sexta-feira, 8 de julho de 2022

Crônicas da Força Terrena - Cap. 03 - Vingança Vazia! (Parte 2)


A noite ia alto, os bombeiros e a ambulância iluminavam o local que apesar da mata que os cercava contornando o lago, ainda era maravilhosamente calma e convidativa… Ao longe relâmpagos se formavam, mas era impossível saber se aquela tempestade que parecia se formar viria até eles ou desaparecia em uma nova virada do vento norte… Ryuichi encontrava-se naquele momento sentado ao degrau de acesso ao interior da ambulância pela parte traseira, não apresentava mais que alguns arranhões ao corpo, ao passo que Fredriik tinha uma luxação na terceira costela esquerda, seu dano físico do acontecimento, digamos assim, mas o policial ainda teria de amargurar os danos emocionais do ocorrido e, sua expressão era clara, era de quem considerava que não se sentia ajudando o suficiente diante de tudo…

O policial, assim como Ryuichi, estava recoberto por um cobertor térmico e delegava funções aos demais policiais, indicando tarefas e procedimentos, assim como se preparava para retornar à delegacia e preencher os devidos relatórios, uma vez que tudo que aconteceu estava em sua mente e ele poderia explicar sem dar mais trabalho ao jovem NeoChangeman… Assim que havia resolvido à tudo, Fredriik dirige-se ao jovem oriental, levando consigo outro policial, fazendo as apresentações e definindo seu propósito naquele momento: “- Ryuichi-san, se sente bem?”

Ao aceno positivo de Ryuichi que parecia retornar de um transe, o policial então coloca o jovem policial ao seu lado e explica: “- Este é Viljam! Ele o levará até seu hotel na outra viatura, uma vez que não poderei cumprir minha promessa devido aos procedimentos burocráticos que preciso resolver depois deste incidente… Ele não fala nada em japonês, mas creio que consegue resolver isso facilmente caso precise falar com ele! Eu queria poder ficar mais e lhe dar mais detalhes, mas acho que depois de dois ataques na mesma noite, é possível perceber que o quer que seja aquela coisa, o quer morto… Procure nos arquivos sobre a disputa entre os Koskela e os Lindholm, assim poderá se inteirar do que não pude te passar e poderá deduzir o resto! Muita atenção aos nomes Oskari e Usko Lindholm, tenho certeza que sua mente irá ficar ocupada com tudo que vai encontrar por ali!”

O xerife então puxa do bolso um rádio de comunicação e entrega ao jovem oriental, fazendo-o fechar a mão ao redor do equipamento completando: “- Sei que seus aparatos tecnológicos são bem mais modernos e poderia talvez até te fazer surgir dentro da delegacia sem qualquer problema, mas creio que se precisar de algo, essa vai ser a forma mais prática de me localizar por aqui! Estarei sempre com outro desses, me chame se precisar… O que aconteceu essa noite com certeza foi um aviso para você… Esteja atento meu amigo!”

Fredriik então acena para Ryuichi, dá um leve tapa ao ombro de Viljam, que por sua vez, acena positivamente fazendo um gesto logo em seguida para que o arqueólogo o acompanhasse… O jovem Tsurugi acena positivamente para Fredriik e então, pegando seu material que havia sido recolhido da viatura acidentada, adentra ao novo veículo policial e segue finalmente para seu hotel onde poderia de vez organizar os pensamentos tão bagunçados pelas últimas horas… A viagem fora curta, Viljam não conhecendo nada do idioma sequer arriscou palavras e Ryuichi não fazia questão de falar qualquer coisa naquele momento também… Em poucos minutos estavam diante da pousada simples, o jovem desce da viatura, faz um justa reverência e direciona-se para dentro do local com seus pertences…

Ele chega até a recepção, o funcionário que atendia recebe-o obviamente no idioma finlandês, que nosso herói havia já estudado previamente para o básico, o suficiente para que ele conseguisse se apresentar e subir ao seu quarto. De qualquer forma, caso a conversa precisasse estender-se, os tradutores portáteis que seu brace continha seriam o suficiente para resolver qualquer conversação! Para a felicidade do introvertido jovem, isso fora desnecessário e ele chegava ao seu local de descanso finalmente sem mais demoras ou diálogos…

Largando o que tinha pelo chão, o jovem atira-se sobre a cama e fica alguns minutos à pensar e raciocinar sobre tudo que havia passado naquelas últimas horas, era necessário concatenar as ideias e buscar uma forma de resolver tudo aquilo… Dois ataques na mesma noite sendo que nunca se havia registrado um ataque à veículos até então no caso Hiisi, era fato que a criatura estava atrás de Ryuichi e poderia surgir de novo à qualquer momento… Ele precisava encontrar a criatura primeiro e encerrar esse ciclo antes que alguém se ferisse uma vez mais e a chave, segundo Fredriik, era a guerra entre as duas famílias!

