O grupo ainda encontrava-se sem entender o que havia acontecido, estavam com certeza caminhando a não mais que das horas desde Qwerrhar e no entanto, o grupo de anões protetores dos Salões de Mithral alegavam estar há poucos minutos de um ambiente dias de caminhada de onde supunham estar… Tharg senta-se pesadamente ao chão procurando entender o que acontecera e ponderando sobre o que tinha entendimento para tecer alguma alusão, comenta: “- Se fosse só a direção errada… Eu reconheceria errar a trilha, mas… Mesmo me perdendo como um macaco cego, não há como transpor dois dias de marcha em horas… Isso não tem sentido… Nem os portais dos druidas pelas árvores pode nos jogar lá sem que vejamos… Eu não sei o que diabos acontteceu aqui…”
Burnnar coçando suas longas barbas e com seu machado ao chão observa a todos, percebe que todos estão realmente convencidos de terem deixado Qwerrhar há poucas horas e por desencargo de consciência arrisca a pergunta: “- Vocês tem certeza de que estavam no vilarejo de Qwerrhar? Existem muitos vilarejos nessa gigante floresta, talvez tenham se enganado e estavam em uma próxima daqui…”
Tharg ergue-se e observando o comandante anão enfatiza sua certeza: “- Sabes melhor que eu que Elora não deixa Qwerrhar por nada, jamais a veríamos em outro vilarejo cuidando de feridos… Eu estive com ela Burnnar…”
O anão então acena positivamente, concordando e completando: “- Concordo… A druida rebelde jurou manter sua vida naquele local, e ela não se daria ao luxo de quebrar promessas… Se ela estava cuidando e tratando de vocês, com certeza estavam em Qwerrhar… O que me leva a outra questão… Será que era ela mesmo? Porque se for alguém se passando por ela, poderiam estar em outro vilarejo alegando que Elora estava lá e por isso estariam em Qwerrhar...”
Grund-Tharg bate uma mão à outra com o punho direito fechado e a mão esquerda aberta recebendo o golpe, sua expressão denotava a inquietação em não saber explicar o caso, rebatendo o questionamento do anão: “- É claro que era… Reconheceria o cheiro, a voz, eu não confundo essas coisas Burnnar… A gente saiu de Qwerrhar tem horas com mais certeza do que anões gostam de boa cerveja…”
O comandante dos Anões Protetores então dá de ombros dizendo “- Mas então, como explicar isso…” Ao passo que Nissa se aproxima, curvando-se ao anão, expondo sua opinião: “- É um prazer conhecer o senhor mestre anão… Eu sou Nissa e esta é Syndra, e enquanto o senhor e Grund divagavam, fizemos uma investigação arcana, a chave é esta névoa… Ela não é natural, ela foi criada por uma magia tão potente que sequer conseguimos rastrear de que tipo se tratava… Não temos dúvidas de que foi esta névoa que causou toda essa confusão…”
Grund-Tharg fica a observar e ouvir a conversa, Burnnar acena positivamente enquanto Akron, Jhon e Kinseph escutam atentos… Era o mestre anão, incentivado por outros da comitiva dos Salões de Mithral que viram a névoa se formar de forma estranha que comenta: “- Muitos dos nossos viram essa névoa formar-se e disseram que fora realmente fora do natural… Estávamos em carga contra os goblins e do nada eles foram envoltos pela névoa e achamos que havia sido algum xamã deles que o havia feito, mas se as jovens feiticeiras alegam ser algo mais forte, isso explicaria muito… Mas ainda resta uma dúvida…”
Foi então que Akron aproximou-se do grupo, fazendo uma reverência respeitosa ao anão e completando: “- Provavelmente a mesma pergunta que eu me fiz… Porque tanto trabalho apenas para nos desviar de nossa rota? Porque pensem comigo, os anões continuam em seu lugar, os goblins foram expulsos no mesmo lugar, nós é que fomos colhidos e trazidos para cá… Então é mais lógico afirmar que quem quer que tenha criado a névoa, criou para nos tirar de nossa rota, não estou certo?”
