terça-feira, 10 de junho de 2025

Nipo Rangers "Utopia do Mal" - Cap. 08 - A lenda do fim dos tempos!


O solo deixado para trás ainda carregava a cicatriz da batalha: manchas de terra viva se entrelaçavam com áreas áridas e secas, como se a própria esperança e o desespero travassem uma guerra silenciosa de raízes sob seus pés. Lanthys, agora sozinho, caminhava por entre essas contradições, e em sua mente ressoavam os ecos do velho Orr’vhael e a surpreendente centelha de fé que vislumbrou nos olhos de Ehllënia.

Mas conforme seus passos o levavam além dos domínios da árvore, o verde sumia, a harmonia morria, e o mundo mudava. O chão tornava-se irregular, pedregoso, como se o planeta tivesse sido rasgado por dentro, não havia mais vegetação, apenas rochas negras e afiadas como cicatrizes. Os relevos eram abruptos, quase hostis à presença de qualquer ser vivo, as trilhas que existiam pareciam traçadas por máquinas ou por criaturas que não respeitavam a vida, apenas a travessia.

Pouco a pouco, o calor aumentava, não o calor do sol, mas algo vindo das profundezas, de um coração doente e inflamado do planeta. Gêiseres de vapor silvavam como suspiros abafados da terra, enquanto jatos de lava irrompiam com violência, tingindo o horizonte de laranja e rubro. Outros gêiseres, d’água quente, borbulhavam perto de crateras abandonadas, como se a vida ali tentasse ainda emitir seus últimos suspiros.

E por entre essas cicatrizes, Lanthys avistava resquícios da queda de civilizações: espaçonaves retorcidas, veículos partidos ao meio, embarcações com casco derretido presas entre rochas, bandeiras que não tremulavam mais. Uma galeria de ruínas que falava de fracassos passados, como advertências esquecidas ao vento.

O ar cheirava a enxofre e ferro queimado seus sensores alertavam, criaturas aladas, de formas indefinidas, cruzavam os céus distantes, enquanto que outras, maiores, se ocultavam nas sombras projetadas por colinas disformes, não se mostravam por completo, mas deixavam claro que observavam, esperavam, e também julgavam.

Então, sem aviso, o calor era atravessado por uma rajada cortante de vento gélido. O céu escurecia, uma chuva rápida e fina surgia do nada, respingando sobre o corpo robótico de Lanthys, que por um breve momento ganhava um brilho prateado sob o vapor condensado. Era como se a própria realidade estivesse em conflito, fervendo e congelando, tentando decidir se desistia de vez, ou se ainda valia a pena resistir.

Lanthys parava por um instante, analisando o cenário. "- Nem vivo, nem morto... como a alma de Ehllënia sem crer em ninguém, mas mantendo silenciosa uma esperança que ela espera, ninguém perceba... Um planeta, que parece tentar esquecer de tudo, mas ao mesmo tempo, em algum recanto mais íntimo, se recusa a desistir e tenta de novo... A esperança está até mesmo no planeta, apenas, não está mais sendo creditada..." Cada nova trilha era mais irregular que a anterior, cada sopro de vapor parecia sussurrar seu nome como um aviso ou uma convocação.

E mesmo ali, onde tudo parecia se dobrar à destruição, ele não hesitava, porque aquele cenário, aquele inferno de contrastes, era o reflexo exato daquilo que ele lutava para impedir: um mundo onde a esperança e o desespero coexistiam em guerra, à espera de quem ousasse decidir o final. E ele havia decidido!

Em outra parte daquele mundo, não muito longe de onde Lanthys agora caminhava, mais especificamente algumas dezenas de quilômetros para a direita de onde o guerreiro androide seguia rumo a trajetória contrária do sol, um vilarejo resistia, em uma depressão que mais se assemelhava a um pequeno vale, de alguns poucos quilômetros de espaço, abrigado do sol escaldante, retendo parcialmente os ventos gélidos cada vez que os mesmos percorriam o local, e assim, um clima diferenciado e bem mais suportável que o restante do cenário ao redor dali, coexistia com a agressividade do restante do terreno… Ali, uma população diferente de todas as outras vivia, os "Vaarikhen"!

Eles não tinham aspectos de animais como as demais que haviam sido encontrados por Lanthys até agora, eles pareciam estranhamente humanoides, apesar de diferentes, era verdade… Suas peles abrangiam do azul ao cinza, diversificando entre essas tonalidades, e alguns eram mais altos, outros mais baixos, haviam crianças e idosos, e claro, os da idade adulta em ambos os sexos…

Em suas ruas feitas de chão batido e calçada com pedras rústicas, mas que formavam uma excelente e durável obra, era possível ver também diversas plantas germinadas e vistosas, situação extremamente contrastante com o restante do cenário próximo, e era por esse local que quase lembrava um oásis em meio ao deserto, que um menino agora corria desesperadamente em busca de encontrar seu pai, ao qual tinha lhe incumbido de uma missão importante naquele turno, a vigia!

O garotinho acelerava ao máximo que seu pequeno corpo permitia, sua respiração ofegava ao extremo, ele enxerga finalmente a feira ao centro do vilarejo assim como os demais aldeões reunidos, cada qual em sua tenda improvisada, ofertando seus produtos cultivados, quando finalmente o pequeno já quase sem forças, chega até a tenda onde seu pai estava! Este prontamente o acolhe, o segurando pelos ombros, e tentando, ao buscar acalmar o mesmo, entender o que o havia deixado daquela forma, ao que finalmente o garotinho, com os olhos marejados de puro medo, consegue finalmente responder: “- Thuram’kar se moveu!”

Os aldeões se observam, todos ficam sem reação, o pai olha novamente para o menino e o questiona: “- Tem certeza disso, Emrik? Ele não se move a gerações inteiras… Não foi um delírio meu filho?” O garoto em visível temor, acena negativamente com a cabeça, confirmando não estar equivocado no que informava, e então, a cidade parecia ganhar uma energia totalmente diferente, visível no semblante de cada um deles! O medo completo e destrutivo!

