Os primeiros raios de sol
adentravam a cabana simples mas asseada e organizada… A jovem desperta não
porque havia chegado a hora ou porque algum senso a fez emergir do sono
profundo que desfrutou, mas sim pelo cheiro aromático de chá que tomava conta
do lugar enquanto aos poucos, seus sentidos iam dando conta de que estava a
amanhecer… Ela senta-se à cama e observa o local do irori onde fora preparado
seu jantar revigorante da noite passada mas não encontra seu anfitrião por lá…
Virando-se de volta, sentindo-se até ligeiramente desapontada, ela aceita que
apesar de mal conhecê-lo ou não saber o que esperar de tal espadachim, ela com
certeza esperava vê-lo ali, à cuidar dela de longe como fez antes…
Ainda sonolenta é verdade, a
jovem apanha a “kobati” repleta de
chá convidativo e quente, o sorvendo com delicadeza, finalmente deixando os
pensamentos que a trariam à realidade uma vez mais, fluírem… Sua chegada até
aquela cidade, o resgate pelo anfitrião, a carnificina do dia anterior que
normalmente não a deixaria dormir por semanas e misteriosamente, ela dormiu um
sono reconfortante e recuperador que jamais havia desfrutado em toda sua vida…
Observando a paisagem que começava a se formar do lado de fora com a ainda
fraca iluminação do amanhecer, aguardando que algo acontecesse enquanto
imaginava que no dia seguinte, iniciaria sua jornada junto ao estranho que
havia salvo-lhe a vida...
Um ruído ao lado de fora da
janela, no entanto chama a atenção da moça, algo como um quebrar de galho e seu
coração dispara… Seriam novos soldados a serviço de seu comprador, pensava
aflita, olhando ao redor e buscando por seu anfitrião, no entanto uma pequena
cabeça começava a surgir pela borda da pequena abertura, cabelos espetados e
bagunçados, olhos curiosos e até assustados, mas ainda assim, pareciam atentos
a moça…
Os sentimentos misturam-se no
coração da jovem, seria um espião, seria alguém que vivia na floresta vindo
atentar contra sua vida, seria talvez um... “Yokai” talvez… Sim, ela ainda tinha convicção da existência das
criaturas que até mesmo seus avós não acreditavam mais, o povo de hoje não
considerava possível tais existências, mas por algum motivo ela ainda os temia…
Quase entrando em estado de
pânico ela pensa em falar com o que quer que a espreitasse quando a porta dos
fundos abre novamente e o anfitrião adentra por ela, sentando-se junto ao irori
servindo um pouco de chá para si mesmo… A moça o observa aflita e logo olha
para a janela novamente mas a misteriosa face desapareceu então de sua visão…
Sem entender nada e ainda com grande temor, era a voz do homem que explicava
tudo e acalmava a jovem: “- Já lhe disse
para não ficar às espreitas Hoshino… Você assusta as pessoas com esse cabelo
horroroso… Venha comer algo, vamos!”
Os passos apressados são ouvidos
ao redor da casa e então adentrando pela porta dos fundos a moça agora podia
ver quem à espionava pela janela. Tratava-se de um menino maltrapilho, sujo mas
parecia saudável apesar da sujeira… Ele senta-se e o anfitrião serve três
porções de sopa já sabendo que ele iria devorar as três e o observa comer com
vontade! O garoto fartava-se com satisfação, um sorriso estava em seu rosto e
enquanto isso, o anfitrião explicava: “-
Muitos mestiços vivem escondidos pelas montanhas fugindo dos destinos das
cidades… Fusões entre humanos e outras raças, se tornam párias e assim, locais
com seres vivendo em comunidade são mais perigosos e selvagens que as
florestas! Por isso, muitos se isolam para longe das mesmas para ter alguma
chance de viver… Hoshino é um desses, há muito vive quase como um eremita, sem
pais ou parentes que conheça, não confia em praticamente ninguém… Por isso, eu
o tornei meu pupilo e vou ensinar-lhe minhas artes secretas e em troca, ele
deve vir aqui comer algo de vez em quando… É um bom acordo!”
