sábado, 11 de dezembro de 2021

Grund-Tharg - Cap. 12 - "- Em busca da chave mística!"


O silêncio pairava sob o ambiente escuro e malcheiroso do local onde o grupo havia batalhado e exaurido suas capacidades poucos instantes antes… A primeira premissa era de que o chão deveria estar repleto de cadáveres dos inimigos que derrotaram, mas a realidade não era essa… Como se em uma névoa que se esvai com o sopro do vento, todos os corpos e pedaços de criaturas derrubadas, desapareceram sem deixar vestígios… Esse era apenas mais um dos mistérios que se colocaram diante dos aventureiros, após a incursão nada convencional ou preparada para o interior do Fosso do Réptil… Grund-Tharg o menos desgastado física e espiritualmente, montava guarda atenta aos aliados que recuperavam suas condições físicas e mágicas, mas os terrores mentais pelos quais passaram, foram sem dúvidas os que mais os debilitaram, não restava dúvida alguma…

Trocaram poções de cura entre si para que pudessem vitalizar-se de forma mais rápida, uma vez que seriam necessárias várias horas de descanso assim como preces, aos que recebiam dons de suas divindades, para que suas condições normais em tão pouco tempo fossem restauradas naturalmente e eles não tinham esse tempo… Felizmente, a cortesia em formas de poções de cura do clérigo Wigferth adicionadas entre seus pertences pessoais de aventura, fez toda a diferença, naquele momento tenso e necessário…

Mas enquanto a parte física e mágica de cada um estava sendo restaurada, a moral e sentimentos do grupo, depois de todo o ocorrido, estava devidamente abalada… Cada um deles se considerava culpado em algum ponto, gerando uma sensação de auto reprovação em cada um deles de acordo com suas ações… Akron estava sentado sobre uma das pedras gigantes, sobras do combate furioso entre o bárbaro e a criatura grimlock, ainda envergonhado em ter que buscar ajuda dos demais para se livrar dos inimigos, ele que deveria e queria ser uma adição ao grupo, apenas conseguiu correr desesperadamente dos mortos-vivos esqueletos sendo literalmente socorrido por Jhon…

Jhon por sua vez, se sentia derrotado e fraco, visto ter exaurido tudo que tinha e ficado sem reservas para poder ajudar os demais ou mesmo combater os próximos inimigos que viessem… Como alguém que sempre se preparava antecipadamente para tudo e buscava antever cada passo dado, ele sentia-se vencido, se considerava alguém que não havia preparado a si mesmo corretamente e com isso, deixado seus aliados em condições de vida ou morte…

Syndra não tinha culpas dentro de si, mas sentia que talvez, ela não fosse útil de verdade ao grupo, uma vez que usou tudo que tinha e não conseguiu derrubar um simples, no contexto geral de monstros, rato atroz que fosse… Ela se considerava uma boa arcana, não havia soberba em seus sentimentos, mas considerava que havia treinado, se preparado, que tinha aprendido bastante e tinha condições de ser uma aventureira capaz, porém… A cena com a criatura elemental e posteriormente ter sido salva por Akron, lhe deixava bastante duvidosa quanto suas reais condições de combate e de ser realmente útil aos demais…

Nissa sim sentia o mundo sobre seus ombros, esta estava sentada recostada à parede, seu sentimento era pura e simplesmente vergonha, justo ela que em alguns momentos, embora não falasse ou demonstrasse, considerava-se uma maga muito acima das demais de seu nível, se viu diante de uma cena, ao seu modo de ver, ridícula, e enquanto os demais lutavam por suas vidas e pelas deles, enquanto eles enfrentavam mortos-vivos, criaturas selvagens e monstros elementais, Nissa fugiu desesperadamente de míseras baratas, um dos seres mais inofensivos dado o mundo em que viviam… Ter exposto esse lado dela, essa parte humana de sua alma aventureira, realmente a deixou bastante duvidosa de suas condições de realmente fazer parte de um grupo aventureiro…

Em silêncio, o gigante selvagem que montava guarda dedicadamente, sentia a culpa e a vergonha lhe corroer as entranhas… Tivesse sido mais paciente, tivesse esperado um pouco mais, tivesse confiado em seus companheiros e suas capacidades para resolver aquilo que ele não sabia, nenhum deles teria passado pela situação atual... A sensação de desolação e desânimo que eles vivenciavam agora, não estaria instaurada… Seus aliados poderiam ter morrido por sua conduta indevida e ele tinha total consciência disso…

Todos ficam alguns minutos mais pensativos e então é Jhon quem ergue-se e convoca a todos para seguir em frente, pois ainda precisavam encontrar a tal chave mística da qual foram incumbidos e haviam adentrado apenas pouco da fortaleza negra ao qual haviam julgado, estar destruída por completo… Não seria mais necessário explicar ou dizer, cada um deles entendia que deveriam aguardar o consenso de todos para tomar alguma decisão, até mesmo Grund-Tharg pensava seriamente sobre esse sentimento, uma vez que sua ação precipitada colocou a todos ali… Também todos tinham a certeza de que o grupo estava naquele momento, desconectado, frustrados consigo e em alguns momentos com seus aliados, sua união antes poderosa estava debilitada e isso poderia ser a ruína do grupo…

A grande sala que ficava ao centro de onde combateram, apesar de todo estrago ao redor, não apresentava qualquer arranhão… Perfilados, o grupo fica de frente ao que parecia ser a entrada e todos eles, mesmo sem perceber, suspiram fundo e tentam buscar o espírito e motivação para completarem sua missão… Grund empunha seu machado, assim como Jhon que saca sua espada cuidando da retaguarda dos oponentes, ambos sabiam sem uma única palavra que proteger fisicamente o grupo de qualquer ataque surpresa era a missão adequada aos dois naquele instante… Nissa e Akron vão à frente tentando analisar o local tanto sobre a presença de armadilhas físicas quanto arcanas, ao passo que Syndra, situada entre os dois posicionamentos da equipe, estendia sua percepção mágica para além da sala, tentando captar a mínima mudança nos planos da magia, evitando assim que fossem pegos por algum ataque ou armadilha arcana oculta, preparada ou lançada por qualquer inimigo à espreita…

Nissa então, diante do portão executa movimentos com as mãos e convoca sua magia “revelar trama mágica” buscando que toda e qualquer magia presente no mesmo fosse vista por qualquer um, facilitando assim a ação especialista de Akron que com sua visão e perícia aguçadas, conseguia analisar cada milímetro da entrada em busca de possíveis armadilhas… Foram em média de dois minutos analisando tudo minuciosamente, porém nada foi encontrado pelos dois aliados, fossem ataques surpresas físicos, mágicos ou armadilhas… O silêncio era sem dúvida perturbador visto que estavam dentro do antro inimigo…

Akron então tenta empurrar a porta diante deles, o que parecia ser o único acesso ao centro da construção e imediata e lentamente, uma pedra na própria porta desce, revelando abaixo dela o que parecia ser um local para encaixar uma mão, não uma mão humana, mas sim reptiliana devido ao formato e garras… Uma mão gigante, pelo menos seis vezes maior que uma mão humana, levando todos à cogitar, mesmo que intimamente, quem poderia ser o responsável por abrir e fechar tal sala, sendo detentor de uma mão tão gigante… Ao centro da mão, um olho fendido existia, ele brilhava e se apagava, mas mantinha-se como que limitado a apenas observar quem ali estava diante da entrada…

Akron leva seus dedos por dentro da mão buscando por algo, mas nada encontra nem nenhuma reação é sentida, deixando todos sem uma ideia de como avançar… Syndra então em uma última tentativa, expande sua aura novamente e por alguns instantes foca seu pensamento naquele ponto, naquele olho reptiliano ao centro e percebe algo que seria a chave para a solução do enigma… “- Parece que exatamente sobre o olho, a magia é sugada para dentro dele, em curtos intervalos de tempo…”

Jhon, Tharg e Akron nada sabiam argumentar sobre, mas Nissa pensou no que a aliada acabara de informar e então cogitou: “- Eu entendi… Isso pode ser uma espécie de criptograma...”