Todos com exceção de Jhon Raven ficam a menear suas cabeças e ponderar sobre tudo que foi dito, pareciam praticamente concordar com a teoria de Akron embora não houvessem na teoria, definições de quem e com qual interesse havia feito isso até que o kellintorita é quem responde: “- Adramanter! Com certeza isso se trata de obra dele, ele nos tirou de nossa trilha, colocando-nos em rota de colisão com os goblins… Para nos testar ou tentar a sorte, talvez os goblins nos derrotassem… Para nos fazer perder tempo e acabar encontrando outros combates pelo trajeto… De qualquer forma ele estaria no lucro com o resultado, qualquer atraso ou chance de sermos exterminados para Adramanter é uma vantagem… E Syndra e Nissa confirmam um poder arcano superior a guiar a névoa, para mim isto fica bem claro como sendo obra de nosso adversário…”
Burnnar é quem então, observando as falas do kellintorita, fitando-o diretamente nos olhos, com muita seriedade sugere: “- Se vão entrar em embate com o necromante, saibam que ele está aliado aos dragões cromáticos em uma investida que ainda desconhecemos… Se ele os quer morto, estejam atentos pois muitos estão ganhando riquezas imensuráveis servindo aos caprichos de Adramanter… Qualquer um pode ser um inimigo, desde que lhe falte caráter para seguir sua honra, qualquer um pode ceder aos benefícios materiais e místicos que a parceria com o necromante oferece… Tenham cautela, considerando a situação, eu diria que vocês se tornaram a caça de Adramanter…”
Todos ficam em silêncio por alguns instantes e então o anão completa: “- Venham, levaremos vocês até os portões dos Salões de Mithral e de lá creio que sabe o caminho de casa, não estou certo seu rastreador desatento que foi enganado por uma simples névoa mortal, AHAHAHAHAHAHAH!”
O anão ria, os demais o acompanhavam enquanto Tharg proferia bravatas e xingatórios descabidos, o que entre aqueles dois povos, anões e bárbaros, eram um sinal de amizade e proximidade, pois nem um ou outro lado aceitaria palavras de tal tipo, não existindo uma parceria anterior que as sustentasse…
Verdadeiramente como dizia Burnnar, após alguns minutos de caminhada, o grupo chegava até o caminho que levaria o grupo de volta à trilha para a Tribo do Corcel Alado e mais a oeste, se via há poucos minutos dali, a montanha gigantesca ancestral, lar dos Anões Protetores, o massivo Salão de Mithral… Os grupos se despedem e cada um seguiu sua rota pré-determinada mas quem quer que fosse o responsável pela mudança de rota do grupo, parecia estar disposto à tentar de novo… Com mais poucos minutos de avanço, novamente a névoa arcana surgiu, todos se posicionam novamente para o combate e então, tão rápido como surgiu, ela sumiu, e o grupo definitivamente não estava mais na Floresta Enluarada… Para piorar o cenário, ninguém reconhecia que local era aquele…
Parados na ponta do desfiladeiro pedregoso, há pouco mais de minutos de caminhada após terem sido tirados de sua trilha original, se avistava um vilarejo… Haviam pouquíssimas árvores, não haviam plantações, mas haviam muitos casebres e seres de várias raças… Nissa e Syndra sondavam o local, conseguiam definir muito pouca coisa, mas coisas que serviam como alguma forma de compreensão:
“- Não há feitiços agindo sobre nós, o local onde estamos é real… Essa parede rochosa atrás de nós existe de verdade, não temos como voltar por aqui, nossa única opção é seguir estrada abaixo em direção ao vilarejo…”
“- Não há feitiços agindo sobre nós, o local onde estamos é real… Essa parede rochosa atrás de nós existe de verdade, não temos como voltar por aqui, nossa única opção é seguir estrada abaixo em direção ao vilarejo…”
Kinseph que, diferente do que era sua personalidade estava na maioria do tempo calado, uma vez que não compreendia sobre localização e deslocamento pela selva ou outros terrenos, tão pouco do lugar onde andavam ou das localidades que ali existiam, apenas se ocupou do que sabia fazer e como forma de ajudar, alertou aos colegas: “- Existe muito mal nessa vila amigos…. Não parece estar vindo diretamente da vila em si nem de nenhum habitante em específico, mas… É como se uma bolha de maldade encobrisse o vale todo… Não há como dizer que o vilarejo é maligno, apenas que a presença do mal ali está também é bastante forte…”
Jhon acena positivamente, mas completa o que disse Kinseph: “- Creio que fomos trazidos para cá tão logo nos separamos dos anões… Adramanter preparou uma bela armadilha para nós neste local e a névoa era apenas efeito de sua magia de transporte… Não paramos aqui antes porque os goblins e anões interferiram e isso atrapalhou a ação do necromante que ia deixar rastro de suas ações e envolver outros em um acontecimento que geraria consequências para ele… No momento que ficamos sozinhos, ele nos largou em sua armadilha… Vamos à vila, se ela nos separa de nossa missão, iremos transpô-la e chegar à nossa destino… Não seremos detidos aqui!”