O garoto larga sua refeição,
ergue-se e saca sua espada de madeira fazendo movimentos pelo ar nada
convencionais ou definidos, mas em sua mente ele estava já à se tornar um
grande guerreiro samurai e pela primeira vez se ouviu a risada do homem que
havia acolhido aos dois desgarrados ali, Hoshino e a jovem ainda sem nome! Com
um movimento único o anfitrião então se põe de pé e aconselha a moça, uma vez
que os raios de sol começavam a surgir: “-
Prepare-se para partirmos, começamos cedo e terminamos tarde nossas caminhadas,
assim chegamos mais rápido ao destino!”
A moça então se espanta, afinal
ele havia dito que sairiam em dois dias, no entanto estava a pedir-lhe para
saírem em minutos… Sem entender o que estava a acontecer ela pondera: “- Mas você disse que íamos partir em dois
dias…” O anfitrião se detém enquanto Hoshino de boca cheia e respingando
pedaços de vegetais que estava mastigando responde antes dele: “- Cê tá dormindo tem quase três dias moça,
hehehehe!”
A jovem então se espanta, como
pode dormir tanto tempo sem acordar nenhuma vez e ainda assim não ter qualquer
efeito colateral, isso era impossível… Atônita e olhando para o chão, era o
anfitrião quem explicava agora: “- O chá…
O oden… Todos continham ervas curativas e restauradoras bem como sedativos além
claro dos alimentos necessários à sua restauração… Essa espécie de coma
curou-lhe completamente e agora está em condições de viajar! Vista-se com os
trajes que deixei a você ao lado e depois não esqueça de agradecer ao Hoshino,
ele conhece todas as ervas da região… Ele te salvou moça!”
Hoshino ria largamente com a boca
suja e cheia de comida enquanto a moça com olhos lacrimejados agora, acenava
levemente com a cabeça em direção ao menino, ainda surpresa com tudo que acontecera…
Com emoção em sua voz ela agradece ao garoto e prepara-se para vestir-se e
iniciar sua jornada, e é neste momento também que ela ouve novamente a voz de
seu agora guardião: “- Hoshino… Pra fora,
a moça vai se trocar… E você moça, não esqueça de se alimentar bem, teremos
poucos oportunidades de comer algo saboroso e quente como agora… O oden está
borbulhando sobre o “irori”, coma e quando estiver pronta, me avise!”
Os dois saem pela porta e
desaparecem, enquanto a moça por sua vez inicia seus preparativos e em questão
de trinta minutos, embora não entendesse o porquê da vestimenta que lhe foi
dada, ela estava abrindo a porta da frente para buscar pelo guardião que a
levaria ao seu destino, o avistando à frente da casa com Hoshino!
Caminhando lentamente até por
certo desconforto com os trajes, que inclusive possuía como cobertura no braço
direito uma espécie de luva sintética altamente detalhada e que lembrava muito,
para não dizer praticamente disfarçava o referido braço como se um braço
robótico implantado fosse, embora não adicionasse qualquer capacidade extra ao
movimento ou uso do mesmo... Divagando sobre os porquês de tais escolhas para
sua vestimenta, ela vai lentamente até eles e escuta um pouco do que falavam… “- Aqui jovem pupilo samurai… Se passar por
algum risco que não possa resolver, use este cartão de comunicação e quando o
atenderem apenas informe que “o infinito chama” e será ajudado no que precisar!
Cuide bem de tudo e prepare-se para novos golpes quando eu retornar!”
Hoshino estava feliz e parecia se
sentir bem ali… Avistando a jovem corre até ela e comenta: “- Vai ficar tudo bem… Ele vai cuidar de
você… Ele sempre cuida da gente!” A moça acaricia os cabelos bagunçados do
garoto, sorri com a felicidade contagiante do mesmo e com a mensagem otimista
que lhe passara… Ela então segue em direção ao homem que a aguardava para
partir e tão logo ela se aproxima, ele a acompanha e sua jornada inicia…
Estranhos um ao outro, agora
seguiam juntos rumo à caminhos desconhecidos, pelo menos para ela e nenhum dos
dois tinha certeza do que encontrariam por esta viagem inusitada… Alguns
minutos se passam, os dois caminhavam por trilhas entre a floresta enquanto a
moça ainda não entendia o porquê daquele traje esquisito, seria mais
confortável naquele calor usar roupas mais leves e cômodas... Além disso, o
próprio guia da moça, demonstrava em seu traje algo como luvas que cobriam
desde os dedos até o cotovelo de ambos os braços, o que a deixou mais confusa
ainda sobre o mesmo, seria ele um implantado e ela não havia percebido?
