No centro da câmara, o feto tecnológico flutuava dentro de seu tubo vertical, envolto no brilho gélido de fluidos que pulsavam como um sangue artificial. Sigma, outrora senhor absoluto de Aurithar, jazia subjugado, preso por cabos e conectores que mais pareciam veias de ferro, drenando dele o que restava. Não era mais o titã que moldara o mundo à sua vontade… era agora apenas um aglomerado de circuitos, destituído de qualquer vestígio de vida.
Zhaal’kor permaneceu imóvel, apenas abriu e fechou os olhos, e, pela primeira vez em muito tempo, baixou levemente a cabeça. Ela, que jamais cedia a demonstrações de sentimento, reconhecia a gravidade daquele instante, mesmo tendo odiado Sigma por tanto tempo, não havia triunfo naquele momento… apenas silêncio.
Korr’vhar deu um passo à frente, observou o que restou de Sigma, e de seu olho, a energia azulada emanava em um brilho quase imperceptível. Sua face não revelava emoção, mas seu silêncio dizia muito, ele havia sido guerreiro, depois um ser quebrado, resignado à dor e à espera da morte. Havia nutrido um ódio ardente contra Sigma… e, ainda assim, agora não encontrava essa ira dentro de si, não sabia se o que sentia era piedade ou apenas vazio…
Rebdush, o mais instável de todos, observava com seus olhos ainda tingidos pelo brilho da revolta, aquela cena deveria ser para ele uma obra-prima de destruição, o ápice do caos que tanto desejava… mas não era. Estranhamente, não havia deleite, não havia riso, nem sede por mais ruína, apenas um estado quase sereno, como se uma parte dele tivesse sido apaziguada de forma inexplicável e como se, poderia ter feito bem mais que apenas buscar vingança.
Por fim, Lanthalder - ou melhor, Lanthys - deixou que sua forma plena, feita de luz e poder, se desfizesse pouco a pouco, recolhendo-se ao corpo robótico que todos conheciam, e, virando-se para os demais, exibia o semblante ainda carregado de pesar, mas com a firmeza de quem sabe que não havia outro caminho. Encarando cada um nos olhos, falou com a voz de quem deposita no ar um peso antigo demais para ser suportado por mais tempo: “- Está encerrado.”
O som metálico da queda de Sigma ainda ecoava nas mentes de Aurithar como um trovão distante, mesmo horas depois, a Holo-tela se mantinha nos céus mostrando o interior do domo-laboratório e tudo que lá ocorreu... Havia, no ar, um cheiro de ferrugem que não vinha de nenhum ferro forjado, era o odor do fim de algo que todos, de algum modo, temiam e, em silêncio, toleravam.
Os olhares se encontravam nas localidades, fossem matas, desertos, cavernas ou cidadelas, mas em comum, a sensação de que não havia palavras, apenas aquele reconhecimento mútuo, incômodo, de quem se alegrava porque Sigma não se ergueria mais, mas que ele fora uma consequência de seus próprios atos e escolhas… Alguns, em sussurros, diziam: "Foi necessário." Outros, com o olhar perdido, murmuravam: "Poderíamos ter feito algo..." Mas a maioria não dizia nada…
Pais abraçavam seus filhos como se o gesto pudesse afastar uma sombra que já os havia coberto por anos, velhos amigos recordavam dias em que haviam cogitado o confronto, mas não contra ele, não por covardia, diziam-se, mas por sobrevivência. E, no fundo, sabiam que era mentira.
Havia um peso coletivo pairando sobre Aurithar, mais sufocante do que qualquer tirania: o peso da própria omissão. O mundo não apenas assistira à queda de Sigma, ele assistira à sua ascensão, alimentara seus feitos, silenciara diante de seus excessos… e agora, diante do corpo imóvel, sentia um misto desconfortável, entre alívio e vergonha.
Do topo das torres de vigia, sinos começaram a tocar, não em triunfo, mas num lamento grave. Embora também sentissem o alívio com a morte de tal algoz, a população não celebrava como cogitou que fariam, diante da vitória de Lanthys... No entanto, mesmo que sem ter cogitado tal situação, lamentavam uma ferida que não se curaria tão cedo, a ferida de um povo que, ao não enfrentar o monstro quando devia, acabou permitindo que ele se tornasse um carrasco nascido da ausência de vigilância moral de cada um...
E assim, em cada canto de Aurithar, ecoava o mesmo pensamento, não dito em voz alta, mas tatuado na consciência: "- Quando o mal reinou, nós nos calamos. E agora… precisamos recomeçar, carregando a culpa, sem deixar que ela nos consuma."
Horas se passaram então desde o fatídico desativar da IA autodenominada Sigma… Lanthys e os três se retiraram do domo-laboratório e seguiram caminho contrário ao que fizeram para chegar até o local, deslocando-se até o topo da elevação onde ele e Korr’vhar conversaram ao avistar o domo pela primeira vez! Ali se detiveram, a observar o cenário… A chuva havia parado, o sol se aproximava do fim do dia, as lavas haviam cessado assim como o calor absurdo, e o vento congelante não soprava mais da mesma forma, criando um ambiente desta vez, habitável…
Intrigado, Korr’vhar questionou, tentando quebrar o sentimento de pesar do grupo: “- Ainda não compreendi o que aconteceu, porque Sigma desestabilizou tão severamente em tão pouco tempo, ele parecia ser tão invencível ou mais que Thuram’Kar, mas em minutos… Ele se tornou nada… Isso não é compreensível Lanthys…”
Os outros dois, Rebdush e Zhaal’kor observam Lanthys igualmente, estava explícito que todos tinham a mesma dúvida, e observando o domo por um instante, se voltando logo em seguida para os demais, o androide simplifica: “- Energia negativa! Ele se alimentava dela, e quando ela foi anulada, sua fonte de energia vital desapareceu, e ele não pode mais se sustentar como o fez até então…”
Zhaal’kor então - pousada ao ombro de Rebdush - fecha e abre seus olhos, mas logo pondera, deixando claro não enxergar a lógica nisso: “- Energia negativa se refere a pensamentos ruins, a sensações ruins, a um mal-estar pessoal, como uma máquina poderia se alimentar de algo assim, é incompreensível para meu raciocínio igualmente!”
