Há 11 anos, uma pequena coisinha linda nasceu, aqui mesmo em
nossa casa... Lindinha, patas grandes, parecia estar usando pantufas... Assim
nasceu seu nome, Pantufa! Dentre uma “ninhada” de 03 filhotes, ela se destacou
desde cedo por suas atitudes meigas, carinhosa, sempre pronta para dar um
carinho... Isso fez com que não conseguíssemos doá-la como doamos os seus dois
irmãos e ela passou a fazer parte de nossa família...
Com a partida dos irmãos
e de sua mãezinha que faleceu vítima de atropelamento, ela e Simba, passaram a
somar como membros moradores dessa casa e eram considerados, os nossos
filhos... Bons anos transcorreram, a amizade entre nós aumentou e
muito e ela passou a ser aquela que sempre nos recebia, aquela que sempre
estava ao nosso lado, aquela que sempre era presença marcante... Não gostava de
andar muito no pátio, no máximo saía até o fundo do pátio e logo retornava para
perto de nós e se sumíamos do nada, saindo do local onde ela havia adormecido,
tão logo despertasse ela saía correndo e gritando atrás da gente, correndo e
pulando para nosso colo assim que conseguisse nossa atenção! Como membro da família, tinha muitas de suas vontades
respeitadas e era de certa forma consultada para muitas decisões, do tipo,
prefere dormir aqui ou em tal lugar e ela decidia onde queria ficar...
Aos 4
anos de idade, ela teve uma infecção urinária, a tratamos e achamos naquela
época, " - Nossa, coitada da Pantufa, estava tão doente, ainda bem que
melhorou..." A gente não sabia o que nos
aguardava...
Aos 10 anos de idade, descobrimos um caroço, na parte da
barriguinha dela e a levamos a veterinária; segundo ela, se chamava mastite, um
acumulo de líquido no local, facilmente retirado e aproveitando, a castramos
para que os hormônios não fizessem criar novamente o acúmulo. Alguns meses
depois, menos de um ano, um novo caroço, dessa vez diferente, duro e também, na
parte da barriga... Novamente fomos à veterinária e dessa vez, a tristeza da
notícia, era câncer,um nódulo canceroso. Nosso martírio começou...
Foi feita a cirurgia necessária, o nódulo foi retirado e ela
voltou pra casa, com a perspectiva de que ali tivesse terminado o problema do câncer, pois havíamos tirado o nódulo, porém, alguns poucos meses depois, um novo nódulo próximo
daquela mesma área e um outro abaixo da pata direita dela... Novamente fomos à veterinária, novo
exame, era possível remover os nódulos, mesmo o maior deles que tinha quase 3
cm. Cirurgia feita, ela voltou pra casa, mas depois de alguns dias, os pontos
se soltaram, ela precisou ir de novo, mais pontos, mais injeções, mas torturas
ao corpinho dela e uma tristeza sem fim pra mim e pra minha esposa... Muitas
semanas se passaram e a cirurgia dela cicatrizava com dificuldade e quando
finalmente foi possível a segurar de novo sem a machucar e examinar, meu mundo veio abaixo... Pantufa
estava com um nódulo gigante, logo abaixo do anterior que tanto demorou a
cicatrizar, dessa vez com quase 7 cm, ia do seu peito à sua barriga... Junto com
ele, outros menores começaram a proliferar por todo seu corpo, saíram por entre
as vértebras, por entre as costelas e segundo a veterinária, estavam por dentro
de sua caixa torácica se direcionando aos órgãos... Ela ainda se alimentava,
mas caminhava com dificuldade e tudo era lento para ela, pois se notava que o
nódulo a estava incomodando...
Com o passar dos dias, as coisas pioraram e muito... Sua
fome deixou de existir, sede nem parecia que ela tinha... Ela não mais comia,
não bebia, quase não se mantinha em pé e só queria estar deitada... A
veterinária veio novamente nos visitar e então meu mundo perdeu o chão, eu
estava ouvindo da médica veterinária o que mais temia ouvir: “ – Nada mais
podia ser feito pela Pantufa... Por mais que tivéssemos tentado curá-la do
insistente câncer, ela só iria piorar dali para frente... Vômitos, dor intensa,
convulsões e até mesmo cegueira era o destino traçado pelas previsões da
médica... Em dois dias mais, nossa querida gata praticamente só conseguia mexer
os olhos e espichar suas patinhas dianteiras, adivinhem para quê? Apenas para
ronronar para nós e nos tocar com suas lindas e redondinhas patinhas... Aquilo
nos destruía por dentro, pois estávamos vendo um bichinho tão amado, condenado
a morte lenta e dolorosa por uma doença irrefreável e sem nenhuma piedade e
tudo que ela, com sua fraqueza e agonia profunda, em seus momentos de alívio da
dor fazia, era nos observar com ternura e tentar nos alcançar com suas patinhas
como querendo nos dizer “fiquem mais perto, quero ficar perto de vocês”...