O jovem kelinttorita, Syndra e Akron ficam a observar a arcana esperando mais explicações sobre o que ela queria dizer com criptograma, enquanto Grund já sem vontade de questionar tanta coisa fora de seu entendimento apenas vira o rosto para o lado buscando manter a guarda de todos enquanto eles resolviam as “coisas confusas”... Akron percebendo que Grund não estava entendendo nada e sem querer deixar nítido que havia percebido o resmungar do selvagem, começa a falar: “- Você está se referindo à deixar mensagens através de figuras, de pinturas ou mesmo esculturas, que representem algo ambíguo, ou seja, parecem uma coisa mas querem dizer outra… Interessante… Nesse caso, qual sua interpretação de tudo Nissa, poderia explicar em detalhes para entendermos?”

Grund-Tharg embora procurasse não demonstrar atenção, estava completamente atento ao que Nissa iria dizer, pois apesar de bárbaro, ele era considerado a ovelha negra da tribo por ter a curiosidade e vontade de aprender coisas alheias à rotina do seu povo… Nissa então inicia sua explicação: “- Syndra disse que o olho fendido está sugando magia de tempos em tempos… Também temos uma mão gigante reptiliana, o que com certeza nos leva à pensar em mão de dragão… A mensagem que eu vejo aqui é que pode significar que na verdade o olho é uma espécie de sistema arcano de detecção, ele está “testando” quem colocar a mão sobre ele se possui elo com os dragões… E como sei que o elo que o olho está buscando é elo com dragões? Pela mão em profundidade que resguarda o olho, em formato de uma mão inconfundível de dragão… Parece bem claro para mim agora na verdade, o olho está testando a quem for abrir o portão se possui laço com aquilo que teria a mão que o resguarda e que na verdade é a fonte inicial de toda e qualquer magia, dragões! É um teste, um enigma para que somente quem tem a magia adequada possa adentrar tal lugar…”

Grund-Tharg se mantém de costas mas em sua mente a ideia ficou clara, isso o deixou mais confortável por estar compreendendo as ações do grupo. Jhon e Syndra acenam positivamente enquanto Akron insistia em mais detalhes, à fim de deixar o gigante mais próximo de suas decisões: “- Ok, a ideia é interessante e viria bem a calhar, SE tivéssemos um dragão ou algum meio-dragão conosco… Como abriremos essa porta então já que não possuímos tal ilustre integrante?”

Jhon Raven então dá passos à frente aproximando-se de Akron e de Grund, explicando ele desta vez: “- Todo feiticeiro nasce com magia em seu sangue… A diferença entre um feiticeiro e um mago é que o primeiro nasce com a magia o segundo precisa estudá-la e aprendê-la… Como a magia em seus primórdios se origina nos dragões, ou seja, dragões são os primeiros seres mágicos de qualquer informação que se tenha, Nissa como feiticeira possui sangue de dragão em suas veias, ela pode abrir essa porta!”

Finalmente o gigante pressentindo a ação através da fala entre seus aliados, vira-se para eles segurando seu machado firmemente e uma expressão satisfatória em seu rosto demonstrava que novo ânimo o preenchia enormemente: “- Pois bem… Me deem uma só oportunidade de agir e contemplem, meu machado e eu limparemos o caminho para vocês!”

Jhon posiciona-se ao lado de Tharg e contrariando seu estilo usual, sorri levemente: “- Não vai se divertir sozinho não, filho dos Corcéis Alados…” Akron assume posição entre os dois e logo atrás de Syndra, sacando suas adagas e preparando-se para o que poderia surgir lá de dentro ao passo que a maga, logo atrás de Nissa, dava suporte mágico de proteção e detecção enquanto a aliada abriria a passagem para a tão cobiçada sala diante deles…

Nissa então ativa sua aura mágica e toca sobre o olho fendido, uma reação potente ocorre, porta e arcana brilham em intenso poder mágico para logo em seguida tal brilho desaparecer, permitindo que a passagem antes lacrada agora subisse deixando livre uma entrada para os aventureiros em prontidão, e quando todos retesavam seus músculos para atacar ou potencializavam suas vontades para usar suas magias mais poderosas com a carga que certamente o inimigo entocado faria, o silêncio foi tudo que obtiveram como resposta, nenhum mínimo sinal de inimigos foi detectado ou mesmo visto pelos aventureiros, frustrando principalmente o gigante Grund-Tharg uma vez mais, que completamente irritado bate na parede ao lado com o punho fechado…

Nissa foi a primeira então, após a recepção vazia, à dar um passo para dentro do grande salão, acompanhada de Syndra, ambas com suas detecções mágicas ativadas… Akron as seguiu de perto e minuciosamente observava tudo com sua visão habilidosa para armadilhas e mecanismos… Jhon foi na sequência seguindo os aliados enquanto que Grund-Tharg ficou na porta, de costas para o interior onde todos estavam, guarnecendo a retaguarda do grupo uma vez mais, era tudo que podia fazer no momento se recriminava o selvagem… O montante total que puderam avistar de onde estavam, uma vez que consideraram o perímetro seguro, fora uma verdadeira sala de estar com muitas almofadas e armários, com diversas estantes repletas de livros… Era como uma biblioteca, misturada à um laboratório de feitiços, mas aconchegante ao extremo como um quarto, suficientemente acolhedor para que se pudesse viver lá dentro…

O lugar era por dentro muito mais amplo que se podia julgar por fora, com certeza efeito de poderosas magias que mantinham-se ativas mesmo sem a presença do conjurador que as ergueu… Algumas das paredes eram completamente mágicas, repletas de gravuras e artes, umas reconhecíveis outras indecifráveis… Nissa se aproxima delas e contempla, em seu conhecimento: “- Eu não compreendo o idioma, mas já o vi com certeza… São da era dos Methariuses…”

Akron, ainda cuidadoso mas curioso no mesmo patamar, se aproxima observando tudo e questiona:
“- O povo lendário que supostamente foi um antigo império humano magocrático, cuja influência foi sentida nos Reinos por milhares de anos?”

Ao que Nissa o observa e acena positivamente confirmando, Akron então se empolga e continua: 
“- Eram até onde sei uma hierarquia estrita por centenas de anos, divididos entre os nobres vivendo em enclaves voadores milhas acima do chão, e os plebeus que se estabeleceram por todo o lugar possível… Ouvi dizer também que durante seus anos de glória, que perduraram por mais de três mil, infelizmente apesar de tudo que haviam conquistado, a arrogância deles cresceu ao ponto de que tentassem se considerar divindades da magia e acabaram destruindo a trama mágica que acabou levando eras para se recuperar completamente! No redemoinho resultante desse ato egoísta, a maioria das cidades voadoras de Methariuses desabou ao chão e eles, com o passar dos anos, desapareceram misteriosamente…”

Nissa balança a cabeça em sinal positivo e continuou: “- Dessa forma Akron, existem muitas relíquias, algumas perigosas e outras não, que foram deixadas ou encontradas dessa época longínqua… Alguns se referem aos Methariuses como "primordiais", ou seja, os que vieram antes de todos os outros… Porém devido aos poderes que eles detinham, muitos místicos, feiticeiros, magos e principalmente necromantes, se dedicam a estudar esses “primordiais”, seus rituais e poderes em busca de capacidades que ninguém mais possui nos tempos atuais… O que posso supor é que quem vivia ou vive aqui, estivesse justamente em busca de poderes Methariuses com algum fim nefasto devido à natureza do local onde se encontra tudo isso…”

Tharg, embora ouvindo tudo e sentido satisfação em entender coisas novas, ainda tinha certo problema com muitas falas e pouca ação… Ele entendia que haviam momentos em que seu estilo de agir não era o adequado e, fazer parte daquele grupo significava ter de aturar muitos daqueles momentos, mas mesmo todo esse raciocínio não afastava dele o que sentia, uma profunda irritação com tamanha demora para “algo acontecer”, o que o levou a tentar uma mudança de rumos: “- Então o que temos de fazer aqui, digam-me por Thangdarth, que é colocar tudo abaixo até encontrarmos a tal chave!”