O pai do menino então se ergue, um dos aldeões que estava ao lado o observa com olhos tristes e todos então olham para a direção de onde o garoto viera correndo, com olhares que deixavam claro, uma tragédia inevitável estava prestes a ter início… O ser então observa o centro da vila, a fonte com água que jorrava sem parar onde ao centro existia um pequeno altar, e nele uma espécie de escultura repousava…

A escultura tinha aspecto humanoide, era feita de barro endurecido ao sol, pequena, cerca de trinta a quarenta centímetros; seu rosto era apenas uma face lisa, arredondada, simbolizando o “desconhecido sagrado”. Estava de braços abertos em gesto de acolhimento ou proteção, com os pés fixos a uma base circular, e nesta base da estátua, na verdade uma espécie de círculo ritualístico, um traço vertical com três riscos horizontais, um pequeno círculo com pontos ao redor que parecia muito um olho rústico, assim como um semicírculo ao redor de tudo, que parecia muito um halo solar rudimentar, simbolizando a figura celeste para aquele povo...

O pai do menino baixa a cabeça como se pensasse por um instante, então se vira e olhando para os demais e profere: “- Irmãos… Formem imediatamente o grupo de preces, que todos eles se reúnam diante da fonte mística; os demais, ajudem a todos que quiserem ou optarem por se recolher, a o fazer e somente então, quem se dispuser e quiser se juntar à nós nas preces, será fraternamente bem-vindo... Como é meu dever como líder atual, irei até a entrada do vilarejo para confirmar a visão de Emrik e tentar entender quanto tempo ainda temos e…” O adulto olha para o longe de novo, e então sussurra: “- Que Vhalturian tenha piedade de nossas almas!”

A vila então entrou em frenesi completo, o sino da torre da vila bateu três vezes, o sinal do "Antigo Medo", os aldeões mais distantes não compreenderam de imediato, só quando outros começaram a chegar explicando em frases curtas o que estava a acontecer, foi que os rostos se tornaram sérios, para logo depois se tornarem medo… Nunca uma geração além da inicial testemunhou tal acontecimento, ninguém tinha uma única palavra que pudesse fazer frente ao temor que se instaurava na população!

"Acolyra", a anciã cega, ouvindo as falas de "Berham" - líder da vila, pai do menino Emrik - começou a se dirigir ao centro da vila, e a recitar preces esquecidas em um idioma que ninguém mais sabia. O ferreiro, com expressão de espanto e incredulidade, largou sua bigorna, algo que não fez nem mesmo quando do velório de sua falecida esposa. As crianças foram escondidas sob o altar da tenda de orações do vilarejo e então, os sinos se calaram sozinhos, sem mãos que os puxassem, suas missões estavam cumpridas, agora era aguardar o fim, e diante de tudo aquilo, Acolyra apenas sussurrou:

“- Quando Thuram’kar despertar, ele caminhará até o vilarejo mais próximo… E lá, ele arrancará a Fonte Sagrada de Vhalturian, que pulsa no coração da terra. Quando isso acontecer, a vila cairá em silêncio… O ar se tornará negro como a noite sem lua… E nenhum ser vivo escapará, nem criança, nem animal, nem planta. Pois sem o coração, o corpo morre… E quando o Coração de Vhalturian for levado, nós todos morreremos com ele.”

E misteriosamente, a fonte ao centro do vilarejo começou a brilhar em intensa coloração acinzentada, em uma reação que os aldeões ouviam visto falar já, mas jamais haviam presenciado, nem mesmo os mais antigos, deixando mesmo o grupo de preces, em completo temor pelo que estava por vir…

Berham então, acompanhando de seu filho Emrik e mais alguns aldeões, chega à entrada da vila, a parte mais alta do local, a que dava acesso ao vasto e inóspito território de pedras e calor infernal, e a visão que acometeu a todos, era das piores possíveis, pois diante da visão aterradora do povo humilde e sem entendimento, a “montanha” começou a se mover por completo…

Emrik, como quando viu pela primeira vez a cena, durante seu turno de observação que era revezado a cada hora por outra pessoa, continuava parado, com os olhos arregalados e a boca entreaberta. O chão sob seus pés trepidava em um ritmo intermitente devido ao movimento que reverberava, de dentro da estrutura de pedra rachada, algo se ergueu: primeiro uma mão, grossa e lenta, feita de placas de rocha sobrepostas, mas por baixo, algo brilhou, como aço antigo. "Thuram’kar", a montanha viva, levantava-se.

Rocha se despedaçava com sons guturais, como trovões aprisionados sendo libertos. Seu peito, coberto por camadas de pedra musgosa, expelia vapor por rachaduras, um sopro quente como fornalha, envolto de um som metálico, como engrenagens despertando após milênios de silêncio. A criatura vira o rosto para o céu, um ponto de luz tênue acendeu em meio às sombras de sua “face”, e quando sua cabeça completa se ergueu, o céu parecia, diante da visão dos assustados aldeões, se curvar levemente diante do aterrorizante ser!.