Todos acenam positivamente, todos se preparam para a ação mas sem transparecer uma expressão de que estavam indo à vila em busca de confusão ou combate, afinal, todo cuidado e atenção era necessário para evitar lutas banais… Como que para piorar a situação, a noite estava se aproximando, o que não era compatível com o tempo em que saíram de Qwerrhar igualmente, mas agora eles não buscavam mais razões e explicações, já tinham em mente o que poderia estar acontecendo, eles iriam sobrepujar o desafio e Adramanter que se esforçasse para detê-los…
O grupo adentra o vilarejo, era como uma grande feira, muita coisa poderia ser encontrada à venda, desde comida à equipamentos, mas o grupo não estava ali em busca de compras, queriam tão somente transpor a vila e seguir caminho…
Os vendedores ofereciam coisas aos gritos, tentavam chamar a atenção do grupo que passava… Existiam ali desde humanos até elfos e genasis… Orcs, goblins, anões, reptilianos, todos pareciam estar ali representados e eis que então, Akron esbarra em alguém sem querer... Ambos os envolvidos no choque viram-se para ver quem havia esbarrado em si… Akron abriu um largo sorriso enquanto o outro continuava a observá-lo aguardando que se desculpasse pela ato… Era um outro tiefling, porém ao contrário de Akron, este parecia albino, completamente branco, e continuou a encarar Akron com uma carranca inquisidora… Feliz em ver alguém de sua raça depois de tanto tempo, o especialista sequer deu bola para a situação e prontamente se pôs a falar: “- Nossa, um conterrâneo, quanto tempo não via um… Como estão vivendo os nossos? Estão em algum grupo, em algum reinado? O que pode me dizer sobre ideias para o futuro de nosso povo ou coisa similar, conte-me algo! Aliás, eu sou Akron, a sorte!”
O especialista estende a mão para cumprimentar o tiefling albino esperando uma resposta amistosa, mas o diabrete olha para a mão de Akron, depois fita seus olhos com desdém e então escarra ao chão com visível expressão de nojo… “- Ridículo… Chega a ser nojento… Que povo seu otário, é cada um por si… Ao invés de estar tentando bancar o diplomata deveria estar fazendo o que nasceu para fazer… Roubar e se dar bem… Otário, tipos como você me dão nojo!”
O tiefling albino vira-se para sair enquanto Akron o segura pelo ombro, fazendo com que o mesmo detivesse seu caminho, olhando para a mão em seu ombro e depois para o próprio especialista, claramente o ameaçando caso não parasse de tocar nele… Akron percebe, retira a mão com um sorriso forçado e então completa: “- Me desculpe… Achei que como membro da mesma raça poderíamos conversar… Não irei importunar mais…”
O albino observa Akron de cima abaixo, vira-se e sai caminhando sem olhar mais para trás, apenas deixando a fala final como que no ar, falando mais para si mesmo que para os demais: “- Que eu nunca me torne patético assim…” Tharg estava com a mão segurando o cabo do machado, sua expressão com certeza não era agradável… Nissa e Syndra começavam a brilhar suas mãos, enfurecidas com a cena enquanto Jhon foi quem entrou na frente deles levemente, acenando negativamente com a cabeça como dizendo que se acalmassem e não tomassem qualquer atitude… Akron como se nada tivesse acontecido, começa a caminhar à frente dos demais e Jhon o segue de perto…
“- Não acha que roubá-lo só porque te roubou é devolver o crime com o mesmo teor errado Akron?” Era Jhon Raven quem interpelava o tiefling, ao passo que o mesmo sorridente, responde contrariando-o e explicando aos demais: “- Sei que fui ingênuo em achar que poderia conversar com outro tiefling, mas… Não é porque eu quis ser sociável com uma raça que só entende a força como explicação que ele tinha o direito de roubar minha adaga… Achei aquilo mais ofensivo que suas palavras e por conta disso, quis mostrar que ele não se tratava do maioral como achava que era… Mas mais que isso, olhe o que descobri, eu roubei sua espada e saco de moedas de ouro, mas a espada… Ela evaporou assim como a névoa… Ela não era real, mas tenho certeza de que o albino o era tal qual este saco de moedas de ouro…”