Seguindo a orientação anterior do chefe policial da cidade de Valkeala que o incentivou a estudar o caso dos Koskela e dos Lindholm, Ryuichi se ergue da cama, segue ao banheiro, toma um banho rápido para aliviar a tensão - e a sujeira - de seu corpo, retornando logo em seguida, com roupas limpas, uma garrafa de água refrescante e puxando seu laptop, que felizmente não havia quebrado mesmo diante de todos os incidentes! Sentando-se junto à mesa próxima, ele inicia sua pesquisa, ávido em descobrir qual o mistério ligava a suposta criatura Hiisi e as duas famílias citadas pelo policial!

O equipamento rapidamente acessou o sistema de internet, a velocidade era boa, bastou o jovem digitar na busca as palavras Koskela e Lindholm e vastos links se apresentaram já na primeira tela, um deles, era da própria cidade, onde o historiador local contava a narrativa complicada… Muitos relatos preenchiam a lista gigante de acontecimentos entre os integrantes daquelas duas gerações, acusações de vandalismo, roubos, brigas generalizadas bem como ataques sofridos e supostamente feitos, trazendo uma trama de quase três gerações em conflito iniciando pela disputa de Sohvi Lindholm…

“- São dezenas de casos envolvendo agressões e acusações de todos os lados, tudo teria se iniciado porque o patriarca Koskela, teria matado o patriarca Lindholm por considerar que a esposa Sohvi Lindholm, a qual eles disputaram na adolescência, queria se tornar uma Koskela… Uma arma, um disparo e a vida das duas famílias se tornou uma guerra durante anos envolvendo filhos e agora netos…” Cogitava falando baixinho enquanto lia tudo o jovem Tsurugi, tentando encontrar uma ligação, mas sua mente ainda fervilhava com as dúvidas mais intensas… Onde estavam os dois mencionados por Fredriik nessa trama e porque o Hiisi surgiu em meio à isso tudo…

Como que em resposta ao questionamento pensado, um vento leve que seria melhor descrito como uma suave brisa noturna adentra pela janela, balança levemente seus cabelos enquanto uma espécie de formigamento atingia a base do crânio e um arrepio invadia seu sistema nervoso... Ryuichi sentia em seu íntimo enquanto aquela situação inusitada acontecia que, fosse o que fosse a origem daquela sensação, estava agora diretamente em sua retaguarda, imprimindo em sua alma uma estranha necessidade de não olhar para o lugar da emanação energética, de apesar da curiosidade não tomar tal atitude naquele instante... Seguindo mais seu instinto que sua razão, o jovem Tsurugi se manteve em silêncio e apenas aguardou e eis que uma voz firme mas jovial, iniciava uma narrativa:

“- O local era o largo da igreja Pyhän Ursulan seurakunta, localidade equivalente ao bairro de Vilamontie onde as famílias se reuniam todo domingo para a missa católica, parte em finlandês, outra parte em idioma inglês, e tão logo a celebração religiosa terminava, os fiéis reuniam-se para fazerem refeições matinais reunidos… A briga entre os velhos Aarne Koskela e Jyrki Lindholm - ambos com 73 anos de idade - havia esfriado haviam anos e parecia que tudo estava resolvido… Mas bastou uma cerveja antes do ato ecumênico, uma única porção de álcool à mais para que Aarne, no momento da refeição, considerasse que a esposa de Jyrki, Sohvi, sua primeira grande paixão e motivo da grande briga entre os dois em idade jovial, o estava observando e chamando por ele, como Aarne esperou que ela fizesse desde que no momento derradeiro, escolheu se tornar uma Lindholm e não uma Koskela… Tenha sido o álcool ou mesmo qualquer outro motivo, naquele instante Aarne jurava que ela estava a enviar olhares ardentes à ele e isso merecia - em sua mente - sua ação imediata, brutal e sem volta…"

A voz silenciou por alguns segundos, mas era quase palpável a sensação de que ainda havia muito a ser dito... Ryuichi aceitando tal intuição, resguardou sua fala e apenas ouviu enquanto a voz continuou...
"- Um avanço de Aarne, uma recusa de Sohvi, Jyrki toma a frente para defender sua esposa e o estampido denotava o restante de toda uma geração… Com um ferimento ao centro do crânio, Jyrki Lindholm morre na hora, diante de vários amigos, seguro pelo colo agora ensanguentado da esposa, e mal houve tempo para a despedida entre o casal… A polícia que também participava da missa agiu na hora, Aarne foi preso e em meses julgado culpado, condenado à morte conforme as leis daquela época sem chance de alegação! Isso gerou para Sohvi e os filhos e netos do casal, a culpa - segundo os Koskela - pela morte do patriarca e então, de lá pra cá as duas famílias viviam em atrito constante, alimentada por discussões, brigas, destruições isoladas de plantações, animais, celeiros, veículos e coisas mais comuns… A rixa entre eles nunca cessou, mas nunca havia chegado à parâmetros tão fortes quanto ao primeiro caso, quando Aarne Koskela matou Jyrki Ldinholm. Porém, quando a chuva negra caiu há dois anos atrás, muitos morreram e muitos sabem disso com precisão, mas... A grande maioria das pessoas nos interiores de seus países sequer tinham uma real ideia - ou capacidade de entender - o que realmente acontecia no mundo e eis que tudo então ficou violento de novo…"