Ele deu o primeiro passo, o chão tremeu, as pedras rolaram e mudaram de local, e tudo parecia ranger em tensão conforme a enorme massa de quase dez metros de altura, aparentemente de pedra iniciava seu movimento lento e destrutivo, até que então ele deu o segundo passo. Não fora de maneira alguma um simples movimento, foi como se a terra precisasse aceitar a vontade daquela criatura antes de deixá-la andar, cada passo era um lamento do mundo, um estremecer de placas e raízes…

O som de seu andar ecoava quilômetros além, e talvez, essa fosse a salvação daquele povo, que agora retrocedia para dentro do vilarejo em pânico, tentando se unir ao grupo de preces, buscando por alguma salvação que eles sequer imaginavam se poderia vir… No entanto, em um gesto de fé e de esperança, Berham antes de partir, acompanhado de seu filho, olhou firme para o colosso, e proferiu, como um mantra, em busca da ajuda divina ao qual ainda confiavam:

“- Quando a fera de muitos corações caminhar, as patas de pedra ecoarão trovões, suas asas rasgarão o céu e seu olho verá o interior das almas. Então sua garra cairá sobre o Thuram’kar e sobre aquele que o acordou, porque ele não é fera, e não é homem, mas ele é o chamado do início do fim.” Berham e Emrik então fazem uma respeitosa reverência, e logo após, retornam à vila para ficar junto dos seus e esperar a decisão dos deuses…

Há quilômetros dali, Lanthys seguia sua marcha rumo ao local onde a sombra se ocultava, e sua caminhada era silenciosa, mas de pensamentos ininterruptos, diversas divagações preenchiam o sistema cerebral do androide, o fazendo ponderar, analisar, guardar e dispensar informações, filtrando tudo até o mais utilizável possível, quando então, o chão sob os pés de Lanthys praticamente rangeu.

Não foi apenas um tremor, foi como se o mundo segurasse o fôlego por um instante, e então deixasse escapar um grito sufocado, a terra se retesou e tremeu em ondas largas, fazendo com que Lanthys detivesse sua marcha imediatamente. Uma fissura fina então se abriu à distância, como uma cicatriz nova rasgando o solo e pequenas pedras dançaram sobre a trilha à sua frente, e então, veio o segundo impacto.

Uma onda de choque invisível cortou o ar como o bafo de um titã, não o suficiente para arremessá-lo dali, mas densa e pulsante bastante, como um trovão sólido que atravessava o espaço. Seu corpo sentiu antes mesmo de sua mente entender, músculos de titânio se retesaram, os pés fixaram-se firmemente ao solo…. O corpo todo se preparou, joelhos flexionados, olhos cerrados por um instante, cabelos agitados pelo turbilhão de vento que se seguiu.

Um zumbido profundo percorreu seus sistemas, Lanthys abriu os olhos, o horizonte vibrava, distante e ameaçador, o ar parecia estranhamente carregar eletricidade, como se uma máquina viva tivesse despertado sob o solo do planeta, e embora todo aquele mundo alienígena diante de si, ele sabia, aquilo não era algo natural. É neste momento que, sem qualquer aviso ou alerta inicial, uma mensagem invade seus sistemas sem qualquer dificuldade, chegando até sua audição, de forma imponente, mas ainda assim, aflita:

“- O colosso sentinela foi despertado! Você precisa agir rápido ou ele destruirá Dharavorn! Precisa salvar sua população, eu te mostro o caminho, me siga!”

Antes que o androide pudesse cogitar ou questionar de quem era a voz, apesar do timbre reconhecível, porém não confirmado, Zhaal’kor desce dos céus em voo rasante, rumo em direção onde a movimentação de terra se originou! Lanthys não questionou, não hesitou, ele apenas se pôs a correr o máximo que podia, e mesmo com o terreno terrivelmente irregular fora da trilha, o guerreiro a acompanhava em quase igualdade de velocidade, devido sua movimentação constante e vigorosa, o que permitiu que em poucos segundos, os dois cobrissem distância necessária para visualizar o impensável!

No alto de um rochedo ressequido onde Lanthys deteve sua marcha, à sua frente, o horizonte estremecia, não com o vento ou com tempestades, mas com o passo de algo que não pertencia à ordem natural, sem sombra de dúvidas. Entre vapores que dançavam como véus sob o céu cinzento, ele o viu, a criatura que era chamada "Thuram’kar" pelos nativos, mas que ele apenas via como um gigantesco e colossal construto, repleto de engrenagens e movimentos à vapor!

O colosso se movia com extrema lentidão, rochas ainda se soltavam de seus ombros como cascas secas de uma árvore que desperta após milênios, seus olhos, se é que podiam ser chamados assim, brilhavam em fendas rústicas, um rubor profundo e constante, como a brasa de uma forja eterna. O som do atrito de seus membros, pedra contra pedra, ressoava como lamentos de um mundo esquecido, e então, ele deu mais um passo.

A perna titânica se alçou com dificuldade deliberada, como se o próprio tempo se curvasse ao seu redor. Quando desceu ao solo, Lanthys sentiu novamente o solo vibrar sob seus pés, mas agora havia algo mais, um lamento, uma espécie de coro, de entonação melódica, vindo da depressão que estava centenas de metros à frente... Um sino novamente tocava, desesperado, e Lanthys podia agora ter certeza, ali estava a citada Dharavorn.

O colosso avançava, inexorável, era como ver uma montanha decidindo andar, as esparsas árvores ressecadas, se desintegravam à sua passagem, o calor emanava de sua estrutura metálica oculta, agora exposta em falhas nas rochas, onde painéis há muito inertes ainda zumbiam com energia. Seu núcleo pulsante, parecia ecoar um batimento cardíaco, mas era frio, inumano, perfeito.

Lanthys cerrou os punhos, ele não precisava da confirmação de Zhaal’kor, estava claro o perigo e os inocentes, e o que para os aldeões era a lenda viva, o fim que andava, o arauto de um passado esquecido, que marchava com o peso de eras e a indiferença dos deuses, para Lanthys, diante da análise de seus sistemas e sensores, era apenas mais um oponente, que com requintes de crueldade, se dirigia à um vilarejo inocente!