Todos ficam impressionados com o acontecido, nenhum deles havia percebido Akron ser roubado muito menos o pequeno dando a retribuição ao albino, fora algo tão rápido que eles sequer perceberam… Jhon então pondera sobre tudo e começa a formular uma teoria ao passo que os demais, agora entendendo porque Jhon e o próprio especialista deixaram a afronta à Akron passar em branco, viam a noite cair rapidamente, os vendedores começaram a se recolher e as tavernas começaram a acender suas lamparinas arcanas… O comércio agora mudava de face, sumiam as feiras de alimentos, itens e equipamentos e iniciavam-se os comércios de alimentação, bebidas, prazeres e pernoites… Jhon observa o local, ele sabe que aquele escurecimento não é natural, mas pondera que ficarem expostos à rua até a noite instaurada passar, seria mais arriscado ainda e então convida o grupo para irem até a taverna mais à frente onde sentam-se e esperam ser atendidos…
O estalajadeiro percebe o grupo diferenciado, ele se aproxima com receio, as expressões de todos não era amistosa, haviam sido ofendidos ao meio da rua, todos pareciam estar bastante transtornados com tudo, o que causava uma certa tensão… Jhon procura tomar a frente em demonstrar que o proprietário podia atendê-los sem qualquer risco e pede: “- Quero refeições para todos e um quarto para nos abrigarmos após o jantar…”
O estalajadeiro, um gnomo, acena positivamente e corre para trás do balcão para preparar tudo… Foram apenas questão de minutos e a mesa estava farta de uma forma incrível, o que também não coincidia com o tempo normal, como preparar tanta coisa em tão pouco tempo… Tão logo tudo foi servido, devido à fome e cansaço, nenhum deles exceto Jhon e Kinseph pararam para cogitar se a comida e bebida era segura, apenas se colocaram à comer, sem dizer uma única palavra… Jhon Raven e o clérigo Kinseph comiam igualmente, mas estranharam a atitude de todos ao comerem sem reclamar de nada e com esse retorno, cada vez entendiam mais o que acontecia naquele lugar estranho…
O grupo levou em torno de 30 minutos para terminar suas refeições e então o gnomo os conduziu para um quarto ao lado, que mais parecia um barracão de madeira, tão pobre como os demais que existiam ali e a própria estalagem… Haviam camas feitas de palha ao chão assim como caixotes e troncos de árvores cortados que serviam como mesas e bancos… Algumas velas estavam dispostas e acesas e visivelmente encabulado com as instalações o pequeno gnomo se resignou a dizer que se precisassem de banheiro, existia um nos fundos da taverna… O estalajadeiro já ia sair para deixar todos descansarem quando Akron interrompe chamando a atenção do mesmo:
“- Caro senhor, deixe-me pagar adiantado pelos gastos, inclusive de nosso pernoite… Peço que me diga o valor e seu nome, afinal, gostaria de sempre lembrar do belo atendimento que tive aqui…”
O gnomo parecia estar emocionado com a fala de Akron e, ainda trêmulo, oferta: “- Qualquer duas peças de cobre que me consiga senhor, eu poderei preparar outra refeição ao próximo viajante que aqui chegar… Eu me chamo Gaer senhor, e enquanto eu aqui tiver de ficar, seguirei servindo à todos da melhor maneira possível para quando finalmente conseguir uma boa quantia em peças de ouro, ir embora em busca de comprar meu próprio lugar para escrever sobre as maravilhas e diversidades deste mundo… Assim irei viver feliz como sempre quis que fosse…”
Akron então apanha o saco de moedas que havia roubado e retira dali entregando ao pequeno, o total de dez peças de ouro... Gaer olha para aquela quantia absurda, impressiona-se com o valor e quase que automaticamente se joga ao chão em reverência à agradecer e dizer que não estava certa aquela ação… Akron o ajuda a se erguer, os olhos do tiefling escorrem pesadas lágrimas e o gnomo não as entende, mas o especialista reforça que o valor é dele e que agora ele poderia viver seu sonho… Gaer então se curva e agradece uma vez mais, virando-se para voltar à sua taverna e guardar suas moedas quando ao passar pela porta, como já era esperado por Akron, Kinseph e Jhon Raven, desaparece diante de todos, as moedas todas espalham-se pelo chão, deixando ainda Tharg, Nissa e Syndra sem entender o que estava a acontecer…