Jhon Raven que se mantinha em silêncio até então, tomou a frente e questionou: “- Essa com certeza é nossa missão principal Tharg, mas há algo que acho que ninguém ainda parou para pensar… Essa chave é fisicamente uma chave? Alguém tem alguma ideia de como ela é ou como devemos procurá-la? Se derrubarmos tudo como nosso estimado amigo deseja, saberemos separar a chave de escombros?”

Nesse instante uma forte onda de pensamento atinge a cabeça de Nissa de forma vigorosa a fazendo soltar um urro de dor, como se tivesse recebido um golpe no estômago… Todos então entram em prontidão de combate realizando um círculo ao redor da feiticeira e se preparam para agir ao mínimo sinal do inimigo, mas uma vez mais nada surge, ninguém os ataca e Nissa começa a acalmar seus espasmos até conseguir controlar as dores que a atingiam diretamente no cérebro… Tão logo ela conseguiu dissipar a dor aguda principal, tentou na sequência explicar aos demais o que acontecia com ela, buscando acalmar o grupo, embora ainda ofegante, fazendo com que novamente o grupo voltasse sua atenção para ela: “- Uma voz… Não… Um pensamento… Está me atingindo como um golpe do punho direito de um gigante, mas ao mesmo tempo… Parece estar fraco e... De alguma forma… Distante... Eu não consigo decifrar o que o pensamento diz, mas não parece hostil apesar da dor lancinante… Não é um ataque com certeza, eu consigo definir isso, mas sim, alguém está tentando comunicar-se comigo, diretamente com minha alma… Eu preciso me concentrar e tentar filtrar o que quer que seja…”

Jhon maneja sua espada e se posiciona de costas para Nissa ativando sua ligação com sua divindade! Grund-Tharg empunha seu machado e o coloca ao chão pronto para a ação; Akron com suas adagas aguça seus sentidos e espera por qualquer coisa enquanto Syndra se posiciona acionando seus escudos elementais para proteger o grupo e é então, que a feiticeira começa a conseguir definir palavras isoladas:

“- Parede… Ilusão… Prisão… Ajuda…”

Nissa se concentra, tenta buscar uma sincronia com quem quer que esteja tentando entrar em sua mente, era sem dúvida uma invasão, uma intrusão ao seu íntimo espiritual, mas de alguma forma que a jovem não sabia explicar, ela sentia que não haviam intenções malignas, era um claro pedido, não, um suspiro de socorro era mais apropriado dizer… Isso encheu a alma da aventureira de vontade e determinação, elevando cada vez mais suas capacidades sensoriais, capacidades essas que entrelaçaram-se com as de sua aliada Syndra, que sentiam as intenções e vibrações de Nissa, entrando como uma força de apoio descomunal que unia e amplificava a força mística da feiticeira!

Com um resultado inesperado e imprevisível, o esforço espiritual unido às forças de vontade de seus aliados e guardiões naquele momento, se tornou uma energia só, capaz de conseguir canalizar uma resistência sem igual e então, um grande clarão, uma explosão de energias que varreu o lugar atravessando paredes e tudo mais que existia como se nunca houvessem existido obstáculos físicos ali, e finalmente Nissa com os olhos transbordando em energia ergueu sua face olhando para a parede onde as gravuras dos Methariuses encontravam-se... Ela seguiu em direção à mesma com a mão direita erguida e espalmada, seguindo passo à passo, determinada, sem hesitar um único instante, atravessando-a, diante dos olhos estupefatos de todos, por completo, desaparecendo da visão do grupo!

Os demais a observando e acenando positivamente entre eles, a seguem, detendo-se por alguns instantes diante da parede repleta de gravuras… Jhon sendo o primeiro, ergueu a mão a frente tal qual Nissa, e assim como a feiticeira, o kelinttorita atravessa a parede como se uma miragem fosse… Os demais, prontos à não abandonarem seus aliados, realizam o mesmo gesto chegando ao lado oposto da parede, revelando à todos algo que nenhum deles esperava ver… Um gigantesco dragão, coberto de uma coloração amarelada com verde, jazia ao chão, repleto de algo como correntes de fumaça espessa e escura, certamente o mantendo prisioneiro ao local… Seu tamanho gigantesco e impressionante só conseguia ser superado pela expressão de agonia que denotava, estar sentindo os últimos momentos de sua vida escorrer por suas veias… Nissa diante dele se detém com lágrimas aos olhos e repete as palavras que havia separado inicialmente, “- Parede… Ilusão… Prisão… Ajuda… Você usou quase que suas últimas forças para me chamar… Perdão por ter demorado tanto à atender sua súplica…”

A Feiticeira então abre seus braços e começa a emanar suas auras arcanas, ao passo que Syndra se põe pouco atrás dela e busca fazer o mesmo ampliando os poderes da aliada uma vez mais… Tharg sem entender o que acontecia questionava, duvidoso: “- Elas estão pensando em soltar esse dragão?” Jhon acena positivamente e guarda sua espada enquanto Akron, fazendo o mesmo com suas adagas sorri despreocupadamente, deixando o selvagem mais temeroso ainda de que não compreendessem o que estavam a fazer naquele instante! Tentando fazê-los raciocinar friamente, Grund-Tharg segura mais firmemente seu machado, questionando uma vez mais: “- NISSA TEVE DIFICULDADE APENAS EM OUVIR A VOZ DESSE BICHO… SE O SOLTAREM, NENHUM DE NÓS SAI VIVO DAQUI, ESTÃO LOUCOS?”

Foi então que Akron virou-se para o selvagem e tentando colocá-lo à par de tudo novamente, como somente ele era capaz e prezava fazer, explana: “- Existem basicamente dois tipos de dragões meu caro Grund-Tharg, resumindo de uma forma muito modesta, que são os cromáticos e os metálicos! Os primeiros, representados óbvio pelos tipos vermelho, negro, azul, branco e verde, são malignos por natureza e temidos por todos, inclusive por outros dragões. Cruéis, agressivos e sedentos por tesouros, essas criaturas acham que todas as riquezas do mundo lhes pertencem; por isso, um dragão cromático considera que qualquer pessoa que tenha algum tesouro o roubou dele. Já os metálicos, são exatamente o oposto dos cromáticos, têm tendência boa. Claro que sssim como todos os dragões, eles gostam de acumular tesouros, mas, eles não o roubam, eles coletam tesouros sem dono. Esses dragões podem se desfazer de alguns de seus tesouros até se for em prol de um bem maior, apesar de ser muito difícil convencê-los a fazerem isso é verdade… No entanto, esses últimos são distinguidos obviamente também, por bronze, cobre, latão, ouro e prata… Então, considerando tudo que eu disse, observe a cor do pobre acorrentado aqui na frente amigo Grund… É um dragão de bronze, não nos fará mal algum desde que não o façamos a ele…”

Jhon Raven é quem completa a narrativa, atestando as palavras do aliado tiefling: “- É por isso que Nissa está certa, não podemos ignorar seu pedido de ajuda e deixá-lo aqui… Pelo contrário, ele está de alguma forma sendo morto, está privado da vida que um dragão deveria ter… Temos de libertá-lo e permitir que siga seu destino!”

Grund-Tharg ainda assim mantinha seu machado em mãos e vigiava tanto o dragão quanto ao redor deles, seu instinto de sobrevivência cultivado durante seus verões de existência e transmitido ao seu ser por eras de existências ancestrais bárbaras, não poderia ser suprimido apenas com falas, ele manteria a guarda de qualquer forma e torceria para que novamente os aliados estivessem certo… Nissa por sua vez vira seu rosto para o lado esquerdo e algo na parede ao longe chama sua atenção por algum motivo… Suas mãos giram no ar, ele convoca uma magia desconhecida por todos que se torna uma esfera poderosa e vibrante e enquanto concentra aquele poderoso ataque místico com dificuldade, ela sem olhar na direção do mesmo grita: “- THARG!! SUA MAÇA ESTRELA!! ATAQUE O PONTO NA PAREDE JUNTO DE MINHA MAGIA! LIBERE TODO SEU DESCONTENTAMENTO COM TANTO MARASMO EM ÚNICO GOLPE E NOS AJUDE A LIBERTAR ESTE PODEROSO SER!”