Conforme ela ia pensando, como se
pressentisse sua pergunta mental insistente, o guardião quebra o silencio que
ambos mantinham e pondera sobre… “-
Mulher… Jovem… Gênesi… Muitos ficariam tentados em te levar para casa moça…
Esse traje oculta seu corpo feminino, te deixa maior, a espada de madeira às
costas dá ideia de que possa ser alguém que treina a arte de espadas e assim
podemos com sorte, passarmos por simples viajantes e andarilhos ao invés de um
guardião transportando uma espécie de troféu da era atual… Evite falar, evite
denotar sua condição feminina, quanto menos seres souberem quem você é menos
risco estará correndo…”
A moça oculta pela manta que
cobria seu rosto entende finalmente o motivo e se sente completamente idiota
por sequer ter cogitado que andar livre pelo mundo atual era muito perigoso… Ao
mesmo tempo ela se sentia mais protegida pois seu guardião parecia realmente
entender o que fazia… Arriscando tentar conversar um pouco, ela modifica a voz
e busca contato: “- Você trabalha
transportando pessoas sempre?”
O anfitrião se detém, fica em
silêncio por alguns segundos e então sorri levemente: “- Não posso alegar que enganaria qualquer um, mas é um esforço louvável
em ocultar sua voz… Agradeço o esforço, geralmente as pessoas não seguem minhas
instruções, mas com você, creio que teremos uma viagem deveras agradável
senhorita!”
O guardião ainda com um sorriso
leve no rosto, vira-se e segue caminhando enquanto a moça, em um misto de
insatisfação pelo riso mas ao mesmo tempo contente por ter feito algo que
agradou ao guardião, seguiu caminhando já não cogitando que receberia uma
resposta e eis que era ele quem surpreendia agora: “- Trabalho em muitas coisas, a grande maioria dos meus trabalhos não me
traz orgulho ou renda… Já transportei pessoas também mas nenhuma como você…
Alguns me chamam de mercenário pois aceito o trabalho se o valor compensar e
for justo… O seu trabalho compensa e creio ser justo, então, aqui estamos…”
A moça então segura as duas mãos
como se pensasse, raciocinasse sobre tudo que havia ouvido e tentava digerir
tudo e entender o que estava acontecendo ali… Eles continuam a caminhar e o
silêncio se mantém como sempre foi, mas ela considera que ele tem falado bem
mais do que falou em todos os dias anteriores… Então, relembrando dos dias
anteriores e apostando que ele continuasse disposto à conversar, é que outra
dúvida lhe vem à mente... Lembrando do bom efeito que a atitude anterior teve,
ela tenta deixar a voz mais grave ainda e questiona: “- Naquela noite… Você estava trabalhando para quem então?”
Embora o guardião tivesse
percebido a entonação maior na voz e considerasse que estava melhorando em seu
disfarce, ele nada disse sobre o assunto, mas respondeu certeiramente à
pergunta: “- Digamos que, uma empreitada
pessoal!”
A moça não compreende
completamente, ele nada mais diz e os passos seguem por alguns segundos até que
um deslocamento de ar e um rugido são ouvidos! A jovem mal consegue perceber
que um urso pardo gigante a pular para cima dela, mas mais imperceptível ainda
foi o que atingiu o urso o arremessando para dezenas de metros depois dela...