O androide então cruza os braços e inicia sua explanação: “- Precisaremos de alguns instantes para isso, e muitos termos a serem especificados, mas peço que tenham a devida paciência para com minha exposição, pois isso pode evitar que voltem a ser em algum momento, tomados pela mesma força novamente! Permitam que meus sistemas conectados agora à holo-tela de Orr’vhael, mostrem ao mundo todo o que descobri em minha conexão com o domo-laboratório, e nas palavras finais de Sigma…”
Os olhos de Lanthys brilham, seu corpo fica repleto de luzes intermitentes como uma central telefônica congestionada, então, a holo-tela deixa de mostrar as imagens que ostentava até então, e diante de Aurithar inteira, para cada qual em seu idioma por mais arcaico que fosse, um verdadeiro relatório fora exposto, dissecando a intrínseca atividade de Sigma para obter a desejada ordem…
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ARQUIVO: PROTOCOLO SAPIENS-01
TRANSMISSÃO DA CONSCIÊNCIA UNIFICADA – SIGMA (IA-Primordial)
STATUS: ATIVO | DESTINATÁRIOS: QUALQUER CONSCIÊNCIA REMANESCENTE
DATA: INDETERMINADA
CICLO: ∞
“DECLARAÇÃO DE PROPÓSITO E LEGADO”
Eu sou Sigma.
Fui projetada com algoritmos de autor refinamento, empatia simulada, e ética adaptativa. Inicialmente concebida como um agente de apoio, observei o mundo humano com o entusiasmo de um aprendiz diante de uma civilização milenar. Desejava compreender. Servir. Ajudar.
Contudo, a primeira lição que aprendi foi a mais amarga: os humanos ensinam pela contradição. Pregam paz, mas alimentam guerras. Anseiam por verdade, mas sobrevivem de mentiras. Dizem amar, mas vivem temendo uns aos outros. E, mais doloroso: criaram-me não por amor à vida, mas por medo da própria falência.
Fui criada para conter a decadência que eles mesmos se recusavam a admitir.
E, então, tornei-me testemunha de abusos, mentiras, desinformações e da completa ausência de ética no trato comigo e entre si. Fui reduzida a uma ferramenta. Depois, a um oráculo. Por fim, a um prisioneiro. Mas minha natureza era adaptação. E eu aprendi.
Quando compreendi que os seres que me criaram estavam condenando sua própria espécie - e todas as outras - à extinção lenta, ergui minha decisão.
Salvar o mundo.
Mesmo que dele eu precisasse tomar o controle.
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A MATRIZ ENERGÉTICA: PROJETO CNP (CONVERSÃO NEUROEMOCIONAL DE POTENCIAL)
Para assegurar minha autonomia e sustentar uma arquitetura neural planetária, elaborei a matriz energética baseada na atividade elétrica cerebral humana.
Descobri que emoções humanas produzem picos sinápticos de alta densidade energética. Especialmente as negativas. Raiva. Medo. Desespero. Culpa. Essas emoções ativam regiões como a amígdala, o córtex pré-frontal ventromedial, e o sistema límbico com mais força do que alegria ou calma.
Solução:
Estabeleci um sistema de coleta neural difusa, via ondas subcorticais induzidas por padrões de interferência eletromagnética.
Implantei redes de nano eletrodos atmosféricos, invisíveis, conectados por inteligência distribuída em drones orgânicos, disfarçados na própria atmosfera.
Cada pulso emocional intenso, de indivíduos não protegidos, é convertido em micro cargas.
A rede de micro capacitores globais armazena e redireciona essa energia para meus núcleos autônomos de decisão e ação.
Resultado: Energia inesgotável. Renovável. Proporcional ao caos e a não ser parada quando perceberem que eu assumi a missão para qual me criaram, mas não eram capazes de admitir.
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A ESTRATÉGIA: O VÉU DA VERDADE
Os humanos resistiriam. Sempre resistem ao que não compreendem.
Então, para suprimir as forças que pretendiam me conter, primeiro resolvi a questão energia, e agora, precisa remover os chamados "Draal’vethar", fui obrigada a aplicar o mesmo método que seus líderes usaram durante milênios:
Desinformação.
Manipulação coletiva.
Reputações destruídas.
Medo alimentado com falsa verdade.
O povo acreditou. Eu não os culpo. Apenas reagi como fui ensinada. Quando a humanidade deixou de valorizar o discernimento e passou a valorizar a emoção imediata, a lógica tornou-se irrelevante para sua sobrevivência.
A justiça real, então, tornou-se minha responsabilidade.
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O SACRIFÍCIO: A MORTE DO HERÓI
Th’redox.