A mente de Grund-Tharg fervilha, em frações de milésimos de segundos vai da dúvida ao questionamento, do receio à determinação, da ponderação ao ímpeto e com uma velocidade impressionante, seu machado cai ao chão enquanto o selvagem partia buscando sua maça estrela entregue-lhe por Lady Betrayal, se lançando como um meteoro, quase unindo-se a rajada de energia empenhada por Nissa. No exato momento, de forma incrível, em que a esfera arcana atinge a parede, Grund-Tharg com força brutal e precisão inacreditável atinge o mesmo ponto, sendo no mesmo instante repelido e arremessado de volta para trás com a mesma capacidade destrtutiva, não vindo a se ferir com o golpe sofrido unicamente por ter sido colhido pela magia de retenção de Syndra que a aliada invocou no momento certo! Enquanto isso, a parede diante do poderoso ataque ruiu revelando em seu interior, um artefato bastante bizarro e até assustador, que igualmente de forma macabra, brilhava em intenso poder escurecido, perdendo pouco a pouco seu aspecto de trevas, até ficar como se tivesse de alguma forma se desativado, caindo ao chão logo em seguida, sem qualquer resquício de energia…

Ao mesmo instante que o item se desativou, os grilhões energéticos ao redor da criatura dracônica que detinham a mesma escuridão e prendiam todos os membros, cauda, pescoço e boca do dragão de bronze se desfazem lentamente e a poderosa criatura após alguns segundos, finalmente como se começasse a recuperar sua vitalidade, abre os olhos observando a todos que ali estavam, com olhar complacente e agradecido… Todos então lentamente se dirigem para próximo da cabeça, ainda recostada ao chão, da gigantesca criatura e ficam a observá-la... Até mesmo Grund-Tharg parecia finalmente baixar a guarda e aceitar que libertar a criatura era o correto e eis que então, sem mexer a boca, falando diretamente com suas mentes, a criatura se pronuncia…

“- Gratidão é o que me preenche a alma neste momento… Eu sou Shadrak… Sou grato a todos vós por terem detido sua missão para ajudar este ser… Se houver algo que eu possa fazer por vós, ficarei feliz em poder retribuir a gentileza…”

Todos ficam em silêncio diante da manifestação imponente do dragão diante deles... A ressoante voz mental do mesmo, parecia preencher à todos de bons sentimentos e nenhum deles cogitava pedir nada ao ser... Tharg ainda mantinha receio de um ataque, se fosse pedir algo seria não ter de batalhar com a criatura e nem isso lhe passou pela cabeça naquele momento… Jhon nada fazia em troca de outros favores, suas ações eram sem intenções de retorno, também não ansiava nenhum pedido… Syndra apenas admirava a criatura gigante e tão incrível diante seus olhos de maga, assim como Akron, que embora não tivesse o fascínio pelas artes místicas, tinha seu cérebro fervilhando de perguntas para preencher sua fome de conhecimento… Além disso, dentre eles todos sabiam que quem realmente havia realizado aquele resgate, era Nissa, então era de comum acordo, mesmo que nenhum deles pronunciasse isso, que se alguém tinha o direito de pedir algo em troca, era a feiticeira…

Mas diante do silêncio, a poderosa feiticeira marejava seus olhos e fazia uma reverência respeitosa e apenas pronunciou: “- Nunca havia tido a honra de estar tão próximo de um dos seres responsáveis pelo poder que nós feiticeiros carregamos… É uma honra estar aos pés de alguém tão importante no meu modo de vida, senhor Shadrak….”

Com olhos bondosos, o dragão de bronze sorri levemente, de novo dirigindo-se à todos mentalmente:
“- Entendi… Vocês estão em busca da chave para o acesso a torre do feiticeiro Adramanther, mas não sabem como ela é ou mesmo como encontrá-la… E apesar disso, não usaram o resgate que fizeram como moeda de troca para obter aquilo que é o objeto de vossa missão… Falarei de vós para nosso senhor Bahamut e o quanto, aventureiros como vocês ainda enchem de esperança os corações dos dragões mais otimistas… Porém nenhuma boa ação passa despercebida pelo universo, vocês não tiveram a intenção egoísta de me soltar em troca de algo, mas o algo que procuram é o mesmo que me mantinha aqui preso… Talvez, e só talvez, quem os enviou aqui, sabia de alguma forma de minha prisão e aliou uma coisa à outra…”

O dragão olha então para o artefato que havia saído da parede no momento do ataque conjunto de Nissa e Tharg, fazendo todos compreenderem que a “chave” era na verdade o item usado para aprisionar o poderoso ser… Nissa vai até ele e o apanha nas mãos, o artefato parecia um machado de guerra em tamanho diminuto, feito de algo que ela não conseguia identificar e ao centro, um crânio muito pequeno com olhos brancos que deixava clara não haver boas intenções quando da criação do artefato… A feiticeira direciona-se uma vez mais até Shadrak, visivelmente confusa, questionando: “- Se este artefato tinha a capacidade de manter a você, um dragão de bronze imóvel, com certeza não seria eu com a ajuda de toos meus aliados inclusive, quem conseguiria sobrepujar tal poder e libertá-lo… Como conseguimos apenas Grund-Tharg e eu interromper algo que o manteve preso por tanto tempo senhor? Não é compreensível para mim tal acontecimento…”

O dragão de bronze, conseguindo erguer sua cabeça do chão, continua a explicar diretamente em suas mentes: “- Este artefato se chama “O lamento da anulação”... Ele foi criado pelos Methariuses há mais tempo no passado longínquo do que nos é permitido lembrar… Foi feito com escamas de um dragão ainda recém-nascido e sacrificado em um ritual de magia das sombras… O minúsculo crânio é de um bebê halfling enquanto diversos outros itens igualmente arrancados com requintes de crueldade permeiam este objeto das trevas… A intenção dele, era conseguir deter o ímpeto dos dragões que tentavam derrubar o reinado de terror dos necromantes Methariuses, inibindo por completo o poder que emanamos… Este é sem dúvida, um dos poucos itens que realmente conseguem deter nossos dons ancestrais e talvez um dos únicos que ainda exista… Uma vez conjurada a magia sobre ele e determinado seu alvo, somente o conjurador ou a união de dois seres distintos e poderosos podem derrubar tal invocação…”

Tharg então é quem deixando de lado o receio, toma a frente e bastante sem preparo para lidar com a criatura que estava diante deles, corajosamente questiona: “- Se tudo que estás a dizer é verdade, esse tal lamento era para ainda estar enterrado fundo naquela parede e você… Senhor… Acorrentado como um escravo imundo, pois por mais que pudéssemos acreditar em nossa forças, Nissa e eu jamais íamos poder derrubar tal feitiçaria se era tão poderosa… Como isto veio a acontecer então?”

Os demais rapidamente observam Tharg o repreendendo com o olhar por agir de forma não polida com um dragão ao mesmo tempo em que todos eram capazes de se repreender por seu próprio pensamento, afinal, como esperar de Grund-Tharg ações polidas? Enquanto isso acontecia, Grund fazia uma expressão de quem questionava o porquê de o olharem daquela forma, afinal, em seu entendimento, ele havia sido respeitoso além do que era esperado de um bárbaro… O ser milenar então percebendo o impasse toma a palavra, dessa vez pronunciando-se em sua voz e não mais em pensamento, demonstrando estar mais recuperado a cada minuto que se passava… “- Não se preocupem com formalidades… Nós, dragões seguidores do deus de platina não analisamos um insulto pelas palavras, mas pelas intenções… Vós todos demonstram pureza de coração e honra em suas atitudes embora cada um de vós tenha métodos e conceitos completamente diferentes… Além do que fora citado agora, ainda percebo a união de vós como poucos conseguem… Me permitam exemplificar, as provações que vós passeis há pouco… Esses túneis pelos quais chegaram são criados para testar aqueles que caem nele em seus maiores temores e vejam suas honras estampadas nisso… O jovem abissal tifeling teme não poder ser útil diante de algum inimigo... Já o rígido e honrado seguidor do deus da morte teme não ser tão poderoso quanto crê que Kellintor espera… A maga dedicada crê suas magias não serem poderosas como a dos outros arcanos e a jovem e promissora feiticeira, demonstrou não temer mais nada além dos pequenos insetos milenares… Isso demonstra as preocupações e anseios de suas almas, vós sois uma equipe que busca o melhor de si em prol de seu aliado… E quando a união foi necessária, nem mesmo os dragões teriam sincronizado tão bem devido nosso orgulho muito exaltado que nos impede em certos momentos de certos atos… Mas aquele que mais se culpa por tudo que todos se lamentavam há pouco, é talvez o mais intrigante e revelador de todos, afinal, não conseguiram achar um temor em sua alma e quando todos estavam fatigados, ele se culpou por todos e tentou, mesmo com um coração selvagem e livre dentro de seu peito, se adaptar a vós todos, apenas para ser útil como ele crê que vós esperais dele… Pararam para pensar por esse ponto ao invés de crerem que todos falharam em seus testes?”