A voz faz novamente uma pausa, Ryuichi não sentia mais o arrepio ou a tentativa de imposição de presença, era como se os "ânimos" houvesse sem acalmado e cruzando os braços como dando a entender que continuava a ouvir atentamente, a voz continou: "- A chuva negra havia matado muitos naquele dia, e os Koskela chegavam de mais uma noitada na cidade, bêbados como estavam não diferenciavam chuva normal de chuva negra - a maioria das pessoas mesmo em sã consciência não o fizeram - e por algum motivo, não foram afetados pela mesma, ou esconderam-se à tempo, o fato é que ao chegarem até sua fazenda, encontraram seus pais ao chão do lado de fora, enegrecidos e sem qualquer resquício de vida… Em seu ódio primordial, ou alimentados pela chuva, um único grupo de culpados, uma única família neste mundo inteiro, poderia ter entrado em suas moradias e matado seus pais daquela maneira… Os Lindholm! Ignoravam eles o fato porém, de que naquela mesma noite, do lado dos Lindholm, toda a família que estava em sua fazenda havia perecido da mesma forma, a chuva os havia destruído com sua energia negra e somente dois integrantes dessa família restaram, pois estavam fora da cidade… Por uma casualidade do destino - se é que tal coisa existe -, e o aviso de todos os Defensores pelo mundo, Oskari e Usko Lindholm estavam em um abrigo e sobreviveram àquela situação até conseguir de novo ganhar a estrada e vir em busca de seus familiares…"

Enquanto ouvia atentamente, como se o que quer que estivesse falando com Ryuichi percebesse e permitisse isso, o jovem arqueólogo desceu a tela de navegação um pouco mais e observou uma notícia atrelada ao final da página que pesquisava, lendo a mesma em voz alta: “- Oskari e Usko Lindholm, morrem em suposta emboscada inicialmente atribuída aos integrantes da família Koskela! Os jovens de 28 e 19 anos respectivamente chegavam à cidade em sua pick-up Ford F-150 1979 quando uma mina terrestre explodiu com o passar do veículo… Os corpos provavelmente foram pulverizados pois nenhum resquício dos mesmos foi encontrado dentro da pick-up enquanto os legistas nada encontraram ao redor da explosão! Eles eram os últimos da linhagem Lindholm que haviam restado na cidade…”

Abaixo do anúncio, a foto de Oskari e Usko estampavam o notícia e finalmente Ryuichi teve a sensação de que poderia virar-se para seu misterioso interlocutor, entendendo dessa vez boa parte do mistério e das palavras confusas de Fredriik… Diante dele, o jovem que avistaram na clareia horas atrás o observava com olhos tristes e cansados, o mesmo jovem de 19 anos da foto do noticiário do jornal… “- Usko Lindholm…” Expressou Ryuichi Tsurugi ainda surpreso ao passo que o jovem maltrapilho por assim se dizer o observou nos olhos mantendo a mesma expressão triste do que quando chegara, acenando positivamente e confirmando a suspeita - sobrenatural pelo menos por enquanto - do jovem arqueólogo…

Do lado de fora do prédio, a criatura alada avistada e noticiada amplamente na cidade baita asas suavemente como se guarnecendo o garoto e o olhar indagador de Ryuichi já fazia com que o jovem diante dele o respondesse, ou quem sabe o jovem era capaz de ler a mente do arqueólogo, mas o fato era que, bastou Ryuichi pensar e Usko trouxe a resposta: “- Estávamos voltando para ver nossos pais depois da chuva negra, havíamos sobrevivido, mas não tínhamos ideia do que poderia ter acontecido com eles… Infelizmente só conseguimos chegar em casa depois da explosão e ainda sem entender completamente o que nos havia se sucedido… Quando vimos os corpos de nossos entes destruídos, eu me ajoelhei e chorei recoberto de dor e pesar pela perda, mas meu irmão… Ele foi recoberto por ódio e raiva, ele alegou que se tentaram nos matar na estrada era para que não fôssemos atrás deles, os Koskela, pela morte de nossos pais, que os Koskela eram os responsáveis… Só então entendemos como chegamos até ali… O que realmente aconteceu conosco e como sobrevivemos…”

O jovem Tsurugi então acenou positivamente e olhando para baixo como que em respeito pelo pesar dos dois, elucidou o caso: “- Na hora da explosão, dentro de vocês as energias que os preenchiam já haviam determinado seus destinos… Não pereceram nas chamas pela intervenção rápida de seres mais poderosos, mas você por estar sem pensamentos ruins foi abençoado com um aliado, enquanto seu irmão, pelo ódio crescente devido ao desejo de vingança, quem o tirou da morte e o abraçou com algo pior, fora a chuva negra… Ambos eram para estar mortos mas em sentidos opostos, cada um foi salvo e agora tentam achar um meio de corrigir sua existência…”

O jovem Usko acena positivamente, ele vira-se e olha para a imensidão noturna onde a criatura flutuava levemente com seu bater de asas quase silencioso, para somente encarar Ryuichi novamente e completar: “- Peryton atendeu meu chamado para tentar ajudar meu irmão e meus pais… Nada queria para mim, somente salvá-los e talvez isso tenha despertado tão nobre ser a vir em meu encalço, impedir que morresse, unindo-se à mim sem preocupar-se consigo mesmo… Sua sombra ainda imatura se parece com a sombra de um humano, é o nosso laço de ligação e isso impede que eu desencarne porém… Como um ser ainda incompleto, ele não tem dons para se libertar de nossa união e está condenado à existir junto comigo para sempre… E eu sei que só eu posso devolver a liberdade a Peryton…”