Ao perceber que nenhum ataque
havia chegado até ela, ela abre os olhos e busca pelo acontecido, observando o
guardião, diante do urso enfurecido que o observava e rosnava tentando
intimidar seu oponente, mas em questão de segundos, os olhos do guerreiro
brilham em intenso amarelo novamente, suas pupilas ficam fendidas e a fera,
como se tivesse visto um fantasma, assume posição quadrúpede uma vez mais e sai
em disparada como se tivesse sido completamente intimidada, algo que a jovem
jamais havia presenciado! Os olhos do guardião voltam ao normal, ele guarda sua
espada e volta em direção à moça, passando por ela e seguindo a caminhada,
explicando os fatos... “- Apenas uma mãe
ursa temendo por seus filhotes, não era necessário feri-la... Sobre aquela
noite... O mundo de hoje é um mundo de caça e caçadores… Ou você é a caça ou
você é caçador… Alguns conseguem perambular entre as duas opções mas a maioria…
Sempre é a caça… E eu odeio quem caça os que não devem ser caçados… Inocentes,
os desprotegidos, os mais fracos, aqueles que não podem revidar… Qualquer um
que use de covardia e vantagem sobre alguém, é meu inimigo… E naquela noite…
Bem, eram sete contra três e todos eles queriam morte e crueldade… Assim, eu
precisava cumprir minha tarefa e limpar SkyLand de seres dessa estirpe…”
A jornada da dupla prossegue
calma, já estavam andando havia aproximadamente três horas e nesse tempo de
caminhada conseguiram sair da área urbana a qual haviam adentrado novamente
para seguir rumo ao destino traçado para aquele dia, rumo este não informado
pelo guardião à moça… O homem então, alguns metros depois, observando sua contratante
pondera com ela: “- Estamos caminhando há
bastante tempo… Está cansada ou deseja beber água?”
A moça acena negativamente sem
dizer qualquer palavra e fica aguardando para continuar a caminhada, ela o
seguiria onde ele fosse, por algum motivo ela faria isso sem hesitar, ela
confiava nele embora não soubesse o porquê… O guardião então à observa por
alguns segundos analisando seu estado físico para ter a certeza de que ela
podia continuar…
Ao ter certeza, ele vira-se e
segue o trajeto, em sua mente ele se perguntava frequentemente, porque queria
conduzir essa moça até seu destino.... Seria pelo dinheiro? Não... Ele havia
muito tempo não se importava com tais frivolidades… O que o estava movimentando
então e porque a necessidade forte de proteger aquela jovem? O caminho
continuava e então é novamente a moça quem quebra o silêncio: “- Em poucos dias completará uma semana que
nos vimos pela primeira vez… Eu acho… E ainda não sei seu nome… Eu gostaria de
ter algum nome para chamá-lo…”
Enquanto aguardava uma resposta,
o guardião detém o caminho e espalma a mão para trás em sinal de que a jovem
detivesse seu caminho também… Seu próximo gesto é se abaixar e sinalizar que a
moça faça o mesmo e se aproxime dele… A moça obedece e deitados cobertos por
uma elevação do terreno observam uma antiga usina hidrelétrica sobre o antigo
rio Seta, hoje com uma água pútrida e cheia de dejetos, completamente inusável,
mas o fato que os fez parar, o guardião iria mostrar logo em seguida, apontando
para a antiga usina: “- Observe… Sentinelas
do Povo Sucata… São seres praticamente máquina exceto por alguns pedaços de
carne implantados em algum momento de suas vidas e que agora não tem mais
qualquer manutenção ou funcionalidade…”
A moça observa curiosa com o
dispositivo de visão binocular digital que ele usava para analisar o que era
mostrado… Robôs era a palavra mais correta mas, como bem dito, alguns possuíam
peles penduradas, cabelos ressecados e escassos, mãos, pernas e peitos que
perdiam suas coberturas sintéticas e pareciam mais zumbis que seres robóticos…
Ela entrega o dispositivo binocular e é indicada à seguir rastejando pelo redor
para fugir da visão dos mesmos e logo em seguida estavam à caminhar novamente
seguindo a rota planejada pelo guardião, buscando atingir a “Ponte Omni” para logo depois chegarem ao
