Eu me chamo Vanessa e tive, apesar de alguns percalços, uma vida boa desde que me lembro das coisas… Meu pai nos abandonou muito cedo é fato, eu era pequena, mal lembro dele mas, não faço verdadeiramente questão… É uma opção e deve viver sua vida como achar melhor, não guardo mágoas ou qualquer sentimento, preferi respeitar a vontade dele apenas… Assim, apesar das dificuldades, minha mãe e eu sempre vivemos juntas e sempre nos demos muito bem… Sempre afirmo que tive uma bela infância, uma adolescência consciente e hoje, já com meus vinte e quatro anos, me considero conduzida na vida…
Sempre vivemos uma vida real, sem crenças em coisas impossíveis ou milagres do céu... Tudo que precisamos devemos correr atrás, esse era nosso pensamento, o que é real é o que pode ser tocado, e assim como não há benesses do nada, nunca acreditei em coisas que não podem ser vistas, até que de fato eu as vi...
Apesar de nunca termos luxo, nunca nos faltou nada, sempre tivemos de comer, de vestir e serviço de saúde quando necessário... Minha mãe por sua vez sempre trabalhou e sempre foi uma mulher decidida e determinada… Nunca tivemos doenças graves ou enfermidades que nos tirassem quaisquer capacidades de sobreviver por conta própria, porém nos últimos anos, minha mãe começou a se sentir cansada, desorientada em alguns momentos, abatida e até mesmo desanimada em alguns dias, mas o que mais me preocupava é que ela parecia demonstrar medo em várias situações, algo que não era o normal dela…
Conversamos muito, ela me dizia apenas que dormia mal à noite e que isso a deixava debilitada… Sem querer ser intrusiva, eu apenas me preocupei em manter consultas regulares com o médico e cuidar dela e do seu bem-estar da melhor maneira que podia…
Os meses passaram e minha mãe passou a reclamar muito sobre pesadelos, que tinha vários deles por noite mas não dizia o que sonhava, por mais que eu tentasse me inteirar para ajudá-la… O médico recomendou um psicólogo, fomos, ela fez várias sessões mas os pesadelos segundo ela sempre continuavam e sua expressão havia mudado, ela parecia estar sempre em medo constante, olhava para o nada e se assustava, como se visse a um fantasma em diversos momentos… Dormia mais durante o dia que a noite, devido ao medo dos pesadelos e já não dormia mais sozinha… Tudo se tornava mais preocupante e não via um meio de ajudá-la…
Um dia fomos ao shopping e eu sugeri que ela esperasse na praça de alimentação, enquanto eu buscava nossa comida no restaurante. Quando voltei, a primeira coisa que fiz foi perguntar se estava tudo bem pois ela estava com uma aparência muito estranha e mais assustada do que o normal. Ela respondeu como sempre, que estava tudo bem, eu sabia que não mas, respeitei uma vez mais…
Finalizamos nosso almoço e fomos à escada rolante, quando ao virar para conversar com minha mãe, quase enfartei ao ver um homem com roupas do século passado segurando em um dos seus ombros e olhando pra mim com muita raiva. Na hora minha mãe percebeu minha cara de choque e perguntou (gritando) porque eu estava daquele jeito, ao passo que ao contar o que eu havia visto, ela começou a chorar e disse:
“- Você acabou de descrever o homem que tenta matar você todos os dias nos meus pesadelos minha filha... Ele disse que quando você o visse, seria o nosso último dia na Terra…”
FIM
Caceta! Esse conseguiu ser ainda mais assustador do que o anterior...
ResponderExcluirMandou muito bem na ambientação, desenvolveu perfeitamente as personagens, elas realmente soaram reais o que tornou sua situação ainda mais assustadora.
O crescente na situação da mãe construiu muito bem aquela tensão da gente ficar esperando aquele susto nas próximas linhas e, a cada vez que ele não vinha a tensão aumentava ainda mais.
O final abrupto foi o perfeito momento, do susto, da explicação do que estava ocorre do com a mãe e, como feito apenas nas boas histórias de terror, deixando as conclusões totalmente abertas, fazendo o leitor ficar degustando o final e desenhando na mente as infinitas possibilidades do que poderia vir a seguir...
Mandou muuuuuuuito bem mesmo! Parabéns!!
Muito obrigado Norb, eu tô me dedicando a conseguir criar essas tramas curtas de forma a ter mais material para publicar e assim ajudar a diversificar o blog, mas confesso, escrever terror é um desafio bem grande... Tentar fazer alguém se assustar ou se prender a saga, sem usar de artifícios emocionais ainda é complicado, então creio que uma cena onde a união amorosa entre mãe e filha é quebrada assim, ficaria legal! Muito obrigado por ter lido, comentado e incentivado como sempre meu amigo, grande abraço cara! \0/
ExcluirMe surpreendeu o final.
ResponderExcluirEntão ,a fonte do medo da mãe era própria filha .
Não esperava por isso !
Texto curto ( que foge das tuas características) mas, muito bem escrito e que prende o leitor.
Parabéns por mais este trabalho !
Está mandando muito bem, amigo , nesse novo projeto!!!😃😃😃😃
Um dos maiores catalizadores pra conseguir deixar um pai ou mãe apreensivo ou sem capacidade de ação, é uma filha ou filho em perigo... Para não colocar quem amamos em perigo ou deixá-los preocupados, a gente aguenta tudo, a gente segura tudo que pode, a gente faz tudo que está ao alcance mesmo que seja sofrer e aguentar em silêncio, e eis o sacrífico da mãe da Vanessa... Fico feliz que tenha curtido meu amigo, espero poder manter esse ritmo de uma postagem por semana! \0/
ExcluirAcho que esse texto vale um "Eita porra!". É tipo quando você ta seonhando normal, tudo de acordo com um sonho e de repente, no ultimo momento do sonho, tudo muda, ele vira um pesadelo e com uma frase ou palavra, você acorda levantando rapidamente da cama todo suado. A ultima frase do texto trás exatamente essa sensação.
ResponderExcluirDevo pontuar que a opção de escrever na primeira pessoa, com a Vanessa contando a historia, nos faz perguntar se realmente ao avistar o homem com roupas do século passado, foi realmente aquele o ultimo dia delas na terra. Fica a reflexão.
Grande Rodrigo, mais uma vez obrigado pela leitura e incentivo! É, esses contos estão sendo bons exercícios de escrita, tentar suprimir uma história em poucas linhas é capacidade de poucos, e eu não sou um desses capacitado! Tentar prender o leitor sem dezenas de páginas explicando tudo é algo que eu preciso praticar mais e mais até chegar perto do bom... Os contos de terror me proporcionam essa liberdade pois não fico com necessidade e querer explicar mais, não é necessário tal opção, o susto, o "nas entrelinhas" funciona muito melhor e acaba causando um efeito sem precisar descrevê-lo! Fico feliz que tenha curtido... Quanto a Vanessa, fica difícil a gente saber agora se ela conseguiu se livrar de quem à desejava morta ou se houve alguma solução para o caso dela... Quem sabe um dia a gente descobre... E que não seja da pior maneira... Grande abraço, muito obrigado uma vez mais cara!! \0/
Excluir