Ryuichi entende a lógica do rapaz finlandês, admira sua conduta destemida e embora o jovem não tenha se dado conta, cada um deles estava falando em seu próprio idioma e ainda assim se entendiam perfeitamente! O herdeiro do Densetsu Dragon já havia vivenciado isso com o estimado amigo Altair nas montanhas geladas da Rússia quando de suas batalhas contra o Império Makura e agora, o mesmo efeito se acometia novamente, o que identificava claramente o chamado Peryton, como um Densetsu que havia despertado e atendido o chamado de seu escolhido… O jovem arqueólogo então querendo enfatizar uma solução para o caso, mas tendo em sua mente que o jovem Usko já havia buscado sua própria solução, questiona: “- Porque veio até mim contar tudo isso Usko? Sabe que seu irmão me quer morto e que eu terei de confrontá-lo, então… Porquê?”

Começando a tornar-se sombra uma vez mais, o rapaz parecia estar encerrando sua fala com Ryuichi, mas não sairia sem explicar a parte mais importante de sua visita: “- Eu sei que a minha morte poderá devolver à Peryton a sua liberdade e meu irmão precisa ser parado mas eu ainda não tenho capacidades para isso… Até agora sempre que Hiisi surgia, eu lá estava, como se fosse catapultado para o local, tentando impedir a tragédia, mas... Peryton não tem os poderes necessários para enfrentar meu irmão, não sem antes quebrar o selo que ainda o mantém imaturo, sua sombra incompatível… Porém isto tem de chegar ao fim, com o sem condições eu pretendo dessa vez enfrentar meu irmão com o que tenho e sei de certeza, morrerei no processo.. É por isso que preciso de você… Eu morrerei enquanto Peryton ficará livre, sua sombra se tornará só dele com minha morte e você herdeiro do dragão… Você deterá meu irmão para que ele volte a ser quem era e pare de matar pessoas… Devo isso à Peryton, aos meus pais, ao meu irmão e à todos que ele prejudicou…”

Usko Lindholm se torna sombra, a sombra evapora-se e sai pela janela e o chamado Peryton, preparava-se para desaparecer nos céus escuros como um raio, porém os olhos de Ryuichi Tsurugi assumem forma de fenda novamente, um olhar entre ele e Peryton acontece naquelas frações de segundo... Não eram o jovem Tsurugi e a criatura a se observar, mas Dragon e Peryton, dois Densetsus à trocar uma informação que só eles poderiam compartilhar e então, era visível que a criatura lendária, apesar do posicionamento de Usko Lindholm seu hospedeiro, não estava indo ao combate para deixar o jovem Lindholm morrer, Peryton queria e iria o proteger, seu olhar deixou isso bem claro... Uma última fala de Usko resplandece no ambiente antes de desaparecer na imensidão dos céus estrelados: “- Oskari não é mal, apenas teme sua Força Terrena… Ela pode feri-lo enquanto o resto não, é por isso que ele te quer morto… É medo, não maldade…”

O quarto volta a ficar silencioso e Ryuichi, agora de posse de informações valiosas, sabe que precisa ser rápido ou irá perder os dois irmãos, um para o abraço eterno da morte, outro para as trevas sem fim… Ele volta ao seu laptop e novamente inicia suas buscas, e a primeira palavra foi sem dúvida sobre a criatura Peryton: “- Trata-se de um ser com cabeça e patas de cervo com metade de seu corpo, revestido por penas e asas de ave, porém todavia diante de qualquer luz, sempre projeta uma sombra humana. Segundo Jorge Luís Borges um autor do Brasil na América Latina, essa criatura foi citada por um rabino de Fez/Marrocos (que supõe ser Jakob ben Chaim), em um manuscrito do século XVI, destruído por sua vez no bombardeio de Dresden, durante a II Guerra Mundial! Referia-se o manuscrito à obra perdida de um comentarista grego, que por sua vez citava textos de oráculos que fizeram parte da Biblioteca de Alexandria antes desta ser destruída. Entre os fragmentos citados, diz-se que, os perytons viveram originalmente em Atlântida; alguns acreditavam que eles fossem espíritos de viajantes que morreram longe dos cuidados de seus deuses; quando atingem sua maturidade liberando seus poderes, sua sombra passa a corresponder a seu próprio corpo e iniciam a escalada de seus poderes; armas humanas não os afetam; em Ravena, onde foram vistos pela última vez, sua plumagem foi descrita como azul-claro, mas isso surpreendeu o autor, pois as outras fontes falavam de penas verde-escuras; se tirarem uma vida de foram injusta ou maligna, perdem suas capacidades para sempre e se tornam um ser humano para recomeçar sua caminhada através das eternidades, mas se por ventura, algum ser vivo arriscar sua vida para salvar um Peryton, este tem suas capacidades totais liberadas pelo mérito de cativar uma alma nobre e pura em sua ajuda!”