Akron recolhe as moedas com cuidado e então sem olhar para ninguém ou dizer qualquer coisa, ele se retira para uma das camas ao chão, visivelmente triste com os acontecimentos e antes que algum daqueles que nada entenderam perguntassem, Kinseph toma a palavra: “- Há muita magia neste local, assim como também existe em abundância, bem e maldade… No entanto, além da magia em si, existem muitas almas perdidas aqui, de alguma forma, sem nem mesmo entenderem isso, estão presos neste vilarejo por algo ou alguma força muito poderosa… São espíritos que queriam realizar algo em vida e não o conseguiram, morreram antes de atingir essa vontade, desta forma continuam pela eternidade a tentar fazê-lo sem entender que já partiram, até que finalmente por algum motivo, se convençam de que atingiram essa meta deixada para trás na vida, conseguindo enfim desaparecer aos nossos olhos comuns, ascendendo aos reinos de suas respectivas divindades… A cena de senhor Gaer acreditando que poderia finalmente largar tudo e ir embora, o libertou em definitivo do que quer que o estivesse prendendo ao mundo mortal pois a vontade de um espírito, quando consciente, é mais forte que qualquer magia deste mundo… É realmente emocionante, eu o entendo Akron…”
Syndra, Nissa e Tharg ainda não conseguiam entender tudo, e foi Jhon quem continuou: “- A comida que comeram não existia, no entanto vocês sentiram como se fosse real... A espada que Akron roubou era falsa, mas as moedas verdadeiras... Esta estalagem e este cômodo existem, mas senhor Gaer, estava morto há muito... Existem coisas reais e existem coisas irreais aqui, o necromante ou alguém a mando dele, está mantendo presos espíritos de seres que já fizeram a travessia e os deixa agindo em sua rotina sem fim como se vivos estivessem… Eles acreditam que estão à viver como antes e não percebem sua condição, assim, até que se conscientizem de que podem ascender, não o farão… Akron conseguiu descobrir o desejo de Gaer e o permitiu sentir que estava pronto para ir e então ele partiu… Da mesma forma, as moedas que Akron usou, demonstramo que nem tudo aqui é ilusão ou mundo dos mortos… Kellintor me confirma as explicações de Kinseph, desde o momento em que Akron apanhou a espada e ela sumiu, começamos a perceber que tudo parecia realmente fantasioso nesse vilarejo… Estamos em uma armadilha potencialmente perigosa meus amigos e precisamos estar atentos à esta noite...” Jhon Raven aperta o punho da espada e conclama: “- Por Kellintor, até o amanhecer, todos os espíritos aqui presos estarão livres para fazer sua merecida travessia… Eu juro que assim será!”
Tharg era quem batia a mão na outra novamente com um punho fechado e outro aberto, alegando que, se a armadilha era eminente, o ataque durante a noite seria certeiro, e assim, ele tomaria o primeiro turno como guarda! Syndra e Nissa se prontificaram para os próximos ao passo que Kinseph se prontificou também, assim como Akron, deixando o turno final para Jhon Raven…
Todos acomodaram-se para dormir e Akron, ainda bastante emotivo, antes de pegar no sono, puxa um papel de seu bolso, lendo-o com atenção e, adormecendo logo em seguida sem guardar o mesmo… Nissa ficou curioso com a cena e embora arriscasse acordar o colega, aproximou-se tomando o papel e lendo o mesmo, deixou escorrer lágrimas de seus olhos… No amassado pedaço de papel as seguintes palavras estavam escritas e, parecia que faziam longos anos que isso havia sido feito:
Todos acomodaram-se para dormir e Akron, ainda bastante emotivo, antes de pegar no sono, puxa um papel de seu bolso, lendo-o com atenção e, adormecendo logo em seguida sem guardar o mesmo… Nissa ficou curioso com a cena e embora arriscasse acordar o colega, aproximou-se tomando o papel e lendo o mesmo, deixou escorrer lágrimas de seus olhos… No amassado pedaço de papel as seguintes palavras estavam escritas e, parecia que faziam longos anos que isso havia sido feito:
“- Pais que não conheci ou não existem... Sei que se foi assim, é porque não tenho direito à uma família e a amor, afinal sou um abissal… Mas obrigado, mãe e pai, sejam quem forem, se é que ainda existem, por ter me dado uma vida pra tentar viver… Eu amo vocês mesmo que não me amem e sempre me esforçarei!”
Akron desperta, Nissa estava chorando e entrega o papel para o tiefling e este entende o que acontecera… Sentando-se lentamente, com um sorriso desengonçado ele comenta…
“- É esquisito, eu sei, mas é a forma que encontrei para sentir amor de pai e mãe… Todos os dias, finjo que tenho pais e dou boa noite a eles… Me ajuda a superar certas coisas… Como sei pouco do meu passado, e existe um lapso de memória apagado entre meu nascimento e quando tenho recordações, minha primeira lembrança é da época do transcorrer do meu décimo verão... Quer ouvir uma história Nissa?"
