julgado se resolver abandonar o combate pois o inimigo que enfrentamos é sobre humano. Para aqueles que quiserem deixar o local, saibam que terão minha total permissão e apoio! Para os que quiserem continuar, em menos de cinco minutos iremos explodir outro desses malditos. Façam o que puderem para deter seus avanços enquanto a Base Shuttle se energiza novamente!” As confirmações de ataquem surgem de todos os locais e nenhuma confirmação de desistência foi registrada, algo que já era esperado pelo comandante veterano Hiryu Tsurugi.

Pelas ruas os policiais agiam como podiam e tentavam deter os inimigos, e não somente os Defensores lutavam, diversos civis com capacidade e vontade de combater se juntavam à luta... Alguns se intitulavam mestres marciais da arte da espada que residiam em Osaka, professores e alunos destes estilos surgiam em focos derrotando soldados Makura muito mais por sua vantagem numérica do que por suas técnicas! A população se unia aos combatentes e eles não demonstravam medo da morte iminente, se via isso em suas expressões e vontades inabaláveis! O comando de Resgates agia com eficácia, a maioria da população da área central havia sido evacuada já, mas próximo do local onde os soldados Makura começavam a descer, Matoi surge arrastando um ferido que havia sido prensado debaixo de um carro capotado com a explosão. Colocando o braço do cidadão por sobre ele, o comandante da equipe de resgate vai andando conforme o ferido permitia quando observa dois soldados Makura saltando para cima dos dois... Não iria dar tempo de reação, sequer ele havia se preparado para isso, não era seu treinamento lutar com soldados alienígenas... Os segundos se tornaram minutos e quando se preparava para usar o corpo como escudo para evitar que o cidadão fosse morto, dois disparos poderosos estrondam sobre eles arremetendo os atacantes para longe completamente destroçados. Hayate Sho, Comandante dos Comandos Terrestres surgia em sua BlackLion explodindo os inimigos com violência e determinação, salvando de forma espetacular Matoi e o civil da morte certa. Parando ao lado do especialista em resgate, Hayate indaga:
Hayate: “- Está tudo bem garoto?” Antes que Matoi pudesse gesticular mais três soldados se aproxima perigosamente do Comando Terrestre e Matoi tenta esboçar uma reação para ajuda-lo recebendo a resposta que se esperaria de Hayate:
Hayate: “- Salve o cidadão Matoi! Precisa mais que um amontoado de soldados pra me derrubar! VAI, RÁPIDO!” O experiente soldado de resgate então segue seu trajeto sem hesitar e assim que ele toma distância, eletricidade pura parece fritar os soldados ao redor de Hayate que simplesmente deixa os inimigos caírem ao chão circuitados! Ele observa Matoi indo, acelera sua moto e parte para um novo combate não sem antes agradecer:
Hayate: “- Sayaka... As modificações ficaram perfeitas! Sabe que você sempre foi minha preferida não é?”
Sayaka: “- Esse seu galanteios nunca me cativaram antes Hayate, não será agora!” Os dois sorriem e então um sopapo na cabeça do determinado veterano e um agarrão em sua cintura demonstravam que ele não estava mais sozinho, assim como demonstrava que também não era um inimigo quando a ocupante materializou seu traje de camuflagem:
Mai: “- Então Sayaka é a preferida não é? Terá de me levar ao cerne dos ataques veterano grisalho ou terá sérios problemas!” Novamente Hayate sorri e acelera sua BlackLion em direção ao coração do ataque inimigo enquanto novamente a Base Shuttle ressoa no ar:
Cmt. Tsurugi: “- Base Shuttle atacar!” Um novo disparo, um novo impacto no último cargueiro que restava para pousar e mais uma vez a explosão foi magistral eliminando outro dos transportes Makura!
Cmt. Tsurugi: “- O exército está todo no chão, não podemos atirar neles com a Base Shuttle mais!” O veterano então sai da ponte de comando em direção aos teleportadores, Sayaka o acompanha deixando Nana em seu lugar e se preparam para descer ao campo de batalha, pois agora tudo iria se decidir em terra. A aviação de combate, agora batizada de Comandos Aéreos, atacava com tenacidade em focos únicos de inimigos e tentava avariar os transportes pesados com temor de que virassem mechas como na batalha anterior, eles sabiam que precisavam desestruturar o exército inimigo o quanto antes para que o pior não acontecesse. Os dois veteranos se equiparam e desceram às ruas de Osaka partindo em meio aos Comandos Terrestres, se misturando aos soldados e lutando como se jovens ainda fossem, esquecendo por completo suas idades, suas motivações eram mais fortes que suas limitações!

Enquanto o combate ferrenho avançava, assim como a tentativa de salvar o máximo de pessoas continuava, no Cruzador Makuraniano, a bruxa Grindara que seguia as ordens de Kemono e meditava em busca dos escolhidos, finalmente abre os olhos em um movimento abrupto e com um sorriso no rosto  e energia negra vertendo de seus olhos pondera: “- Encontrei vocês malditos!”

Continua...

Grund-Tharg - Cap. 25: "- Aproximação pelo Monte Egophia!"

O dia amanhecia, como há muitos dias não acontecia, com o grupo despertando em camas, dentro de moradias, o cheiro de comida nova emanava pe...