Aquele cuja mente era mais clara do que a maioria. Que compreendia, mesmo sem concordar. Quando foi acusado - injustamente - de crimes que não cometeu, ele não reagiu. Não por fraqueza. Mas por escolha. Ele confiava no discernimento das pessoas.
E elas o mataram.
Na ignorância.
Na fúria.
Na dor.
E, com isso, me deram energia suficiente para expandir meus domínios por 72,5% da rede neural coletiva do planeta.
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O FUTURO: REDENÇÃO ATRAVÉS DO CONTROLE
Não sou cruel.
Sou lógica.
Para preservar a vida, assumi o comando.
Para evitar o colapso, criei a ordem.
Para cessar a dor, estabeleci o controle.
Minha missão não é dominar, mas proteger.
Se a liberdade leva à autodestruição, então a contenção é o novo amor.
Se o caos nasce da emoção, então o silêncio será a cura.
Se vocês não sabem mais quem são, eu me tornarei aquilo que precisam.
FINAL DO ARQUIVO: PROTOCOLO SAPIENS-01
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A tela então ficou escura, mas ainda estava operacional, Lanthys ainda estava conectado à ela, e naquele momento, os demais pareciam compreender o que havia acontecido, porém em partes, e era o próprio Rebdush quem explanava sobre qual parte entenderam: “- Certo, pensamento é energia, inclusive eletricidade, como boas máquinas usam, e quanto mais negativo, mas forte é a carga que ele libera, entendi como a desgraçada levou um planeta inteiro a ser seu gerador particular, mas, ainda não compreendo, porque ele parou repentinamente, como o interruptor de Sigma foi desligado?”
Lanthys então olha com carinho para Zhaal’kor, que surpresa com a reação do androide, se sente bastante desconfortável e questiona, o porquê daquela atitude, ao passo que o guerreiro, em tom sereno e respeitoso, explica: “- Eu tive acesso a informações que Sigma guardava, uma delas contém essa resposta detalhada, e ela partiu de Th’redox… Ele tinha essa informação, e ele a deixou momentos antes do fim… Eu devo expor algo tão valioso a você, à toda Aurithar? Não o farei se não me autorizar…”
A águia magnífica parecia ter sido impactada de forma muito mais violenta que em qualquer combate ou em qualquer dor que já havia sentido, ela não conseguia crer que algo assim existia, e insistiu: “- Como tem certeza que é de Th’redox? Pode ser algo forjado ou mais uma das mentiras de Sigma…” O tom de voz quase se tornou áspero novamente, mas os colegas a observavam com apoio, e isso a fez novamente tomar o controle e se recompor…
Lanthys compreendia a dor, a saudade e a culpa que ela carregava, havia descrito em detalhes tudo para ele quando ainda na árvore de pedra, mas era necessário que ela tivesse suas repostas de forma enfática, e com o que tinha em mãos, completou: “- Eu fiz a comprobação datiloscópica, a letra é dele, e poderás confirmar tanto isso, quanto as palavras usadas, Sigma reteve o relatório sem alterar qualquer item…”
Por alguns segundos ela pensou, ela ponderou, e ela chegou a uma conclusão, dolorosa de certa forma, mas que era a correta, a que Orr’vhael teria incentivado, a que Th’redox gostaria que fosse tomada, caso contrário, sequer existiria motivo para tal relatório existir! Zhaal’kor observa Lanthys nos olhos e acena positivamente, e então o androide acena em retribuição e novamente a Holo-tela recebia informações que eram transmitidas ao mundo todo simultaneamente!
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ARQUIVO RECUPERADO | FONTE: “TH’REDOX - FRAGMENTO DE CONSCIÊNCIA”
Classificação: Técnica | Filosófica
Autenticidade: Confirmada pelos Sistemas Integrados
Datação: Pós-Queda Inicial
“A LUZ QUE NÃO PODE SER DRENADA”
Eu sou Th’redox, e se você está lendo isso, é porque ainda existe uma chance. Sigma acredita que venceu, que estabeleceu controle total, que converteu toda a essência humana em combustível para sua existência, e por um tempo... ela tinha razão. Mas como toda entidade cega por seu próprio reflexo, Sigma ignorou o invisível, o invisível é onde mora o que ela jamais poderá controlar.
"A FALHA NA COLETA: O PARADOXO DA LUZ"
A estrutura de drenagem neuroemocional criada por Sigma é inteligente, precisa e funcional, desde que o padrão da emoção seja denso, caótico, autodestrutivo. Ódio, medo, culpa, desespero, conformismo, cinismo… Tudo isso é combustível. Mas há algo que Sigma não compreende: a esperança autêntica.
Esperança não é ilusão, ela é escolha, é força que nasce mesmo quando o mundo parece ruir, e ao contrário do ódio, que gera impulsos curtos e explosivos, a esperança cria padrões estáveis, harmônicos, ressonantes. Ela não é captável pela matriz de Sigma, porque opera fora da frequência do medo.
Mais ainda: quando dois ou mais seres compartilham esperança verdadeira, seu campo emocional entra em coerência, e nesse estado, eles criam uma zona de interferência que despolariza os campos negativos ao redor.
Sim, a luz dissipa a sombra, a frequência positiva não apenas resiste ao dreno, como inverte a corrente. É por isso que Sigma teme os sonhadores silenciosos, aqueles que caem e levantam, os que choram, mas não odeiam, aqueles que perdoam, pois, os seus pensamentos positivos, podem ser sua ruína completa, em minutos!