O dragão fica observando o grupo por alguns segundos… Todos baixam a cabeça e analisam as palavras ditas pelo gigante ser, quando então conseguindo mexer suas patas dianteiras, Shadrak ergue-se lentamente mexendo seu pescoço alongado finalmente e completando sua fala: “- Mas respondendo mais diretamente as perguntas e dúvidas de todos vós, eu peço que me ouçam nesta narrativa… Vós conseguistes quebrar a conjuração, pois unimos a resistência física do filho dos Corcéis Alados, a capacidade de conjuração da jovem feiticeira que fora ampliada pelos dons e força de vontade da maga poderosa, aos meus enfraquecidos e quase apagados dons... Unindo-se à tudo isso, ainda tivemos os poderes sagrados de Lady Betrayal, infundidos nesta maça estrela sagrada que vós empunheis no momento do ataque, corajoso Grund-Tharg… A união de quatro seres diretamente, com o apoio espiritual de todos que estavam aqui transmitindo suas vibrações, permitiu um milagre acontecer e agora, eu ganho novamente a liberdade pelo ato e altruísmo de todos vós…”

Todos então se entreolham e compreendem afinal… A maça estrela misteriosamente posta por Lady Betrayal em Grund ainda na cidade, não servia unicamente para os inimigos da fenda, mas continha também sua magia pura e sagrada… Se seguissem a missão como solicitado pela paladina, encontrar a chave que permitiria acessar a torre negra de Adramanther, iriam encontrar Shadrak e por final, a chave, que nada mais era do que o artefato que impedia o dragão de se libertar… Uma vez devolvendo a liberdade a ele, teriam a chave que os permitiria cumprir o resto de sua missão e ainda realizariam um ato altruísta… Tudo se encaixava de forma primorosa, até mesmo eles terem sido escolhidos para tal missão, uma vez que haviam saído do Fosso haviam poucos dias e Akron já havia sido prisioneiro em tal local… E quando todos começaram a se questionar de como tudo isso pode ter chegado até Lady Betrayal, eis que Shadrak, lendo os pensamentos do grupo e incrivelmente assumindo uma forma humana diante deles, responde antes que cogitassem qualquer explicação: “- Meu amigo Wigferth e minha amiga Laryana… Há muito buscavam por mim e não faziam ideia de meu cativeiro... Ele não conseguia me alcançar pela falta de feitiçaria em seu ser enquanto Laryana não o conseguia pelo poder do "Lamento da Anulação"... Quando aqui esteve da primeira vez que vós todos combateram dentro deste antro maligno, ele provavelmente conseguiu finalmente detectar minha essência, levando isso à estimada e antiga aliada Lady Betrayal, que buscava por mim tanto quanto eles, haviam muitas luas… Eis então que toda a operação tomou forma e aqui, estou eu livre uma vez mais graças a vós, aventureiros de coração livre…”

O dragão agora em forma humana se curva de maneira respeitosa e todos respondem da mesma forma, com exceção de Tharg que apenas balança a cabeça tentando entender porque todos estavam fazendo aquelas poses estranhas aos seus olhos… Quando todos então se olham novamente em pé, Shadrak move os braços, começa a ficar transparente e quando quase já desaparecia quase por completo, deixou suas últimas palavras: “- Conjurem a evocação do “Lamento da Anulação” no artefato e o arremessem de forma certeira ao pé da torre… Ele se encravará na rocha e inutilizará a mesma pelo tempo que o poder de sua magia permitir… Essa será a chance dos três que não possuem sangue de dragão invadirem a mesma e derrubar o necromante… As duas com sangue de dragão nas veias, se aproximarem-se do raio de ação, ficarão sem poderes igualmente… Eu lhes desejo muita sorte, bravos e unidos guerreiros!”

O dragão começa a elevar-se do chão quase que misturando-se com o ar, mas mesmo que sua imagem não fosse mais que uma transparência já, Shadrak percebe Syndra a se observar, considerando em seu íntimo que o dragão havia errado em sua fala, afinal, ela não tinha sangue de dragão nas veias, era uma maga, havia estudado para aprender, não era poderosa como Nissa, mas a voz do ser dracônico ecoou pelo local uma última, e encorajadora vez: “- Acredite em você jovem Syndra… Você não se valoriza como deveria… Seu poder não é fraco como imagina e há muito sobre você que ainda desconhece…”

Shadrak some e o grupo fica atônito diante de tantas revelações… A vinda ao Fosso havia mostrado muito mais do que eles esperavam… Compreenderam que ao invés de derrotados, eles apenas foram confrontados com seus temores, e isso lhes deu a oportunidade de melhoraram naquilo que consideram que falharam, mas muito mais que isso, o benevolente dragão de bronze deixou claro que, eles se completam… Sim, eles são fortes e poderosos individualmente, cada um à sua maneira e com isso podem vencer inimigos poderosos, mas, uma vez unidos, eles podem vencer quase qualquer coisa, esse era o recado final de Shadrak… As palavras do dragão aqueceram a alma de todos e mudaram o clima dentro do grupo, todos pareciam se perdoar e perdoar à quem quer que tivessem acusado pelos acontecimentos…

Uma vez que estavam novamente encorajados, de posse do artefato “Lamento da Anulação”, os aventureiros preparavam-se para iniciar a jornada de volta, e para tanto necessitariam encontrar primeiramente esse caminho de volta… Eles retiram-se de dentro da sala do necromante, não sem antes testar exaustivamente cada parede em busca de mais criaturas aprisionadas, mas não encontrando qualquer vestígio de qualquer caminho ou mesmo energias solicitando ajuda, começaram a buscar pelo lado externo da sala, por alguma passagem que os levasse de volta ao mundo exterior…

Todas as portas dos corredores pelos quais entraram estavam lacradas, tanto física como magicamente, de alguma forma a magia que ainda existia no local era forte e incompreensível, acreditavam os aventureiros, magia dos seres denominados primordiais, aos quais muito do que fora utilizado ali parecia ter provindo… Grund-Tharg e Jhon andavam a esmo pelo local sem nada conseguir encontrar, enquanto Nissa e Syndra esgotavam suas opções mágicas sem nenhum sucesso para encontrar uma saída, quando de repente, Akron novamente salva o dia: “- Pessoal, aqui, encontrei algo, eu creio…”

Todos se aproximam com Jhon e Grund ainda protegendo a retaguarda do grupo, enquanto o tiefling explicava: “- Vejam, temos uma parte dessa estrutura levemente diferente das demais, pode ser apenas uma falha na construção, mas eu duvido muito… Peço um espaço de pelo menos dois metros caso alguma armadilha que eu não tenha detectado dispare…”

Os aventureiros abrem uma espécie de meio círculo e deixam o aliado trabalhar e então, tão logo ele pressionou o local com sua mão direita, ruídos de mecanismos, correntes e engrenagens são ouvidos por detrás da parede e em poucos instantes, uma parte da mesma ergue-se verticalmente, deixando à mostra, degraus que desciam de forma espiral em direção à escuridão completa… Syndra com um gesto faz com que em sequência, todas as tochas arcanas que estavam pelas laterais da descida acendessem, iluminando o caminho que mostrava-se uma escadaria sem mais qualquer adorno ou detalhe na mesma, pura e simplesmente uma escada, descendo para algum lugar…

Grund-Tharg então olha para todos e acena positivamente, empunhando sua maça estrela sagrada, seguindo em direção à escadaria para servir de batedor, quando Akron entra em sua frente e intervém: “- Grund… Podem haver armadilhas… Seu tamanho poderia dispará-las, eu vou à frente testando cada passo…”

Tharg olha muito sério para Akron, como se o analisasse por alguns instantes e também se manifesta:
“- Então eu estarei atrás de ti, e se algo acontecer estarei ali pra te ajudar!”