Akron sorria largamente, contar feitos, aventuras e lendas, era um de seus passatempos preferidos, disputava com os bardos por vezes em tavernas para declamar trovas e narrativas, e o brilho empolgado em seus olhos demonstravam o quanto ele gostava da ideia de uma oportunidade para narrar acontecimentos... Nissa acena positivamente e senta-se diante dele em um dos caixotes pronta para ouvi-lo ao passo que Akron agradece e pigarreando para limpar a garganta, inicia:
"- Tudo para mim iniciou-se quando a ouvi falar.... Quando ouvi aquela voz que talvez por ter sido a primeira voz consciente que ouvi, marcou tanto… Ela dizia enquanto eu tentava acordar: “- Você devia ver o jeito que as pessoas olham pra você, criança diabo.”
Akron sorria largamente, contar feitos, aventuras e lendas, era um de seus passatempos preferidos, disputava com os bardos por vezes em tavernas para declamar trovas e narrativas, e o brilho empolgado em seus olhos demonstravam o quanto ele gostava da ideia de uma oportunidade para narrar acontecimentos... Nissa acena positivamente e senta-se diante dele em um dos caixotes pronta para ouvi-lo ao passo que Akron agradece e pigarreando para limpar a garganta, inicia:
"- Tudo para mim iniciou-se quando a ouvi falar.... Quando ouvi aquela voz que talvez por ter sido a primeira voz consciente que ouvi, marcou tanto… Ela dizia enquanto eu tentava acordar: “- Você devia ver o jeito que as pessoas olham pra você, criança diabo.”
Akron se acomoda melhor e guarda o papel amarrotado… Percebendo que Nissa o ouvia atentamente, ele continua: “- Aqueles olhos castanhos, frios como uma tempestade de inverno, que fitavam direto em meu coração, misturados a seriedade repentina que eu sentia naquela voz, sacudiram-me… Fiquei tão sem saber como agir que involuntariamente reagi, questionando como se realmente não me importasse com tal fato: “- E o que é que eles estão falando sobre a criança diabo??”
Um sorriso ao vento como se fosse bom relembrar aqui e Akron continuava: "- Enquanto Bhrindy, a mulher humana que havia tratado meus ferimentos meio que sorria, ela continuou: “- Primeiro vocês aguçam nossa curiosidade, depois para ambientar tudo sugerem a ideia de alguma conspiração para nos entrelaçar em suas conversas e aí então vem o terceiro ato, lançar uma maldição nos desavisados caso não seja atendido em seus intentos... Você acha realmente que eu nunca havia ouvido falar de suas maneiras de agir e persuadir as pessoas antes garoto diabo?”
Nissa completamente focada na narrativa, até percebia que podia justamente estar caindo nos “atos tiefling" como Akron mesmo narrava, mas quis arriscar mesmo que fosse o caso, o que ela considerava não ser, e então Akron continuou, sorridente: “- Eu fiquei a observar, digerir o que estava acontecendo, estava bastante machucado, sequer sabia como havia ficado assim, só o que consegui decifrar foi que estava sem dúvida alguma em uma espécie de hospital e que ela com certeza cuidava de mim e de vários outros… Bhrindy então continuou enquanto seguia à tratar de meus machucados: ”- Não se preocupe, não é que eu esteja entrando nas profundezas da sua mente meu pequeno mas esse é o fardo e ato que todo tiefling que conheci carregava… É digamos, seu método de vida... É claro que já ouvi histórias de que “algumas ovelhas negras desgarradas dos demais”, conseguiram transpor esse fardo, mas também vi falar de muitos mais que transformam isso em nós em volta de seu pescoço e deleitam-se com isso até o fim de seus dias.”
Uma lágrima escorre do olho de Akron que completa: “- Eu inclinei a cabeça novamente, analisando-a, da forma como ela falou, eu me imaginava como se tivesse um brilho depravado em meus olhos enquanto ela tentaria se defender de uma investida mental minha ou similar e então depois de alguns segundos me olhando à sorrir, ela me completou: “- Você luta contra isso, não é mesmo? Como um pequeno gato do mato, aposto. Cada espetada e comentário apenas afia suas garras e você tenta mantê-las guardadas... Não deve ser fácil, mas se pretende trilhar outro caminho, o caminho da “ovelha negra de sua raça”, saiba que esse combate será eterno e não terá a ajuda de muitos, pois, você sempre será a criança diabo na visão da maioria… Está preparado para isso pequeno?”