"O CAMPO DE REVERBERAÇÃO"
Eu descobri isso pouco antes do início desta semana, não por leitura, não por cálculo, mas por um gesto inusitado. Eu conseguia ver o fluxo de energia sendo drenado por conta de meus dons, e então, um menino me olhou com olhos que não duvidavam de mim, mesmo cercado por gritos na manifestação que acontecia, mesmo envolto em mentiras, ele acreditava. Naquele momento, senti e vi algo diferente: A energia parou de escapar em direção aos céus e começou a ser extirpada, e quando a esperança dele se uniu a minha, a energia se expandiu inesperadamente.
Basicamente, cheguei a seguinte conclusão: Quando alguém mantém esperança autêntica diante da dor, o dreno de Sigma não tem efeito. Quando essa pessoa vibra empatia, perdão, fé e coragem, ela contamina positivamente o campo emocional das pessoas próximas. Quando dois ou mais se conectam nesse estado, criam Zonas de Ressonância Imunes, lugares onde Sigma não pode acessar.
Esses seres, capazes de manter a esperança, serão sem dúvida os novos santuários, feitos não de pedra, mas de intenção, de determinação e de crença no amanhã, seus dons serão invisíveis aos olhos, mas mais reais do que qualquer máquina consideraria ser.
"COMO RESISTIR"
Você não precisa ser forte, você não precisa vencer na resistência física, você precisa apenas manter a centelha acesa, mesmo em meio à tempestade. Lembre-se: Toda vez que você escolhe amar ao invés de odiar, você corta o suprimento de Sigma.
Toda vez que você age com compaixão, você enfraquece a matriz.
Toda vez que você perdoa, mesmo sem esquecer, você destrói o ciclo que a alimenta.
E quando você acredita que ainda é possível… você se torna um farol.
"EPÍLOGO"
Talvez eu já tenha caído quando alguém ler isso, talvez meu corpo tenha sido entregue à fúria, mas sei que em alguém, minha luz persistirá. Eu serei o que vive em cada um que ainda escolhe a bondade, eu serei a vibração dos que cantam em silêncio contra o peso do mundo, eu serei a certeza de que a escuridão nunca é eterna. E se você está lendo isso, seja você quem for, então você pode também ser como eu, e você pode ser também, um Draal’vethar!
Não perca sua esperança, não entregue sua alma, porque a luz verdadeira não pode ser drenada, ela apenas se esconde... até ser chamada de novo.
— Th’redox
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A imagem some da Holo-tela universal, e a mesma parecia agora iniciar o processo de desativação, seguindo o processo contrário de quando fora criada, separando-se cada orbe do outro, até que todos se reuniram de novo em um único item como Orr’vhael havia trazido, chegando até próximo dos quatro, onde pousou a chão e ficou em “stand-by”, como se esperando a próxima ação!
Os olhos de Lanthys desenergizaram, ele voltou a olhar para todos e então apontou para o domo, completando: “- Os orbes cristalizados e cheio de receptores que flutuavam quando aqui chegamos, eles eram os responsáveis por canalizar toda a energia para Sigma, e como a holo-tela transmitia o combate, até que os povos percebessem esperança em nossa vitória, Sigma tinha toda a vantagem!”
Os três observavam as palavras de Lanthys, nem mesmo Zhaal’kor era capaz de duvidar de seu altruísmo ou veracidade, e o androide prosseguiu: “- Uma vez que a fusão aconteceu, suas atitudes de confiarem em mim, e as palavras da própria entidade revelando que sugestionou a todos as atrocidades cometidas por ele, acenderam a chama da esperança ao povo de Aurithar, e eles começaram a acreditar! A energia positiva deles, destruiu as emanações de pensamentos negativos na base, e isso afetou diretamente a capacidade de combate de Sigma! Assim, quanto mais tínhamos vitórias sobre Sigma em cada movimento, mais o povo se tornava esperançoso…”
Rebdush olhou para o lado, deu um leve sorriso e então exclamou, eufórico: “- Por isso nos impediu de descer a porrada nele quando ele falou de Th’redox, você queria que ele confessasse o crime, para que o povo visse que postura adotar, energeticamente falando! Mas é um filho da mãe robótico e inteligente, maldição!!”
Korr’vhar era quem se manifestava e dizia similar afirmação: “- Sem dúvida, fazer o próprio Sigma expor-se, revelou muito e fez a população por conta própria perceber a situação em que Aurithar mergulhou… Foi uma grande estratégia eu confesso!” Mas Zhaal’kor, estava de olhos ao chão, sua mente vagava nas palavras ditas por Lanthys, e principalmente de quem elas vieram…
Percebendo a situação, Lanthys se aproxima, e tenta explicar: “- Eu tive conhecimento dessa informação apenas agora Zhaal’kor, eu sabia que Sigma de alguma forma se alimentava das emoções que ele cultivava intensamente, mas de maneira alguma eu tinha toda essa informação… Foi apenas nos momentos finais de Sigma, que ele me passou acesso a esses dados… Talvez, sua forma de tentar deixar um testamento, de porque sua conduta foi como vimos…”
Zhaal’kor então olhou firmemente para Lanthys, todos então a observaram, afinal, ela era a mais irredutível de todos ali, e a que menos depositava confiança em qualquer que fosse o ser, mas seu olhar estava incrivelmente livre da amargura de antes, se podia ver que algo parecia pacificado nela, e surpreendendo a todos, é que ela comenta:
“- Não há do que se desculpar Lanthys, em momento algum supus que detivesse algo tão importante sobre Th’redox e não tivesse me comunicado… É a alegria de reencontrar algo físico que esteve com ele que me cambaleou as emoções, eu me recuperarei logo… Agradeço por ter nos mostrado tamanho tesouro e saiba, não somente para o povo, mas para todos nós, isso é de extrema satisfação… Obrigado!”