Sem mais opções e a vendo sofrer dessa forma, procurei a
veterinária uma vez mais e ela foi, de certa forma severa, mas ao mesmo tempo,
responsável e correta comigo, me dizendo o seguinte: “ – Infelizmente, não
existe mais nada a ser feito por ela. Tudo que vai acontecer com ela agora, é
piorar e piorar muito... Dor, sofrimento, cegueira, vômitos, convulsões e mais
dores... Se quiserem, possa dar morfina, mas isso não vai retardar o processo
nem devolver os movimentos a ela, apenas vai evitar que ela sinta a dor
enquanto o câncer a consome... É hora de começarem a pensar em não ser egoístas
querendo que ela fique com vocês, sofrendo como ela está sofrendo...” A decisão mais difícil de toda minha vida em meus 37 anos de
idade, foi tomado nessa dia... Dia 10 Out 12... Foi quando eu e minha esposa,
entre choros convulsivos e vendo o sofrimento crescente dela, decidimos que não
queríamos vela sofrer mais... Ela foi levada a veterinária, examinada novamente
e constatado que nada mais podia ser feito, aos gritos da pobrezinha de tanta
dor, um anestésico foi administrado e alguns minutos depois, enquanto eu a
minha esposa seguravá-mos suas patinhas, as mesmas que ela espichava para nos
tocar dias antes, a veterinária executou a eutanásia com a administração do
produto para fazê-la dormir pra sempre...
Não podem imaginar minha tristeza ao digitar essas linhas, muito
menos poucos podem imaginar a tristeza de olhar naqueles olhinhos, segurar suas
patinhas e saber que ela não voltaria dali... Saber que eu estava levando um
animal amado como ela para ser sacrificada... A dor ao ver ela ter os últimos
espasmos, ao ver seus olhinhos perderem a vida ainda me corta a alma e não
consigo parar de me culpar por todas as atitudes que tiver de tomar...
Cirurgias, injeções, comprimidos, e por fim, eu mesmo a levei para morrer... Minha
esposa e eu ficamos inconsoláveis e ainda, precisava-mos realizar o sepultamento
dela... Com certeza, 10 Out 12 marca um dos dias mais tristes de minha vida...
Quero te dizer Pantufa, estejas onde estiveres, que mesmo
com tudo que me culpo por ter feito, sei que o fiz para te livrar dos
sofrimentos... Posso ter errado, talvez hoje tu me ache o ser humano mais cruel
do mundo e talvez eu realmente seja, mas apesar de tudo que me culpo e do tanto
que choro por ter feito o que fiz, meu amor, meu carinho e principalmente minha
saudade, vão estar contigo seja onde for... Não imaginas como é entrar dentro
de casa e não te ver vir me receber, não poder te colocar no meu braço e ouvir
tu ronronar ou mesmo saber que nunca mais poderei brincar contigo e te fazer
carinho como durante os felizes 11 anos que estivesse conosco eu pude fazer...
Nenhum animal pode ser substituído, cada um tem sua personalidade
e estilo próprio e nunca um será igual ao outro, por isso, jamais terei de novo
uma “Pantufa” aqui em casa, pois tu és única minha filha linda... Assim, outros
gatos virão viver nessa casa um dia, mas o teu lugar e a tua lembrança, estão
eternizadas nessas fotos e muito mais em nossos corações, pois tu estava
conosco desde que casamos minha esposa e eu, e te tornastes algo que faz falta
a cada instante de nossos dias, pois cada canto dessa casa, cada canto de nosso
coração está lotado de lembranças tuas, das tuas brincadeiras, das tuas
correrias, das tuas farras com papel e demais coisas que encontravas pela
frente e jamais, nosso coração conseguirá esquecer-se de tudo que tu realizou
ou representou para nós durante tua permanência aqui!
Viestes ao mundo de forma tão bela, conquistastes nosso
coração tão facilmente e te tornasse parte de nosso dia a dia, principalmente
dos bons momentos e agora tu te vais dessa forma tão dolorosa, e ainda eu sou o
responsável por tirar tua vida... Que tu possa enxergar em minhas atitudes as
intenções que tive e possas um dia me perdoar, mas mesmo que isso não seja
possível, meu coração ainda se contorce de culpa, mas principalmente de amor e
saudade por ti, pois tudo que consegui reter comigo de ti, foram as fotos e as
lembranças que jamais irão sumir de minha mente e meu coração!
Que estejas bem Pantufa, que estejas realmente liberta de
todas as dores e sofrimentos que te atormentaram nas últimas semanas e que
possas novamente voltar a correr e brincar como tanto gostavas, ao lado de tua
mãe, teu pai e teus irmãos já falecidos; daqui, estaremos sempre pedindo pela
tua felicidade e tua alegria, mesmo que longe de nós... Nosso coração se contorce
de dor com tua ausência, mas se reconforta em crer que realmente estás liberta
de tudo que sofrestes aqui. Amamos-te muito minha filha, sempre te amamos e sempre vamos
te amar, hoje e sempre...
Aldo e Paula Mesquita... Com saudades que nunca irão sumir de nossos corações...
Oh, amigo... sei como é isso... são como se fossem membros de nossa família! A saudade fica, as lembranças boas também.
ResponderExcluirGrande amigo, esse comentário segue pela PANTUFA e SIMBÁ. É muito triste mesmo. Você deve lembrar de como a JURUBEBA morreu, a minha gata. ALiás, ela é MUITO parecida com a sua gatinha pantufa. Bem, agora lá na casa de minha mãe temos a TILICA. Esses animais são maravilhosos e é duro de mais a perda deles. Desejo toda a FORÇA do mundo. Tenho tido muito pouco tempo na net...Aliás, me perdoe o sumiço. Fique na paz.
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