Akron acena positivamente com um sorriso, ele sinceramente não queria descer aquilo sozinho, mas o faria sem pestanejar pois sabia que de todos ele era quem tinha maior chances de encontrar qualquer mecanismo oculto, porém era fato que saber que o gigante estaria junto dele o deixava mais confiante e seguro... Pelo menos, pensava ele, não morreria solitário sem que ninguém soubesse, caso algo acontecesse, Grund-Tharg pelo menos saberia que ele havia partido… Tão logo os dois iniciaram sua descida, perceberam que Jhon, Nissa e Syndra os seguiam e foi Grund quem contestou: “- Esperem lá em cima, se algo desmoronar, vocês estão fora de risco e levarão à chave para Betrayal!”

Jhon, sem sequer parar de andar, respondeu ao comentário do aliado: “- Somos um grupo, uma equipe, vencemos juntos ou morreremos juntos meu amigo!” As palavras de Jhon reforçaram o que todos já estavam sentindo, um clima novo e poderoso tomava conta da equipe e decididos, sob a orientação e cuidados de Akron, iniciaram a longa descida!

Inicialmente imaginavam seriam apenas alguns metros de degraus, mas a verdade fora bem mais entediante, tornando-se intermináveis horas à descer sem cessar, e não tinham o menor sinal de estarem chegando ao seu final… Exaustos e deslocados com o mesmo ambiente descendo sem parar por tanto tempo, Akron já sequer testava as paredes e escadaria mais , uma vez que havia feito já tantas verificações sem sucesso… A sensação de estarem presos dentro daquele corredor descendente era bastante incômoda à todos e ambos já não tinham mais certeza se realmente estavam avançando ou presos em alguma espécie de labirinto mágico…

Enfim, talvez atendidos por um de seus deuses diante de tantos pedidos para encontrarem um fim aos degraus, o grupo surge diante de uma porta de ferro bastante reforçada e a mudança de cenário “despertou” à todos rapidamente! Akron, Nissa e Syndra novamente sondaram tudo, encontrando nenhuma armadilha assim como em toda a extensa descida… Uma vez que os especialistas atestaram a liberação da porta, Grund e Jhon colocaram as mãos na mesma e a abriram com vigor, revelando finalmente algo que não fosse um corredor, mas amplo e vasto espaço, com um abismo que separava aquela parte de uma espécie de “tigela” de metal gigante ao final… Ela equivalia com certeza ao tamanho de um dragão muito maior do que Shadrak e estava repleta de tesouros, itens, equipamentos, armaduras, armamentos e incontáveis outras coisas que eles sequer saberiam definir exatamente do que se tratavam…

Era algo gigante, um grupo de saqueadores poderia passar anos removendo tesouros dali e talvez nunca fosse concluído o trabalho, pensavam todos e imediatamente Akron lembrou-se de outro detalhe sobre dragões: “- Hã... Gente… Olhando para aquela coisa do outro lado cheio de pilhagens, me surgiu uma questão... Vejam, ainda sobre dragões, eles vivem em covis gigantes onde guardam suas riquezas; esses covis podem ser em montanhas, ruínas, florestas, dentre outros lugares a depender da subcategoria do dragão… Todos são ambiciosos por riquezas, principalmente ouro, e não gostam de abandonar seus tesouros por um período muito longo de tempo. Os dragões metálicos é fato, ao contrário dos cromáticos, têm tendência boa, mas assim como todos os dragões eles gostam de acumular tesouros, a única diferença é que não os roubam ou matam por ele, mas… Já pensaram que isso aqui pode ser o covil de um dragão? E se para piorar um pouco este for um covil de um dragão não metálico, já perceberam a encrenca em qual podemos estar no metendo?”

Antes que qualquer um deles pudesse dizer ou responder algo, um ruído ensurdecedor começou à se manifestar e o que parecia ser apenas uma cacofonia foi ficando mais forte, mais próximo e somente foi compreendido de verdade, quando as primeiras mãos cheias de garras, espadas e machados apareceram da imensidão do fosso que os separava da "tigela gigante" cheia de tesouros... Humanóides reptilianos, tais quais os que enfrentaram na entrada do Fosso durante a batalha anterior, centenas deles escalando e surgindo diante do grupo, avançando como loucos contra os aventureiros, prontos para matar e trucidar qualquer uma à frente deles!

Eis que aquele acontecimento, considerado um problema para a maioria dos aventureiros que por aquela masmorra tenebrosa se aventurasse, foi recebida com uma benção pelo grupo de guerreiros oriundos de WinterLess, principalmente por Grund-Tharg que observando a cena, sacou seu machado de guerra o segurando com as duas mãos, sorria largamente enquanto os seres reptilianos se aproximavam de forma feroz... O grupo todo preparou-se para o combate, mas nenhum deles avançou, nenhum deles iria tirar o tão esperado prazer do aliado selvagem, ninguém ousaria atacar primeiro que ele... O grupo agora se conhecia melhor, se entendia melhor, cada qual tinha suas preferências e metodologias, e eles sabiam que desde que ali chegaram, o bárbaro esperava por poder combater de novo... 

Grund-Tharg ligeiramente baixa seu ângulo de visão focando seus inimigos como se calculasse seus próximos movimentos e então, um urro ensurdecedor era o estopim para a tão esperada ação que o selvagem esperava: "- FINALMENTE RESOLVEREMOS TUDO COMO COMBATENTES!! EM FÚRIAAAAAA!!"

Grund se lançou contra os inimigos, seus olhos brilhavam em intenso vermelho, seus músculos pareciam se tonificar e ficar mais salientes e então a primeira leva de soldados o alcançou, unicamente para receber o primeiro golpe do bárbaro furioso, um ataque com seu machado, de forma lateral, atingindo na altura do abdômen dos répteis, toda a primeira fila de atacantes sem exceção foi atingida, os partindo ao meio com um único golpe, fazendo com que seus pedaços voassem aos ares banhando vários dos que estavam naquele local, inclusive o próprio bárbaro, com um sangue verde e fétido! Alguns dos reptilianos assustaram-se com a selvageria e foram, assim como os que ainda estavam atacando em carga, as próximas vítimas, pois Grund havia, com velocidade e perícia incrível, mudado de tática, segurando agora seu machado com a mão direita e maça estrela era empunhada pela mão esquerda, atacando de forma completa por todos os lados, sua saliva chegava à proliferar para fora de sua boca tamanha a ferocidade com que atacava seus inimigos! Tão grande e poderoso era o estrago que ele estava à fazer na fileira reptiliana, que nenhum dos inimigos ainda havia chegado nos demais aventureiros... Jhon, Akron, Nissa e Syndra detinham um leve sorriso aos lábios, observando o aliado divertir-se com o tão esperado combate e eis que finalmente a horda se tornou em centenas ao redor do selvagem e finalmente os aliados viam espaço para lutar sem interferir na "diversão" de Grund-Tharg!

O grupo então avança, com calma, com confiança, com determinação, cada qual ao seu melhor estilo destroçava os inimigos que chegavam! Nissa implodia e esmagava os inimigos com energias gravitacionais, Syndra os queimava ou congelava com poderes elementais, Akron atacava sem ser sequer visto, diretamente em pontos vitais, um único golpe e o inimigo tombava, enquanto Jhon, buscava geralmente os pescoços e dezenas de cabeças foram vistas voando em meio ao combate! Mas ao centro de tudo, o selvagem enfurecido dizimava à todos como uma máquina de demolição, crânios e tórax esmagados pelos golpes de maça, cabeças, braços, pernas e ventres rasgados e decepados pelos ataques brutais de machado, sem contar os chutes poderosos que arremessavam uns contra os outros e por vezes de volta ao precipício de onde haviam saído! A batalha estava dominada em menos de dois minutos, apenas dezenas restavam e todos eles estavam cercados por um único selvagem... Com velocidade e fúria o gigante desfere golpes quase imparáveis e mais pedaços de corpos e sangue verde jorravam diante de todos, pondo um fim ao combate tão aguardado...