destino esperado, o reduto do antigo local denominado “Zenjoji”, uma fábrica de carros abandonada do tempo dos veículos
movidos à combustível fóssil; com a queda dos veículos movidos por petróleo a
fábrica apostou nos novos modelos, isso ainda pelos meados de 2030 para logo
após se tornarem uma das mais promissoras construtoras de veículos elétricos e
de sistema antigravidade… No entanto, um funcionário insatisfeito, bem antes da
grande guerra, destruiu tudo com combustível fóssil e fogo e nunca mais foi
reconstruído outra vez… Mas a abundância de sistemas tecnológicos e peças de
reposição se tornou um local propício para uma nova “comunidade” ali se desenvolver…
Os dois chegam à “Ponte Omni”, iniciam a travessia e o
guardião pede que a moça se aproxime dele e tão logo ela faz isso sem sequer
questionar, ele saca sua espada e para novamente, ficando à frente dela em
posição de defesa… O silêncio impera no local, a moça não avista ninguém, mas o
guardião continua lá, imóvel, até que finalmente ele se pronuncia: “- Saiam e mostrem suas caras… Seus parafusos
e servo motores danificados demonstram suas localizações desde antes de seu
posto avançado…”
Vagarosamente diversos ciborgues
– ou androides, era impossível definir completamente - então, dos mais variados
tipos começam à surgir das duas cabeceiras da ponte, empunhando armas
energéticas e espadas eletrificadas, caminhando de forma esquisita e nada
harmônica em direção à eles… O Guardião mantém sua posição enquanto a moça
parecia se ocultar atrás das costas largas que o guerreiro demonstrava e
esperava que ele pudesse resolver a situação como deixou transparecer que podia,
em sua pose e palavras…
O espadachim de olhos amarelos então
fica a observar os ciborgues à se aproximar até que eles se detém e um deles,
que tinha no topo da cabeça uma espécie de arpões em tamanho reduzido que
simulavam um cabelo ao estilo punk, olhos arregalados e uma expressão nada
agradável, mesclada entre sadismo e maldade aponta para ele com sua espada
eletrificada berrando: “- Estranhos não
são bem vindos, se entrou nas terras do Povo Sucata terá de pagar pela passagem
com o que eu escolher que seja o pagamento... Assim, o líder do Povo Sucata, AngryHurricane
reivindica seu imposto de direito!”
Enquanto o enferrujado ser
gargalhava, a moça que estava quase agarrada ao guardião mal tem de tempo de
assustar-se com o fato de não conseguir tocar as roupas do guerreiro espadachim
que a protegia, apenas sente um leve vento como se uma lufada de ar soprasse
forte ao seu lado a fazendo cobrir o rosto e logo em seguida o guardião estava
de volta ao alcance de suas mãos... Foram frações de segundos mas ao olhar para
o mesmo, ele agora segurava uma espada eletrificada em sua mão enquanto as
demais armas e espadas da dezena de ciborgues que ali estavam, explodiam
simultaneamente como se golpeadas por algo…
AngryHurricane então olha para
sua mão e tanto a mão quanto sua espada não mais estavam lá, apenas curtos
circuitos devido à mesma ter sido decepada e agora, eram posse daquele que
estava tentando cruzar o terreno, enquanto os demais eram arremessados ou
derrubados pelas explosões dos equipamentos…
Hurricane então pensa em revidar
o ataque e eis que seu moicano improvisado cai ao chão, com um corte liso e
perfeito e a voz do guardião uma vez mais ecoava: “- Se eu me mover de novo, os cortes serão mais próximos ao tronco…
Quanto à você Hurricane, o moicano foi pela mentira… Você é apenas um ciborgue
recalcado com sonhos de liderança, posto que nunca vai atingir porque pensa
unicamente em você e não nos que dependem de você… Agora resigne-se a sua
insignificância e me leve ao verdadeiro líder… Eu quero falar com ConstructHonor…
AGORA!”
O guardião então assume uma
posição de ataque e espera a resposta que vem do alto da construção da
cabeceira da ponte, onde uma silhueta robusta e reluzente ao sol apesar de suas
cores diversas ressalva com voz imponente: “-
Cessem as hostilidades… Conduzam o guardião e sua companheira até o Gear Cradle
onde conversaremos… Essa é minha ordem e ela é absoluta!”