O guerreiro então flexionou as pernas e se lançou em corrida, e logo após os primeiros passos, lançou-se para baixo, atingindo o chão em plena marcha acelerada, aumentando sua velocidade conforme podia, sem sequer permitir tempo para qualquer outra intervenção ou afirmação de Zhaal'kor! Seus passos vigorosos erguiam poeira do solo, seu rastro era como de uma fera em pleno ataque, e assim que se aproximou o suficiente, e a criatura atingia proximidades com o ápice de sua jornada, erguendo a gigantesca perna para dar um dos últimos passos para chegar a entrada do vilarejo, Lanthys se arremeteu para cima e para frente, o ar ionizou-se ao seu redor, e então tudo ocorreu no mesmo instante, no mesmo momento, avistado por todo e qualquer espectador que ali estivesse presenciando aquele acontecimento…

A imagem então ficou em câmera lenta no mesmo instante em que Lanthys se arremete aos céus e brada por ENERGIZAR, isso inevitavelmente causou reações diferentes a todos os envolvidos… No vilarejo de Dharavorn, os aldeões olharam para cima e entre o sol, a poeira, o colosso e a morte certa, avistaram um pequeno meteoro de menos de dois metros de altura, se direcionando de forma poderosa em direção ao “Thuram’kar”, em clara intenção de ataque, e todos, sem exceção, não puderam evitar a surpresa e temor, ao olhar o pequeno ponto metálico - em comparação com o colosso - em plena rota de colisão com seu algoz!

Ao passo que a criatura, ao ouvir e perceber a presença ameaçadora, teve tempo apenas de tentar voltar seus olhos ao bólido que voava em sua direção em plena transformação e relâmpagos, enquanto Zhaal’kor, novamente mantinha seus olhos fixos, não acreditando na prontidão de combate e reação incrivelmente devastadora do Lanthalder!

A cena retoma sua velocidade normal, Lanthalder alcança a distância de ataque, seu punho direito, retesado para trás avança com fúria, impulsionado não apenas pelo salto vigoroso, pela velocidade alarmante ou pela força de sua constituição robótica, mas, acima de tudo, pela proteção de quem necessitava, ao ter a visão de um ser colossal prestes a cometer uma atrocidade contra aqueles aldeões indefesos. Essa imagem, parecia energizar todo o seu sistema ao máximo... e então, o impacto acontece.

O ar estalou como um trovão quebrado quando o punho de Lanthalder encontrou o rosto do colosso, o impacto foi brutal, uma explosão metálica reverberou pelo vale como o rugido de um deus enfurecido. As placas rochosas que formavam a face de Thuram’kar trincaram de imediato, despedaçando-se em estilhaços que voaram em todas as direções como fragmentos de uma montanha em colapso. O golpe penetrou a camada externa do construto com uma força avassaladora, atingindo as estruturas internas de sua carapaça metálica e desestabilizando completamente seu eixo.

Surpreendido, não por emoção, mas por não ter registrado a presença de um oponente naquele vetor, Thuram’kar teve seu sistema momentaneamente desorientado, seus pés, de dezenas de toneladas, perderam o equilíbrio com o deslocamento abrupto de massa. E então, como um obelisco tombando após séculos em pé, ele cedeu.

O colosso titubeou, os pés arrastando-se pelo solo e cortando sulcos na terra até que, enfim, seu corpo imenso inclinou-se para a esquerda e colapsou sobre si mesmo. O chão tremeu, poeira e pedras se ergueram como um manto em torno de sua queda, a marcha foi interrompida e o vilarejo, por um breve e incalculável instante, estava a salvo.

Lanthalder pousou no solo logo à frente da cratera formada, seus joelhos fletidos absorveram o impacto brutal de sua aterrissagem. O vapor quente serpenteava de suas articulações, ofegante, olhos fixos na massa disforme que se levantaria em breve, ele firmou os punhos, sabia que aquilo fora apenas o primeiro impacto, talvez até um golpe de sorte, pois a criatura não sentia dor. Mas agora... a criatura sabia que havia um obstáculo entre ela e seu objetivo.

Enquanto isso no vilarejo, onde os aldeões acompanharam o feito estarrecidos, era Berham quem pronunciava a única coisa que os habitantes de Dharavorn poderiam cogitar, diante de tal cena titânica e impactante aos seus olhos inocentes… “- Vhalturian…”

O céu pesava em tons de bronze e carvão quando o colosso se ergueu novamente. Thuram’kar se movia uma vez mais com sons de pistões arfando e engrenagens rugindo como feras presas. Seu corpo de metal fumegava, vapores sibilando por válvulas dorsais, enquanto suas pernas cilíndricas avançavam pesadas, cada movimento estalava como um martelo divino.

Mas agora havia algo em seu caminho: Lanthalder! Pequeno diante da muralha viva, mas avançando como um raio, seu salto o fez desaparecer por um instante da vista comum, surgindo ao lado da perna esquerda do titã. Sem hesitar, fincou os pés no solo, girou o tronco, e agarrou a perna colossal com ambos os braços. As engrenagens do construto chiaram em resistência, mas Lanthalder forçou seu corpo de forma avassaladora, e, com um rugido metálico de seus próprios servo-motores, puxou o monstro!

O chão estremeceu, o equilíbrio do colosso cedeu por um segundo, suficiente para que Lanthalder o arremetesse lateralmente com o corpo em rotação, buscando derruba-lo como se arrastasse uma torre viva pelo local, mas antes que o titã se erguesse do solo completamente com o esforço do androide, o monstro reagiu, tentou golpear o herói, obrigando o mesmo a desistir do ataque e se preparar para um novo! 

Se lançando em nova investida correndo pelo local, o androide tenta a sorte outra vez, aproveita o impacto do soco ao chão e busca o centro desprotegido, seu punho cerrado encontrou o peitoral do inimigo e, com uma força capaz de amassar aço, o golpe intenso fora desferido, estilhaços se soltaram das placas de proteção central, lançando fagulhas em todas as direções. No entanto a máquina reagiu, recompôs seu equilíbrio antes da queda, e ao final de toda a ação e tentativa, Thuram’kar não caiu.

