O dia havia sido terrível… Era sexta-feira, todos na faixa nos 25 anos como eu tinham estampado na testa a ideia de “sextou”, mas eu… Ah, eu só queria chegar na minha casa, tomar um banho demorado e dormir um sono reparador e tranquilo… Era tudo que eu buscava para aquela noite sem dúvida alguma…O metrô andava rápido era fato, mas ainda assim as duas horas de trajeto eram quase insuportáveis pois elas me lembravam o tempo todo de tudo que eu detestava no meu cotidiano… Aglomerações, barulho, som alto, pessoas entrando e saindo, ter de conviver com centenas de pessoas no mesmo dia, atender clientes de mau humor, suando, um calor devastador e o relógio sempre contra meus pensamentos…
As horas passam como uma espécie de sonolência e finalmente chego ao prédio... O elevador demora, a porta demora, o corredor demora para ser vencido, a chave demora para abrir a porta mas felizmente… Eu estava em casa… Morar sozinha e ser solteira era libertador para alguém avessa à regras e horários e se não fosse o sono, eu iria olhar a lua a noite toda pela janela... Fui largando as roupas pelo caminho assim que fechei todas as trancas da porta e entrei direto para o chuveiro onde gastei pelo menos dez minutos simplesmente debaixo do jato, recuperando o fôlego e a sanidade…
Termino o banho, vou até a geladeira… Um copo de leite e o sanduíche que ficou de ontem são mais que suficiente para o estômago não me tirar o sono e, quando finalmente entro no quarto, o ar condicionado já havia preparado o cenário para que o sono me abraçasse na minha cama cheirosa e macia… Sequer consigo descrever quanto tempo levei para dormir, mas foi quase instantâneo e o silêncio do local onde moro, foi fator decisivo para tal acontecimento…
Como que mergulhada em uma paz, sinto minha mente viajar e creio que poucos minutos após dormir comecei a sonhar… Tudo bem, eu estava dormindo como ansiei o dia todo e, estava na minha casa como implorei todo o dia, não havia porque reclamar de sonhar, mas… Ele foi bastante... Diferente… Me vi saindo pela janela do prédio, nunca olhava para mim mesma, mas a brisa revestia meu rosto e as luzes se passavam como flashes… Eu corri pelas ruas, eu pulei sobre casas, eu andei por campos e vegetações espessas e alguns lapsos em meio à isso era fato... Sentia-me livre, sentia-me liberta, sentia-me... Feliz... Então do nada comecei à retornar e no que pareceram poucos minutos, eu estava adentrando a janela do meu quarto novamente…
O diferencial extra, além de tudo que eu havia sentido naquele sonho tão real é que eu parecia não ter vindo sozinha, como se alguém tivesse me acompanhado de alguma forma… Então foi que o sonho virou pesadelo, pois no instante seguinte eu me via sobre alguém, eu arrancava pedaços de sua pele e as devorava com prazer… O sangue escorria, eu lambia o chão extasiada e já via o corpo praticamente devorado enquanto uma sensação de prazer sem igual parecia percorrer todas as minhas células de uma forma que eu não saberia explicar... Era embriagante, era delicioso e era isso que tornava o sonho, um pesadelo... Eu estava amando cada segundo transcorrido…
E a vítima? Era quem eu tinha cogitado, havia me acompanhado, eu havia trazido essa pessoa para devorá-la em meu quarto, como se fosse a coisa mais natural do mundo... Homem... Jovem... Cabelos medianos e castanhos… Roupa casual e chamou-me muito a atenção ao sapato, incrivelmente bonito e estiloso... Oras porque em um pesadelo desses o design do sapato me chamou a atenção…
Continuei minha "refeição" naquele sonho maluco e então em um instante, como se nunca tivesse existido ninguém, não havia mais sangue ao chão, não havia mais sequer um corpo, apenas sentia o sangue a escorrer pelo canto direito de minha boca e ao passar o dedo polegar pelo local, foi como se um arrepio percorresse meu corpo e a sensação era como a de um intenso orgasmo... Me atirei novamente sobre a cama, deitada de bruços adormecendo rapidamente outra vez…
Continuei minha "refeição" naquele sonho maluco e então em um instante, como se nunca tivesse existido ninguém, não havia mais sangue ao chão, não havia mais sequer um corpo, apenas sentia o sangue a escorrer pelo canto direito de minha boca e ao passar o dedo polegar pelo local, foi como se um arrepio percorresse meu corpo e a sensação era como a de um intenso orgasmo... Me atirei novamente sobre a cama, deitada de bruços adormecendo rapidamente outra vez…
Abro os olhos assustada, estou deitada na cama como deitei quando cheguei em casa... Outra coisa me chama a atenção rapidamente, eu estava nua e não havia deitado assim... Viro-me e sento-me ofegante na cama, cobrindo os seios e puxando o lençol para cima de meu corpo, temerosa de que houvesse mais alguém na casa, e apesar da janela aberta, não ouvi nenhum ruído no apartamento... Levantei-me lentamente enrolada no lençol, fechei a janela e respirei com calma, dizendo para mim mesmo:
"- Foi apenas um terrível pesadelo... Devo ter deitado sem roupa e nem percebi..."