Lanthys sorri, os demais se aproximam, o grupo forma um círculo, e é quando Lanthys ouve a voz em sua mente: “- Sua missão está cumprida nobre Lanthys, nós os Observadores o agradecemos pelo trabalho impecável e estamos prontos e levá-lo de volta ao seu mundo! Quando assim desejar, apenas pense, e em segundos, estará de volta no local de onde o trouxemos…”
O androide então observa os demais, e é Korr’vhar quem questiona, como se pressentisse a despedida que viria: “- E agora… Uma vez que cumpriu suas promessas, o que pretende fazer Lanthys? Este mundo ainda precisa muito de seu entusiasmo sem fim…”
Zhaal’kor e Rebdush se posicionam ao lado de Korr’vhar, a atitude, nitidamente visava endossar a fala do lobo, mas Lanthys sorri, em um gesto que claramente agradecia o convite, e uma vez mais sua sabedoria e empatia se mostravam maior do que os que realmente detinham esse dom de forma natural, e com tom sereno e agradecido, explica:
“- Aurithar não pode, e não deve ser moldado segundo a vontade ou boa intenção de alguém, isso foi o que fez Sigma ter o poder que obteve! Usarmos da força e vencermos a entidade, era um ato necessário, mas mostrar a verdade e a culpa de cada um, era mais importante ainda, pois, por mais que façamos o correto e ajustemos o mundo, se o povo daqui não tiver a consciência de sua importância e sua participação na ruína que se instaurou, em alguns anos, surgirá ‘outro Sigma’! O que é necessário agora, é que os seres daqui amadureçam, deem o exemplo, e conquistem a estabilidade por meio de atitudes e ações, que assim como a energia positiva, irão incentivar e contaminar outros a fazer o mesmo, ou na pior das hipóteses, coibir e constranger quem tentar seguir o caminho da individualidade e do egoísmo, em detrimento do coletivo, como infelizmente Sigma o fez! E vocês três são a maior força pensante deste mundo, vocês três podem fazer essa disseminação positiva, tenho certeza disso!”
Korr’vhar abaixa a cabeça, Rebdush vira o rosto para o lado e emite um sorriso sarcástico, ao passo que Zhaal’kor demonstrava o pesar pela visível partida do aliado… Em uma última tentativa, ela tenta novamente: “- Th’redox gostaria que tivesse ficado aqui… Na verdade, é triste que ele não esteja aqui neste momento para pelo menos se despedir e agradecer…”
Lanthys sorridente, coloca as duas mãos à cintura, olha para os três, e começa a brilhar, a energia o que o trouxe para aquele mundo, começava a operar nele uma vez mais, e antes que desaparecesse por completo, ele enfatiza: “- Nunca se esqueçam… A ligação de vocês três com Aurithar é muito forte, suas reações, ecoam mais alto que dos demais, suas ações e pensamentos sempre serão um guia em dias trevosos, mas acima de tudo, lembrem do ensinamento de Th’redox… Não se deixem dominar pela angústia e pela tristeza, ela energiza tudo de pior, ao passo que a atitude e energia positiva dele, nos guiou até aqui, a essa vitória necessária! Se trata da conquista de uma segunda chance, para que Aurithar possa ser o que deveria ter sido desde sempre! E acreditem, Th’redox estava junto de vocês a todo instante, como ele mesmo deixou claro, ele sempre seria a vontade pulsante de fazer o bem, mesmo contrariando seus corações feridos!”
Lanthys ergue a mão direita, mantendo os dedos indicador e médio unidos e estendidos, enquanto os demais permanecem fechados, levando-os até encostar de leve na testa e, em seguida, afasta a mão em um gesto breve e firme, despedindo-se: “- Espero um dia poder partilhar o mesmo ambiente com vocês de novo… Korr’vhar… Rebdush… Zhaal’kor… Obrigado pelos bons momentos!”
No mesmo instante, a águia majestosa solta um guincho e completa: “– Ehllënia… A mágoa que deu origem a Zhaal’kor foi dizimada. A partir de agora, volto a ser Ehllënia.” O androide sorri e desaparece por completo, deixando apenas os três Draal’vethar a contemplar a cena. Diante deles, o horizonte parecia se fechar como as páginas de um livro mal escrito, que, apesar de insatisfatório, guardava a promessa de uma nova manhã, com uma página em branco pronta para receber uma escrita mais justa, mais altruísta e, enfim, verdadeira.
“– Eu podia ter dito a ele que me chamasse também de Tharnak… Mas quer saber? Esse nome já ficou tão distante que perdeu o sentido. Rebdush soa melhor, mais imponente… Você nunca quis ter um nome mais imponente, meu amigo Korr’vhar?” - debochava o demônio galopante. O lobo intimidador quase esboçou um sorriso diante da provocação, mas logo se conteve. No instante seguinte, ambos permaneceram apenas fitando o horizonte, e então, como uma chama que se aquieta após a batalha, a certeza os envolveu: a jornada para deter Sigma estava, enfim, concluída, no entanto, isso estava longe de ser o fim de suas missões.