Nissa e Akron ficam em silêncio por alguns instantes e então Akron completa: “- Eu fiz um aceno simples de cabeça pra ela concordando, mas em meu íntimo, aquilo era uma promessa… Eu creio que ela interpretou assim também, porque terminou minhas ataduras e suturas dizendo que confiava em mim… Desde então, pra evitar um dia me tornar a “criança diabo”, eu fiz essa frase que leio antes de dormir para sempre me manter agradecido e nunca desejar mais do que tenho… Afinal eu fiz uma promessa…” O tiefling observa Nissa completamente emocionado e se sente constrangido com tudo, sendo rápido em tentar corrigir a coisa se desculpando: “- Me desculpe ter feito você perder tempo de dormir ouvindo minha história…”
Nissa então limpa as lágrimas e envolve Akron em um abraço caloroso e assim ela fica por alguns segundos como se quisesse que o aliado tivesse a certeza da sinceridade daquele abraço... Assim que largou o estupefato especialista, o mesmo ainda sem entender nada fica a observá-la e a mesma completa: “- Não ter família é algo que destrói a gente pode dentro... Eu entendo de certa foram sua dor... Mas sabia que mesmo não tivesse feito sua promessa, ou ainda, não estivesse fazendo preces à seus pais todas as noites, você sempre seria "a ovelha negra tifeling", você nunca passaria para o estilo deles de pensamento, seu coração é puro... E agora, você tem família… Ok, ela é meio que, diversificada digamos, mas… Enquanto nos mativermos vivos, creio que seremos uma espécie de família... Não é mesmo?”
O momento de ternura então é rompido antes que Akron pudesse devolver a gentileza pelos gritos de Tharg e o som aterrador de algo sendo destruído! A lateral da parede do casebre onde estavam era arrancada como se fosse de papel diante de todos… Grund-Tharg que estava em seu turno de guarda, empunha seu machado de guerra posicionando-se entre o grupo e o que quer que viesse de fora, necessitando apenas poucos segundos para que o grupo inteiro estivesse de pé pronto para combater o inimigo que os atacava… Os sons começaram a ceder, a poeira começou a baixar e então a verdade começou a se revelar…
Diante deles, quatro seres dos ditos “meio-dragão” estavam perfilados os encarando com expressões diversas ao passo que a poeira começou a erguer-se novamente sob um tufão de vento poderoso que atirava tudo que estava à solta para os lados… Um novo estrondo foi sentido e então, pousando pesadamente sobre a casa logo a frente deles e atrás dos meio-dragões perfilados, o motivo da ventania que bloqueava a visão com os detritos rodopiantes e era Akron quem gritava: “- UM DRAGÃO BRANCO!!”
De porte mediano e ainda parecendo muito jovem, a fera ancestral mostrava seus dentes enquanto recolhia suas asas, observando a todo o grupo de aventureiros que agora, estava completamente exposto ao ataque inimigo…
De porte mediano e ainda parecendo muito jovem, a fera ancestral mostrava seus dentes enquanto recolhia suas asas, observando a todo o grupo de aventureiros que agora, estava completamente exposto ao ataque inimigo…
Foi nesse momento que Jhon Raven pediu às arcanas, através de um gesto, a magia “comunicar-se mentalmente” à todos eles e Syndra imediatamente executou o pedido, fazendo com que todos pudessem falar abertamente pelo pensamento sem com isso exporem seus planos ao inimigo! Jhon Raven de pronto fala à todos que em posição de combate, prestam atenção integral à tudo que o kellintorita tinha para dizer:
“- Eis a armadilha… Eis os que contribuem para a infelicidade dos presos bem como nos afasta de nossa missão… Hoje e agora, nós vamos derrubar estes inimigos… E para isso, precisamos seguir um plano que tracei, por isso, me escutem:”
Galeria de imagens:
O imponente Salão de Mithral:
A vila misteriosa onde o grupo foi parar:
O tiefling albino:
Gaer - Gnomo dono da taverna:
Bhrindy - A mulher de olhos castanhos, nas lembranças passadas de Akron:
Os meio-dragões cromáticos que aguardam o grupo para o combate:
Meio-dragão negro:
Meio-dragão azul:
Meio-dragão vermelho:
Meio-dragão verde:
Dragão branco jovem:
E aqui estamos para mais um excelente capítulo!