O monstro então reage com o outro braço, descendo como um pilar esmagador. O chão tremeu ao impacto, mas Lanthalder saltou acima dele com graça brutal, aterrissando sobre o próprio braço do colosso, e então, como uma flecha viva, correu de novo, seu punho energizado, percorrendo o colossal braço de rocha e aço, subindo em velocidade crescente até chegar ao ombro. Um giro no ar, o punho desceu sobre o rosto do construto com força sônica, dobrando parte da estrutura facial, que cuspiu vapor e estalou com o impacto. A cabeça do colosso se inclinou, demorou a retornar… Mas o corpo se manteve, e Thuram'kar não caiu.

A criatura gigante então girou sobre o próprio eixo, tentando varrer Lanthalder com o dorso da mão e a inércia, mas o herói se lançou para trás no último instante, aterrissando em uma elevação natural e a poeira mal se dissipara, quando Lanthalder já corria de novo. Saltou uma vez mais, tentava tudo que lhe era possível, um chute duplo certeiro no peito do titã fez a fera levemente deter seu movimento, era fato, o peito se deformara levemente com o impacto também era um fato, e estava a exalar vapor por rachaduras recém-abertas, ainda assim... ele não caiu.

Outro ataque veio, o colosso ergueu o pé e tentou esmagá-lo como um inseto, mas Lanthalder rolou por baixo, passando entre os suportes hidráulicos da perna, agarrando-se a uma das engrenagens para arremessar-se de volta ao torso do inimigo; lá, golpeou a caixa torácica buscando seus controladores de pressão, o golpe fora efetivo, faíscas voaram, o sistema hesitou, mas o movimento do colosso, não cessou.

Thuram’kar seguia imponente, invencível, as marcas dos ataques estavam lá, mas pouco importava tal fato naquele momento, pois o perigo ainda era tão mortal de quando ele estava marchando para o vilarejo. Mesmo com placas amassadas, mesmo com válvulas partidas e vapor jorrando em rajadas erráticas, o gigante continuava, inexorável, inabalável.

Lanthalder, agora com respiração ofegante e o corpo fumegante, estacionou-se diante da criatura novamente, as luzes em seu visor piscavam em tom de alerta, não havia vitória ainda, apenas um adiamento… O androide então ergueu seus punhos, sabia que a vila atrás de si ainda vivia e dependia dele, era a única linha de defesa entre eles e o monstro gigante, aquela luta não poderia ter outro resultado, ele precisava vencer.

A sombra de Thuram’kar então cobriu toda a entrada de Dharavorn, como se a noite tivesse caído apenas ali. O pé imenso, repleto de placas de ferro e rocha fundida, começou a descer com o assobio ameaçador de vapor, cada junta do construto liberando calor e fumaça como a respiração de uma fornalha viva. Lanthalder correu.

Saltou para frente da entrada da vila, cravando os pés no chão seco e tremeluzente, seus braços erguidos, os músculos hidráulicos tensionados, os dedos metálicos se preparando para cravar na base da perna do colosso com garras de titânio em aço bruto. O impacto veio, um trovão surdo, a terra tremeu.

Lanthalder segurava. Resistia. Tremia. Seu corpo rangia com o peso descomunal da descida, placas de sua armadura vibravam, uma faísca rasgou seu ombro direito, seu calcanhar afundava no solo, criando uma cratera sob seus pés. O esforço era devastador, seus sistemas alertavam sem parar sobre o perigo de tal ação, mas não era possível desistir, não era possível fraquejar, e apesar do esforço hercúleo, ele não cedia, ele jamais cederia, não enquanto a vila estivesse ali.

A vida por vezes, muito depois de algo acontecido nos mostra, que um simples detalhe, um simples momento, que no instante do ocorrido parecia sem significado qualquer, por vezes, é o estopim de algo grandioso e gigantesco na existência futura… Foi em um momento assim, nesse desespero pela vitória, que tudo, sem que ninguém pudesse ter a ideia de quanto, mudou. Com uma única atitude, instintiva, quase inconsciente, o destino daquele mundo fora mudado para sempre, pois a partir dela, decisões adormecidas, há muito suspensas no tempo, despertariam, prontas para agir, tudo porque em um único instante quase que imperceptível agora, da verdadeira grandiosidade de sua dimensão, aconteceu… E então… um guincho cortou os céus.

Zhaal’kor. A águia robótica imponente, até então silenciosa na planície, alçou voo em velocidade estonteante, suas asas energizadas se abrindo com um raio de luz azulada, deixando um rastro de energia desenhado como um arco no céu enquanto ela mergulhava direto na direção dos olhos do construto.

Uma explosão, um impacto poderoso, Thuram’kar hesitou. Um dos olhos fora atingido em cheio por uma das asas afiadas, faíscas saltaram, vapores jorraram, engrenagens internas chiaram em confusão. O colosso soltou um ruído grave, um rangido de desconforto mecânico, o pé que quase esmagava a entrada do vilarejo vacilou no ar, tropeçando em um equilíbrio repentino e precário. Era tudo que Lanthalder precisava.

Com um grito rouco - mais visceral do que eletrônico - ele canalizou toda a sua força. Forçou os braços, o corpo inteiro, empurrando para cima com tudo o que tinha. O colosso, no entanto, não cedia. Não por resistência, mas pelo peso esmagador de sua perna. Ainda assim, o guerreiro não recuou, sabia que não podia desperdiçar a brecha criada por Zhaal’kor, dentro de sua mente, a oportunidade resplandecia, moldada em uma única frase que pulsava como um mantra inquebrável: "- Não pode desistir agora. Força. Empurre. Mostre que a esperança existe, mesmo nos momentos mais devastadores. Force para cima como nunca antes. Faça o impossível... Guerreiro Nipo Ranger!"