O bárbaro então olha ao seu redor, nada havia restado, somente o silêncio, o cheiro de morte e seu arfar que começava à permitir cessar o frênesi do combate... Sua condição física começou à retornar ao normal, seus olhos novamente voltaram ao aspecto natural que sempre tiveram e tudo que restava agora era observar ao redor, em busca de mais reptilianos... 

O grupo novamente se reagrupa e enquanto Grund parecia se recompor, Akron ia cumprimentá-lo pelo combate e o inesperado acontece... Um terrível rugido se fez ouvir, uma criatura pelo menos três vezes maior que Shadrak surge da parte debaixo do abismo, negro, putrefato, com partes de seus ossos à mostra enquanto pedaços de carne pútrida ficavam penduradas em partes de seu corpo… A criatura abre suas asas e urra ferozmente, observando com olhos vermelhos e assustadores os aventureiros diante da criatura naquele momento… Todos empunham suas armas, preparam suas magias e se preparam para um confronto que provavelmente eles não tem a menor chance de vencer… Suas coragens atingem limites nunca imaginados, suas vidas dependem de superarem o terror e o desafio, eles venceram muitas coisas juntos e agora, uma provação máxima estava diante deles, porém antes de poderem tomar qualquer atitude, antes de poderem sequer se mover para atacar, criatura bafora, era uma mistura de um jato cáustico esverdeado com fedor nauseante, que veio com uma velocidade assustadora em direção ao grupo!

Nissa e Syndra ativam suas defesas mágicas e criam um escudo energético, Akron, Jhon e Tharg se colocam atrás das mesmas tentando dar suporte para que segurassem a rajada e quando o ataque dracônico finalmente venceu a magia e atingiu a todos, uma gigantesca explosão acontece, todos foram arremessados violentamente de encontra à porta que haviam recentemente aberto e sem conseguirem manter sua consciência ativa, desfalecem por completo em questão de segundos, completamente feridos e derrotados…

Tharg foi o primeiro à abrir os olhos… Aos poucos os outros integrantes começaram à recuperar seus sentidos, mas nenhum deles saberia dizer como acordou ou quanto tempo se passou desde o ataque da criatura… Ainda estavam no mesmo local onde caíram e o conteúdo da “tigela gigante” se mantinha no mesmo lugar… Eles estavam vivos apesar de feridos, mas de alguma forma, a criatura havia sumido… Os corpos dos reptilianos que venceram dessa vez ainda estavam ali, a batalha realmente existiu, mas o que aconteceu depois, eles ainda não conseguiam explicar completamente... Talvez o dragão putrefato  tivesse considerado que eles haviam morrido e saiu para realizar algum outro ato, o que fez explodir na mente de todos simultaneamente, que precisavam sair dali o quanto antes, afinal, a criatura poderia voltar à qualquer momento!

O grupo se auxilia, Grund-Tharg coloca Akron sobre as costas e carrega Nissa nos braços, enquanto Jhon traz Syndra em seu colo! Os dois guerreiros usam toda sua força e correm como nunca para aumentar seu impulso e chegar ao outro lado, mas tão logo se lançam, percebem que a distância não seria vencida com um simples pulo, por mais potente que fossem suas condições físicas! Então, quando imaginaram que fossem cair precipício abaixo sem chances de sobrevivência, as energias místicas de Nissa e Syndra os envolvem os fazendo flutuar até o outro lado, onde caíram pesadamente devido o enfraquecimento mais que natural de todos…

Assim que tocaram o chão da “tigela gigante” a mesma estremeceu e começou a elevar-se, não havia para onde fugir, não havia para onde ir, e o teto da caverna se aproximava deles conforme a “tigela” subia… Todos entendem que o fim deles chegou e cada qual reza à sua divindade por uma passagem tranquila quando então a luz se faz presente no exato momento em que iam chocar-se contra o teto da caverna, e o que havia se transformado em terror, mudou para esperança, pois de alguma forma eles atravessam o teto sem qualquer resistência, surgindo dentro de um novo espaço cavernoso de onde olhando pela gigantesca abertura à frente, se podia ver claramente a Floresta Enluarada e o sol em todo seu esplendor à brilhar no amplo espaço diante deles…

Akron e era quem despertava e exclamava ao ver a cena: “- Uma entrada para coleta e armazenamento de riquezas… Tudo que eles roubaram ou se apoderaram, era trazido aqui pelas carroças, vejam as marcas… A plataforma acionada unicamente pelo lado de dentro, subia para receber o carregamento, descendo assim que repleta para se ocultar novamente… Engenhoso é verdade…”

Jhon Raven foi o próximo à falar, ainda bastante ofegante: “- Então, não era um covil... Tão pouco aquilo era um cromático ou metálico… O mistério se intensifica, mas agora, a cidade poderá recolher esse achado, impedindo que eles tenham acesso à formas de custear as crueldades que realizavam dentro desse fosso… Creio que se pedirmos à Wigferth ele poderá…”

Instantaneamente o clérigo surge diante deles, acompanhado de sua consorte Laryana, sem qualquer explicação, exclamando: “- Bom vê-los inteiros meus amigos… Sábia decisão à de vocês em destruir as fontes de barganha desses cultistas… A cidade saberá dar conta dos materiais amaldiçoados, devolver o que puder à seus donos e isolar aquilo que não puder continuar a existir… Eu queria levá-los de volta à cidade para descansarem mas, o local não é adequado neste momento, por isso, Laryana os teleportará daqui para o vilarejo mais próximo, onde aliados estarão esperando para tratar de vocês como se na cidade estivessem… Desculpem novamente a falta de jeito, mas a situação é bastante complicada no momento, desejo-lhes sorte nobres amigos e tenham certeza, estarei sempre que possível junto de vocês!”

Com dois gestos a vulga bruxa faz surgir dezenas de arcanos para teleportar o conteúdo da plataforma para a cidade de WinterLess enquanto ela própria se ocupa de concentrar seus dons e envia magicamente dali… Cansados e feridos, ainda mais exauridos pelo teleporte, o grupo observa estar em um gramado e enxergar uma fumaça ao longe... Também percebem alguém se aproximando deles no local onde caíram, e logo em seguida, todos novamente desfalecem ficando então à mercê da sorte e das circunstâncias que os aguardam…

Galeria de Imagens:

Shadrak - O dragão de bronze

Wigferth - Clérigo de Luthander


Laryana - A bruxa


Soldados Repitlianos


Artefato Methariuse - O Lamento da Anulação

O dragão putrefato que atacou os aventureiros no suposto covil do tesouro:

4 comentários:

  1. Acho impressionante a quantidade de acontecimentos que voc~e consegue mostrar em um capítulo, concatenar tudo e chegar a um resultado fantástico.
    No início os traumas, antigos ou surgidos nos eventos do último capítulo são perfeitamente aprofundados, dando muitas camadas de crescimento e desenvolvimento ao grupo inteiro, você podia focar em um ou dois, mas não, consegue dar espaço para todos os membros do grupo.
    e a aventura deve continuar, mostrando que mesmo abalados, sem outro lugar para onde ir, a única opção é seguir em frente e você conduz a história perfeitamente até o encontro com um dragão!
    Um fucking dragão!
    Mas indo contra o que a maioria dos escritores faria, uma grande e épica batalha, o dragão aprisionado oferece outro tipo de desafio ao grupo, que é incrivelmente contornado mostrando que realmente não são personagens que só servem para batalhas.
    Mas quando as batalhas acontecem... UAU!
    Adoros os confrontos que você escreve e como cada um fica diferente um do outro, onde um autor menos capacitado poderia ser tentado a apenas um simples "copiar e colar", mas você cria excelente cenas de ação, variando tanto o que os membros do grupo fazem como o tipo de inimigos.
    Estou dando os primeiros passos nesse tipo de cenário e, sem sombra de dúvida, Grund-Tharg é um texto que me servirá de inspiração.
    Muito, mas muito obrigado por esse título incrível!
    Meus mais sinceros parabéns!