Ryuichi pondera sobre tudo e compreende: “- A alma de Usko se uniu à alma de Peryton por meio da sombra humanoide que o Densetsu apresenta, um sinal claro de sua ainda incapacidade de manifestar os poderes da Força Terrena em plenitude… Mas Usko acredita que precisa morrer para libertar Peryton e na verdade tudo que precisam fazer, é quebrar a magia que ainda trava os poderes da criatura lendária, porém… Fazer isso é igualmente entregar-se à morte… Eu não posso permitir isso, e preciso ajudar a trazer o irmão de Usko de volta!”

O jovem novamente se volta à internet e busca por todos os Koskela conhecidos e a lista de desaparecidos estava ali: “- Os primeiros e já relatados por Fredriik foram Pellervo, Ruuperi, Larssi, Erkki e Marjuuka… E há doze dias atrás desapareceram também Aatukka e Hilja, respectivamente esposas de Pellervo e Larssi… A última a desaparecer, dez dias atrás, fora a pequena Janeeka, com somente nove anos de idade, filha de Larsii e Hilja…” Ryuichi faz uma expressão de pesar, pois embora tudo que fora relatado por Usko, as atitudes eram cruéis e descabidas, Oskari ou o que quer que tivesse se tornado, precisava ser detido o quanto antes!

A última pessoa da família Koskela era o velho irmão de Marjuuka, Taisto, que vivia em um asilo da região... Sem dúvida alguma, pensava o jovem, Oskari viria atrás dele para completar a vingança em curso… O jovem olha para fora, a manhã começava a chegar e todos os avistamentos da criatura foram pela parte da noite até então… Ele descansaria durante uma parte do dia e antes que o sol pensasse em se aproximar do poente, ele estaria de prontidão para o surgimento do assim denominado Hiisi… Fechando seu laptop o jovem deita-se e tão logo adormece, as sombras em seus sonhos começam a incomodá-lo uma vez mais…

O sol já havia cruzado a metade do céu e um pouco além, quase quinze horas eram agora quando Ryuichi Tsurugi abre seus olhos e sente que seu corpo estava completamente recuperado! Durante aquelas reconfortantes horas, apesar dos pesadelos que o assombravam, quase sempre o jovem era agraciado com a visão magnífica de sua bela mãe falecida, surgindo com luz expulsando todas as sombras, garantindo-lhe então, o descanso merecido para seguir em sua vida… Agora não havia sido diferente e ele estava pronto para a busca pela criatura de trevas que insistia em ressurgir… Seria Kemono? Outro ser maligno? Ou algo totalmente impensado? Ele não detinha respostas, mas iria encontrá-las, cada uma delas, com suas próprias mãos, com seu próprio esforço!

O jovem veste-se, envia informações ao pai e Sayaka na Armored Island, informa seus intentos iniciais e explica que passará mais detalhes assim que for possível! Apanhando uma maçã na recepção da pousada e partindo em busca de um táxi, Ryuichi em menos de uma hora entre tudo, estava diante do “Kouvola Dementia and Developmental Disability Group Home Association”, algo como “Grupo de Lares Associados para tratamento de Dementia e Debilitações de Kovoula”... O local era simpático, bonito e agradável, mas dado o que poderia acontecer ali, era muito central e muito populoso…

O local também não permitia espaço para que o jovem ficasse oculto sem chamar a atenção e não era possível tentar evacuar o prédio às pressas no momento em que tudo acontecesse, uma vez que era composto por pessoas mais velhas, com muitas dificuldades e dependências para sobrevivência… Era necessário esperar, tentar desviar dos olhares curiosos e torcer para que conseguisse agir antes que a criatura Hiisi atingisse seu alvo…

O sol começava a esconder-se e então era possível perceber a viatura policial aproximar-se pelo início da rua, lentamente, giroflex ligado mas sem sirene… De qualquer forma, visto os rostos que surgiam e se escondiam nas cortinas à frente no prédio, havia demorado mais até do que o esperado para a polícia ser chamada, afinal, alguém com características físicas estranhas à eles estava diante de um asilo por mais tempo do que o aceitável, era até compreensível seus medos... De qualquer forma, nessa nova caçado, o jovem Tsurugi considerava que havia sido muito agraciado pois ao invés de entraves como em Capurganá, nesta visita à Finlândia ele teve ajuda, e ela chegava de novo diante dele…

A viatura para diante do rapaz, a porta se abre e era Fredriik quem o saudava com um sorriso sarcástico ao rosto: “- Parece que sua presença não foi muito apreciada pelos velhinhos!” O xerife faz um gesto para que o jovem adentrasse a viatura e seguindo alguns poucos metros para frente, deteve o veículo, estacionando e questionando: “- Algo que possa partilhar comigo sobre o que quer que tenha descoberto?”