O pé de Thuram’kar não foi capaz de resistir e finalmente sua investida fraquejou, não por fraqueza, mas pela força combinada do guerreiro e pelo impulso certeiro de Zhaal’kor em um voo rasante. Num instante decisivo, a perna colérica do colosso, que descia para esmagar a entrada de Dharavorn, foi empurrada para cima, desviada de sua trajetória letal, assim, o impacto do redirecionamento não fora suficiente para derrubá-lo, mas obrigou a criatura a recuar o passo e fincar ambas as pernas no chão, como que em posição de alerta, os pés finados entre rochas estilhaçadas e árvores partidas.

A investida, embora breve, salvou a vila da destruição iminente e buscando uma recomposição, Lanthalder tombou de joelhos, exausto e ofegante, o corpo estremecendo com os tremores que ainda reverberavam pelo solo. Acima dele, Zhaal’kor pairava no ar como uma sombra protetora, acenando com a cabeça em um gesto firme, silencioso, mas carregado de significado, e por mais um instante, um instante precioso e inalcançável, Dharavorn voltou a respirar.

Foi então, como que em resposta ao esforço titânico do androide, de um modo que ultrapassava qualquer previsão, em uma manifestação jamais cogitada nem pelos mais supersticiosos, a areia entre as fendas das rochas começou a se erguer. Primeiro como sussurros dourados nascidos do silêncio, depois, como espectros do deserto atiçados por uma força ancestral... Um vento seco rasgou a planície, cortando como lâminas invisíveis, e em segundos, o céu sobre a encosta de Dharavorn escureceu, como se um eclipse repentino tivesse descido apenas ali.

Grãos dourados e avermelhados giravam numa dança furiosa, ganhando velocidade, densidade, fúria, até que a tempestade tomou forma. Era como se o deserto em si tivesse acordado e marchado para a guerra, uma muralha viva de areia flamejante se ergueu, engolindo tudo à vista, faíscas crepitavam, raios desciam em chicotadas de pura luz, rasgando o céu baixo e opressor, e a tormenta, viva, consciente, odiosa, se enrolou nos pés do gigante, rodopiando com um poder que desafiava a lógica.

Thuram’kar rangeu. Seus caldeirões soltaram vapor num guincho agudo, as engrenagens internas gemeram com o esforço titânico de manter-se ereto. O colosso se apoiou com brutalidade no próprio peso, cada placa metálica vibrando para resistir ao ciclone, mas até ele hesitou e então... um relinchar profano.

Não um som animal, mas o grito de guerra de um ser forjado no abismo e no aço. Um trovão metálico ecoou pela encosta, o som de cascos que batiam com raiva contra pedra e contra a lógica, e assim, como um cometa emergente do coração da tempestade, Sahr Rebdush surgiu, na forma de um cavalo infernal, o demônio galopante! Sua crina era fogo e seus olhos, dois vulcões, faíscas jorravam de suas narinas, sua massa poderosa arrebentava o chão a cada galope, e sua corrida era como a ascensão de uma divindade esquecida.

Subindo pelas placas do colosso situadas em sua perna erguida em ângulo de quarenta e cinco graus, como se domasse uma montanha viva, e então, o salto. No ar, seu corpo explodiu em relâmpagos, cascos se dissolveram em chamas, placas se rearranjaram com estalos sobrenaturais, e, no ápice do voo, a verdadeira forma se revelou. O demônio guerreiro.

Altivo, brutal, esculpido como uma entidade bárbara que o próprio inferno teria temido, os olhos, carvões em brasa, os músculos, cordas metálicas tensionadas pela raiva, e antes que o colosso pudesse entender o que se aproximava, Sahr Rebdush desferiu um uppercut devastador, direto no queixo de Thuram’kar, sua mão envolta em energia destrutiva rasgou o ar, e o golpe como que gritou através dos séculos. O impacto não foi som, foi cataclismo.

Engrenagens se soltaram, placas voaram como projéteis, o gigantesco maxilar do construto tremeu, sua cabeça arqueou para trás, e, finalmente, como se os deuses tivessem empurrado com ele, o avanço do gigante cessou, seu pé, antes prestes a pisar a entrada da vila, agora tinha seu equilíbrio quebrado, e a trajetória, era agora quase que revertida. Mas ainda não caíra, ainda resistia… Tudo dependeria se o impacto havia sido forte o bastante…

Naquele instante tenso, enquanto demônio pousava ao chão e ganhava espaço para observar o efeito de seu ataque, eis que como se preenchesse e rasgasse as falésias ao redor deles, um uivo poderoso e assustador se fez ouvir! Longo, profundo e primitivo, a tempestade de areia parecia entender o que acontecia e aumentava a intensidade ao redor das pernas do monstro, ao passo que o vulto se aproximava, com patas maiores que a dimensão de uma cabeça humana, o pelo revolto como uma floresta em movimento. Não era um uivo comum, era um trovão primal, ancestral, que rasgava as nuvens e fazia os ossos vibrarem, seus olhos, um deles vazio e o outro incandescente como um sol contido, ardiam em fúria, fazendo o solo tremer com suas passadas.

No instante seguinte, a criatura saltou, no ar, seu corpo parecia se compactar de tão perfeito seus movimentos, e assim energizando-se em velocidade, tornando-se um verdadeiro meteoro de prata, aço e energia viva, um gigante bólido lupino, um rugido que se fundiu ao som da atmosfera se rasgando, e então: Impacto.

O golpe atingiu uma vez mais o peito de Thuram’kar como um martelo divino. O colosso estremeceu, seus sistemas a vapor guincharam em agonia, alguns pistões se romperam, as placas peitorais se contorceram como papel, e a estrutura frontal superior do construto arqueou para trás com um gemido metálico... Assim, alguns segundos de silêncio se fizeram presentes, para logo depois com um estrondo titânico, afinal o gigante estava tentando resistir a diversos ataques avassaladores de forma ininterrupta, seus sistemas finalmente colapsam e não suportam os ataques conjuntos, Thuram’kar desta vez, tombou.