Os ciborgues, com exceção do
indignado Hurricane, todos sem exceção começam a se mover em direção aos dois,
indicando o caminho de forma cordial, ao que o guerreiro embainha sua espada
novamente e conduzindo a moça ao seu lado, segue o trajeto indicado pelos
ciborgues… Ao passar por Hurricane que olha com raiva para o guardião, o mesmo
replica a ele quase sussurrando: “- Já,
já, apararemos nossas arestas…”
O grupo segue o caminho até a
antiga Zenjoji, a fábrica de veículos abandonada, área de total domínio do Povo
Sucata, onde dentro do galpão principal que servia de local para discussão de
ações daquele povo afastado da sociedade, esperava os visitantes o líder ConstructHonor…
Os dois são colocados diante do
líder do povo máquina que observa o guardião enquanto espera que ele se
pronuncie mas visto que o mesmo fica em silêncio, é Honor quem inicia o
assunto: “- Faz muito tempo meu velho
amigo... Porque depois de tantos anos sem dar o ar da graça, ressurge
justamente para cruzar nossas terras com tanto espaço fora daqui para seguir
sua viagem?”
O homem que há poucos instantes
havia desarmado dezenas de ciborgues sem ferir quase nenhum deles, então dá um
passo à frente, faz uma reverência e explica: “- Realmente faz muito tempo Honor... Eu preciso de seus cavalos… Se
existe alguém que pode colocá-los em funcionamento é você e seu povo e,
pretendia chegar aqui através da diplomacia, mas alguns ainda se recusam a
isso…”
O guardião observa o renegado
Hurricane de canto de olhos, mas Honor sequer tira os olhos do guerreiro
espadachim, analisando suas palavras… Alguns segundos de silêncio e então o
líder do Povo Sucata responde: “- Você
surgiu diante de nosso posto avançado propositalmente para ser trazido até
aqui, essa parte de sua estratégia eu compreendo, mas não consigo entender o porquê
de fazer isso, se tem a total certeza de que nada do que você carrega ou tem
interessa a meu povo… Seu dinheiro ou qualquer outra coisa não tem validade para
nós assim como nada que venha dos vivos… Tanto humanos como implantados
rechaçam suas origens e nos delegam ao desaparecimento lento e desonroso sem
qualquer preocupação depois de tanto tempo de serviços prestados... Nada que
tenha em sua posse pode nos agradar ou justificar a proposta que me faz e já
tenho problemas de sobra com meu povo... Meus companheiros os conduzirão para
fora do território em segurança, adeus milenar!”
O guardião então fica em silêncio
por alguns segundos, pigarreia e completa: “-
Exatamente por esse motivo é que não vim até aqui com intenção de barganhar… Eu
vim te desafiar para um duelo e te vencendo, assumirei o controle do Povo
Sucata e terei o que preciso!”
ConstructHonor então olha com
firmeza para o guardião, sua expressão demonstra que ele não gostou do que ouviu,
mas esse não era o maior problema… Honor apenas conseguia guiar aqueles
ciborgues desolados por conta da única linguagem que entendiam, a força! Se ele
perdesse para o homem que o desafiava, sua moral ficaria deturpada e muitos
iriam ser prejudicados com isso… Ele não tinha muitas opções e o guardião sabia
disso, ao completar: “- Sei que fugir com
o rabo entre as pernas como o Hurricane você não faria e se negar o duelo,
perde seu posto automaticamente… Só existe uma opção para você Honor…”
O guardião saca sua espada e
assume posição de combate enquanto deixa claro: “- Enquanto lutarmos, se meu protegido for tocado ou ameaçado, você
perde o duelo e a vida… Estou pronto ConstructHonor…”
Continua...
Capítulo emblemático.
ResponderExcluirCarga de suspense alta. Elevada, eu diria!
Percebe-se que mesmo realizando um serviço o Guardião Indomável sente algo pela pobre moça .
Algo que lhe remete ao passado.