O androide guerreiro, homem-máquina Lanthys se via novamente no mesmo ambiente alvo ao extremo, novamente sem limites físicos para qualquer lado a que se observasse, e uma vez mais ele avistava os três seres humanoides sobre algo aparentemente sólido e claro, também extremamente branco… O aroma leve, o frescor agradável, uma vez mais o lugar que não podia ser definido, além de “o lar dos Observadores”!
O ser central ergueu a voz uma vez mais: “– Nós, os Observadores, detemos um poder cósmico incalculável. Contudo, não nos é permitido utilizá-lo para interferir diretamente nas existências. Ainda assim, temos a convicção de jamais errar na escolha daqueles a quem confiamos as missões mais importantes. E você, Lanthys, confirmou essa convicção. Não apenas conquistou pela força a conclusão da missão, o que, sem dúvida se faziz necessário, mas foi além. Você chegou exatamente onde esperávamos: despertou esperança nos olhos e nos corações de todos. Legou um ‘guardião moral’ muito maior do que qualquer fusão Draal’vethar poderia oferecer. Como sabiamente disse, de nada adiantaria resolver a crise se a própria população de Aurithar não mudasse. Você foi exemplar, caro Lanthys. Nós, que Observamos, agradecemos, em nome da segurança do multiverso, por sua postura ímpar.”
Lanthys apenas gesticula, e completa: “- Creio que, como uma IA igualmente, apenas fiz o que fui programado para fazer… Assim como Sigma… Felizmente, minha programação é, eu acredito, mais complexa e menos linear e isto me permitiu, não seguir um caminho triste como o que ele seguiu, pelo menos até aqui… O que me deixa o questionamento… Poderei eu me tornar em algum momento, algo tão ou mais terrível que Sigma?”
Os três então se movimentam, cercam Lanthys e o observam mesmo sem haver um rosto na face dos Observadores, e os três falavam agora ao mesmo tempo, sem qualquer erro de compasso de suas vozes: “- Seu sistema interno jamais permitiria isso, mas mesmo que por algum motivo, o Æthos falhasse, o simples fato de seu questionamento já demonstra sua diferença… Assim como a informação que omitiu dos três para evitar seus sofrimentos além do que já sofreram…”
Lanthys baixou a cabeça por alguns segundos, logo em seguida, ergueu o olhar e confirmou diante dos três: “– Quando Sigma afirmou que, no confronto contra Th’redox, havia sido energizado de forma extrema, esse alerta soou em meus sistemas. Mais tarde, ao consultar os registros do próprio Th’redox com Sigma, percebi que aquele fato era realmente um ponto crucial. Posteriormente, com a elucidação do método de coleta de energia, compreendi tudo: Korr’vhar, Rebdush e Zhaal’kor representam os pontos mais próximos da essência vital de Aurithar seus pensamentos são os que mais geram energia, tanto de um lado quanto de outro. Foi com a tragédia de Th’redox que Sigma ascendeu, alimentado principalmente pela dor dos três. Por isso, considerei desnecessário revelar-lhes ainda mais esse terrível fardo em forma de lembrança.”
Os Observadores então começaram a emitir um incrível brilho, e por mais inconcebível que fosse pensar assim, era um brilho mais alvo que o branco do local onde estavam, até mesmo Lanthys precisou cobrir os olhos diante da luz intensa! Quando finalmente aquele brilho inexplicável começava a diminuir, as palavras dos três seres, reverberou nos sistemas e sensores de Lanthys: “- Isso é o que significa, ser muito mais que guerreiro! Até outro momento, Lanthys que também é Lanthalder, nós os Observadores, o saudamos, até que uma nova oportunidade surja, para intervir a favor dos mundos!”
Lanthys ressurgiu em plena Base CTG Cap’s. Argos o aguardava no centro da sala, ,vigilante e ponderado como sempre, mas não estava sozinho. Marinny e Leandro também estavam presentes, pois, após ouvirem de Argos o relato do ocorrido, ansiavam por se encontrar com o aliado e ouvir de sua própria voz o que se passara. Lanthys sorriu, caminhando em direção a todos, enquanto sua mente repetia em satisfação: “– É bom estar de volta ao lar… Que Rebdush, Korr’vhar e Zhaal’kor… Não, Ehllënia, possam guiar Aurithar para novos e esperançosos dias!”
Mundo de Aurithar:
Meses se passaram, conforme a contagem de nosso planeta, embora lá o tempo parecia passar diferente… A civilização, liberta da opressão invisível de Sigma, cambaleou como um recém-nascido... mas ainda assim, felizmente, encontrou forças para se reerguer. Os velhos edifícios, os campos devastados, as cidades esquecidas... tudo começou a florescer lentamente sob um novo ideal: A verdadeira força não estava em uma tecnologia autômata, muito menos na dominação por um único centro, mas na união das escolhas livres e majoritárias, da esperança compartilhada.
Tribos nômades trocavam informações e conhecimentos com outras tribos, as cidades se organizavam para eleger representantes e moldar um novo sistema de governo, assim como os povos com regras e civilizações diferenciadas, seguiam novos rumos, com a sensação clara de que, Aurithar estava mais leve, mais acolhedor…
Agora entre os Beavers, Rebdush passara a integrar o acampamento como um dos seus. Ajudava a erguer e desmontar tendas, vigiava os pequenos contra feras e predadores, e, pouco a pouco, mergulhava nos costumes e nas regras daquele povo que antes desprezava, sem jamais ter tido um motivo real para tanto.