O jovem então acena positivamente e se prepara para iniciar a narrativa, afinal de contas, Fredriik o ajudou até então, ele sentia justiça e determinação no policial, deveria compartilhar suas informações e quem sabe, deflagrar apoio muito bem vindo caso ele não conseguisse dar conta de tudo… O Xerife acena positivamente após ouvir atentamente todos os relatos, pondera por alguns segundos e então conclui: “- Vi muita coisa no meu tempo de Comandos Terrestres Ryuichi-san… Não tenho qualquer motivo para contestar sua lógica, além de que as informações que obteve satisfazem e muito as explicações necessárias… É incrível e surreal, é fato, mas eu acredito… Já estamos beirando as 19hs, a criatura poderá surgir a qualquer momento e bem, eu não tenho mais equipamento para lutar contra isso… Vou reunir alguns policiais da minha mesma turma de formatura, são amigos de longa data que que entenderão e manterão sigilo sobre o que for necessário, evitando assim pânico e exposição desnecessária... Vamos guarnecer e socorrer o hospital… Enquanto faço isso, conto com você para levar Hiisi para bem longe daqui!”

Ryuichi então acena positivamente, Fredriik leva a mão à frente esperando um aperto entre ambos, e o jovem japonês, apesar de não ser um costume usado por eles, retribui satisfeito, deixando a viatura que então parte para cumprir seu ponto na empreitada arriscada… Ryuichi põe-se sob a proteção de uma copa de árvore e ali manteve-se em silêncio até que finalmente, aproximadamente trinta e cinco minutos após a partida de Fredriik, árvores começaram a cair perto do asilo, Ryuichi sentiu a aura maligna que invadiu o local e partiu em direção à fonte, que logo apresentou-se da forma que mais sabia fazer, destruição!

Um estrondo poderoso, madeiras da cerca voaram longe e a criatura surgiu por entre às árvores, urrando, furiosa, destrutiva e completamente sanguinária… O monstro ainda não havia percebido o NeoChangeman no local, enquanto Ryuichi esperava o momento certo para agir… A criatura então como se tivesse definido seu ponto de ataque se lança em carga vigorosa, as pessoas dentro do prédio e nos arredores se assustam com os sons terríveis e quando a criatura ia atingir uma das paredes, com certeza abrindo um rombo na mesma e talvez desestruturando completamente a estabilidade do lugar, a onda de choque da Força Terrena o atinge em cheio, o arremetendo e o fazendo girar sem controle pelo grande pátio do lugar para metros de distância árvores à dentro…

O monstro consegue se segurar ao chão, ele observa a fonte do ataque, ele percebe NeoDragon emergindo do cenário e seus olhos entram em berserk… Com seus poderosos punhos ele bate ao chão, detritos de terra, pedra sobem aos céus com os impactos… A criatura urra, ele tenta demonstrar que aquele território era seu e o defenderia totalmente, mas NeoDragon não deteve seus passos uma única vez que fosse, o que de certa forma deixou o monstro Hiisi cauteloso apesar de aparentemente, mais furioso ainda…

NeoDragon finalmente detém seu movimento e fica há pelo menos cinco metros de distância do Hiisi, ao passo que o monstro de sombras novamente urrava, batia ao peito, batia ao chão e ameaçava, porém nada daquilo faria efeito ele descobriria em segundos e sentia a criatura de trevas, a cada novo instante, que precisava agir ou seria exterminada ali mesmo… Atendendo a esse ímpeto, o monstro ergueu seus poderosos braços e se lançou em vigoroso ataque, mas antes mesmo que o guerreiro da Força Terrena pudesse ensaiar seu primeiro ataque, um grito potente e lancinante rompeu o espaço entre sua origem e o monstro, atingindo o Hiisi em cheio, o fazendo rodopiar por metros para trás, para somente então conseguir deter-se e analisar o que o havia atingido… NeoDragon sequer olhou para sua retaguarda, apenas manteve a posição de ataque e passou seu plano, demonstrando estar ciente da presença do recém chegado lutador: “- Precisamos tirá-lo da cidade, levá-lo para local desprovido de pessoas e construções, só então poderemos tentar salvar seu irmão… Usko!”

O jovem Usko Lindholm então chegava ao lado de NeoDragon, flutuava levemente acima do solo, sobre ele a criatura Peryton batia asas se mantendo no ar e agora, era o jovem quem finalizava a conversa que precedia a ação: “- Muito bem meu irmão… Hora de trazer você de volta do mundo das trevas! E ao final deste embate, tudo estará diferente do que já foi um dia!”

Continua…

6 comentários:

  1. Grande Lanthys!
    A nova saga de Ryuichi segue numa narrativa em que os mistérios advindos dos nefastos efeitos da fatídica chuva negra nos humanos ,despertando os seus lados mais malévolos e trevosos atingem níveis cada vez mais viscerais.

    O mal sempre encontra brecha para se remodelar e voltar a agir.

    Será Kemono?
    Ou outra força?

    Veremos.

    O fato é que ,em sua busca, Ryuichi se mostra mais conectado com seu densetsu, numa simbiose de mente e alma cada vez mais intensa.

    A maturidade de tão emblemático personagem é a cereja do bolo dessa narrativa que estou curtindo muito.

    A descoberta de novos densetsu é bem vinda, e tenho certeza que Peryton será muito útil em ajudar o seu hospedeiro a encontrar o seu destino.

    Salvar seu irmão, tomado por sentimentos trevosos talvez não ocorra como Usko queira...

    Mas, ainda tenho a pulga atrás da orelha com o xerife Fredirick....