A alguém...
A moça, por sua vez, também sem saber o porquê, se sente atraída pelo estranho protetor , mesmo sabendo que em breve ele a entregará ao seu comprador.
Aqui, consigo visualizar que a história se afastou do cenário cyberpunk.
Vejo isso como algo positivo .
Conforme conversado em off, vejo que você tem razão.
São infinitas as possibilidades da sua narrativa que o cenário cyberpunk não permite.
O final deixa um gancho muito bom .
Um confronto com o líder dos Sucatas.
O próximo episódio promete .
Ansioso pra ler.
Estou curtindo muito essa história.
Parabéns!
Então... Jirayrider é um cara perigoso... Tu começa a escrever a trama e ele começa a captar as coisas e sacar projetos da série inteira kkkkk! Seu Jirayrider, senhor tá muito ligado na trama, tá pescando coisas que nem cogitei que ia perceber, e isso, por um lado é muito bom! Claro, sobra sempre a opção de que eu não esteja camuflando bem os mistérios, mas, do que eu esperava que percebessem, tu pegou o que tinha de pegar e isso é muito bem vindo, to feliz pra caramba! Que bom que te agradou, o Povo Sucata ainda reserva muita surpresas, eu apresentei eles agora porque eles serão muito mencionados mais à frente e espero, de uma maneira que irás gostar muito! Fico feliz que o episódio tenha te agradado e que possas acompanhar a série com essa satisfação toda, espere por muito mais, estou realmente gostando de escrever Indomável! \0/
ExcluirUAU!
ResponderExcluirUm capítulo espetacular.... No começo não achei que fosse ter alguma surpresa, talvez um maior aprofundamento nas vidas da protegida e de seu novo guardião, mas eis que voc~e nos brinda com vários novos e excitantes elementos.
Curti muito o simpático Hoshino e já quero mais dele no futuro.
E o que foi esse povo Sucata! Adorei o conceito e acima disso, os dois personagens que se destacaram e seus nomes marcantes.
Hungry Hurricane e Construct Honor... Eu simplesmente adorei esses nomes e os perosnagens em si.
Mais um excelente capítulos dessa instigante saga!
Parabéns!
Grande Norberto, mais uma vez obrigado pela leitura, incentivo e apoio de sempre, isso faz uma diferença gigante em nosso processo criativo e em nossa vontade de seguir em frente!
ExcluirBem, eu aprendi com um certo escritor, que a gente tem de conduzir o leitor pra um lado e depois jogá-lo pra outro totalmente diferente, isso cria uma expectativa em cada texto de que à qualquer momento teremos uma reviravolta, o que te prende e te faz querer saber mais! Se tu começou a ler achando que teria mais do mesmo e o barco virou, então eu considero que estou no caminho certo de criar capítulos empolgantes e cativantes, fico muito feliz com isso!
Hoshino ainda não está definido o cenário dele, ele existe, está lá, e tenho planos, mas, ainda não sei realmente como tudo irá acontecer visto que temos um cenário caótico e perigoso à rodear a trama... Ele será de grande importância na trama, isso te garanto, mas, ainda realmente não tenho definido qual será! Mas que bom que te cativou!
O Povo Sucata, surgiu da fusão de várias ideias... Por exemplo, Honor, é uma inspiração do que poderia ter acontecido com Metalder no decorrer desses mil anos... Claro que não é ele, mas, tem uma certa relevância para formar tal personagem... Já o Hurricane, é o oposto, e muito parecido mesmo com um humano de hoje só que robótico, afinal irás descobrir o porque desse cara tá nessa vibe de querer liderar... Uma pista do que tá acontecendo eu deixei no episódio 3 mesmo, mas a explicação vem no episódio 4, já em produção! O Angry Hurricane, por sua conduta caótica e destrutiva, que tu vai entender no episódio 4, achei muito adequado Furacão Furioso, já o Construct Honor, como citei acima, tem base no Metalder, então, construto honrado achei que seria bem adequado! Fico contente que tenha curtido cara, de verdade!