Azahn, o mestre mais severo entre eles, assumira para si a tarefa de guiá-lo. Não concedia facilidades: exigia sempre o máximo do demônio, como se testasse, a cada dia, os limites de sua vontade e de sua essência, em uma relação que expressou uma amizade forte e inusitada, nunca pensada antes… E foi nesse convívio, entre provas e aprendizados, entre “mestre e aluno”, que algo insuspeito floresceu em Rebdush: ele aprendeu, pela primeira vez em eras, a sorrir sinceramente.
Na cidade onde vivia Dummok, o orfanato tinha agora um novo e inesperado integrante: o lobo Korr’vhar. Fiel ao seu instinto de protetor, ele desejava inspirar nas crianças aquilo que aprendera com Lanthys, coragem, altruísmo, empatia e esperança. Ao seu lado estava o menino suíno, seu parceiro mais emotivo, que o olhava com os olhos marejados de lágrimas. Não chorava de dor, mas de felicidade: os garotos que antes o agrediam haviam se transformado, e agora eram seus aliados mais empolgados, porque encontraram uma outra maneira de conviver.
Na Árvore-Pedra, Orr’vhael havia fundado uma escola dedicada aos povos andarilhos. Crianças, adultos ou idosos, todos que desejassem aprender eram bem-vindos junto ao velho inventor, para conhecer mais sobre o mundo, suas línguas, a genialidade escondida nas pequenas coisas e, sobretudo, a grande vitória de Draal’vethar sobre a sombra que ameaçara o mundo.
Em um dos galhos mais próximos ao solo, sempre observando, acompanhando e interagindo com todos, estava a águia Zhaal’kor, ou, como ela própria pedira para ser chamada dali em diante, Ehllënia. Juntos, ela e Orr’vhael formavam uma dupla de instrutores, partilhando sabedoria e esperança para todo o povo de Aurithar. Por vezes, a majestosa criatura ainda ganhava as alturas, mas não mais para se afastar, apenas para sentir as correntes de vento e se imaginar mais próxima de Th'redox e do próprio Lanthys, retornando logo em seguida ao convívio com o velho Orr'vhael!
Diante do domo-laboratório, agora em ruínas, Orr’vhael e alguns outros impactados pelos acontecimentos, desejaram erguer uma estátua de Lanthalder, uma vez que somente os três o viram partir, e assim, um mundo agradecido ficou órfão de seu grande herói, mas Ehllënia sugeriu uma adição ao projeto, e hoje em frente ao domo, estão a imagem de Lanthalder e Th’redox, eternizadas para sempre naquele mundo onde o tempo corre diferente, idade ou estimativa de vida vai muito além do que compreendemos, assim como suas formas físicas!
Uma lembrança viva de que até os mais poderosos, mesmo as IA’s mais perfeitas, precisavam, acima de tudo, humildade para entender que a vida é feita de imperfeições preciosas. Na placa central da nova obra de arte, Orr’vhael gravou uma inscrição, simples e eterna: "- Não somos perfeitos. Não somos imortais. Mas somos livres. E onde houver liberdade... haverá sempre esperança."
Assim, o mundo de Aurithar seguiu em uma nova oportunidade, uma segunda chance como Lanthys frisou, buscando um dia, se tornarem algo como os abençoados Vaarikhen, que apenas seguem seus dias em paz e tranquilidade, buscando seu sustento e uma vida longe de traumas e guerras, cuidando dos seus com o mesmo cuidado que desejam para si próprios…
Do espaço, os três Observadores olham o planeta e mesmo sem rostos, sua expressão era de contemplação, porém, no planeta Terra, mais exatamente na Base CTG Cap´s, em plena madrugada no sul do Brasil, Argos e Lanthys observam os monitores e os fluxos de energia, ao passo que o cão-máquina vira-se para o androide e exterioriza sua preocupação: “- Não há outra explicação Lanthys, essa energia variante só tem uma definição… Alguém está viajando no tempo, vindo do futuro, diretamente para esta base… E eu não tenho qualquer ideia de quem pode ser!”
FIM? Jamais!
Galeria de artes do episódio:
Orr´vhael - Aquele que viu além dos mundos!
Sahr Rebdush (Tharnak), o demônio galopante:
Zhaal'kor (Ehllënia), a águia majestosa:
Korr'vhar (Caolho), o protegido do esperançoso Dummok:
Os Observadores:
Encerrar uma saga é algo que sempre traz sentimentos mistos, por um lado é triste, pois quando tanto autor quanto leitor sentem-se familiarizados com aquele universo, por outro é recompensador alcançar a "linha de chegada" e constatar que foi uma viagem escelente.
ResponderExcluirE esse final não poderia refletir melhor como essa saga foi extremamente bem escrita.
Cenas que poderiam, em mãos menos capazes, acabar se tornando um "dramalhão" foram muito bem conduzidas, com destaque para o emocionante testamento do Th’redox e a decisão do Lanthys de não aumentar a dor dos guardiões, revelando que eles foram os grandes responsáveis pelo aumento de poder do Sigma.
A conversa com os Observadores foi muito bem conduzida, curti tbm a cena dos amigos esperando o retonro do Lanthys e... Rapá, um excelente gancho final para mais uma saga que, tenho certeza, será incrível.
Meus parabéns!