    Não sei porque...

    Mas sinto que ele está relacionado de alguma forma com Hiisi e com a triste historia de Usko e todo o contexto familiar envolvido....

    Aguardemos!

    Maravilhoso, meu amigo!

    Está criando uma história muito fascinante e instigante!


    Parabéns!

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    1. Grande Jirayrider, mais uma vez obrigado pela leitura, apoio, incentivo e amizade de sempre! Sim, vemos que Kemono não era o único "lado mau" dessa trama que foi NeoChangeman, como sempre lemos em vários lugares, um barco só afunda se deixarmos a água entrar dentro dele, da mesma forma, o ser humano se inundado por algo que o controle, afundará naquilo de forma vertiginosa... É o que vemos nessa saga, pessoas que não foram consumidos pela chuva negra, mas sincronizaram com ela de forma a se tornarem o que elas representam, com isso, criaturas jamais sonhadas surgem para aterrorizar os humanos... Ainda existem muitas questões a serem abordadas sobre o que está acontecendo nessa "simbiose", mas falastes muito bem quando citastes, o mal sempre encontra uma brecha para se remodelar e voltar a agir, infelizmente... Quanto ao Ryuichi e Dragon, a primeira impressão que quis passar quando terminei NeoChangeman e não citei uma separação entre eles e seus Densetsus é que, de alguma forma, se ainda estavam unidos, é porque ainda seriam necessários... Assim Ryuichi e Dragon, símbolo da sabedoria e coragem, precisavam se entender muito mais, Ryuichi precisa amadurecer para ser cada vez mais compatível com uma criatura que é detentora de grande capacidade de julgamento e de moralidade... E ninguém consegue entender sobre moralidade e atitudes sem vivenciar coisas através dos olhos de outras pessoas sofrendo... Ser confrontado com as situações terríveis que pessoas estão vivendo, é que dará ao jovem Tsurugi a capacidade de estar completamente à altura de seu densetsu... E quem sabe o que virá pela frente que cobrará isso dele? Só o tempo pode revelar... Também aqui temos uma citação tua muito bem feita, "Peryton será muito útil em ajudar seu hospedeiro a encontrar seu destino"... A maioria pensaria "agora temos mais um densetsu pra descer o cacete nos monstros" mas tu conseguiu ver o lado que eu tentei passar, ele poderá com certeza se tornar um excelente guerreiro se um dia for preciso, afinal, eles são a primeira linha de defesa do Planeta Terra, mas, nesse momento, Peryton é a única pilastra, a única âncora, o único suporte do jovem Usko em busca de resolver sua situação que não é nem uma morte, muito menos uma vida... Eu fiquei simplesmente maravilhado em tu ter percebido esse detalhe minucioso que quis deixar sucinto na trama, estou realmente muito feliz com essa ponderação!! Coitado do Fredriik cara, tu encrencou com ele, acho que não tem motivos pra isso não kkkkk... Ou será que tem?? Vixi cara, só no outro episódio pra tu poder realmente confirmar, mas tô adorando te ver nessa dúvida cruel, parece que à cada instante tu fica esperando que o Fredriik pegue Ryuichi de surpresa e isso é mais que bem vindo, fico realmente feliz com isso cara!! Bom, no demais, fico realmente contente que esteja curtindo, que a saga esteja te agradando e espero que o episódio final possa coroar com êxito essa empreitada nesse arco, está tudo em andamento e assim que possível, estarei trazendo aqui! Muito obrigado por tudo, grande abraço e até a próxima!! \0/

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  2. Mais um excelente capítulo.
    Gostei demais de toda a ambientação construída aqui, muito bacana o crescente de acontecimentos, a explicação da briga entre as famílias, o surgimento de um novo densetsu e a chegada de um novo mal.
    Curti muito ver como a chuva negra foi usada aqui, mostrando como ela atingiu o mundo durante a série original. Foi uma sacada de mestre.
    E esse gancho final, como você faz sempre, ficou perfeito. Mal posso esperar pelo próximo capítulo.!
    Parabéns!!

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    1. Grande amigo Norberto, mais uma vez muito obrigado pela leitura, comentário e incentivo de sempre! Esse episódio precisava explicar os detalhes do surgimento do Hiisi, porque com as pessoas que aconteceram, de onde a origem para essa raiva entre eles e como tudo culminaria dessa forma, para que eu possa explicar adequadamente em episódios futuros, como a essência da chuva negra age... Com os acontecimentos entre os Koskela e os Lindholm, temos uma base, junto do episódio em Capurganá, para que Ryuichi posso elucidar o "modus operandi" dessa energia maléfica... Muito ainda temos a descobrir sobre tudo isso até culminarmos em um desfecho, mas essa busca pela informação dos efeitos da chuva, como bem dissestes, mostra o desenrolar das batalhas de NeoChangeman, os rumos das vidas de muitos dos envolvidos, assim como me deixa um leque gigante de possibilidades para monstros aterrorizantes, seres lendários e quem sabe, ganchos poderosos para novas histórias. Sem construir um bom alicerce a casa cai lá na frente, então, fico feliz que tenha curtido esse episódio "mais lento", mas ainda assim indispensável! Outra coisa que me deixa feliz é ver todas as intenções as quais tento passar no texto sendo notadas e expressadas, tu bem sabe como eu que é uma das melhores coisas, ver que o texto foi lido, as nuances analisadas e os detalhes debatidos, isso é tudo de melhor que podemos receber por nossos textos! Muito obrigado meu amigo, fico realmente feliz com teu apoio e que a saga continue a te cativar, grande abraço!! \0/