ResponderExcluirO começo mostrando bem como funcionava a néva de transporte ficou excelente, com o modo como bárbaros e anões se tratam e como de costume nos seus textos, já fiquei na ansiedade por mais aparições dos anões.
E adorei o conceito da vila fantasma, uma ideia muito bem apresentada, detalhe a detalhe, mostrando bem como seria a solução para os problemas de quem estivesse preso ali, com a excelente cena do Gaer encontrando a paz e sumindo.
E como de copstume também nos seus textos, temos um excelente desenvilvimento do personagem Akron, deixando-o ainda mais tridimensional numa cena emocionante, que poderia ficar piegas em mãos menos experientes, mas que aqui você soube conduzir perfeitamente e ainda criou um gancho incrível!
Mal posso esperar prá ver o próximo capítulo!
meus parabéns amigão!
Fala Norb meu amigo, mais uma vez obrigado pelo apoio, incentivo e parceria de sempre, de verdade, valeu mesmo! Bom, na saga original, a gente basicamente se perdeu na névoa e paramos nessa vila... Teve uma treta lá depois que o Akron foi roubado e no original ele não foi tão ágil assim, quando o albino roubou ele, ele foi se tocar disso muito lá na frente! Então como era uma adaga especial, saímos pela vila pra procurar por ela, fomos em um templo, arrumamos treta com o cara de lá e pegamos a adaga de volta... Só que foi tudo tão sem sentido, que resolvi modificar e usar a bendita "licença poética", fazendo o Akron ser muito mais especialista e trocando as pessoas que estavam lá por alguns fantasmas, não todos é claro, ae tu cria um clima mais tenso e mais emocionante e consegue, penso eu, prender um pouco mais o leitor... Depois a parte da taverna existiu e realmente comemos ali, e depois fomos pra dormir, quase de manhã surgiram os inimigos e eram quatro meio dragões brancos todos... Eu preferi dar uma variada pra podermos mostrar mais tipos de criaturas e assim surgiram os cinco cromáticos principais como desafio! Sobre desenvolvimento dos personages, agora precisamos abordar Syndra e Jhon, e depois Nissa, visto que Syndra sabemos quase nada, Jhon muito pouco e Nissa menos ainda, apenas que tem medo de baratas kkkkk, quanto mais "densidade" damos aos personagens, mais tu se importa com eles e teme que algo possa lhes acontecer... Agora é torcer que Tharg e sua equipe continuem a prender tua atenção dessa forma, agradeço imensamente por esse apoio e incentivo de sempre cara, grande abraço!! \0/
ExcluirGrande Lanthys Lionheart dos contos e das sagas épicas!
ResponderExcluirUm episódio magistralmente arquiquetado com uma escrita refinada e paradoxalmente detalhada.
As ações arcanas de teletransporte de Adramanter dificultando a locomoção da equipe de Grund e aliados , atraindo para um vilarejo que mistura realidade e ilusão tendo ainda almas presas que acreditam estarem vivas fisicamente.
A triste história de Akron e sua luta para ser um tiefling diferente.
Por fim , o ataque dos dragões cromaticos...
Sinto que um certo descendente de dragão com humano retratado em sagas específicas dentro desse universo dará as caras breve.
Minha sugestão de unificar esse maravilhoso e místico universo , está sendo ouvida...
É isso me deixa feliz!
Algo grande vem por aí!
Aguardemos !
Bela galeria de imagens!
Parabéns!
Grande Jirayrider, muito obrigado pela leitura e comentário, incentivador de sempre, agradeço de coração essa amizade e parceria tão grande! Este episódio é o prelúdio de uma batalha intensa e poderosa onde nossos personagens terão de se superar em diversas situações... Jhon tem um plano que pode dar certo, mas... Será que todos seguirão ele ou o grupo ainda não entendeu que precisam trabalhar em equipe, cada um em seu estilo para assim se tornarem realmente fortes? Tudo vai depender da decisão do grupo, temos quatro inimigos poderosos e que quando jogamos, o foram poderosos igualmente... Mas aqui eles estão mais poderosos ainda e será necessário muito empenho de ambos para conseguir dar conta de tais inimigos, sem falar que ainda temos um dragão branco pela frente, claro, um dragão jovem, não é nenhum ancião ancestral, mas ainda é um dragão então, acho que o tranco vai ser poderoso! Vamos torcer que este universo continue a te ouvir e Grund-Tharg posso continuar a te manter entretido e empolgado com as humildes linhas que aqui quero apresentar! Muito obrigado cara, de coração agradeço a parceria, grande abraço! \0/
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