Fui à cozinha, peguei um copo de água e voltei sorvendo o líquido com satisfação, olhando para a cidade ao longe naquela noite esplêndida… Eu não via mais a lua, o que indicava que a noite havia transcorrido boa parte... Vou para o quarto novamente, e paro diante do espelho sem olhar para o mesmo, pois algo me chamou a atenção… O copo em que eu bebia estava manchado de sangue como se algo revestido de sangue tivesse tocado nele… Fiquei olhando para o mesmo e pensando como aquele sangue havia chegado ali... Olhei para minhas mãos, estavam intactas e foi então que resolvi olhar para o espelho…
O canto de minha boca, estava sujo de sangue, sangue já coagulado mas em um filete espesso… Tentei tocar no mesmo mas tinha medo de ser realidade e antes que eu decidisse meu dilema, senti algo incomodar em minha boca e tentei puxar... Fios de cabelos castanhos saem em meus dedos, no exato momento em que deixei o copo cair ao chão se quebrando, quando o espelho me mostrou a outra face daquela dúvida, que agora parecia se desmistificar de vez…
Logo ao lado da minha cama, eu avistei o sapato bonito, da marca que eu havia visto no sonho e um rastro de sangue que seguia para debaixo dela… O pânico sobrepôs a incredulidade inicial, assim como a sensação e o gosto de sangue sendo sorvido sobrepôs todo o resto das minhas emoções... Instinto era o que me preenchia agora e então, a janela estava aberta novamente e a noite me chamava para me sentir liberta novamente pela cidade cheia de corações pulsantes!
FIM
Muuuuiiito bom!
ResponderExcluirAdorei o começo, deixando a gente se identificar com a personagem, nos sentir confortáveis e então vem o sobrenatural, mas é um sonho, você ainda deixa o leitor podendo acreditar e então Bum!
Vem essa revelação final e só resta fuçar de boca aberta (e de janela fechada)
Mandou muito bem amigo!
Muito obrigado Norb, esses contos de terror, tem sido muito bons de escrever... De um dia pra outro estão prontos e a revisão é fácil e agradável... Outra coisa boa é tu poder explorar vários temas sem ficar preso a uma continuação, isso é outra coisa diferente e boa de sentir também... Nesse caso a moça queria liberdade do dia a dia da sociedade, queria ser diferente... Bom, ela conseguiu... E a grande dica é manter a janela fechada kkkkk! Valeu mesmo meu amigo, grande abraço!!
ExcluirGrander Lanthys!!!
ResponderExcluirSaudações Jirairideranas...
-Adevento, ao topo!!!!
Eu sei que tu esta falando sobre uma personagem mulher, mas a cena do metrô e o desespero pra ficar alguns momentos comigo mesmo, remeteu muito ao quer sou ...
Para que tu escreveste sobre mim kkkk!!!!
Quanto ao conto, maravilhoso!!
Tu apostaste no onirismo , deixando a dúvida se, de fato, aquilo havia sido um sonho que se tornou pesadelo ou algo que de, fato ocorreu.
Uma coisa é certa: o subconsciente da jovem retratada quer liberdade e aventuras...bem diferente de sua rotina cotidiana monótona e entediante.
Mas, as vezes, liberdade demais pode dar campo ao nosso lado ruim.
Lado ruim, que todos nós temos!
Excelente, meu amigo!
Mais uma aula de como escrever bem!
Parabéns!!!
Grande amigo Jirayrider, que felicidade em ver pessoas se identificando com a escrita, e fico feliz que tenha sido com a parte do metrô, afinal de contas, acho que ninguém quer a outra parte da trama kkkkk! Cara, eu quis justamente pensar em pessoas que vivem em cidade grande e que tivessem um sentimento de necessidade de tranquilidade e paz como eu tenho... Lembro que pensei sim, em ti e no Rodrigo, devido aos comentários de ambos sobre o tempo no metrô então, mesmo que não tenha sido uma inspiração "full", foi de alguma forma pelo menos, lembrado de vocês, pode ter certeza! Quanto ao conto, eu nem sabia o que era onirismo, fico feliz, já que é uma coisa boa, que eu tenha atingido esse patamar e que eu possa mantê-lo é meu desejo maior, com certeza! Quanto a jovem, creio que às vezes tu deseja tanto algo que acaba por conseguir, é uma lição muito forte que temos na vida, tudo que tu desejar com gigantesca vontade, pode ser obtida... Uma pena que a dela, se é que realmente é real, talvez ela não tivesse que ter desejado tão fortemente essa liberdade... Fico feliz que curtiu e te espero na próxima meu amigo, grande abraço! \0/
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