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  3. Fala, meu grande amigo!
    Desculpe a demora... Mas, aí está! Meu comentário.
    Outro episódio excelente... Está sendo maravilhoso termos a continuação de Neo-Changeman de uma forma completamente diferente. Amo a forma que você está criando a atmosfera contendo o envolvimento político, investigativo e policial atrelado ao Esquadrão. Isso dá uma realidade sem tamanho, pois a gente sente que o mundo está conectado com os Neo-Changeman. A liderança senior de Tusrugi e Sayaka que eu admiro demais!
    Toda dinâmica criada por você culminando na guerra familiar, para mim, foi o ápice do episódio! Achei super irado o aparecimento de um novo densetsu! Mataste a pau, meu amigo gaudério!
    Eu ainda acho que é Kemono que está por trás disso. Mas, você é o mestre do mistério. Logo, nem vou tentar adivinhar.

    Agora, devo confessar que gostei demais do modo como Ryuichi encara de frente toda a letalidade causada pela chuva chuva negra nos humanos. Não é qualquer herói que tem o sangue frio e a determinação de lutar contra as maldades mais obscuras da alma humana. A chuva negra só ajudou a pôr pra fora o que havia estragado nas almas das pessoas. Ryuichi está se mostrando um personagem que desenvolve uma casca protetora capaz de repelir ataques e violências. Amei isso nele, cara!

    Meus mais sinceros parabéns, meu amigo, por um texto tão poderoso e impactante!

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    1. Grande amigo e irmão, perdão mais uma vez pela demora em responder, mas os compromissos, a falta de tempo, as coisas por fazer e a gripe ajudando à te tirar todo ânimo, acabam te complicando a vida! De qualquer forma, meu muito obrigado pela leitura, apoio e incentivo de sempre, sabe que isso é que realmente coroa nossas escritas, então, de coração, obrigado! Sim, eu lembro que enquanto escrevia Neo, durante esses quase 20 anos de série, eu sempre pensava nisso, em como era complicado tu fazer algo totalmente fantasioso se encaixar com nossa vida real, pelo menos na forma da narrativa, e com o passar dos anos e do amadurecimento, eu fui buscando maneiras de fazer isso... O ponto mais alto disso, foi o episódio final, onde Neo apoiado pelo governo japonês, colocou sua ideia de mundo para além das fronteiras japonesas e tivemos um mundo, pelo menos em início de pacificação, com todos os países se aliando ou sendo obrigados a aceitar os termos de pacificação mundial. Uma vez que isso foi implantado, a gente pode sonhar com um mundo um os Neo, os veteranos comandantes e os veteranos da Guerra contra Kemono, sejam reconhecidos e notados como pessoas valorosas e isso permite que as autoridades, agora voltadas ao bem, possam se aliar, apoiar e inclusive trabalhar juntos em casos como os que Cronicas aborda, uma vez que o mundo inteiro assistiu essas mesmas bizarrices acontecerem, quando Kemono ainda existia! E agora, o mundo sabe que sem os NeoChangeman e os Defensores, o mundo teria caído, então, por mais burro que os elementos sejam, eles reconhecem que se não gostam deles, pelo menos precisam deles e isso no permite criar esse cenário onde o mundo sabe quem são NeoChangeman e Força Terrena! Quanto ao novo Densetsu, achei interessante que dessa vez houvesse mais alguém a lutar junto de NeoDragon, mas não podia ser um novo densetsu à resolver tudo, afinal de contas, Dragon tem de ser suficiente pra vencer sombras que restaram de Kemono, por isso eu busco por histórias que possam nos parecer de alguma forma, complementos ao combate de Ryuichi contra as sombras, acho que isso fica bem legal! Sobre a chuva negra, não foi o que cogitei ou usei, mas, meio que dá pra gente relacionar com covid, com a onda de burrice que vive nosso país, tanta coisa que nesses últimos tempos vem acontecendo e a gente fica assustado, eu achei que seria algo nesse sentido que teríamos de colocar diante de nosso herói para ele divagar e filosofar conosco sobre... Precisamos retirar de nossas escritas, bem mais do que emoções de combate, precisamos retirar lições, ensinamentos, ponderações, ideias à serem debatidas e pensadas do tipo "olha só esse reciocínio, será que é assim mesmo? Será que tô fazendo igual? Será que preciso repensar meus atos?" Acho que quando a gente consegue chegar em algo assim, a gente ganhou muito com nossa escrita... Fico feliz que esteja curtindo cara, espero que o próximo episódio possa te agradar mais ainda, vou me esforçar pra poder manter essa boa visão sobre a trama enquanto ela durar! Grande abraço meu amigo e mais uma vez obrigado!! \0/

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Grund-Tharg - Cap. 25: "- Aproximação pelo Monte Egophia!"

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