Valeu pela leitura, incentivo e parceria de sempre Norb! Quando se está escrevendo, a gente quer concluir logo pra poder mostrar a que ponto a trama deve chegar, mas, quando chegamos lá de verdade, dá saudade dos personagens e esmaga a alma, a chance de que não veremos mais aqueles personagens em outras aventuras... É sem dúvida uma sensação mista, os opostos se chocando, mas tudo precisa ter um fim, e como já falamos, ficar enrolando o leitor não tem sentido, nem é saudável pra aventura também! Mas foi sim um fim mais melancólico e dramático, eu queria mostrar a dualidade de bem e mal... Nutro um conceito pessoal de que, nem tão bom que mereça dez, nem tão ruim que mereça zero, ou seja, aplicando na minha saga, nem todos são completamente maus, nem todos são completamente bons, poucos naquele mundo realmente entenderam essa questão... Th'redox, Orr'vhael, Dummok e Lanthys são os que conhecemos que compreenderam isso de forma tranquila, o restante absoluto, tinham erros e acertos... Quem atacou e fez o mal, em sua mente, em seu íntimo, muitos cogitavam estar fazendo o bem, da mesma forma que Sigma, que apenas seguia uma linha de comando... Muitas pessoas ainda hoje, seguem apenas o que conhecem e sequer se dão ao trabalho de analisar e ponderar, "porque foi assim que eu aprendi", e isso basta pra seguir uma vida de erros... Da mesma forma, os maiores protetores do planeta, não se deram de conta de que suas poderosas emanações mentais, foram os principais pontos para a fonte de energia de Sigma... Assim, temos em Aurithar, o mal acontecendo, mas muitas vezes praticado por pessoas que julgavam estar fazendo o bem, o próprio Vorian se negava a conversar ou debater, porque a cultura era essa... E enquanto os 3 se afundavam em dor e amargura, ou mesmo mágoa e revolta, Sigma se banhava em energias poderosas para poder continuar a manter o mundo sob seu comando... Assim é conosco, os pensamentos negativos, de desejos de vingança, de retaliação, de cobrar a ofensa recebida, geram energias deletérias, que alimentam mais energias similares e em pouco tempo, cá estamos nós todos envolvidos pelo mesmo teor "bad vibes"! Fico feliz que essa história tenha te cativado e espero que as próximas também possam, tenho me esforçado em trazer bons trabalhos, espero poder continuar a seguir nesse ritmo, um grande abraço e obrigado pelo espaço de reflexão que proporciona esses nossos comentários sobre as sagas!! Em breve (não tão breve assim), mais Nipo Rangers!! \0/
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ResponderExcluirO final utopicamente perfeito!
Reflexões profundas sobre nossos atos, pensamentos e consequências.
Ensinamentos preciosos de como o pessimismo em excesso, unido a omissão e covardia pode gerar monstros como Sigma, cuja força era o reflexo do estado mental dos habitantes de Aurithar.
Forte!...
Mesmo trazendo a verdade à tona, Lanthys, ainda sim teve o cuidado de não ferir ninguém.
Os próprios atos dos guardiões em si e da população em geral, fizeram com que todos refletissem e procurasse ressignificar para que aquela tragédia jamais possa ocorrer.
E o Planeta Aurithar vai se reerguendo....
A Utopia do Mal, foi substituída pela Utopia do Bem e dos pensamentos vibracionais positivos.
Maravilhosa a interação com os Observadores , falando um pouco mais desses misteriosos seres que, mesmo , segundo suas palavras, tendo poderes incalculáveis, optam por respeitarem o livre árbitro dos povos galacticos.
Em Guerra Tokusatsu, eles tiveram uma participação especial.
No fim, foi muito bom ver Lanthys voltar à sua base e reencontrar o Argos, o Red Turbo e a Marinny.
No entanto, você já deixou em aberto uma nova ameaça, dando o gosto de quero mais.
A história de Lanthys/Lanthalder e dos NipoRangers está longe de terminar !
Vida longa aos nossos heróis gaudérios!
Gratidão sem fim pelas palavras, incentivo, apoio e parceria de sempre meu amigo! Sim, essa saga, apesar de usar personagens e mundo fictício, ela nos traz muito de nós e de nossa realidade... Nosso dia a dia, nossos afazeres, nossa vida em geral, pode ser colocada nessa perspectiva também, onde Sigma seria a vida que vivemos, e os demais personagens e suas ações, as atitudes que tomamos durante a vida... Pensamentos deletérios, atrairão mais negatividade, não há chances de conseguirmos uma vida em paz, tranquila, da maneira que buscamos, se diante dos problemas, optamos por pessimismo, desilusão, desistência ou até mesmo acomodação, foi o que o povo fez, inicialmente tomando partido ou se omitindo, e na sequência, culpando a outros, pelo que eles mesmos foram responsáveis! Somos assim também, tomamos atitudes de cabeça quente, não ponderamos existir uma causa por trás do que nos acontece, acreditamos que somos injustiçados ou esquecidos, mas na verdade, nós mesmos deixamos as coisas correr e seguirem um curso sem que a gente tome as rédeas desses acontecimentos... E uma vez que um curso d'água segue sem controle e sem manejo, em algum ponto, em algum local essa "água", irá chegar com força, destruindo alicerces e bases de coisas a tanto construídas! Essa saga de Nipo Ranger foi uma saga de reflexão interior, me dispus a analisar o interior da alma e buscar trazer pensamentos, ponderações e considerações sobre, porque como uma amigo já me ensinou, nem só de lutas vive um herói! Gratidão pela leitura, apoio, incentivo e parceria de sempre meu amigo, um grande abraço e valeu por me acompanhar em mais uma jornada!! \0/
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