Enfim, muito obrigado pela leitura, pelos pontos observados, pela consideração e parceria de sempre, espero que Indomável te surpreenda à cada capítulo. Grande abraço e até o próximo! \0/
Acho que ainda haverá muitas revelações envolvendo o protetor e a protegida. Mas,foi muito bom conhecer novos personagens: Hoshino, Honor e Hurricane.
ResponderExcluirMas o que ficou mais bacana foi o conceito do povo Sucata.
Maravilhoso trabalho, Lanthys. Está obra vai cravar seu nome como super escritor!!!
Grande Artur, uma vez mais muito obrigado por estar aqui prestigiando e apoiando meu trabalho! Sim, teremos muito ainda para conhecer sobre o caçador e também sobre sua protegida, afinal de contas, ambos sentem uma nostalgia ou sentimento um pelo outro, mas, ele tem muito mais idade que ela e nunca a havia visto antes, o mesmo para ela, então, de onde vem isso?? O que será que eles sentem que os faz ficar com essa "pulga atrás da orelha?" Com certeza em breve algumas pistas serão deixadas e poderemos entender melhor a história tenha certeza! Hoshino terá um papel decisivo nessa trama é fato, além de claro, servir para mostrar que tipo de perfil tem nosso caçador, afinal de conta ele retalha pessoas mas, ao mesmo tempo, protege um necessitado... Com que tipo de pessoa a moça está lidando afinal? Construct Honor é outro personagem que terá uma importância muito grande na saga e claro, eu precisava apresentá-lo desde cedo visto que preciso amadurecer o personagem no decorrer das tramas para que tudo se acerte no final! Já o Hurricane... Bem, deixemos para o episódio seguinte contar kkkkk! O Povo Sucata eu tive a ideia pensando naqueles robôs que viviam pelas matas no filme do IA, mesclando com alguns pontos do anime Casshern Sins também, acho que ficou bem interessante e amplo de ser abordado, no mundo de tecnologia e frivolidade que o Indomável vive! Fico muito feliz que tenha curtido este episódio e possa estar se divertindo com a saga, Indomável é com certeza um dos grandes desafios atuais e eu fico feliz em poder estar mostrando suas aventuras aqui! Ah sim, se tá sentindo falta de Tokusatsu nessa saga, aguarde e confie! \0/
ExcluirExcluir
Palmas palmas palmas, aplaudindo de pé esse episódio. A historia começa serena, tranquila mostrando como nossa "convidada" passou a noite, alias, as noites. Com a narrativa sobre ela, da pra entender ainda que aos poucos seus jeitos, seus medos e receios, inclusive com um toque de crença da personagem quando é mostrado que essa inda acredita na existencia de Yukais. Num mundo onde crenças são quase nulas, ter uma, ainda que essa a difere e a destaca de tudo que existe a sua volta.
ResponderExcluirQuanto ao nosso garotinho, acho que um banhozinho no rio podia deixá-lo mais apresentável, apesar que ainda que pouco, conforme ele vai sendo mostrado a gente vai simpatizando.
O que eu mais curti nesse episodio foi o esquema da jornada começar, e assim, você não só vai nos mostrando um mundo cheio de coisas atrativas do ponto de vista de um leitor, mas também nos aprofundando mais aos personagens. Esse Guardião, pra mim, é um personagem que eu ja gosto pra caramba. O cara é foda, preparado, astuto e agil e não fica por ai dizendo que faz e acontece, na maior parte do tempo está calado e quando precisa agir, quando você olha esperando uma atitude dele, ele ja fez, sem milindrismo e sem mimimi. Mas a questão é que não podemos esquecer que não só o Guardião é um personagem interessante, quando a mulher também é, por que no caso dela, ficamos interessados e instigados a saber mais sobre seu futuro, e sendo esse, um futuro incerto, a gente já fica na espectativa a cada paragrafo.
Eu gostaria de tecer um comentário muito maior que esse mas sinceramente me faltam adjetivos para elogiá-lo. Depois de Neo, Indomável é de longe pra mim o seu melhor trabalho, não desmerecendo os outros, mas este se destaca. Parabéns grande amigo.