O chão tremeu por quilômetros, como se a própria crosta da terra protestasse contra tamanha violência. Quando o colosso caiu, seu corpo metálico de dez metros de altura e quase três de largura despencou como uma fortaleza desabando sobre si mesma, poeira, faíscas e estilhaços se ergueram em uma coluna sufocante, iluminada por lampejos de energia arcana e vapores de engrenagens superaquecidas.

O impacto reverberou pelas montanhas distantes, como o toque de um sino ancestral e o silêncio que se seguiu depois de longo e quase interminável rumor, parecia em reverência ao combate... Já a criatura lupina, que se arremetera para trás acrobaticamente tão logo executou o impacto contra o colosso, tendo girando ao ar e pousando firmemente ao lado de Rebdush, agora se encontrava perfilado com Lanthalder e Zhaal’kor, todos de costas ao vilarejo… Enquanto isso, a fera com um olho vazio e o outro em prontidão, se matinha sereno, porém ameaçador, fixando sua atenção na carcaça do colosso caído.

O grupo finalmente, ao ver o colosso ao chão, se observa, cada qual olhava para os demais, Lanthalder e Zhaal’kor visivelmente sem entender a situação, enquanto Rebdush e o ser lupino de olho vazado os encaravam com seriedade - Rebdush com uma expressão sarcástica, era claro - e é o lupino quem acena positivamente, completando: “- É muito bom te ver de novo Ehllënia…

Zhaal’kor se mostra ainda mais impressionada, ela busca por suas memórias e a única expressão que vem à sua mente, é um nome, há bastante tempo não pronunciado: “- Korr’vhan? É você?” O poderoso lobo acena positivamente, enquanto Rebdush coloca as duas mãos atrás da cabeça e com expressão prepotente, mas amistosa, rebate: “- É… Esses nomes antigos até que eram bons, mas nada superava a sonoridade e intimidação ao ouvir o brado de Tharnak, não se lembram?”

A águia então fica mais incrédula ainda, Lanthalder observa a todos e também não compreende, mas a lógica o faz tentar resolver a questão rapidamente… Os quatro, considerando que um deles não estava mais entre eles, agora eram três, e ambos pareciam se conhecer por outros nomes, assim como a relação entre Zhaal’kor e Ehllënia! Diante da cena, era mais que provável, era quase lógico que os três remanescentes dos “Draal'vethar” haviam se reunido… No entanto, o lobo com um olho vazado, captou mais ainda a atenção de Lanthalder…

Ele se aproxima, observa o potente animal robótico à sua frente e então repete o ato de Zhaal’kor… “- Caolho?” O ser novamente acena positivamente e então agradece: “- Muito devo a Dummok e à você... Eu há muito havia desistido, regredindo a cada dia a uma forma menor e mais frágil para partir desta vida, mas então… O ato de Dummok junto à sua perseverança em nos cuidar durante a noite inteira, despertou em mim, a dúvida uma vez mais… Valeria a pena lutar de novo? Existe ainda porque o que e por quem lutar?”

Lanthalder então sorri e interrompe de certa forma, comentando algo que já desconfiava: “- Era você atacando e me ajudando contra os construtos e depois me observando nas sombras e também, a me seguir de longe durante a jornada, correto?” Novamente o lupino acena e explica: “- Eu queria ter a certeza, de que não estava a ser enganado uma vez mais... Suas atitudes e a capacidade de fazer até mesmo Ehllënia a confiar em você, me fez tentar acreditar uma vez mais…”

A águia majestosa então bate as asas e meneando a cabeça negativamente, rebate na hora: “- Jamais falei que estou a confiar nele, eu apenas… Apenas…” Então o lobo interrompe e completa: “- Você apenas duvidou e cogitou se poderia tentar mais uma vez… Até mesmo o Rebdush considerou isso, ele também observa vocês, tem vários dias…”

Mas então, um estalar terrível de placas de metal e de engrenagens em ação chega à audição de todos, o grupo rapidamente vira-se para o local observando a cena, ao passo que "Korr'vhan" vira-se novamente para ponderar entre eles qual a ação a ser adotada, mas Lanthalder não estava mais entre eles, já havia se lançado em corrida vertiginosa em direção ao inimigo, bradando com determinação: “- Vocês o derrubaram, eu não posso deixar ele se levantar novamente, eu tenho de acabar com ele antes que se erga de novo, vou fazer valer a pena a crença de todos vocês!”

O androide salta com vigor, ele se impulsiona e pousa como um meteoro sobre o peito do monstro, o atacando sem parar, desferindo socos e mais socos, tentando criar uma avaria tão grande, que impedisse a criatura de se mover, porém o construto começava a se levantar ainda assim, mesmo com o herói ainda sobre ele, o agarrando com uma das gigantescas mãos, e o arremetendo contra uma das falésias existentes, iniciando a ficar completamente em pé, para retomar sua marcha!

Lanthalder se recupera do golpe, se posiciona ofensivamente e se lança novamente em combate, enquanto isso, o grupo dos três observa… "Rebdush" parecia degustar cada ação do androide, destruir oponentes era seu passatempo favorito, enquanto "Korr’vhan" observa "Zhaal’kor", questionando: “- E então Ehllënia… Devemos crer uma vez mais? Qual a sua decisão… Líder…”

Continua...

Galeria de artes do episódio:

O vilarejo ancestral, chamado por Zhaal'kor de Dharavorn:

O povo chamado de Vaarikhen, moradores da ancestral Dharavorn:

Thuram'kar, a montanha viva, o arauto do fim dos tempos para os Vaarikhen:

Sahr Rebdush (Tharnak), o demônio galopante:

Zhaal'kor (Ehllënia), a águia majestosa:

Korr'vhar (Caolho), o protegido do esperançoso Dummok:

Lanthys, o enviado dos Observadores ao planeta Aurithar:

4 comentários:

  1. É...
    Acho que acabo de sair de um cinema após ver um incrível filme de ação , onde as cenas , em câmera lenta, reverberam em meu cérebro.