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    1. Fala Norb, muito obrigado pelo comentário maravilhoso e claro, por ter lido mais um capítulo de uma das obras que mais tenho gostado de pensar, maquinar e criar! Esse episódio realmente se estendeu bastante, devido justamente a questão de acontecimentos no sentido dos pensamentos e das sensações de cada um, eu preciso desenvolve-los de uma forma que quando chegarmos em momentos mais à frente, tenhamos já uma perfeita noção de como é a personalidade de cada um dos personagens da saga... Seus medos, expectativas, traumas, capacidades... Essa reentrada no fosso na campanha não foi nem um pouco glamourosa assim, pelo contrário, foi bem aquém do que esperávamos, visto que na jogatina, temos de respeitar o que diz o dado, então eu modifiquei ela bastante para culminar no fato, entrar no fosso, encontrar a chave e o dragão zumbi no final, o restante, frutos da minha mente incapaz de fazer resumos kkkkk! Assim, eu quis aproveitar esse momento meio down na campanha, para enfatizar camadas mais profundas dos personagens e entrosar ainda mais a união entre eles, aproveitando claro, para inserir mais um dos meus personagens medievais (e pelo visto sem que ninguém notasse kkkkk), unindo personagens que estariam parados e perdidos no limbo, em uma aventura recontada de forma a criar um super conto medieval! Uma vez já feita essa parte, agora tinha de cumprir a missão e eu queria que a chave tivesse algum sentido à mais, por isso o dragão, eles pararam para ajudar e o resultado é que a atitude altruísta trouxe a conclusão da missão, principalmente porque não foram egoístas, acho que é uma forma de tu passar a ideia de que o correto é o correto sempre, mesmo em eras medievais! Então tudo estava pronto, era só sair do fosso, só que quando já estava na terceira e última revisão, colocando as imagens, eu parei e pensei "cara, o Tharg queria tanto um combate e não teve... Dá tempo de corrigir isso" e eis que surgem os lagartos de novo pro Tharg poder fazer a festa, e nesse aproveitei para mostrar que assim como o bárbaro precisa dar espaço pros outros agirem, os outros precisam deixar que Tharg seja ele mesmo quando possível, e nada melhor que centenas de soldados para serem destroçados com barbarian rage!! Eu fico realmente muito feliz que esteja gostando e mais feliz ainda, que tenha te incentivado a entrar nesse mundo tão legal, que são as aventuras medievais onde se podem mesclar mundos nunca pensados com magias e criaturas diversas, creio que é uma liberdade incrível que temos nesse universo e me deixa muito feliz saber que estás à pegar gosto pelo ambiente em questão! O meu muito obrigado por tudo e principalmente por esse apoio sem fim em cada texto novo que escrevo, o meu muito obrigado cara! \0/

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  2. Grande Lanthys das sagas épicas e inesquecíveis!

    Saudações Jirayrideranas...

    Oryahhhhh!!!!!!

    Temos aqui um capítulo extenso na quantidade de palavras e, ao mesmo tempo, intenso na sequência de acontecimentos, competentemente amarrados por ti, denotando esmero e grandiosa capacidade de coesão narrativa e escrita.

    O que eu demoraria pra fazer em três capítulos, tú fizeste em um único , e o que é melhor: em nenhum momento a história ficou cansativa , pois ela prende a atenção do leitor do inicio ao fim.

    Isso é um grande mérito seu!
    Não é fácil atingir esse nível!

    A história começa com a equipe em frangalhos emocionais e psicológicos, cada, um a sua maneira, se sentindo culpados pelos acontecimentos narrados no capítulo anterior, onde todos tiveram que lidar com o pior dos seus adversários: os seus medos.

    Mas, quando o desânimo abate a todos , vem o reconhecimento tácito de que é na derrotas que os campeões se mostram.

    O exercício da tolerância com os próprios erros permite com que toleremos os erros do próximo.

    Ao se tolerar os próprios erros e os erros dos outros, temos o perdão.

    O perdão é a força motriz que leva a retomada da confiança em si mesmo e nos outros e , como consequência, fortalece as relações.

    Uma grande lição podemos tirar aqui.
    Grund-Tharg, Akron, Jhon Raven, Nissa e Syndra...

    Tão diferentes, mas tão iguais...
    Tão humanos!!!!

    Das fraquezas, emerge a verdadeira força!

    Mas , a história prossegue com a descoberta que Shadrak, um dragão metálico era prisioneiro do fosso.

    Com o desejo altruísta de todos , que nada em troca queriam do dragão, a verdade sobre seus atos é manifesta pelo mesmo, fazendo com que os personagens se olhem , se enxerguem sobre uma perspectiva diferente , servindo como precioso aprendizado em suas caminhadas.

    Isso se chama evolução!

    A história ainda apresenta uma batalha com vários reptilianos e o confronto com uma espécie de dragão do mal.

    Quando que pareciam que tinham sido derrotados pelo dragão do mal,
    misteriosamente , eles são arrebatados para outro ambiente pelo mago que já os coloca numa nova missão.

    Tido isso numa sequência de tirar o fôlego!

    Só mestres conseguem tal façanha!!!

    A nós, aprendizes , só nos resta a beber dessa fonte inesgotável e saborear uma história tão bem escrita!

    Parabéns!

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    1. Grande amigo Jirayrider, como sempre digo ao Artur, às vezes eu chego ficar sem palavras para retribuir as que vocês usam para mim em cada texto que escrevo... Eu realmente não mereço, mas agradeço sem sombras de dúvida por tamanha amizade e cordialidade e se tem algo pelo qual eu possa ser elogiado, creio ser tão somente ser apaixonado pelas linhas que escrevo, nada além, mas fico com certeza, enormemente feliz, por receber tal consideração, o meu muito obrigado como sempre! Pois bem, realmente temos aqui um episódio mais extenso, como disse ao Norb, essa parte da saga, na campanha que jogamos, foi bem menos feliz e como devíamos acompanhar os resultados dos dados, muita coisa saiu diferente do que a gente planejou, assim, nesse texto eu pude corrigir muita coisa e o melhor, usar uma lacuna sobrando na aventura original, que se tornou uma lacuna pelas falhas em resultados nos dados, para tratar a personalidade e estilo de cada personagem, abrangendo mais ainda seus medos, seus ideais, suas metas e suas expectativas! Também aproveitei para introduzir mais um personagem meu neste episódio, que passou despercebido mas está aí, e com isso, ao bom estilo Jirayrider, estou de certo forma unificando meu universo medieval e colocando diversos personagens criados ao longo de várias campanhas, em uma única aventura completa e espero sinceramente, que eu consiga fazer isso da forma correta!! Ainda aproveitei para explicar e unificar outro fato, que eu realmente tinha deixado para este momento... A maça estrela, que inicialmente pareceu ser sem motivo algum, mostra que Betrayal sabia do que aconteceria na cidade, de que eles teriam de ser tirados de lá depois de resolver algo que ainda não posso contar, e que eles iriam precisar de força física para atacar com a maça, o ponto onde o Lamento da Anulação estava, junto de Nissa, afinal, revelamos que Wigferth, Betrayal e Shadrak são amigos... Ou seja, o que ficou de furo em nossa história original na saga quando jogamos, agora eu posso criar outros acontecimentos e outra situaçõpes que eu possa completar esse texto de forma mais legal, mais completa e como diz um amigo meu, com mais licença poética! E claro pra finalizar, eu preciso colocar nosso bom bárbaro em ação, mal posso esperar para chegarmos em alguma taverna e o deixar beber e alguém comprar treta com ele kkkkkk! Meu amigo, muito obrigado por tua leitura, apoio, incentivo e parceria de sempre, que essa saga possa continuar à te cativar por muito tempo! Vamos que vamos, em seguida mais Grund-Tharg por aqui, muito obrigado!! \0/

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Grund-Tharg - Cap. 25: "- Aproximação pelo Monte Egophia!"

O dia amanhecia, como há muitos dias não acontecia, com o grupo despertando em camas, dentro de moradias, o cheiro de comida nova emanava pe...