    Uma mistura de Hulk, uma voadora a la RX, e Lanthalder mostra para os aldeões que a suas orações à sua divindade, valeram a pena.

    O despertar do colosso montanhoso Thuram"Kar merecia um Óscar, de tão bem retratado que foi, assim como foi retratada a reação de Lanthalder, que num esforço hercúleo, fez de tudo o que podia pra salvar aqueles indefesas aldeões da destruição.

    Mas, sua resistência despertou entidades entidades adormecidas pela descrença e desânimo.

    O gesto de fé é esperança inabalável do nosso Lanthys /Lanthalder fez ressurgir poderosas criatura como Sahr Rebdush (Tharnak) e o lobo Korr'vhar , o inesquecível cãozinho Caolho de episódios atrás, onde ao lado de Zhaal'Khor, ressurgiram e passaram a acreditarem uma vez mais qye juntos, poderiam vencer o Goiás de pedra.

    Ainda, não venceram, pois um monstro desse porte não cai tão facilmente.

    Mas, tenho certeza que, com a ajuda de Lanthalder, esses três seres mitológicos que tanto defenderam essa terra arrasada em tempos esquecidos, vencerão e mudarão o rumo dessa civilização, derrotada pela dúvida e descrença, que, infelizmente avare a esse que vos escreve...

    Que episódio possa me revigorar.

    Estou apanhando muito da vida., querendo desistir.

    Obrigado por me lembrar que a resistência é o único caminho!

    Aplaudo de pé!

    Texto revigorante!

    Arrasou, meu velho!

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    1. Grande amigo Jirayrider, mais uma vez gratidão sem fim pelas palavras amigas, poderosas, incentivadoras e que nem de longe sou merecedor, mas agradeço de coração pelo carinho e valorização de minhas linhas traçadas nessa aventura! Eu tenho buscado a cada vez mais detalhar os movimentos, as cenas, inserir a técnica dos cinco sentidos, onde como conversamos hoje, elas nos fazem montar a imagem em nossa mente, uma vez que podemos fazer as devidas comparações, fico muito feliz que esteja conseguindo esse intento e principalmente que estejas conseguindo ver as cenas tão claramente, a ideia é essa sem dúvida! Quanto ao Thuram'kar, vai ser explicado mais a frente, a verdadeira motivação de "Thuram'kar" que na verdade, é a forma como os nativos o chamam e o vêem, mas, o que será que está por trás dessa criatura verdadeiramente? E o gesto que uniu todos, será que foi verdadeiramente de Lanthys/Lanthalder? Eu com sempre, quero quebrar os clichês, então, espero que a resolução que trouxe para isso espero que te agrade, aliás, seria interessante ver tua teoria, o que seria o Thuram'kar, porque destruir a vila, como os Vaarikhen possuem essa lenda, e quem realmente reuniu os três ao redor de Lanthys? Sem dúvidas é fato que Lanthys tem sua parcela de mérito nisso, mas o verdadeiro "catalizador" é... Aguarde o próximo episódio que carinhosamente irei me dedicar para escrever o mais rápido que me for possível, mas lembre-se sempre de Orr'vhael, não podemos desistir de nossas metas, nunca! Gratidão sem fim pelas palavras meu amigo, mais ainda por tão belas colocações que me emocionaram de verdade, mas muito principalmente, por trazer até mim a informação de que tão bem te fez o episódio, nada pode ser mais legal do isso como retorno de uma escrita! Gratidão e grande abraço! \0/

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  2. Não sou gamer, mas acho que tem um jogo em que guerreiros enfrentam gigante, shadow of the colossus ou algo assim, além, é claro, temos também o Anime Attack on titan.
    Porque cito essas obras?
    Por que foi assim que me senti vendo esse texto incrível com cenas de ação vertiginosas dessa luta entre o Lanthalder e a montanha viva que, caceta, é um conceito incrível, que foi muito bem bolado e apresentado nesse texto.
    Mais um local que poderia render algumas histórias, algo muito bom, que tem se tornado algo costumeiros em suas obras recentes.
    E, pelo que parece, temos um novo "Quarteto Fantástico" se formando ao fim dessa história.
    Estou muito ansioso pelo que vem por aí.
    Parabéns amigão!

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    1. Fala Norb, mais uma vez gratidão pela leitura e pelo apoio de sempre! Sim, Shadow of the Colossus é o game, sem dúvida que lembrei dessas batalhas pra criar a interação com o construto, e Attack on Titan tem muito da vibe também, como te disse no chat hoje, tudo que se encaixa na ideia que bolo, eu tento adaptar, como a questão dos gêiseres que falamos hoje, pois tu vendo uma cena acontecer, fica muito mais legal e possível de ser descrito no texto, assim, surgem essas cenas! Com bem dissestes em episódios anteriores, até agora, pouca coisa tinha dado algum trabalho para o herói, então os dois construtos, depois o exército, e agora, o Thuram'kar... Mas, como disse ao Jirayrider, existe mais sobre Thuram'kar do que sabem os humildes Vaarikhen, até porque ele está há gerações nas lendas daquele povo, então... De onde vem? Porque vem? Porque destruir a vila? Qual a verdade sobre esse ser? E porque Rebdush e Caolho se uniram à Lanthys justo agora? São coisas que vamos esmiuçar nos próximos capítulos, mas por enquanto posso dizer que, estamos chegando na reta final! Quando ao "Quarteto Fantástico", é, ele vai ficar bem perto disso é fato, mas espero que fique bom! Grato pela leitura, apoio, incentivo e questionamentos de sempre, tudo isso me ajuda a cada vez mais trazer bons textos ao nosso blog! Valeu meu amigo, um grande abraço! \0/

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